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31 de dezembro de 2019

Arquivo das Crianças Perdidas | Valeria Luiselli

Não sei exatamente o que me fez pedir esse livro. Sempre me pergunto o porquê de eu sempre pedir livros que não são exatamente dos gêneros que estou acostumadas a ler, principalmente porque até tento, mas não gosto da maioria deles — seria eu uma ignorante? O ponto é que Arquivo das Crianças Perdidas chegou em minhas mãos em um momento que não pude dar a atenção que ele merecia. Tentei lê-lo várias e várias vezes, mas alguma coisa sempre me impedia de continuar. Prometi para mim mesma que essa seria a última chance e, olha que coisa louca, parece que o livro me ouviu. 

Eu tinha plena consciência de que o livro não era ruim, que o problema estava comigo. E tá tudo bem, gente. Às vezes a história é tão densa que não conseguimos avançar na leitura dependendo do que está acontecendo conosco naquele momento. Foi por isso que demorei para mergulhar de vez nas páginas da obra de Valeria Luiselli. Aqui, conhecemos uma família que é igual à todas as outras, mas diferente: o homem tem um filho e a mulher uma filha, ambos de relacionamentos anteriores, mas que agora são filhos dos dois e ponto final.

O enredo, de forma geral, é bastante simples: um casal com seus problemas de casal atravessando os Estados Unidos de carro em uma viagem de férias de fachada, carregando umas bagagens, caixas e, é claro, os filhos à tiracolo. O real motivo da viagem é o campo de estudo do pai, que é uma espécie de historiador que registra sons do cotidiano. No momento, seu alvo são os Apaches, povos nativos dos Estados Unidos que, antigamente, ocupavam territórios no Arizona, e é por isso que eles estão indo para lá. Nesse meio tempo, a mãe quer trabalhar no seu próprio projeto, salvar crianças imigrantes —  ou pelo menos documentar suas histórias — que simplesmente "desaparecem" assim que cruzam a fronteira para o país.

Assim, como o próprio nome indica, Arquivo das Crianças Perdidas se trata essencialmente de um tema extremamente relevante e atual, a imigração. No contexto em que se passa a história, a crise imigratória é discutida em todos os meios possíveis, rádio, televisão, jornais. É justamente por isso que incomoda tanto a mulher, uma das narradoras, principalmente porque teve contato recentemente com uma problemática envolvendo crianças imigrantes. Além disso, temos de plano de fundo uma crise familiar que constantemente ameaça explodir.
Engraçado que a todo momento tive a sensação de estar viajando com os personagens, tamanha a veracidade da narrativa. Toda a obra é riquíssima em detalhes, além de ser rodeada por inúmeras referências literárias e musicais, como O Senhor das Moscas e provavelmente toda a discografia de David Bowie, que enriquecem a experiência literária de forma imensurável. Apesar do tema complexo — não por ser difícil de entender e sim por ser muito triste —, Valeria Luiselli mostra sua intimidade com a escrita a partir da fluidez da obra. Pode parecer contraditório falar sobre a facilidade de ler um livro em que tive que insistir punhado de vezes, mas gostaria de frisar, novamente, que o problema estava comigo. Poucas vezes em minha vida de leitora tive contato com uma história tão bem escrita e que me tirasse tanto da minha zona de conforto. 
É importante citar que os protagonistas de Luiselli não possuem nome, mas gosto de dizer que não são necessários, pois os conhecemos de forma muito mais íntima que um nome. A narradora, por exemplo, é dona de uma inteligência fora do comum, bem como a menina, que não se cansa de fazer perguntas extremamente difíceis de responder — "O que significa ser um refugiado?", "Ainda falta muito?". O menino também é cheio de vida e curiosidade, tanto que em determinada parte do livro, assume a narrativa. Mas nesse contexto, temos o único ponto negativo do livro, o homem, que só aparece para brigar com a esposa ou para passar muito e muito tempo divagando sobre o seu projeto com os Apaches.
Também é impossível falar de Arquivo das Crianças Perdidas sem falar da carga emocional que carrega. O contexto político já é bastante difícil, pois sabemos os perigos que os imigrantes passam em busca dessa nova chance. Porém, ao mostrar o lado das crianças que, muitas vezes tentam atravessar a fronteira sozinhas ou são abandonadas no meio do caminho, a autora consegue captar uma emoção muito, muito mais forte. Além disso, as próprias reflexões dos personagens se fixam em nossa memória, bem como a certeza do que vai acontecer com a mulher, as crianças e o homem no exato momento em que entram naquele carro. 

Certamente que Arquivo das Crianças Perdidas foi diferente de tudo o que eu já li. Fico extremamente contente de ter insistido tanto, pois no fundo eu tinha certeza de que não ia me decepcionar. É um livro sobre um tema que mexe, cutuca, incomoda, machuca, mas também é um livro sobre memórias e família, o único conceito que sabemos antes mesmo de alguém nos ensinar.
Título Original: Lost Children Archives ✦ Autora: Valeria Luiselli
Tradução: Renato Marques ✦ Páginas: 408 ✦ Editora: Alfaguara
Livro recebido em parceria com a editora
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29 de dezembro de 2019

Mortina e o Primo Insuportável | Barbara Cantini


Em julho de 2019 pude conhecer a personagem Mortina, uma menininha adorável que é nada mais nada menos que uma zumbi. Nesse segundo volume, a protagonista volta com uma trama ainda mais divertida, já que envolve o mistério por trás do desaparecimento da sua tia Fafá Lecida: em um dia particularmente chuvoso, Mortina recebe a visita de um primo distante, Dondoco, que alega ter sido convidado pela tia que, adivinhem? Sumiu.

Pouco tempo depois os amigos de Mortina aparecem um por um em sua casa, todos dizendo que também foram convidados para jantar pela tia Fafá Lecida. Todos acharam esse sumiço muito esquisito, então decidem fazer uma busca em grupo. As coisas começam a ficar ainda mais esquisitas quando uma das amiguinhas de Mortina também desaparece sem deixar rastros. 

Mesmo no meio dessa confusão toda, é claro que Dondoco não está nem um pouquinho preocupado e acha a atitude de todos muito ridícula, né? Se os amigos de Mortina acharam o primo bem esnobe e chato, imaginem ela! Aceitar a presença desse serzinho estranho que se acha melhor que todo mundo e só sabia criticar tudo não foi uma tarefa muito fácil...

Assim como o primeiro livro da série, esse volume é a coisa mais fofa do mundo! As ilustrações continuam maravilhosas e não canso de me surpreender com o talento de Barbara Cantini. Por ser um livro voltado para o público infantil, a história é mais curtinha, mas sem deixar de transmitir aquela mensagem bacana que até nós, adultos, devíamos prestar atenção.

Além disso, um detalhe que achei bastante interessante é que o livro referencia grandes autores de terror o tempo todo, inclusive mestres de terror/suspense do cinema. Se você, assim como eu, se apega facilmente à personagens sombrios e "desajustados", vai se apaixonar perdidamente por Mortina, a protagonista de uma série muito fácil e gostosa de acompanhar.

Título Original: Mortina e o Primo Insuportavel Autora: Barbara Cantini
Tradução: Eduardo Brandão ✦ Páginas: 48 ✦ Editora: Companhia das Letrinhas
Livro recebido em parceria com a editora
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27 de dezembro de 2019

Nocturna | Maya Motayne



Nocturna é o primeiro livro de uma trilogia com raízes latinas. Logo de cara conhecemos Príncipe Alfie, que passou três meses em processo de luto pelo irmão Dezmin. Dez era o herdeiro do trono e era perfeito pra isso, mas acabou morto deixando tudo para Alfie e ele não aceita nem a morte e nem ser o dono do trono de seu irmão mais velho.

Como toda boa fantasia, Nocturna é cercado de magia, todos de Castellan possuem afinidade com algum dos elementos, o de Alfie é a água. Além dessa proximidade com algum dos elementos, também podem ter seu próprio poder, e Alfie tem. Essa é uma magia mais profunda que deve ser trabalhada. Alfie tem algo que é muito poderoso, já que ele vê o poder dos outros como cores e, com isso, ele pode manipular e até transformar o seu poder no da outra pessoa por meio das cores. Essa parte foi um dos pontos positivos da história, essa mitologia que a autora utiliza das cores é muito interessante!

