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4 de setembro de 2016

Apenas Um Garoto | Bill Konigsberg


Não dá para negar que eu adoro livros com a temática LGBT. Se assumir pode ser uma tragédia quando você, por exemplo, tem pais que não estão preparados psicologicamente para isso, mas a gente sempre espera que, uma hora ou outra, que a pessoa vai se assumir. O que eu nunca pensei é que um dia eu fosse ler uma história de um menino que decide mudar de escola para deixar sua orientação sexual em segredo. 

É assim que conhecemos Rafe, um garoto que aceita normalmente o fato de ser gay, mas está tão cansado de ser rotulado que decide ir para outro estado, para uma escola unicamente de meninos, mas com um detalhe importante: ele não quer que ninguém saiba que é gay só para ter o gostinho de ser ele mesmo. Ele jura por Deus que não está "voltando para o armário", mas né... Já fiquei pensando em como isso poderia dar certo, já que, claramente a homossexualidade não é uma escolha. Então, como Rafe conseguiria ser ele mesmo escondendo o fato de todo mundo?

É difícil ser diferente, e talvez a melhor resposta não seja tolerar diferença, nem mesmo aceitá-las, e sim celebrá-las. Talvez essas pessoas que são diferentes se sentissem mais amadas e menos… bem, toleradas.

As coisas dão certo por um tempo, até que, inevitavelmente, ele se apaixona por um dos colegas que, adivinhem? Isso mesmo, é hétero — ou pelo menos se diz, né? Mas enfim, desde o início eu achei o Rafe um babaca. A mentira não fez sentido pra mim em nenhum momento. Apesar de entender os motivos dele, não conseguia concordar em momento algum com aquilo. Sem contar que algumas atitudes dele realmente me tiraram do sério. 

Fui conversar com um amigo meu que tinha lido o livro sobre essas atitudes do Rafe e ele me disse uma coisa que é muito verdade: "tudo o que a gente quer é ser aceito". Não é difícil perceber que, infelizmente, é muito mais fácil ser hétero. Héteros não precisam ser aceitos, eles já nascem aceitos pelo simples fato de serem héteros. Eu não estava no lugar do Rafe, mas mesmo assim, me conhecendo como conheço, sei que não agiria de forma tão imatura. Fiquei pensando várias coisas enquanto lia nas besteiras que a gente faz, então sou incapaz de julgar.

Você sabia que as crianças LGBT são 8,4 vezes mais propensas a tentar suicídio do que as crianças hétero? Sabia que metade das crianças LGBT são rejeitadas pelos pais? Que 20 a 40 por cento dos adolescentes que moram na rua dizem que são gays, lésbicas ou trangêneros, e que metade deles já se prostituiu para se sustentar? Bem, foi esse tipo de coisa que aprendi, e o fato de não me identificar com nenhum desses problemas fez com que eu me sentisse o cara mais sortudo do mundo.

Eu gostei bastante do livro e, apesar de ele não possuir um ponto alto, a narrativa fluiu muito bem. Aliás, é sempre muito fácil para mim ler sobre a vida de adolescentes e convenhamos, elas nunca são muito empolgantes. Os pontos altos do livro sem dúvidas foram as partes em que os pais do Rafe apareciam. Ai se todos os pais fossem assim, as coisas seriam incrivelmente mais fáceis! A Claire Olivia, melhor amiga do menino, também é maravilhosa e me identifiquei bastante com ela. Mas o Rafe em si... Acho que ainda não sei bem o que sinto em relação à ele.

Apenas Um Garoto é exatamente aquele livro que te faz refletir bastante sobre a sociedade em que vivemos. Parece clichê, mas é a pura realidade, não é? E levanta vários questionamentos. Se as não nos rotulassem tanto, será que precisaríamos fingir? O fato é que seria imensamente mais fácil viver em um mundo onde a orientação sexual da gente não mudasse tanto a visão das pessoas em relação ao que realmente somos, mas a maior verdade é também não adianta mentir... No fim, você vai perceber que não é para os outros que está mentindo, e sim para você.

