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6 de novembro de 2020

O Sol é Para Todos | Harper Lee

O Sol é Para Todos é um dos maiores clássicos da literatura americana. Foi publicado em 1960, mas ainda faz sucesso no mundo inteiro por causa de sua trama atemporal, que gira em torno de um advogado branco que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos, em 1930. A história é narrada por Scout, filha mais nova do advogado. Apesar de ser contado sob o ponto de vista de uma criança, o tom da narrativa é extremamente crítico justamente por causa do tema central: racismo e injustiça social.

Antes de começar a falar de fato sobre o livro e o que eu senti enquanto lia, queria deixar claro que essa resenha estará repleta de spoiler. Para mim, é impossível discutir alguns pontos sem expor algumas partes muito importantes do enredo. Então, se vocês não conhecem, não sabem o que acontece e têm vontade de ler o livro em algum momento da vida, parem por aqui.

Harper Lee recebeu o Prêmio Pulitzer de Ficção em 1961 por essa obra e digo que não foi em vão. Além de ser uma história extremamente bem construída, os personagens são inesquecíveis. Todos eles são, até os mais odiáveis e preconceituosos, até porque, infelizmente, a narrativa só reflete a sociedade da época — que não mudou tanto assim nesses últimos 60 anos. 

Se a sociedade da fictícia Maycomb é, de forma geral, detestável, a família Finch é o ponto fora da curva. Ainda assim, não gosto de pensar em Atticus — pai & advogado — como herói ou redentor. Por mais admirável que sua personalidade seja, para mim ele era apenas um homem de caráter e com o mínimo de senso, características que todos nós deveríamos ter. Mas é claro que o fato de ele não se omitir, mesmo sabendo das consequências, é um ponto importante. Vejam bem, se Atticus Finch aceita defender Tom Robinson mesmo sabendo que a causa era perdida, não foi por acaso.

— Em primeiro lugar, Scout — ele disse —, se aprender um truque simples, vai se relacionar melhor com todo tipo de gente. Você só consegue entender uma pessoa de verdade quando vê as coisas do ponto de vista dela.
— É?
— Precisa se colocar no lugar dela e dar umas voltas. (p. 43)

Nesse contexto, encaramos uma realidade muito triste, porque já era claro desde o começo que Tom era inocente — fato que foi comprovado, na minha opinião, durante o julgamento —, mas que seria declarado culpado por causa da cor da sua pele. Afinal, ele era apenas um negro, no fim das contas, e o que valia a palavra de um negro contra a palavra de uma pessoa branca, ainda que fosse mulher? Perceberam que a todo momento é possível fazer um link com a realidade que vivemos hoje?

E por falar nisso, fiquei muito pensativa e incomodada sobre a situação toda. Porque assim, eu sempre parto do pressuposto que uma mulher não tem motivos para mentir sobre ter sido estuprada. Então o tempo todo me senti num impasse, porque eu queria acreditar na personagem que estava acusando, mas todas as provas mostravam o contrário. Mas mesmo sabendo que ela estava mentindo para se proteger e proteger o pai, mesmo sentindo uma indignação muito grande, consegui entender o lado dela unicamente por causa da situação em que ela vivia. Imagino que ela tenha sentido muito medo, sabe? Só que percebam, eu disse que entendo, mas não que concordo.

Inclusive esse foi um tópico que gerou bastante discussão no clube do livro, mas conseguimos chegar a conclusão que O Sol é Para Todos é um livro sobre racismo e não sobre o papel da mulher, então acreditamos que essa foi a melhor forma que Harper Lee encontrou, na época, para descrever esse problema que acompanha a sociedade desde os seus primórdios.

A sociedade era e é muito injusta, e uma das coisas que eu mais gostei de acompanhar nesse livro foi como Scout e Jem, os filhos de Atticus, começaram a perceber isso. São dois personagens que só crescem durante a trama, porque é fácil perceber o que eles sentem de verdade ainda que reproduzam conceitos racistas propagados pelos adultos. Ou seja, além de tudo, só me fez ter certeza que nenhuma criança nasce preconceituosa, que somos nós que influenciamos nisso.

— [...] Ouvi quando ela disse que estava na hora de alguém dar uma lição neles, que estavam indo longe demais, daqui a pouco iam querer casar com brancos. Jem, como uma pessoa pode detestar tanto Hitler e depois falar isso de alguém daqui mesmo...? (p. 307)

Outro ponto que questionei bastante foi a tradução do título do livro para o Português brasileiro. Eu sei que há conexão com o discurso de Atticus Finch no tribunal, mas ainda assim sinto que O Sol é Para Todos passa uma ideia um tanto equivocada sobre o conteúdo da história... Isso porque o que acontece com Tom Robinson só prova que, na realidade, o sol não é para todos. Muito pelo contrário, né? A gente sabe muito bem o quanto o sol brilha apenas para uma pequena parcela da população. Além disso, acredito que To Kill a Mockingbird faça alusão à destruição da inocência, que é o que acontece com nossos personagens principais.

Eu não sou especialista em Direito e questões que envolvam Direito Penal ou qualquer coisa relacionada ao tema, já que não sou dessa área. Mas não precisa ser o maior entendedor de leis e do próprio sistema para entender que a trama criada por Harper Lee é um retrato do  judiciário e das pessoas que o compõe: como podemos esperar decisões justas sendo que a sociedade que nos representa é injusta? Fica aí a reflexão.

Título Original: To Kill a Mockingbird ✦ Autor: Harper Lee
Páginas: 364 ✦ Tradução: ✦ Editora: José Olympio

29 de março de 2016

O Papel de Parede Amarelo | Charlotte Perkins Gilman

Título Original:
The Yellow Wallpaper
Autora: Charlotte Perkins Gilman
Páginas: 112
Tradução: Diogo Henriques
Editora: José Olympio
Livro recebido em parceria com a editora
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Apesar de O Papel de Parede Amarelo ser um clássico da literatura feminista, eu não o conhecia. Foi publicado originalmente em 1892, mas o seu conteúdo é tão atual que se tivessem me falado que foi realmente publicado esse ano, eu acreditaria facilmente. O texto é totalmente crítico e é tão coberto de metáforas que precisa ser lido com muita atenção.

13 de março de 2016

A Cor Púrpura | Alice Walker

Título Original:
The Colour Purple
Autora: Alice Walker
Páginas: 356
Tradução: Betúlia Machado, Maria José Silveira e Peg Bodelson
Editora: José Olympio
Livro recebido em parceria com a editora
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Já tinha ouvido falar do filme A Cor Púrpura, dirigido pelo incrível Steven Spilberg, tendo Whoopi Goldberg no papel principal (que, inclusive, lhe rendeu a indicação ao Oscar de melhor atriz 1986). Não assisti ao filme, primeiro porque não sou muito fã de filmes no geral, segundo porque morria de vontade de ler o livro antes, de qualquer forma. Vocês não calculam a minha felicidade quando vi A Cor Púrpura nas opções que a Editora Record mandou para os parceiros em fevereiro.