Enquanto estava no período de luto, Alfie não ficou se afundando em tristeza. Na verdade, ele recebe uma informação que o dá esperança e decide investigá-la. Ele decide que quer salvar o irmão, já que não acredita em sua morte. Isso é uma parte intrigante da história, que abre inúmeras teorias pro leitor dependendo de como ele interpreta os fatos que são apresentados, você decide no que acredita, haha.

Também conhecemos Finn, uma personagem cativante que perdeu os pais cedo e foi "salva" — essa não é bem a palavra, acredite — por um homem chamado Ignacio. Ele tem o poder de controlar outra pessoa e é isso que faz com Finn (se você já assistiu Jessica Jones é tipo um Killgrave). Ele acredita que por ela ser sua "filha" não importa como ele a controle, ela sempre vai o amar. Mas Finn foge dele, então pense a confusão.

Os caminhos de Alfie e Finn vão se cruzar, obviamente, na base do desespero. Existe um poder capaz de trazer a noite pra terra, e eles tem que lutar contra isso. E esse poder é de um deus. É o poder Nocturna, e aparentemente a culpa de ele ter sido liberto é de Alfie!

Nocturna foi um livro de leitura mais lenta, mas não ruim. Acho que a lentidão se deu por eu não ser muito acostumada a ler fantasias, mas a leitura me cativou de uma forma surpreendente. A construção da mitologia e universo é muito bem feita, mas acredito que a autora deixou a desejar quando constrói os personagens.

Assim como em The Vampire Diaries (desculpa a referência, é que eu tô assistindo no momento, haha), a história de amor aqui no livro não é amor romântico. O foco da autora é o amor fraternal entre Dez e Alfie — sabe Damon e Stefan? Pois é, hahaha, mas os personagens em si não tem nada em comum, ok?

A cultura latina está presente em nomes, uso do casteliano e espanhol e até críticas sociais sobre dificuldade de sobrevivência e coisa do tipo. Nocturna é uma ótima leitura, apesar de eu ter sentido falta de um desenvolvimento melhor dos personagens, mas eu não vou criticar muito isso, já que é o primeiro livro de uma trilogia, ou seja, dá pra trabalhar. Assim como a finalização do livro que te dá um choque porque parece que realmente acabou ali, mas é só pegadinha e ainda deixa alguns pontos em abertos para a continuidade da história.

Título Original: A Forgery of Magic Autora: Maya Motayne
Tradução: Flávia Souto Maior ✦ Páginas: 480 ✦ Editora: Seguinte
Livro recebido em parceria com a editora
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25 de dezembro de 2019

Sorteio de Natal 2019

O Natal com certeza é uma data muito importante para várias pessoas, principalmente porque prega esperança, amor ao próximo e união. É claro que os presentes também são muito importantes, não é mesmo? Pensando nisso, o Roendo Livros e o Procurei em Sonhos se juntaram para presentear um leitor muito sortudo com um box de Harry Potter novinho em folha — fala sério, essas lombadas formando a fachada de Hogwarts são um charme, né?

Espero que todos vocês tenham um Natal maravilhoso e uma virada de ano melhor ainda! Que a sorte esteja com vocês!

Regras
- A promoção terá duração de um mês, do dia 25/12/2019 ao dia 25/01/2020;
- As opções obrigatórias valem 1 ponto cada, enquanto as opcionais valem 5 pontos cada;
- Na opção "Visitar a Página" não basta apenas passar por ela, é preciso curtir;
- Após o término da promoção, o Roendo Livros tem até quinze dias úteis para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito;
- Após feito o contato, os prêmios serão enviados dentro de até 60 dias úteis;
- É obrigatório residir em território nacional ou ter endereço de entrega no Brasil;
- Para o livro ser enviado, é necessário que o ganhador passe o número do CPF para a Ana, já que agora os Correios solicitam uma declaração de conteúdo (saiba mais aqui) Só participe do sorteio se estiver de acordo;
- Roendo Livros e o Procurei em Sonhos não se responsabilizam por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados nos livros. Assim como não se responsabilizam por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e/ou ausência de recebedor. Os livros não serão enviados novamente;
- O Roendo Livros e o Procurei em Sonhos se reservam o direito de dirimir questões não previstas neste regulamento;
- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.

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23 de dezembro de 2019

O Instituto | Stephen King


Luke é um menino super dotado e com um Q.I. muito alto. Como se isso não fosse o suficiente, ele também tem telecinese — não tão desenvolvido ou poderoso como o da Carrie, outra protagonista telecinética e muito famosa do King. Aos 12 anos ele já estava prestes a entrar em universidades renomadas. Esse é o nível de gênio que o protagonista é.

Mas infelizmente o destino de Luke muda quando um dia ele acorda em um quarto idêntico ao seu, mas em um lugar péssimo para se estar, no Instituto, que é claro, fica no Maine. Agora ele não está mais procurando onde irá morar para fazer faculdade e sim está servindo de cobaia para experimentos em crianças que também possuem poderes.

As crianças novas, assim como Luke, estão na parte da frente do Instituto. Conforme o tempo passa algumas delas são levadas para a parte de trás e nunca mais são vistas. O desespero dele é tanto para pedir ajuda e escapar... Mas infelizmente não se tem relatos de nenhum fugitivo do Instituto.

O que mais me chamou atenção nesse livro desde o começo é que logo nas sinopses que encontramos por aí, podemos ver que existe uma "comparação" com It: A Coisa e A Incendiária. Para mim fica claro que nenhuma das obras do King podem ser comparadas entre si pois são muito únicas. Quando esse tipo de expectativa é criada também é facilmente derrubada e as pessoas se frustram. Por sorte eu nunca leio sinopses, orelhas, resenhas ou qualquer tipo de material antes de pegar o livro para ler, então não esperei nada, por isso gostei do livro. Luke e os amigos do Instituto são incríveis sim, a história é legal, mas não são o Clube dos Otários de Derry, definitivamente, haha :p.

Sempre sou suspeita para falar de King, já que amo as obras dele, e esse é mais um livro em que ele escreve o ponto de vista de uma criança de maneira muito crível, principalmente pelo fato de Luke ter uma inteligência absurda. Nada daquilo parece artificial para o protagonista, King mais uma vez trilha um caminho maléfico e satisfatório.

O Instituto faz menção aos livros O Iluminado e Salém, do próprio King, mas também tem muitos elementos da cultura pop. Acredito que a referência que mais aparece é Game of Thrones, mas muitas outras complementam a história, que, aliás, não é de terror como estamos acostumados, pende muito mais para o suspense psicológico com uma pitadinha de ficção científica.

No fim é um livro que eu recomendo sim se você já conhece o autor, mas não diria para você ler esse aqui como o primeiro King da sua vida, já que ele não é super incrível como outras obras dele que já resenhei por aqui. É o tipo de livro que diverte, é bom para passar o tempo e vai te fazer lembrar de Stranger Things.

Título Original: The Institute Autor: Stephen King
Tradução: Regiane Winarski ✦ Páginas: 544 ✦ Editora: Suma
Livro recebido em parceria com a editora
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21 de dezembro de 2019

Roendo Indica: Filmes de Natal Para Ver na Netflix


Não sei vocês, mas eu amo o Natal. É sinceramente minha época preferida do ano, talvez perca só para o dia do meu aniversário rsrsrs. E como nada combina mais com Natal do que filmes clichês, eu resolvi fazer uma listinha com 10 filmes do gênero para vocês.

1. O Príncipe do Natal — A Christmas Prince


Quando uma repórter chamada Amber (Rose McIver) se disfarça de tutora para fazer uma reportagem inspirada na vida de um príncipe playboy, ela acaba se envolvendo em uma intriga real e vive uma grande paixão. Porém, depois de encontrar o amor de sua vida, será que Amber vai ser capaz de manter sua mentira em nome de uma matéria?

2. O Príncipe do Natal: O Casamento Real — A Christmas Prince: The Royal Wedding


Um ano depois de Amber ajudar o Príncipe Richard a protejer a coroa, os dois estão prestes a se casar em pleno Natal. Mas os planos do jovem casal são ameaçados por uma crise política que pode prejudicar o futuro do reino e pela insegurança de Amber em se tornar rainha.

