Nesses 4 volumes já publicados, acompanhamos a chegada de Perséfone, a Deusa da primavera, ao Olimpo, como ela conheceu Hades, o Deus do submundo, como eles se encantaram um pelo outro e como diversas coisas entraram no caminho deles, como a diferença de idade, a existência de um relacionamento anterior entre Hades e Minte, uma ninfa que trabalha no submundo, e, claro, o fato de que Perséfone fez voto de castidade.
No primeiro volume da série, a autora mostra com muita sensibilidade o abuso que Perséfone sofre por Apolo, irmão de sua melhor amiga. No segundo volume, vemos Perséfone processando essa acontecimento e enfrentando as consequências emocionais dessa violência, como a confusão, a vergonha e a culpa por ter "quabrado" o voto de castidade. Enquanto isso, seus sentimentos por Hades se intensificam e entram em cena os paparazzis que começam a publicar fofocas a respeito do suposto envolvimento entre Hades e Perséfone.
Os volumes 3 e 4 trazem poucos avanços práticos para a história e o quarto volume termina não muito diferente de como começa. No geral, acho o desenvolvimento de Lore Olympus bem lento e apesar de amar acompanhar os personagens, gostaria que a história fosse um pouco mais rápida. Ao final do volume 4, Hades está determinado a resolver uma das coisas que impede que ele e Perséfone possam ficar juntos e eu estou torcendo para que ao menos isso se resolva no volume 5.
Perséfone também fez avanços em sua trama e sinto que esse quarto volume foi mais sobre Hades e Perséfone resolvendo suas pendências individualmente do que em conjunto. O que é positivo, afinal, nesse reconto dos mitos gregos, Perséfone se torna a narradora de sua própria história. Rachel Smythe deu voz a uma das deusas mais silenciados do Olympo. No mito original, Perséfone é entregue para Hades por Zeus e sua vontade não é levada em consideração.
Perséfone ainda lida com o trauma do estupro que sofreu no primeiro volume da série e também faz avanços em relação a isso. O Apolo de Rachel Smythe é um dos personagens mais nojentos, machistas e desprezíveis de toda a literatura contemporânea e eu não vejo a hora de ele pagar pelo que fez.
Smythe continua usando os recursos visuais para comunicar emoções, intenções e pensamentos. Isso faz com que o leitor precise observar os quadros para fazer inferências e deduções. Eu gosto desse recurso principalmente em Hades, que tem sempre aquela expressão soturna e distraída no rosto, lhe concedendo uma personalidade bem definida.
Outra relação que foi bastante explorada nesse quarto volume foi o relacionamento entre o Zeus e a Hera. Esses núcleos paralelos são interessantes de acompanhar, mas sempre que eles são mostrados eu confesso que acelero a leitura, pois gosto mesmo de acompanhar o núcleo principal de Hades e Perséfone.
Lore Olympus é uma graphic novel linda. Eu amo como a autora usa as cores para construir cada personagem e transmitir sensações ao leitor e os tons vibrantes fazem com que cada página encha os olhos. Também sinto que, a cada capítulo, a autora se sente mais livre para experimentar e explorar formas mais gráficas e menos verbais de contar sua história. É uma narrativa que pede atenção às imagens e não só ao texto.
Se você ainda não leu Lore Olympus, saiba que vale muito a pena. Lore Olympus é a história em quadrinhos mais lida do mundo atualmente e não é atoa. Rachel Smythe entrega qualidade gráfica, romance, humor e consegue equilibrar tudo isso com drama, discussões atuais e reflexões importantes.