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3 de março de 2021

Longo e Claro Rio | Liz Moore

Longo e Claro Rio é o livro de fevereiro da TAG Inéditos, além de compor a lista de favoritos de 2020 do Barack Obama. Apesar dessa segunda informação ser um baita incentivo, a trama de Liz Moore fala por si. A história acompanha Mickey uma policial cujas rondas se concentram em Kensington, região periférica da Filadélfia extremamente atingida pela crise dos opioides. É nesse mesmo lugar que vive sua irmã Kacey, dependente da heroína. 

As duas mulheres eram muito próximas até a adolescência, quando cada uma seguiu seu caminho. Ainda que o destino tenha sido cruel com ambas, elas são irmãs. Sendo assim, Mickey fica alerta quando se dá conta que não vê Kacey pelas esquinas do bairro há mais de um mês. A situação só piora a partir do momento que corpos de prostitutas viciadas começam a ser encontrados, indicando a ação de um serial killer.

Eu gosto muito de suspenses policiais, apesar de não lê-los com a frequência que gostaria. Então, quando comecei a ler e as peças foram jogadas no tabuleiro, fiquei muito animada, afinal, é natural de qualquer leitor querer encontrar as respostas logo. Porém, Moore vai nos dando pistas em doses homeopáticas, através de detalhes tão singelos que às vezes passam despercebidos. E, na minha opinião, é isso que classifica um bom livro do gênero.

Além disso, a autora foca bastante no drama familiar que envolve as irmãs, e isso é feito especificamente quando ela nos mostra trechos do passado da vida delas. Sendo assim, Longo e Claro Rio se desenvolve em dois períodos temporais, o antes e o agora, ambos sob o ponto de vista da protagonista, Mickey. Eu gostei muito que as duas perspectivas são bons e totalmente necessários para a construção da trama; estão inevitavelmente interligados, então não dá aquela vontade que às vezes sentimos de saltar uma parte porque ela não se equipara a outra. 

O pano de fundo também é muito importante, afinal, estamos falando de uma região periférica lotada de problemas sociais, aparentemente esquecida. Gostei muito de acompanhar os cenários, de entender um pouco mais sobre como as pessoas afetadas sobrevivem. Aliado a isso, foi interessante ver como a corrupção policial funciona até mesmo em atmosferas que a gente nem imagina.

Os personagens são muito reais, humanos. Não falo só de Mickey e Kacey, mas a maioria das pessoas que cruzam o caminho das duas. Engraçado que esse livro deixa muito claro aquela premissa de ninguém ser totalmente bom ou totalmente ruim — salvo algumas exceções, é claro. Por exemplo, não necessariamente Mickey é a irmã boa e Kacey a irmã ruim, desvirtuada. Moore foi muito inteligente em mostrar várias facetas de cada personalidade, além das situações que as levaram a seguir tais caminhos.

Para ser sincera com vocês, a única coisa que me incomodou nesse trabalho como um todo foi o tamanho da fonte e o espaçamento das margens. Gente, a letra é tão minúscula que dá impressão de verdade que escolheram a menor possível para poderem economizar papel, sério. Uma pessoa como eu, que tem hipermetropia, encontrará muitas dificuldades para dar andamento na história. O que é uma pena, porque mesmo com essa letrica, a narrativa é muito fluida.

Dentre os inúmeros pontos positivos de Longo e Claro Rio, está uma reviravolta que acontece lá pelas bandas do meio para o final, e eu não estou falando sobre a identidade do assassino, que só é revelada quase no fim do livro e talvez não pegue todos os leitores de surpresa. O que é obviamente não vou falar, mas fica aí o gostinho para quem já estava curioso com a leitura.

Título Original: Long Bright River ✦ Autora: Liz Moore
Tradução: Fernanda Abreu ✦ Páginas: 352 ✦ Editora: TAG Experiências Literárias & Trama