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7 de setembro de 2019

O Labirinto do Fauno | Cornelia Funke & Guillermo del Toro


Eu sempre tive vontade de assistir O Labirinto do Fauno, mas nunca tive coragem. Isso porque todo mundo me dizia que a história era muito triste e geralmente fico muito abalada. Eis que em 2019, mais de uma década depois do lançamento do filme, a Intrínseca me aparece com essa obra magnífica pela visão de uma autora que admiro muitíssimo, a Cornelia Funke. Esse foi o meu sopro de coragem para conhecer o que Ofélia, a protagonista, tinha para mostrar. 

O Labirinto do Fauno se passa em 1944, um ano antes do fim da Segunda Guerra Mundial, período em que a Espanha era comandado por um regime fascista que levou a população a um nível de pobreza difícil de calcular. Nesse contexto, temos Ofélia e sua mãe, Carmen, que se casou com o Capitão Vidal, comandante de um posto militar que se localiza no coração de uma floresta. As duas estão indo para a nova casa quando Carmen passa mal — ela está grávida do atual esposo —, o que dá a Ofélia uma chance de explorar um pouco a floresta. É exatamente nesse momento que o seu destino é traçado. 

Não sei se vocês acreditam em fadas, mas Ofélia acredita, mesmo aos onze anos de idade. Ela pode jurar que viu uma fada na floresta, enquanto sua mãe se recuperava. É essa fadinha que consegue mudar de forma que nos apresenta dois personagens cruciais para essa história: o Fauno e seu labirinto — o labirinto é tão importante, mas tão importante, que é impossível não tratá-lo com um personagem. Nesse primeiro encontro com o Fauno conhecemos um outro lado de Ofélia, um lado que ela nem sabia que existia. 

A fantástica criatura conta para a menina que, na verdade, ela é a princesa Moanna do Reino Subterrâneo, que fugiu há milhares de anos para o mundo dos humanos devido sua grande curiosidade. Infelizmente, assim que avistou a luz do sol, a princesa Moanna perdeu sua memória e acabou definhando, mas o rei sempre acreditou que ela voltaria, pois seu espírito era eterno. Para tal, o rei criou várias passagens para que a princesa conseguisse voltar para casa, mas tais passagens foram fechando com o passar do tempo, já que a princesa nunca retornou. A única forma de retornar agora era pelo labirinto.

O Fauno também explica que a menina precisa realizar três tarefas para provar que não perdeu sua essência, que não se tornou uma mortal. Assim, só poderia retornar ao Reino Subterrâneo e reencontrar sua verdadeira família caso obtivesse sucesso. Mesmo sem confiar muito bem no Fauno, Ofélia resolve cumprir as tarefas destinadas a ela, pois não suporta a ideia de viver na mesma casa que o Capitão Vidal, um ser humano desprezível que exala maldade. A partir daí, Ofélia passa a viver uma grande aventura. 

Na minha opinião, é um pouco complicado falar sobre o enredo de O Labirinto do Fauno sem revelar informações importantes, então pararei por aqui. Quem assistiu ao filme obviamente sabe o que acontece, mas o livro é muito especial. A narrativa se dá em duas partes: a primeira, no início de cada capítulo, são pequenas histórias no formato de contos de fada — o gênero que Ofélia mais ama — que nos mostram fatos que aconteceram em épocas diferentes e que dão pistas sobre os personagens e suas próprias histórias; a segunda é o que acontece no presente, em terceira pessoa, seja sob ponto de vista de Ofélia ou de outros personagens importantes, como Capitão Vidal e Mercedes, a governanta da casa. 

Tudo em o O Labirinto do Fauno emana violência, principalmente pelo contexto de guerra. Confesso que foi muito difícil me manter forte perante algumas atitudes do Capitão. Se ler foi difícil, preciso contar para vocês que não consegui ver essas cenas no filme.  É nítido que todo mundo tem medo do Capitão, cujo único motivo de orgulho é sua alma violenta. Inclusive, vi muitas opiniões sobre o comportamento de Carmen perante o marido: alguns dizem que sente um amor muito grande por ele, outros dizem que ela quer status. Já eu acho que ela tem medo, e que se casou com ele porque convenhamos, é mais seguro estar ao lado do inimigo do que de costas para ele. 

Acredito que o Capitão Vidal é um dos vilões mais horripilantes do Universo. Ele não tem nenhum superpoder que o faz mais forte que todo mundo, mas ele é extremamente cruel e sádico. A sensação que ele passa durante a leitura é que ele realmente pode acabar com a vida de qualquer um num estalar de dedos. Então, desde o início, a gente teme pela vida de Ofélia, porque ela é apenas uma pedra no caminho dele, e de Mercedes, que ajuda os rebeldes que ele tanto caça. E por falar em ajuda e compaixão, temos também um personagem muito importante, o Dr. Ferrero. Além de ajudar Mercedes em sua empreitada com os rebeldes, é ele quem cuida da gravidez de risco da mãe de Ofélia. Gostei muitíssimo dele. 

As criaturas que nos são apresentadas no decorrer da narrativa, como o próprio Fauno e suas fadinhas, ou até mesmo o Homem Pálido, um dos monstros que Ofélia tem que enfrentar em suas tarefas, nos fazem questionar a sanidade da criança. Não sei se querem saber a minha opinião, mas vou dá-la de qualquer forma: acredito em tudo, nas aventuras, nas fadas, no Fauno, no labirinto. Em tudo. Eu realmente acredito que Ofélia é a princesa Moanna. Não por ser a escolha mais fácil, mas porque não tenho nenhuma prova do contrário. Eu acredito em magia. 

