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13 de agosto de 2024

Lore Olympus, de Rachel Smythe: série em quadrinhos apresenta romance clichê entre deuses do Olimpo


Lore Olympus se tornou, juntamente com Heartstopper, minha história em quadrinhos favorita. Então foi com muita felicidade que recebi o quarto volume da série, publicada pelo selo Suma HQ da Companhia das Letras. O romance gráfico me conquistou de cara por trazer o clichê do badboy apaixonado pela menina encantadora e inocente, só que entre deuses do Olimpo.

Nesses 4 volumes já publicados, acompanhamos a chegada de Perséfone, a Deusa da primavera, ao Olimpo, como ela conheceu Hades, o Deus do submundo, como eles se encantaram um pelo outro e como diversas coisas entraram no caminho deles, como a diferença de idade, a existência de um relacionamento anterior entre Hades e Minte, uma ninfa que trabalha no submundo, e, claro, o fato de que Perséfone fez voto de castidade.

No primeiro volume da série, a autora mostra com muita sensibilidade o abuso que Perséfone sofre por Apolo, irmão de sua melhor amiga. No segundo volume, vemos Perséfone processando essa acontecimento e enfrentando as consequências emocionais dessa violência, como a confusão, a vergonha e a culpa por ter "quabrado" o voto de castidade. Enquanto isso, seus sentimentos por Hades se intensificam e entram em cena os paparazzis que começam a publicar fofocas a respeito do suposto envolvimento entre Hades e Perséfone.

Os volumes 3 e 4 trazem poucos avanços práticos para a história e o quarto volume termina não muito diferente de como começa. No geral, acho o desenvolvimento de Lore Olympus bem lento e apesar de amar acompanhar os personagens, gostaria que a história fosse um pouco mais rápida. Ao final do volume 4, Hades está determinado a resolver uma das coisas que impede que ele e Perséfone possam ficar juntos e eu estou torcendo para que ao menos isso se resolva no volume 5.

Perséfone também fez avanços em sua trama e sinto que esse quarto volume foi mais sobre Hades e Perséfone resolvendo suas pendências individualmente do que em conjunto. O que é positivo, afinal, nesse reconto dos mitos gregos, Perséfone se torna a narradora de sua própria história. Rachel Smythe deu voz a uma das deusas mais silenciados do Olympo. No mito original, Perséfone é entregue para Hades por Zeus e sua vontade não é levada em consideração.

Perséfone ainda lida com o trauma do estupro que sofreu no primeiro volume da série e também faz avanços em relação a isso. O Apolo de Rachel Smythe é um dos personagens mais nojentos, machistas e desprezíveis de toda a literatura contemporânea e eu não vejo a hora de ele pagar pelo que fez.

Smythe continua usando os recursos visuais para comunicar emoções, intenções e pensamentos. Isso faz com que o leitor precise observar os quadros para fazer inferências e deduções. Eu gosto desse recurso principalmente em Hades, que tem sempre aquela expressão soturna e distraída no rosto, lhe concedendo uma personalidade bem definida.

Outra relação que foi bastante explorada nesse quarto volume foi o relacionamento entre o Zeus e a Hera. Esses núcleos paralelos são interessantes de acompanhar, mas sempre que eles são mostrados eu confesso que acelero a leitura, pois gosto mesmo de acompanhar o núcleo principal de Hades e Perséfone.

Lore Olympus é uma graphic novel linda. Eu amo como a autora usa as cores para construir cada personagem e transmitir sensações ao leitor e os tons vibrantes fazem com que cada página encha os olhos. Também sinto que, a cada capítulo, a autora se sente mais livre para experimentar e explorar formas mais gráficas e menos verbais de contar sua história. É uma narrativa que pede atenção às imagens e não só ao texto.

Se você ainda não leu Lore Olympus, saiba que vale muito a pena. Lore Olympus é a história em quadrinhos mais lida do mundo atualmente e não é atoa. Rachel Smythe entrega qualidade gráfica, romance, humor e consegue equilibrar tudo isso com drama, discussões atuais e reflexões importantes.

Título Original: Lore Olympus ✦ Autora: Rachel Smythe
Páginas: 416 ✦ Tradução: Érico Assis ✦ Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora

22 de outubro de 2023

M de Monstra, de Talia Dutton: uma história sobre ciência, luto e o peso das expectativas


Não costumo trazer resenhas de quadrinhos por não ser algo que eu leio muito, mas M de Monstra, de Talia Dutton, chamou minha atenção no evento de lançamentos da Suma assim que vi a capa. Esse é o quadrinho de estreia da autora, é inspirado em Frankenstein e ainda trata de temas sensíveis de uma maneira diferente, através de ilustrações e textos lindos.

A Dra. Frances e a Dra. Maura são duas irmãs cientistas que são melhores amigas, vivem juntas e são apaixonadas pelo seu trabalho. Um dia, um dos experimentos das irmãs não sai como o previsto e Maura acaba morrendo neste trágico acidente. Frances consegue trazer a irmã mais nova de volta dos mortos, ou assim ela pensa. Quem ocupa o corpo dela é uma criatura totalmente diferente de Maura, que não tem lembrança alguma da vida que a cientista levava.

