O ano é 2023 e se você lê minhas resenhas por aqui, sabe que não é nada normal eu estar fazendo um post sobre um romance. Eu sou a pessoa que ama terror, a doida do King. Mas eu venho aqui dizer que este livrinho singelo me fez chorar e sentir coisas que eu não achei que sentiria.
Lila Reyes é uma adolescente de 17 anos, que acaba de perder a avó que lhe ensinou tudo o que sabe sobre confeitaria e alimentar a alma das pessoas com suas panificações. Como se não bastasse, Andrés, a pessoa que ela namorou por três anos, simplesmente terminou com ela antes do baile de formatura. E você acha que acabou? Stef, a melhor amiga, pegou um avião para a África, jogando todos os planos delas de viagens, faculdade, uma vida pela frente, literalmente pela janela... Como é que ela pode se recuperar da Grande Tríade?
Então um dia, num ato de imprudência, Lila sai correndo por Miami. Desaparece, não atende ligações e é encontrada por sua irmã Pilar, jogada num chão de um parque, sem conseguir se mexer. Correr mais de 30km foi a solução que ela encontrou de se esvaziar daquilo tudo, mas sua família não entendeu da mesma forma e foi assim que Lila foi enviada para Winchester, Inglaterra, na casa de sua tia Cate, em suas longas férias (forçadas) de três meses.
Winchester não é Miami, o verão de lá não é tão quente, não tem o cheiro de açúcar e os sabores cubanos que sua casa tem. Lila quer tanto voltar para a Flórida, assumir o controle de La Paloma, que isso se reflete até na mala, toda feita com roupas inadequadas para o clima da Inglaterra e cheia de ressentimentos. Mas é na cozinha da pousada Owl and Crow, com seus novos amigos (incluindo o maravilhoso Orion, balconista de uma loja de chás que a ajuda a mudar sua forma de ver o mundo) e as paisagens que misturam história e modernidade, que Lila muda aos poucos, juntando cada um dos caquinhos de seu coração e ensina, através das suas receitas de família, um pouco de sua cultura para os locais.
— Seu coração encontrou paz, encerramento e algo novo para fazer você sorrir na Inglaterra?
Quando comecei o livro, demorei cinco dias para ler 22 páginas. Lila no começo é a perfeita aborrecente que encrenca com absolutamente tudo. Me irritou um pouco também as palavras em espanhol, pareceu meio forçado. Mas aí, conforme a leitura foi passando eu me lembrei de como foi ter 17 anos, como foi meu primeiro término, a primeira vez que uma amiga me deu as costas. Como foi planejar a minha vida todinha e ter que mudar isso do nada porque alguma coisa absurda aconteceu.
E assim como um bolo, em que a gente separa os ingredientes, bate a massa, aquece o forno, coloca pra assar, desinforma e joga a cobertura, Laura Taylor Namey cozinha sua escrita. Ela vai aos poucos te fazendo amar Lila, Orion, pastelitos de guayaba, Winchester. Ela vai aos poucos te mostrando que nada é para sempre, mas que você pode aproveitar um dia de cada vez, que você pode mudar o rumo de sua vida aos 17 ou aos 27 anos, ou qualquer idade que você esteja lendo esse livro, só depende de você.
Também fiz uma coisa que nunca achei que faria lendo esse livro. Eu usei marcador de texto! Me senti cometendo um crime, era algo que eu nunca nem tinha pensado em fazer. Mas chegou um momento que só os marcadores adesivos não eram o suficiente, eu queria gravar aquelas linhas em mim, então usei mesmo. Do capítulo 30 para frente chorei horrores e se pudesse pintava a pagina inteira. Os sentimentos que a Laura Taylor Namey me fez sentir e as coisas que pensei ao terminar Uma Garota Cubana, Chás e Amanhãs, estarão comigo para sempre.
Ah! E só para que vocês não esqueçam, o livro será adaptado para filme com o Kit Connor e a Maia Reficco como Orion e Lila. Ainda não tem uma data de lançamento definida, mas vem muito aí um review, podem ter certeza. Outra coisa que não costumo fazer, mas esse pede! Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐❤️