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12 de outubro de 2023

Uma história de amor e de dor: O Clube da Meia-Noite, de Christopher Pike, não é um livro de terror


Essa foi mais uma história que veio pra minha vida por causa da série adaptada de mesmo nome. Como amo o trabalho do diretor Mike Flanagan, já sabia que ia gostar de O Clube da Meia-Noite assim que foi anunciado e não me enganei. A série é ótima e foi uma das únicas coisas que me fez pular e gritar de susto em anos. Foi pesquisando mais sobre que descobri que na verdade, existe um livro do Christopher Pike que deu origem a ela.

Christopher Pike é na verdade o pseudônimo de Kevin Christopher McFadden. Por muito tempo ele escrevia romances adultos que não tinham tanto sucesso, mas seguindo o conselho de seu editor e seus amigos, ele transformou uma dessas histórias em um romance adolescente. É assim que O Clube da Meia-Noite surgiu e se tornou um sucesso.

A série da Netflix é de terror, mas o livro não. E essa foi a primeira coisa que se destacou para mim. Eu já sabia que uma coisa não seria igual a outra e na verdade fico bem feliz por isso. O livro é um drama, daqueles bem tristes e bonitos que fazem a gente pensar por horas.

Nós acompanhamos a vida (ou o fim dela) de adolescentes que se mudam para a Rotterham Home, uma casa muito bonita e bem cuidada, que trata paliativamente pacientes jovens com doenças terminais. Lá Ilonka, a protagonista, faz amigos e cria laços profundos. Conforme essas amizades foram criadas, nasceu também o clube da meia-noite, onde Ilonka, Kevin, Spence, Sandra e Anya se revezavam contando histórias uns aos outros. Não só de terror, mas qualquer tipo de histórias que eles conseguissem pensar. Verdadeiras ou inventadas, não importa — desde que eles se reúnam todos os dias que lhes resta.

Uma noite, no meio de uma história, Spence sugere que o primeiro a morrer faça esforços para contatar os outros, para saber que a pessoa ainda estava bem. E quando um deles morre, a busca pelos sinais do outro lado começam.

— É uma pena que o primeiro de nós a ir não possa voltar e nos contar como é.
Sandra fez uma careta.
— Essa é uma ideia horrível.

Como eu disse, essa é uma história triste e bonita. Você sabe que os personagens apresentados vão morrer, mas se apega à eles e pensa com positividade para que nada de ruim aconteça. Isso acontece também com Ilonka, que continua com esperança de que seus amigos se curem e que ela mesma possa sair dali e viver plenamente. Ela nunca beijou alguém, nunca fez amor com alguém. Não viveu uma porção de coisas que gostaria e isso aflige muito tanto ela, quanto o leitor. Ao mesmo tempo que vemos a perseverança de Ilonka, vemos o quanto sua saúde piora e como não tem escapatória. Um por um eles se vão e um pedacinho do nosso coração se vai também

— Sei que o Kevin está em cada uma das suas histórias sobre vidas passadas. Acho que ele também sabe [...] Bons sonhos minha querida — Anya disse suavemente.

Recomendo muito a leitura desse livro. É uma leitura que te faz refletir bastante sobre muitos assuntos profundos ou até mesmo superficiais, que te faz apreciar um pouquinho mais o dia a dia. Eu também vou recomendar a série que é excelente, mas já aviso que tem muitos sustos (e mesmo assim é maravilhosa). Se vocês quiserem posso voltar aqui e explicar algumas das maiores diferenças entre os dois, nunca vou me cansar de revisitar essa(s) história(s).

Título Original: The Midnight Club ✦ Autor: Christopher Pike
Páginas: 192 ✦ Tradução: Tully B. Ehlers de Oliveira  ✦ Editora: Principis
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10 de abril de 2023

Noites Brancas, de Fiódor Dostoiévski: a prova de que nem um grande escritor está livre de criar personagens chatos


Resolvi começar a ler coisas fora da minha zona de conforto esse ano. Se vocês clicarem em "Jess" nas tags vão perceber que eu sempre estou escrevendo sobre Terror, mas quis dar uma variada. Comecei pela parte mais fácil que sabia que ia gostar (Romances LGBTQIAP+) e então decidi que literatura russa era o próximo passo. Foi assim que eu caí na recomendação de Noites Brancas de Fiódor Dostoiévski, o livro que mais aproxima o autor do romantismo.

Curioso como mesmo o peso e importância da escrita de Dostoiévski não me pegou durante a faculdade de Letras. De alguma forma, mesmo que tenha lido alguma de suas obras, não tenho lembranças disso. Então esse livro foi o pontapé inicial para mim, rumo a Era Dourada da literatura russa.

Mas já vou dizer que me decepcionei. Não pela escrita, nem pelo tema, mas pelo protagonista. O Sonhador (não sabemos seu nome) é um jovem solitário. Ele mora em São Petesburgo e parece conhecer toda a rotina das pessoas dali. Conhece também as ruas e cantos distintos que a cidade tem a oferecer, mas mesmo assim, ele é só um observador. Não tem amigos, apenas seus livros.

Em uma das suas caminhadas corriqueiras por São Petesburgo, uma moça chama sua atenção. Ela está chorando à beira do rio Fontanka e parece muito mal. O Sonhador vai até ela, mas a moça já desconfortável com a situação, sai de seu alcance. Não satisfeito, ele a segue. Por causa disso, o Sonhador consegue livrar a jovem de uma tragédia e assim eles começam a conversar, prometendo que estarão ali na noite seguinte para contar a história um do outro.

É assim que o Sonhador se apaixona perdidamente e é assim que a Nastienka acha que ganhou um novo melhor amigo. A menina tem apenas 17 anos, enquanto ele está na casa dos 27  e para a época de 1840 era, de fato, uma grande diferença entre os dois. Quando ele começa a contar a própria história para Nastienka, ela ri dele e diz que parece que o Sonhador está lendo um livro. Ele fala de um modo tão pomposo, cheio de frufru, que é chatíssimo. Dá para entender claramente o motivo dele ser sozinho, já que beira o insuportável sua fala rebuscada.

Como o livro é curto, não quero falar muito para não estragar a experiência, mas gostaria de salientar que a história de Nastienka é bem triste e ela está em busca de um amigo que a ajude. Ela faz o Sonhador prometer que nunca irá se apaixonar por ela, muito por conta da situação em que ela se encontra. Ele a ajuda mas obviamente não cumpre a promessa, que nos leva a um final que eu achei previsível.

Sei que muitas pessoas amam esse livro, mas além de ter achado maçante, achei chatíssimo. Ainda bem que era curto, caso contrário provavelmente teria largado a leitura (e eu detesto fazer isso). Acho que até é válido se você quiser uma leitura rápida, e pode ser que você adore o protagonista solitário, mas eu não pretendo deixar Noites Brancas na minha estante.

Título Original: White Nights ✦ Autor: Fiódor Dostoiévski
Páginas: 80 ✦ Tradução: Robson Ortlibas ✦ Editora: Principis