3. O Príncipe do Natal: O Bebê Real — A Christmas Prince: The Royal Baby


Aldovia está em clima de Natal enquanto a Rainha Amber (Rose McIver) e o Rei Richard (Ben Lamb) se preparam para tirar um tempo para si e cuidar do seu primeiro filho, que está para nascer. Porém, primeiro eles precisam renovar um sagrado tratado de paz com o reino da Penglia. Quando uma tempestade de neve atinge o castelo na véspera de Natal e o tratado desaparece, o casal real precisa encontrar o ladrão para garantir a segurança de sua família e seus súditos.

Essa trilogia vai te prender e ainda vai deixar um gostinho de quero mais.

4. Klaus


Em Smeerensburg, remota ilha localizada acima do Círculo Ártico, Jesper (Jason Schwartzman) é um estudante da Academia Postal que enfrenta um sério problema: os habitantes da cidade brigam o tempo todo, sem demonstrar o menor interesse por cartas. Prestes a desistir da profissão, ele encontra apoio na professora Alva (Rashida Jones) e no misterioso carpinteiro Klaus (J.K. Simmons), que vive sozinho em sua casa repleta de brinquedos feitos a mão.

Este é, provavelmente, o filme natalino mais famoso de 2019. Acho que isso já é motivo suficiente para assistir!

5. Crônicas de Natal — The Christmas Chronicles


O presente de natal das crianças ao redor do mundo está em risco. Isso porque os irmãos Kate (Darby Camp) e Teddy Pierce (Judah Lewis) fizeram suas travessuras. Empenhados em flagrar o exato momento da chegada do Papai Noel, os dois se acomodaram em seu trenó e, acidentalmente, danificaram o veículo. Agora eles precisam fazer uma uma força-tarefa para ajudar o bom velhinho a correr contra o tempo, entregar os presentes e salvar o Natal.

Filmes natalinos onde as crianças correm o risco de não receber o presente? Receita divertidíssima e infalível!

6. Cartão de Natal — Christmas Inheritance


Antes que a ambiciosa Ellen Langford possa herdar o negócio de presentes de seu pai, ela deve entregar um cartão de Natal especial para o ex-parceiro de seu pai em Snow Falls, a cidade natal que ela nunca conheceu de verdade. Quando uma tempestade de neve a obriga a parar numa pousada da cidade, ela acaba encontrando um amor e descobre o verdadeiro significado do Natal.

Se existe filme melhor do que os que contam a história de uma menina mimada que teve que aprender que a vida não é tão fácil assim, eu desconheço.

7. Um Passado de Presente — The Knight Before Christmas


Depois que uma feiticeira transporta o cavaleiro medieval Sir Cole (Josh Whitehouse) para a época atual em Ohio, durante as festas de fim de ano, ele faz amizade com Brooke (Vanessa Hudgens), uma professora de ciências inteligente e gentil que está desiludida pelo amor. Brooke ajuda Sir Cole a navegar no mundo moderno e tenta ajudá-lo a descobrir como cumprir sua misteriosa e verdadeira missão - o único ato que o levará de volta para casa. Mas, à medida que ele e Brooke se aproximam, Sir Cole começa a se perguntar se realmente quer voltar à sua antiga vida.

Apesar de ser um clichê, esse filme é um pouco diferente, foge um pouco da lógica.

8. Deixe a Neve Cair — Let it Snow


Uma forte nevasca atinge a cidade de Gracetown na véspera de Natal e a transforma em um inesperado refúgio romântico. Um trem retido no meio do nada, uma corrida com os amigos no frio congelante e lidar com a tristeza da perda do namorado ideal. Três histórias de amor distintas que se conectam entre si.

Coloquei esse filme aqui porque não poderia faltar, mas vamos deixar bem claro que na maioria das vezes o livro é 986868986 vezes melhor que o filme. Então, já fica a dica de leitura pra vocês também.

9. A Princesa e a Plebeia — The Princess Switch


Uma duquesa e uma confeiteira descobrem que são sósias perfeitas uma da outra e decidem trocar de lugar. Quando elas se apaixonam por homens que não fazem a menor ideia de quem elas são de verdade, esse plano pode virar um problema.

Esse é um clichê bem clássico, que não pode faltar na sua listinha de Natal.

10. O Natal de Cinderela — A Cinderella Story: Christmas Wish
 

Kat (Laura Marano) é uma jovem aspirante a cantora, cujos sonhos sempre são esnobados pela cruel madrasta e meia-irmãs fúteis. Trabalhando como elfa na feira natalina, ela se encanta pelo belo Nick (Gregg Sulkin), novo Papai Noel da festa. Quando é convidada para um elegante baile que pode ser sua chance de sucesso, a protagonista é vítima da inveja da família, mas contará com o apoio da melhor amiga, Isla (Isabella Gomez), para comparecer ao evento.

Por fim, não tem como falar de filmes clichês sem uma versão da Cinderela. Sério, já assisti tantas versões que até perdi as contas.

Vocês já assistiram algum? Recomendam algum outro que não está na lista?

19 de dezembro de 2019

Sessão da Meia-Noite Com Rayne e Delilah | Jeff Zentner


Me apaixonei pela escrita de Jeff Zentner quando li Juntos Somos Eternos, um livro que mexeu muito com meus sentimentos e se tornou um favorito de 2018. Em Sessão da Meia-Noite Com Rayne e Delilah, o autor continua falando sobre a importância das amizades na vida de uma pessoa. Para isso, nos apresenta duas personagens, Josie e Delia, que são melhores amigas de longa data e comandam um programa de TV local sobre filmes de terror trash — os mais horríveis que vocês conseguirem imaginar, rs —, onde se transformam dem Rayne e Delilah, duas vampiras muito engraçadas.

As duas amam o programa, mesmo que tenham intenções diferentes por trás das câmeras: Josie sempre quis trabalhar na TV, desde pequenininha, e viu no Sessão da Meia-Noite uma forma de alcançar esse objetivo. Por outro lado, o maior desejo de Delia é ser notada pelo pai, que a abandonou quando ela ainda era uma criança. Portanto, sua maior esperança é que o pai um dia veja o programa e consiga reencontrá-la.

Sendo assim, quando recebem um e-mail inesperado sobre uma convenção de terror que acontecerá em Orlando, as duas meninas enxergam a oportunidade perfeita: Josie terá oportunidade de conversar pessoalmente com um produtor famoso de programas com o mesmo estilo de Sessão da Meia-Noite e Delia, além de salvar o programa, poderá, finalmente, reencontrar o pai e obter respostas para as perguntas que tanto rondam sua mente. 

A narração do livro segue aquele padrão que nós amamos, onde cada protagonista narra um capítulo. Desde o início eu soube que me apegaria mais à Delia, porque é a protagonista com a história mais sensível. Os traumas deixados pelo abandono são extremamente nítidos, principalmente porque seu amor por filmes de terror se desenvolveu com as fitas que o pai deixou no trailer. Apesar de tentar não rotular a depressão, Zentner deixa claro para o leitor que a personagem luta contra essa doença muito corajosamente. 

O mais bonito de tudo nas partes de Delia é o relacionamento que ela mantém com a mãe, que também é depressiva, mas em níveis extremos. Apesar de todos os empecilhos, principalmente financeiros, o relacionamento das duas é puro amor, carinho e companheirismo. Realmente cenas muito bonitas de acompanhar, permeadas por uma sensibilidade ímpar. Tendo isso em mente, não é difícil imaginar que Delia já viveu mais coisas do que uma adolescente normal viveria e é justamente por isso que é mais fácil gostar mais dela, torcer mais por ela.

Pelo contrário, Josie vem de uma família socialmente muito mais estruturada, já que seus pais ainda são casados e possuem condição financeira muito superior. Porém isso não é motivo para que Josie se ache melhor que alguém, o que é muito válido. Ainda assim, ela é exatamente aquele tipo de garota que não precisa se preocupar com nada, porque tudo dá certo na vida delas. Isso não a torna uma personagem chata, muito pelo contrário: Josie é super engraçada e parece ter a resposta certa para tudo em qualquer situação. Ela é o alívio cômico do livro, mesmo sendo tão privilegiada. 

A realidade é que Jeff Zentner parece ter o dom de criar histórias extraordinárias a partir de enredos e personagens muito comuns e é isso o que mais admiro nesse autor — claro que ainda tem essa coisa incrível que ele faz de inserir reviravoltas realmente inesperadas e surpreendentes de forma magistral, no tempo certo. Além de tudo, ele sabe tratar de temas mais pesados de forma natural, nem um pouco ofensiva e muito, muito emocionante. 

Zentner tem uma escrita que conquista rapidamente, o que faz com que Sessão da Meia-Noite Com Rayne e Delilah seja realmente muito bom. Há muito drama envolvido, é claro, mas o interessante é que as partes engraçadas não me pareceram forçadas, até porque ninguém é só triste ou feliz o tempo inteiro, né? Apesar de parecer clichê, a história é sobre amor e amizade, sobre ter coragem para correr atrás dos sonhos e, é claro, sobre não desistir facilmente da vida, mesmo que às vezes ela nos passe algumas rasteiras. 

Título Original: Rayne and Delilah's Midnite Matinee Autor: Jeff Zentner
Tradução: Guilherme Miranda ✦ Páginas: 401 ✦ Editora: Seguinte
Livro recebido em parceria com a editora
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17 de dezembro de 2019

Substitua Consumo Por Autoestima | Cris Zanetti & Fê Resende


Oficina de Estilo é um portal de moda que existe desde 2003, com ensinamentos de estilo, otimização do guarda-roupa e redução do consumismo fashion. Com o final do portal no ano passado, a Paralela relançou os três livros de consultoria de estilo das blogueiras Cris Zanetti e Fê Resende que compunham o livro Vista Quem Você É. Um desses volumes é o Substitua o Consumo por Autoestima, que foca no melhor aproveitamento de peças de roupas e na restrição de compras por impulso. 

O livro é dividido em 60 ideias e desafios para pôr em prática um consumo consciente da moda sem perder o estilo. Em uma lista divertida e colorida, as autoras comentam mais sobre como comprar poucas peças de qualidade é melhor que ter várias peças da PraSempre21 abarrotadas em gavetas esquecidas. Talvez essa seja a melhor parte do livro: a forma como as autoras têm consciência do alto investimento em peças de qualidade, mas conseguem dar boas saídas para que esse consumo mais consciente aconteça.

Além das listas, algumas seções interativas dão um charme maior. A possibilidade de fazer anotações que complementem as dicas das autoras é super legal e torna a leitura mais gostosa e compartilhada, como se fosse uma conversa com seu amigo. Por falar em linguagem coloquial, logo nas primeiras páginas as autoras fazem uma nota de disclaimer de linguagem, ou no bom português: licença poética para falar de maneira intimista e "gente como a gente".

Minhas dicas preferidas sempre estavam relacionadas à dicas de costura e conteúdos disponíveis na web que complementam o texto do livro. Achei essa postura super moderna, de conectar livro físico a conteúdos virtuais. Entretanto, acho o acesso difícil, talvez funcione melhor no ebook.

Outro ponto a ressaltar é que as dicas são ótimas, mas se você, assim como eu, é leitora da Vogue, Glamour e outras magazines famosas de moda, não terá alguma novidade para você nas páginas do livro. É um livro de consumo de moda para iniciantes. Apesar disso, a diagramação está impecável, a escrita está uma delícia e é uma leitura rapidinha para quem quer aprender mais sobre como ter um guarda-roupa legal gastando pouco e apoiando uma moda mais sustentável e ética.

Título Original: Substitua Consumo Por Autoestima 
Autoras: Cris Zanetti & Fê Resende ✦ Páginas: 120 ✦ Editora: Paralela
Livro recebido em parceria com a editora
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15 de dezembro de 2019

A Terra Inabitável: Uma História do Futuro | David Wallace-Wells


A Terra Inabitável é um livro que certamente nos desperta angústia e medo. Isso porque o assunto tratado nele é o aquecimento global, suas consequências e como serão os nossos próximos anos se nada for feito. Já deixo claro que nem irei entrar no mérito de quem não acredita nos fatos: o aquecimento global existe e as consequências estão batendo em nossa porta com mudanças perceptíveis.

David Wallace-Wells é um jornalista muito premiado que vem juntando histórias sobre alterações climáticas, pesquisas e documentos relacionados ao assunto. Apesar de ele mesmo não ser um cientista e a linguagem ser muito mais lírica, até um pouco apocalíptica, Wallace-Wells deixa fácil para o leitor entender o quanto as coisas estão ruins para o nosso planeta.

Não se trata de coisas absurdamente futuristas e longínquas das próximas gerações, mas sim o que nós iremos enfrentar logo mais. Mortes por calor demais, frio demais, fome, enchentes, queimadas, queda da qualidade do ar, desertificação, colapso econômico entre muitas outras coisas são citadas no livro, o que infelizmente podemos constatar que já vêm acontecendo por causa das ações antrópicas — ou será que a gente já esqueceu do dia em que São Paulo ficou com o céu preto de fumaça por causa das queimadas da Amazônia? E Brumadinho? E Mariana?).

A responsabilidade por fazer alguma contenção de danos é nossa, sua, minha e tem que ser feita logo. O que nós queremos e vamos deixar para as próximas gerações? O quanto uma única pessoa pode afetar o planeta? Wallace-Wells nos chama atenção sobre as nossas decisões daqui, do seu momento de leitura, em diante.

Posso dizer que considero esse um livro bom para quem quer entender um pouco mais do assunto ou se aprofundar de alguma maneira, mas não é um guia definitivo ou mesmo o documento final sobre o aquecimento global. A única ressalva é que a linguagem do autor que pode tornar o livro um pouco confuso, principalmente por causa da quantidade de dados e informações contidas nessa grande reportagem. Acho importante que mais leituras sobre o assunto sejam feitas e que a questão seja amplamente discutida.

Título Original: The Uninhabitable Earth: A History of the Future  
 Autor: David Wallace-Wells ✦ Páginas: 384 
 Tradução: Cássio de Arantes Leite ✦ Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora

13 de dezembro de 2019

Matadouro-Cinco | Kurt Vonnegut


Matadouro-Cinco é a obra-prima do autor Kurt Vonnegut. Considerado um clássico da ficção científica, o livro ganhou uma edição lindíssima pela Intrínseca para comemorar os 50 anos de sua publicação. A edição tem capa dura, design moderno e um detalhe super interessante: as folhas são amareladas, mas, o corte é branco, combinando com as cores predominantes da capa, que são branco e azul.

A parte difícil vem agora: explicar o enredo do livro. Acontece que essa história é confusa e meio louca. No livro, acompanhamos o personagem Billy Pilgrim, que combateu na Segunda Guerra Mundial, faz viagens no tempo e já foi abduzido por uma raça alienígena quadridimensional. E nada disso é spoiler, porque a história não é contada de modo linear. Afinal, sendo Billy um viajante no tempo, sua história é contada sem linearidade também, indo e vindo no tempo.

Os horrores da guerra, sua exposição em um tipo zoológico alienígena, a internação em um hospital, o casamento, os filhos, um acidente e até mesmo sua morte. Todos esses eventos indo e vindo, se alternando e se entrelaçando ao longo da narrativa. Porém, essa é só a parte rasa dessa história. Acontece que Matadouro-Cinco vai muito além, inserindo debates filosóficos, ironias e profundas reflexões.

O livro é marcado pela frase "É assim mesmo", falada pelos alienígenas e repetida dezenas de vezes ao longo do livro. A frase é usada pelos alienígenas quando alguém morre, porque para eles a morte é um evento indiferente. Afinal, eles são quadridimensionais e a morte nunca marca um ponto final se eles possuem a capacidade de enxergar o tempo como um todo.

Porém, "É assim mesmo" é também uma ironia gigantesca. No livro, a frase é inserida sempre que uma morte ou um evento trágico é descrito, mas nós não somos seres quadridimensionais, somos tridimensionais, então há coisas que não deveríamos aceitar com tanta resignação, como as guerras e os assassinatos, mas a verdade é que aceitamos. Na maior parte do tempo, somos resignados e ignoramos os horrores que estão acontecendo no mundo.

E esse é só um dos debates que o livro propõe. A ideia de livre-arbítrio é questionada, assim como empatia seletiva. O autor também faz algumas críticas ácidas à religião. Enfim, esse é um livro de muitas camadas e com muitas possíveis interpretações. Billy é realmente um viajante no tempo? Ele foi mesmo abduzido por essa raça? Ou tudo isso foi a forma como a sua mente arrumou para lidar com as coisas que ele viu na guerra? Ficção científica ou apenas psicologia? Afinal, uma raça alienígena tão resignada não seria um modo de lidar com as coisas que ele não pode mudar?

Apesar da complexidade do enredo e da riqueza dos debates propostos pelo autor, eu preciso dizer eu não amei o livro como eu gostaria de ter amado. A narrativa não me agradou, eu fiquei tentada a pular parágrafos em alguns trechos bem desinteressantes e achei que o autor deu muita atenção a aspectos pouco importantes e pouca atenção a aspectos mais relevantes.

Matadouro-Cinco é uma leitura super rápida, com poucas páginas e com pouco texto por página. O livro não entrega respostas e deixa muita coisa no ar para que o leitor tire suas próprias conclusões e interprete como quiser. Recomendo para quem busca uma leitura bem diferente, rápida e inovadora.

Título Original: Slaughterhouse-Five ✦ Autor: Kurt Vonnegut 
Tradução: Daniel Pellizzari Páginas: 288 ✦ Editora: Intrínseca

10 de dezembro de 2019

O Perigo de Uma História Única | Chimamanda Ngozi Adichie


O Perigo de Uma História Única não é bem algo inédito; na verdade, esse livro é uma versão adaptada de uma palestra da autora no TED Talks em meados 2009, agora no formato de texto. Mas o impacto que esses 15 minutos tiveram em mim foram muito grandes pra eu deixar passar a oportunidade de ter na estante também.


A primeira vez que ouvi O Perigo de Uma História Única foi em uma aula de antropologia, e eu precisava tanto tanto daquelas palavras que eu tenho elas guardadas em mim.

Sempre senti que é impossível se envolver direito com um lugar ou uma pessoa sem se envolver com todas as histórias daquele lugar ou pessoa. A consequência da história única é esta: ela rouba a dignidade das pessoas. (p. 28)

Em O Perigo de Uma História Única, Chimamanda mostra que saber só um lado de alguma história é difícil. Ela usa exemplos da sua infância, de quando começou a escrever seus primeiros contos, como ela, uma criança nigeriana escrevia sobre pessoas brancas que estavam em paisagens de neve tomando uma coisa que ela nem sabia o gosto. Ou sobre achar que um amigo dela era muito muito pobre por ser de um lugar diferente do dela, pelo simples fato de ser apresentado tragicamente pelas mídias. Ela fala da sua colega de quarto na faculdade que não entendia como ela falava inglês tão bem e que ficou impressionada que ela conhecia cantores pop norte americanos e não só "músicas tribais".

A História Única facilita a manipulação do entendimento de vários tipos de situação, cria estereótipos e tornam mentiras em meias verdades. Mas saber as histórias completas é empoderador e humanizador.

A ideia de colocar a palestra em texto é legal pra quem tipo eu faz questão de ter as palavras anotadas em algum lugar, mas talvez valha a pena comprar em promoções num preço mais camarada. Fica a dica!

Título Original: The Danger of a Single Story ✦ Autora: Chimamanda Ngozi Adichie ✦ Páginas: 64
 Tradução: Julia Romeu ✦ Editora: Companhia das Letras

8 de dezembro de 2019

Sprint | Jake Knapp, John Zeratsky & Braden Kowitz


Sprint é o primeiro livro do Jake Knapp e do John Zeratsky, líderes do Gmail e YouTube e atuais membros da Google Ventures. Sprint é uma metodologia ágil de resolução de problemas inicialmente desenvolvida para comprimir em 5 dias todas as atividades que solucionariam problemáticas. Tudo isso sem reuniões longas e com um teste final que validaria direto com o cliente se a nova postura da empresa de fato traria lucros e engajamento com o público alvo. Sprint funciona para empresas de software, aplicativos até companhias de robótica. A maneira simples e silenciosa de aproveitar o tempo de executivos importantes e os melhores membros da equipe é a chave do sucesso do método.

Aos que não trabalham com tecnologia e startups: metodologia ágil é o novo estado da arte na maneira de trabalhar sem desperdiçar tempos ou recursos, geralmente apelando ao máximo para a tecnologia. Sprint cumpre bem a promessa das metodologias ágeis. No livro, os autores narram, de maneira fluida, o passo a passo que já funcionou para gigantes como o Airbnb e Slack. O passo a passo começa antes da segunda-feira, situação que eles nomeiam como "Preparando o terreno", que envolve a escolha da equipe enxuta que auxiliará nas decisões e na montagem do cronograma ideal dos 5 dias de sprint. Tudo isso é narrado de maneira fluida, cheia de rodapés com bom humor e referências engraçadas ao mundo das startups. Um prato cheio para os amantes de tecnologia e grandes novos modelos de negócios.

A partir da segunda-feira, as dicas começam a ganhar mais especificidade, como "comece pelo fim" e "mapeie: coloque o desafio em um diagrama". E esta é, de longe, a parte que mais gostei do livro: cada atividade a ser realizada é explicada de maneira didática, com imagens, pontos numerados a serem seguidos e um foco na simplicidade que nenhum outro método possui. E no meio disso, ainda há espaço para exemplos de aplicação de algumas das dicas do capítulo, que nesse caso foi a Blue Bottle Coffee, startup do mercado cafeeiro norte-americano que precisava de um novo e-commerce. No primeiro dia, também existem instruções para o Facilitador, a pessoa que controlará o tempo, o uso do quadro branco e provavelmente é a pessoa com maior tenacidade a seguir dicas como "almoce tarde" e "faça perguntas óbvias"

Na terça-feira, as pessoas precisarão realizar os primeiros esboços da sua ideia, a fim de apresentá-los e começar a votação das ideias a serem testadas na sexta através de um protótipo. E nesse momento que novas técnicas de design do Google entram em ação: Crazy 8s, apresentação de esboços e utilização de redes de contato para validação. Essa é uma das melhores sensações, talvez você nunca consiga realizar um sprint completo para resolver um pequeno problema, mas certamente começará imediatamente a usar o mindset e as ferramentas que compõem o sprint para fazer algum projeto ou simplesmente para terminar um trabalho na faculdade sem acabar com nenhuma amizade.

Nos dois dias seguintes do sprint, é responsabilidade do facilitador e decisor, votar silenciosamente, escolher 5 entrevistados para testar o protótipo, além de deixar todos os detalhes finais do protótipo encerrados. Nesse meio tempo, técnicas como lightning decision jam enfatizam como damos apresentações enviesadas de nossas ideias quando as criamos e estamos apaixonados por elas. E a percepção dessa característica crítica de decisões em grupo que tornaram Jake, John e Braden gurus de uma metodologia onde isso não existe, e uma única pessoa transmitirá todas as ideias, além da exposição em papeis e post its nas paredes.

Por fim, na sexta, o protótipo é testado com os entrevistados. Verdadeiras lições de como fazer boas perguntas que entreguem bons resultados sem vieses são dados, bem como a postura que o entrevistador deve ter. Um último passo importantíssimo para assegurar o sucesso dos cinco dias de trabalho ou a necessidade de mais um sprint para testar uma nova solução.

Ao final do livro, existem várias checklists de dúvidas, materiais a serem comprados para o sprint e dicas gerais para que seu sprint seja um sucesso mesmo que você não seja um guru em design thinking da Google Ventures! Isso que mais me apaixonou no livro, é uma metodologia para resolver muito usando muito pouco e com o melhor envolvimento possível de toda a equipe. Talvez por esse simples motivo, o Design Sprint é a maior ferramenta de metodologia ágil da atualidade.

Título Original: Sprint ✦ Autores: Jake Knapp, John Zeratsky & Braden Kowitz ✦ Páginas: 320
Tradução: Andrea Gottlieb ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

5 de dezembro de 2019

Contos de Horror do Século XIX | org. Alberto Manguel


Contos de Horror do Século XIX é uma coletânea que traz 33 contos de todos os tamanhos e para todos os gostos. Esse livro é um queridinho de muitos leitores e ficou famoso no mundo literário há algum tempo. Então vamos saber se a obra vale a fama que tem.

Os contos foram selecionados por Alberto Manguel e a obra conta com diversos tradutores. É um trabalho realmente exemplar da Companhia das Letras. No início de cada conto, há uma introdução que insere o leitor na obra, apresenta o autor, conta algumas curiosidades e fornece um contexto básico que ajuda a entender o conto.

Vale ressaltar que são contos de Horror, e não de Terror. Portanto, os medrosos de plantão podem ficar tranquilos, porque aqui o objetivo não é assustar ou amedrontar. As histórias apresentadas na coletânea visam perturbar e incomodar o leitor. Isso é feito de várias formas: tem muita morte, assassinato, perturbações psicológicas, magia e obscuridade.

E como eu disse, tem contos para todos os gostos. Eu, por exemplo, gosto de histórias que envolvam questões psicológicas, histórias que utilizam as mentes dos personagens para criar o plot. E tem vários assim. Dois dos meus preferidos foram A Última Visita do Cavalheiro Doente, sobre um homem que acredita não ser uma pessoa real, mas apenas fruto de um sonho de outra pessoa, e O Amigo dos Espelhos, que fala sobre um homem obcecado por espelhos que acredita que pode entrar neles.

Mas se você prefere histórias com mais sangue, tem também. Vingança? Tem. Animais? Tem também. Maldições? Também tem. Uma mão de macaco que realiza desejos, mortos que se levantam, vampiros, fantasmas e muito mais. Ou seja, certamente você vai encontrar algo do seu gosto aqui.

Além disso, outro ponto forte dessa coletânea é a possibilidade de conhecer novos autores. Eu conheci o autor Horacio Quiroga e já quero ler mais coisas dele. É um jeito fácil e rápido de conhecer novos autores e poder conhecer suas narrativas. E tem também aqueles nomes que já são bem conhecidos, como Arthur Conan Doyle, Bram Stocker, Stevenson e H. G. Wells.

Ou então, você pode reencontrar um autor que você já ama. Eu reencontrei alguns queridinhos aqui, como Poe e Thomas Hardy. Inclusive, o conto do Hardy, Bárbara, da Casa de Grebe, é incrível. Esse conto é sobre uma mulher que fica obcecada com uma coisa (que eu não posso revelar). É uma história  muito completa, tem romance, vingança, tragédia, reviravoltas e muita emoção.

É claro que, como em qualquer coletânea de contos, tem aqueles que são melhores e aqueles que não são tão bons assim. Porém, na minha experiência de leitura, nenhum conto foi totalmente ruim. Eu aproveitei todas as histórias e tirei algo de bom de cada uma. Eu nem sou a maior fã de contos, mas foi muito gostoso fazer essa leitura. Eu carregava o livro pra toda parte e, sempre que tinha um tempinho livre, 10 minutinhos que fossem, eu pegava o livro e lia um conto.

Talvez a maior surpresa dentro dessa obra seja o conto A Volta do Parafuso, de Henry James. Esse que é o conto mais longo do livro, com mais de 100 páginas, é uma história muito famosa e um clássico. Inclusive, os criadores da aclamada série A Maldição da Residência Hill, da Netflix, já afirmaram que a segunda temporada da série será independente da primeira e será inspirada nesse conto.

A edição é simples, sem orelhas, mas tem um corte lindíssimo na cor laranja. A diagramação é boa, assim como o tamanho da letra. Eu recomendo e afirmo: a obra vale a fama que tem.

Título Original: Anthology of Horror Stories ✦ Organização: Alberto Manguel  
Páginas: 552 ✦ Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora

3 de dezembro de 2019

Algo Maravilhoso | Judith McNaught


Em meados de junho desse ano resenhei o primeiro volume da série Sequels, Agora e Sempre. Comentei com vocês que eu acabei gostando da história, mesmo passando raiva com várias coisas. A realidade é que a escrita da Judith McNaught é tão gostosinha que a gente até consegue relevar uma cena machista aqui e outra ali, mas sempre deixando claro que algumas coisas eu nunca relevo, leiam a primeira resenha. A questão é: resolvi continuar lendo a série porque queria saber se alguns absurdos do primeiro livro se repetiria, então estou aqui para falar sobre Algo Maravilhoso.

Essa série segue aquele estilo que conhecemos de outras autoras de romances de época, onde cada livro conta a história de uma personagem diferente. Aqui, conhecemos Alexandra Lawrence, uma jovem cheia de vida, que consegue ser doce e corajosa na mesma proporção. E foi justamente essa coragem que a colocou em uma enrascada daquelas, já que não pensou duas vezes antes de salvar Jordan Townsende, o duque de Hawthorne, de levar um tiro. Depois de um monte de confusões, que são clássicas desse gênero, Jordan se vê obrigado a casar com Alex para não acabar com a reputação dela. 

Depois dessa leitura posso dizer que McNaught é realmente mestre em fazer protagonistas apaixonantes. Alex é muito perfeita! Além de ser super determinada, amável e fiel a si mesma, ela é louca por livros, e eu amo personagens que possuem essa característica. Em compensação, o par romântico de Alex é um lixo, exatamente igual ao personagem com o mesmo papel no livro anterior: prepotente, cínico, rude, mulherengo e, para variar, violento. Sério, eu não consigo entender qual a tara dessa autora em fazer "mocinhos" com esse tipo de personalidade. 

Falando sobre o casal, eu fico com um pouco de raiva, do fundo do meu coração. Porque assim, tudo o que Alex não merece é um homem igual ao Jordan, simplesmente porque não acho nem um pouco aceitável a forma com que ele a trata. Mesmo se tratando de uma história que se passa em uma sociedade 100% machista, é complicado suspirar por um romance onde o cara vive ameaçando agredir a mulher, né? Acho que eu fico mais abismada ainda porque a maioria dos leitores não se incomoda com esse tipo de coisa... Mas enfim, é uma pena, porque a narrativa da Judith McNaught é realmente muito fluida.

Alex amadurece em certos pontos, mas em outros... Fico irritada também com essas coisas... O cara fazendo o que dá na telha, age como se estivesse solteiro e depois basta um "nossa, realmente, errei rude, me perdoa, eu te amo" pras coisas se resolverem. Não é assim não, gente! Porém, como eu disse no comecinho desse texto, a gente releva algumas coisas, né? Nesse caso porque esse tipo de comportamento é comum em romances de época e, convenhamos, até em outros tipos de romance que temos acesso — vai me dizer que vocês não são apaixonados pela Colleen Hoover, por exemplo, rs.

Então, o meu veredito é que Algo Maravilhoso realmente segue a mesma fórmula de Agora e Sempre: protagonista cheia de potencial que se vê obrigada a casar com um cara machista, frio e mal educado, mas no final se apaixona por ele e dá tudo certo. Absurdos permanecem, mas a maioria é compensando pela fluidez da escrita. Como puderam perceber, estou cheia de sentimentos conflitantes, então não sei bem dizer se eu gostei ou odiei. Leiam e venham conversar comigo, é isto.

Título Original: Something Wonderful ✦ Autora: Judith McNaught ✦ Páginas: 406
Tradução: Carolina Simmer ✦ Editora: Bertrand Brasil
Livro recebido em parceria com a editora
Para comprar o livro e ajudar essa blogueira falida é só clicar aqui!

1 de dezembro de 2019

Top Comentarista: Dezembro 2019

Eu fico muito assustada quando chega dezembro e eu percebo que o tempo passou tão rápido. Às vezes acho que ontem mesmo estava procurando essas imagens bonitinhas para fazer os banners dos posts de top comentarista para vocês. Coisa de louco, né? Mas enfim! Gostaria de agradecer a todos vocês pela companhia esse ano! Espero que estejam comigo ano que vem também! O ganhador desse sorteio terá direito a um vale compras de trinta reais para comprar um livro incrível! O período de inscrições vai de 01/12/2019 à 01/01/2020, lembrando que o último dia é apenas para a regularização de comentários. 