Título Original: Openly Straight
Autor: Bill Konigsberg
Páginas: 255
Tradução: Rachel Agavino
Editora: Arqueiro
Livro recebido em parceria com a editora 
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11 comentários :

  1. Olá,
    Ainda não tive a oportunidade de ler a obra, mas tenho muita vontade pois não li nenhuma trama que tratasse sobre LGBT e sou bem curiosa para conferir como o autor desenvolveu uma temática delicada de forma leve. Acredito que traga grandes reflexões sobre o assunto.
    Fico feliz que tenha gostado e isso me anima bastante.

    http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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  2. Oiii Ana, como vai?
    Menina eu tenho tanta vontade de ler esse livro que você nem imagina, ainda mais sobre esse tema que até hoje é tabu, eu quero ler com toda certeza e sei que amaria a obra com toda certeza.
    Beijnhhs

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  3. Olá, Ana Clara! Quando cheguei aqui, pensei: "Já conheço este blog!" rs e sim, somos parceiras! <3 Fiquei feliz ao ler esta resenha tão bem escrita e com o recorte para este tema que contribui para a questão da representatividade. parabéns! O livro parece ótimo e acho a capa dele linda!
    Conhece tb o romance "1 + 1"?

    Estou voltando a blogar e você também será bem-vinda!
    Bjs,
    Yohana Sanfer

    http://www.papelpalavracoracao.com.br/

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  4. Ainda não tinha escutado falar com esse livro, mas fiquei preocupada com o aspecto que ele vai contra a luta do "se assuma, se aceite" que vemos hoje, é estranho pensar que mesmo com todo o apoio ele preferiu viver onde ele não pode ser ele mesmo para poder ser ele mesmo, estranho, né?! As vezes me questiono se esses livros que vão contra a onda estão atrapalhando a luta como um todo, enfim....
    Parabéns pela sua resenha!
    Beijo

    http://capsuladebanca.blogspot.com.br/

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  5. Oiee Ana ^^
    Eu também achei o Rafe um tanto babaca no começo, principalmente por ele fingir ser alguém que não era perto dos rapazes atletas. Não digo isso por ele estar escondendo/mentindo sobre sua sexualidade, mas pelas ações mesmo, pela forma como falava de outras pessoas. E o pior é a história de não querer ser rotulado, quando ele fazia isso com os outros, né? Mas, mesmo com isso tudo, eu adorei conhecê-lo, e adorei o livro ♥ Eu só não curti muito o final :/
    MilkMilks ♥

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    1. Dryh, você falou tudo!
      Acho que o problema maior dele num foi esconder a sexualidade, mas foi ser um pnc mesmo com as pessoas ao redor dele...

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  6. Olá Ana Clara!
    Nunca li nenhum livro com essa temática, mas eu já ouvi falar a respeito desse livro. Ele é diferente dos outros com esse tema já que ao invés de mostrar como realmente é, o protagonista resolveu se esconder e fez com que não só você o achasse um babaca, mas li outras opiniões que compartilham o mesmo pensamento. É um tema para ser refletido na sociedade de hoje sem dúvidas.
    Beijos.

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  7. Oi Ana!
    Eu achei suuuper legal o autor abordar o tema desse outro ângulo porque não é o que a gente vê normalmente nos LGBT, sempre é querer sair do armário e não voltar. Me fez ver a questão com outros olhos. Porém, e vem um porém bem grande aí, o livro não me conquistou, não me cativou. Achei o personagem fraco pra levar um livro inteiro pra frente. Não consegui me afeiçoar a ninguém e isso atrapalha bastante a leitura pra mim.
    beijos

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  8. Eu adorei a leitura desse livro, e ao contrário de você, entendi o que Rafe quis com tudo o que fez, e não o julguei. Imagino que deva ser difícil ser definido por sua orientação sexual, então não achei tão errado o que ele fez, claro que acabaram tendo consequências desastrosas, mas faz parte.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  9. Acho que essa foi a resenha mais sincera que já li desse livro. Todos falam que é mil maravilhas, mas acaba sendo um livro de ficção adolescente como qualquer outro. Nunca li nada com o tema LGBT, mas adoraria começar por algum lugar e esse livro parece ser uma boa escolha. Gostaria de saber mais sobre a vida de Rafe e como ele lidou com o fato de querer ser aceito.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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  10. Tem gente que amou, tem gente que se decepcionou. De qualquer forma, é um livro que me chama atenção sabe? Principalmente por causa do tema, que eu quero muito ler outros livros e até hoje só li Will e Will.
    Beijocas

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