Assim, a criatura passa a se chamar de M e tenta de todas as formas agradar Frances, fingindo ser sua irmã mais nova com amnésia, pois não quer desaparecer. Frances, por outro lado, decide que se M não conseguir se lembrar de sua vida e de seu trabalho, não existe motivo para deixá-la viva.

Então acompanhamos M tentando desesperadamente superar essa situação e viver. Vemos ela descobrindo uma ligação com Maura, seu desenvolvimento pessoal, seus gostos diferentes e sua força de vontade. M vai conseguir assumir a identidade de Maura ou irá sumir para sempre? E quais as consequências de se viver uma vida que não é sua, que não te pertece? 

O que eu mais gostei nessa HQ foi justamente essas pequenas metáforas que a autora deixa com o decorrer das páginas, e que trazem muitas mensagens. O que acontece quando não nos sentimos amados pelo que somos? Quando não somos capazes de aceitar a perda? Quando não conseguimos abandonar o passado e seguir em frente? Os conflitos em torno dessas questões são bastante tensos e muito bem desenvolvidos. 

Acho que a única coisa que pode desagradar um pouco é a personalidade de Frances no início da narrativa. Às vezes tinha a sensação que ela não sentia falta necessariamente da irmã, e sim de como as coisas eram quando a irmã estava viva. Com o passar do tempo, é fácil perceber que esses comportamentos fazem parte do processo do luto, e começamos a aceitá-la melhor. Isso diz muito também sobre as expectativas dela em relação à M. 

Tinha tudo para ser uma história assustadora de terror, mas Dutton nos conduz por outros caminhos, muito mais emocionantes e sensíveis. Com certeza essa é uma ótima leitura e bem rapidinha, que tem a maior chance de conquistar novos e velhos leitores. Como disse, as ilustrações são lindas e o texto é bom, o que contribui para a fluidez. Indicação mais do que especial para esse mês de Halloween 🖤🎃

Título Original: M Is for Monster ✦ Autora: Talia Dutton
Páginas: 224 ✦ Tradução: Helen Pandolfi ✦ Editora: Suma
Livro recebido em parceria com a editora

19 de setembro de 2022

Lore Olympus: Histórias do Olimpo | Rachel Smythe

Lore Olympus é um reconto do mito de Hades e Perséfone. Originalmente publicado no Webtoon, a história em quadrinhos se tornou um fenômeno e inaugura o novo selo da Companhia das Letras, a Suma HQ. Apostando no sucesso da história no Brasil, a editora já tem data para os lançamentos dos volumes 2 e 3. No total, serão 4 volumes e o segundo já chega em outubro.

Nesse primeiro volume, conhecemos não apenas os personagens centrais, Hades e Perséfone, mas muitos outros nomes da Mitologia Grega, como Zeus, Poseidon, Hera, Deméter, Eros, Afrodite, Ártemis, Apolo e assim por diante.

Nos quadrinhos, os deuses são retratados com jovialidade e leveza, dando um tom divertido para a história. Eu realmente dei boas risadas com o livro. É fácil gostar de certos personagens, bem como é fácil odiar outros. Cada personagem tem uma personalidade bem definida, assim como cada um possui uma cor. Os quadrinhos são super coloridos e é possível identificar cada Deus pela sua cor. Perséfone é rosa e Hades é azul.

Esse primeiro livro mostra o começo dessa relação improvável entre o Deus do Submundo e a Deusa da Primavera, e é impossível não ficar com um sorriso bobo no rosto enquanto acompanhamos o envolvimento entre os dois. Envolvimento este que é todo desajeitado, digno de um enredo adolescente (amo!).

O final do primeiro volume me deixou louca pelo próximo, pois a sensação que eu tive foi que a história terminou quando estava só começando. Chega logo, outubro, pois eu quero o segundo volumeeeeee.

Logo no início, a autora fez questão de deixar um alerta de gatilho que eu achei super válido. A cena que torna importante esse alerta envolve violência sexual e, apesar de não ser nada explícita, é de doer. Fiquei emocionada lendo.

Lore Olympus é um clichê. O Deus do Submundo, badboy e cafajeste se apaixonando pela Deusa meiga da primavera. Ele achando que não tem chance e ela achando que ele jamais se interessaria por ela. A gente já viu essa história uma centena de vezes e veria mais uma centena sem reclamar, né?!

Se você já sabe um pouco sobre Mitologia Grega, você vai amar. E se você não sabe nada, como eu, vai amar também. Não me atrapalhou em nada não conhecer os deuses. Inclusive, fui pesquisar um pouco depois e percebi que a autora respeito bastante os mitos originais. Então, dá pra conhecer bastante da Mitologia original através desse reconto jovem e fofo.

Foi uma leitura rápida e gostosinha e eu recomendo demais pra passar o tempo, aquecer o coração e se desligar do mundo real.

Título Original: Lore Olympus ✦ Autora: Rachel Smythe
Páginas: 384 ✦ Tradução: Érico Assis ✦ Editora: Suma HQ
Livro recebido em parceria com a editora