Regras
- Comentar em todos os posts, exceto os de promoções, no período de 01/12/2019 à 31/12/2019;
- Não serão computados comentários genéricos, só aqueles que exprimem a opinião do leitor e mostram que ele realmente leu o post;
- É permitido apenas um comentário por post;
- Apenas as duas primeiras entradas do formulário são obrigatórias. Caso o participante não possua Instagram, poderá participar normalmente do concurso, desde que avise nos comentários dessa postagem, porém contabilizará menos pontos;
- A entrada "tweet about de giveaway" só será válida se a pessoa estiver seguindo o Twitter informado, bem como a entrada de compartilhamento no Facebook que também só será válida se a pessoa for curtidora da página;
- Após o término do top, o Roendo Livros tem até 15 dias para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito. O livro escolhido (na faixa de preço estabelecida) deverá ser informado no corpo do e-mail;
- Após feito o contato, o prêmio será enviado dentro de até 60 dias úteis;
- Para o livro ser enviado, é necessário que o ganhador passe o número do CPF para a Ana, já que agora os Correios solicitam uma declaração de conteúdo (saiba mais aqui) Só participe do sorteio se estiver de acordo;
- O Roendo Livros não se responsabiliza por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados no livro. Assim como não se responsabiliza por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e ausência de recebedor. O livro não será enviado novamente;
- O Roendo Livros se reserva o direito de dirimir questões não previstas neste regulamento;
- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.

a Rafflecopter giveaway

29 de novembro de 2019

As Melhores Ofertas da Amazon na Black Friday


Finalmente chegou aquela época do ano que nós tanto esperávamos! É nessa bendita sexta-feira que todos nós recolhemos todas as nossas suadas economias e torramos tudo com a coisa que mais amamos: livros! Como blogueira topíssima que sou, rs, fiquei um tempo procurando os melhores descontos no site da Amazon — eu esperava mais? Claro que esperava, mas paciência né — e fiz uma listinha básica para vocês. Ah, só lembrando que ao comprarem através dos meus links vocês estarão ajudando a manter o blog, já que eu ganho uma pequena comissão e vocês não gastam nadica a mais por isso.

Se vocês estavam esperando a Black Friday para tomar coragem e investir num Kindle, a hora é agora! Tá rolando aquele famoso desconto que a Amazon dá em ocasiões especiais, viu?

Kindle Paperwhite 8GB à prova d'água: de R$499,00 por R$399,00
Novo Kindle 10ª Geração c/ iluminação embutida: de R$349,00 por R$269,00

Agora a parte que vocês estavam esperando ansiosamente desde a primeira linha desse post: os livros mais legais por precinhos bem camaradas. Só lembrando que esses valores podem variar um pouquinho dependendo do dia que vocês acessarem, tá?

Um Lugar Bem Longe Daqui: de R$49,90 por R$24,40
Matadouro Cinco: de R$44,90 por R$14,90
Your Name: de R$34,90 por R$15,90
É Assim Que Acaba: de R$44,90 por R$20,50
Porque Fazemos o Que Fazemos?: de R$39,90 por R$17,90
Outros Jeitos de Usar a Boca: de R$35,90 por R$15,90
Holocausto Brasileiro: de R$49,90 por R$21,10
Um De Nós Está Mentindo: de R$44,90 por R$20,60
O Construtor de Pontes: de R$54,90 por R$24,30
Uma Chance Para o Amor: de R$34,90 por R$15,90
O Presente Inesperado: de R$34,90 por R$15,90
A Biblioteca Invisível: de R$3490 por R$17,20
Moletom: de R$34,90 por R$16,10
O Homem de Giz: de R$44,90 por R$19,90
Amor & Gelato: de R$39,90 por R$17,60

Os e-books também entraram na festa e os preços estão muito bons. Lembrando que não é necessário ter um Kindle para adquirir os e-books, vocês podem usar o aplicativo para celular ou computador!

Minha História: R$19,90
Caraval: R$4,25
A Rainha Vermelha: R$9,56
O Universo Numa Casca de Noz: R$4,99
Laranja Mecânica: R$8,91
O Conto da Aia: R$10,49 (vale o físico também, hein?)
Mitologia Nórdica: R$13,60
A Seleção: R$9,40
A Cinco Passos de Você: R$11,95
Garota em Pedaços: R$15,19

Quem tiver visto alguma oferta imperdível escondida, não deixe de compartilhar com a gente, tá? Espero que vocês tenham gostado e que façam ótimas compras! 

26 de novembro de 2019

Areia Movediça | Malin Persson Giolito


Maja Norberg é uma garota sueca muito bonita, bem de vida e popular. Tudo na sua vida era perfeito até que um tiroteio acontece em sua escola, fazendo de seu namorado e sua melhor amiga duas das vítimas dessa tragédia. O mais estranho é que ela é acusada desses crimes. Mas como? Ela não consegue entender ou mesmo se lembrar do que aconteceu até que ela chegasse naquela situação.

Após ter sido presa já a alguns meses, nós vamos acompanhar o julgamento de Maja, a adolescente mais famosa e odiada da Suécia. Seus advogados estão empenhados em inocentá-la, mas nada do que está por vir será fácil para a protagonista. Afinal, ela é a culpada do tiroteio ou não?

Aos poucos a narradora, a própria Maja, vai contando sua história e vamos sendo levados por suas lembranças, pelos caminhos percorridos por ela, seu envolvimento com os amigos, pessoas próximas e até as pessoas que convivem com ela na prisão. Por fim começamos a descobrir a relação bizarra que Maja tinha com seu namorado Sebastian, e as peças começam a se encaixar.

Pode ser que, ao ter o primeiro contato com o livro, o leitor tenha um sentimento de confusão. A primeira parte é um tanto arrastada e bagunçada, mas tudo que a Maja narra vai fazer sentido uma hora ou outra, basta ter um pouco de paciência. A personagem principal é um grande mistério para nós, leitores, já que ela se apresenta como uma jovem cheia de dúvidas, controlada e que se importa com os outros, o que, teoricamente, não se encaixaria no perfil de acusada. Mas será que é isso mesmo?

Além disso, a protagonista não é muito fácil de amar, sabe? Não é o tipo de personagem que vai estar no seu Top 10 Favoritos, mas com certeza a sua construção é muito legal e com o tempo começamos a vê-la com outros olhos. Também é necessário entender quem é Sebastian, o ex-namorado morto e grande amor da vida de Maja. A partir do relacionamento dos dois, onde a trama é bastante focada, conseguimos entender qual o papel de cada personagem no massacre e o porquê dele ter acontecido.

A autora, Malin Persson Giolito, é ex-advogada, então o tema principal da obra é a investigação criminal — inclusive dá para notar demais a experiência dela na área, é bem legal e interessante —, mas também é possível perceber outros assuntos no livro, como críticas sociais, drogas, preconceito, imigração, depressão... Temas muito atuais e importantes para o momento que estamos vivendo.

Areia Movediça, trama sueca NADA confortável para se ler, foi adaptada pela Netflix em formato de série e por sorte ela é muito boa. O diferencial da produção talvez seja que temos outros pontos de vista, mas ainda mantendo a Maja como protagonista. Ah, é sempre bom lembrar que aborda temas muito pesados, então pode sim conter gatilhos para algumas pessoas. Enfim, tendo isso em vista, indico ambos para vocês.

Título Original: Störst Ava Allt ✦ Autora: Malin Persson Giolito ✦ Páginas: 352
Tradução: Alexandre Raposo ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora
Para comprar o livro e ajudar essa blogueira falida é só clicar aqui!

25 de novembro de 2019

Cinco Júlias | Matheus Souza


Imagina só acordar tranquilamente e descobrir que todas as suas mensagens, e-mails e arquivos foram divulgados. Isso mesmo, qualquer pessoa teria acesso a tudo que você mandou para os seus amigos, como aquele whatsapp falando mal de fulana, aquela foto íntima que você mandou para o seu namorado... Eu consigo sentir o caos no ar só de imaginar uma coisa dessas, Deus que nos defenda de uma catástrofe dessa. Mas é justamente isso o que acontece no livro de Matheus Souza.

Em Cinco Júlias, obviamente, conhecemos a história de cinco meninas chamadas Júlia que se encontram por um acaso do destino no Rio de Janeiro, por consequência desse cenário pós-apocalíptico que eu citei anteriormente. As protagonista têm seu próprio espaço dentro do livro, então temos a possibilidade de conhecer a personalidade de cada uma, como cada uma é de verdade por dentro. 

O estilo de narrativa de cada uma das meninas é único. Ter o ponto de vista de cada personagem é uma fórmula muito inteligente, pois, na minha opinião, torna a leitura muito mais dinâmica. Logo de cara torci o nariz pra Júlia 2, que é a personificação do egocentrismo, ao mesmo tempo em que me apaixonei perdidamente pela Júlia 1, que a é a mais sensata do grupo. Consegui até mesmo achar um espaço para me sentir um pouco incomodada com a forma que a Júlia 3 foi descrita: sabe as meninas que andam atrás da Regina George em Meninas Malvadas? Tipo isso... Mas enfim, o que você precisa saber é que as cinco se complementam. 

Agora chego num ponto importante. Eu li alguns comentários negativos sobre o fato de o autor, um homem branco, dar voz a cinco mulheres, sendo duas delas negras. Sinceramente, não sei se estou em posição de achar alguma coisa, mas ao meu ver Matheus Souza conseguiu conduzir bem a história; para mim, ele não foi ofensivo, ainda que eu tenha me incomodado com uma coisinha ou outra. Mas a minha realidade é diferente da realidade de outras pessoas, então não posso julgar o que o outro acha ofensivo ou não, né?

Eu, particularmente, gostei muito da escrita do Matheus. É engraçado porque se me dissessem que o livro foi escrito por cinco pessoas diferentes, eu acreditaria. Para mim, conseguir dar vozes diferentes para os personagens é uma qualidade imensa. Além disso, ele conseguiu trazer leveza para temas que são recorrentes na vida de qualquer jovem: romance, sexualidade, família, amizade. Ah, existem também muitas referências musicais e cinematográficas, é bem legal para conhecermos coisas novas ou simplesmente relembrarmos de coisas que gostamos. 

Eu gostei bastante de Cinco Júlias. Fico feliz por termos autores nacionais tão talentosos, que são capazes de desenvolver uma história cativante. Apesar de ter me enganado um pouquinho, Matheus Souza passa uma mensagem de esperança no final, com aquele toquezinho de "seja honesto com os outros e consigo mesmo que tudo dá certo".

Título Original: Cinco Júlias ✦ Autor: Matheus Souza ✦ Páginas: 328 ✦ Editora: Seguinte
Livro recebido em parceria com a editora

20 de novembro de 2019

Glória & Ruína | Tracy Banghart


Glória e Ruína é o segundo volume da duologia criada por Tracy Banghart. Se você ainda não leu Graça e Fúria, deixe essa resenha para mais tarde, porque é impossível não soltar um spoiler ou outro. Pois bem, tendo isso em vista, a segunda parte da história das nossas heroínas começa exatamente onde termina a primeira: Serina liderando um motim contra os homens que dominavam Monte Ruína — e vencendo com honra, diga-se de passagem — e Nomi chegando à Monte Ruína exilada após o assassinato do superior. 

A atmosfera de Glória e Ruína permanece extremamente tensa, já que as mulheres continuam sem um pingo de dignidade. Assim, o foco das protagonistas é fazer com que as mulheres de Viridia, incluindo as sobreviventes de Monte Ruína, tenham um futuro digno. Então a necessidade das duas irmãs se torna a mesma: mudar o sistema, ainda que seja necessária uma revolução. É claro que as coisas não são fáceis, principalmente levando em conta o tirano que assumiu o governo — o filho mais novo do antigo superior, aquele que tirou a vida do próprio pai unicamente para conseguir poder.

O que eu mais gostei em Graça e Fúria foi o desenvolvimento de Serina, que foi se tornando cada vez mais forte e terminou o livro de forma magistral. Nesse segundo volume, a personagem continua perfeita, sem defeitos. Obviamente também me apaixonei pela forma como as mulheres são unidas, lutam juntas por um único objetivo. Ainda bem que Tracy Banghart seguiu essa mesma linha em Glória e Ruína

— Eu não esperava que fosse fácil, só que... que estivéssemos à altura da tarefa.
— Nunca ouvi isso de uma mulher.
— Porque é difícil esperar muito de si mesma quando o resto do mundo não acha que você é capaz. (p. 92)

E por falar em luta, quem se incomodou com a ambientação brutal das cenas que se passavam em Monte Ruína, ficará ainda mais impactado com as batalhas desse segundo volume. Lutas estão presentes o tempo inteiro, desde o momento em que as mulheres estavam se organizando para sair do cárcere em que viviam até o momento em que chegaram, de fato, onde queria chegar. Apesar de não gostar dessa violência toda, estaria mentindo para mim mesma se dissesse que não gostei. Concordo que é muito triste que elas precisassem matar pessoas para se libertarem, mas cada tiro, cada facada, foi sinceramente uma satisfação pessoal.

Eu sei que é um sentimento muito pesado, mas foi a forma como a autora conseguiu erguer todas as personagens contra a opressão. A história inteira se passa em uma sociedade que simplesmente apagou as mulheres — que, inclusive, chegaram a governar Viridia —, transformando-as em meros objetos. A força física está presente o tempo inteiro, mas existem outras ações envolvendo sororidade e empatia que mostram que as mulheres têm poder.

Falando em sororidade, é impressionante os laços que as mulheres de Monte Ruína criam no decorrer da história. Por mais que tivessem suas diferenças e desavenças, eram muito unidas e respeitavam umas as outras acima de tudo. Existem várias cenas emocionantes no livro que provam isso, "detalhes" que contaram muito para mim. Eu dou muito, muito valor à essa união, porque acredito que ninguém segura mulheres que caminham juntas para alcançar um objetivo em comum.

Glória e Ruína é um livro bastante rápido, mas mesmo com o final aberto bem no estilo de conto de fadas — convenhamos que depois de tanta luta, não é possível que as pessoas não pudessem sonhar, não é mesmo? —, dá um desfecho para as irmãs Tessaro e todas as outras coadjuvantes que fizeram essa história acontecer.

Título Original: The Iron Flowers ✦ Autora: Tracy Banghart  ✦ Páginas: 312
 Tradução: Isadora Prospero ✦ Editora: Seguinte

18 de novembro de 2019

Malvados | André Dahmer


Não sei exatamente por onde começar a falar de Malvados, já que essa seleção de tirinhas/quadrinhos é no mínimo curiosa e com certeza perturbadora, por serem muito reais. Inclusive não existem nem modos de se dar spoiler sobre o livro. Curioso, né? Inclusive gostaria de dizer logo no início dessa resenha que o conteúdo dessa obra pode apresentar vários gatilhos, então leia com cuidado!

André Dahmer é um artista brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, e os dois personagens que criou e figuram suas histórias nos intrigam, por serem indefinidos — podem ser bichinhos, humanos, coisinhas (haha), o que sua imaginação disser que eles são. Apesar dos personagens fofinhos, o teor da sua obra é bem sério.


As tirinhas presentes em Malvados são críticas sociais muito fortes e politicamente incorretas. O tom ácido embala cada uma das páginas e é impossível ler e não concordar com pelo menos alguma coisa que seja, ou, no mínimo, se sentir incomodado com algo. São diálogos tão atuais que chegam a assustar, já que muitas das tirinhas de Malvados foram publicado pela primeira vez em meados de 2005... E pasmem, todo o conteúdo do livro continua muito atual.

A parte boa é que você pode acompanhar o autor no twitter e ver com frequência seu conteúdo, já que ele posta bastante por lá. Espero que, mesmo com essa resenha curtinha, você se interesse por Malvados, uma obra que (in)felizmente nos representa muito em 2019.

Título Original: Malvados ✦ Autor: André Dahmer ✦ Páginas: 384 ✦ Editora: Quadrinhos na Cia.
Livro recebido em parceria com a editora
Para comprar o livro e ajudar essa blogueira falida é só clicar aqui