O Labirinto do Fauno foi escrito por Cornelia Funke a pedido do próprio Guillermo del Toro. Ambos, livro e filme, são idênticos. Carregados de emoção, sombrios, mágicos. Não me impressionou o fato de uma obra ser fiel à outra, na realidade. Eu já esperava. Fiquei mais  impressionada ao saber que a autora não usou o roteiro como base: ela simplesmente assistiu ao filme várias e várias vezes e passou para o papel os seus sentimentos. Se eu já admirava Funke por suas obras anteriores, só consigo admirá-la mais por ter atingido a perfeição com essa obra. Indicarei para todo mundo, para sempre. 

Título Original: Pan's Labyrinth: The Labyrinth of the Faun
Autores: Cornelia Funke e Guillermo del Toro
Páginas: 320
Tradução: Bruna Beber
Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

20 comentários :

  1. Oiii ❤ Eu admiro muito o trabalho do Guilhermo del Toro, suas produções são sempre muito originais , criativas e têm o poder de nos surpreender.
    Mas, de tudo que já assisti dele, O Labirinto do Fauno, é a única produção que não sou fã, não por a história ser ruim, mas porque lembro de ter ficado tão assustada com a história quando assisti o filme, que tive pesadelos com isso. Então tenho dúvidas se lerei o livro, apesar de já ter passados muito anos desse que assisti o filme.
    Gostei de saber que a Cornelia Funke criou uma história muito parecida com o filme, já que nós leitores gostamos quando isso acontece e que ela parece ter trabalhado bem com os elementos da história. Tenho até certa curiosidade, mas não sei se funcionaria para mim.
    Gostei bastante da capa, achei bem misteriosa e nos remete a um livro de fantasia.
    Beijos ❤

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    1. Menina, eu fui tentar ver o filme e parei na metade porque as cenas são pesadas demais. Tem muito sangue, num sou muito fã não. No livro é pesado também, mas a gente imagina do jeito que quer né. kkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. Até então não tinha a vontade de ler mas ao ver essa belíssima edição da Intrínseca nas redes sociais me deu uma vontade imensa,fiquei com vontade de conhecer Fauno, o labirinto, de torcer e ser cúmplice de Carmem e descobrir se Ofélia é realmente uma princesa.

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  3. Nunca vi esse filme inteiro, só umas partes, mas é bem louco e adorei o jeito dele. Mas Nem sabia muito. Já chama atenção que se passe nos tempos de guerra, aquela tensão antes do conflito e tudo mais. Já imagino muita coisa. A garota e sua história, essa mistura com contos de fadas, gostei muito disso. Até o jeito da narrativa de brincar com isso me deixou animada com o livro. Essa tensão de não saber o que vai acontecer com a personagem, se vive ou morre, as emoções da historia, criaturas , tem muita coisa legal pelo visto. A edição parece belíssima e tudo chama atenção pra ler. Quem sabe até não apanho vergonha na cara e acabo o filme também xD

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  4. Olá! Amei o filme, estou doida pra ler esse livro, a capa ficou maravilhosa e cada resenha que vejo dele me deixa ainda mais curiosa em conferi isso tudo que estão falando dele.

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  5. Não vejo a hora de poder conferir este livro. Até me dei ao luxo de rever o filme pela terceira vez e por isso, minha expectativa aumentou ainda mais.
    Eu acredito em magia, fadas, gnomos, seres da natureza. Mas também acredito na maldade e na ingenuidade de uma criança, ainda mais quando a bondade está nela.
    A capa deste livro é luxuosa, linda, espetacular e com certeza, eu lerei!!!!
    Indico o filme também!!!!rs
    Beijo

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  6. Ana!
    Como sempre fui muito fã da fantasia e do Guilhermo del Toro que acho fantástico e sempre tem uma criatividade fora da caixinha, já assisti o filme e mais de uma vez, para poder entender tudo direitinho.
    Não tive oportunidade ainda de ler o livro, mas pelo visto, é 'rico' como o filme e ainda acrescenta outros contos baseados em pontos chaves do filme, deve ser uma beleza.
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Eu não assisti o filme até hoje, e nem tinha interesse - até ler as resenhas sobre esse livro.
    Fico encantada ao ver vocês falando sobre, parece uma leitura incrível.
    Eu acredito em fadas, e acredito que isso irá tornar a leitura mais mágica.
    E que bacana saber do processo que Cornelia teve ao escrever essa obra.
    Preciso ler!

    Beijos

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  8. Olá! ♡ O trabalho do Guillermo del Toro eu já conheço, mas o da Cornelia Funke ainda é desconhecido por mim, e o que não me falta é vontade de conferir as obras da autora.
    Já assisti o filme anos atrás e confesso que não tenho memórias muito boas do mesmo. Até acho interessante a trama, mas lembro que fiquei amedrontada com o que assisti, talvez porque eu era mais novinha e filmes com essa pegada bem sombria nunca foram meus favoritos.
    Enfim, Cornelia parece ter feito um trabalho maravilhoso, um livro cheio de emoção, mas ainda assim não sei se leria. Acho que prefiro conhecer a escrita da autora através de outro livro ♡
    Beijos! ♡

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    1. Por favor, leia Coração de Tinta. Melhor forma de conhecer o trabalho da Cornelia. Não tem como não amar.
      Gente, eu fico impactada como todo mundo ama o filme, mas nossa, ele é tão gráfico assim. É pesado demais, mais que o livro, não no sentido de que não foi bem escrito, mas porque instintivamente a gente imagina com um pouco menos de sofrimento.

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  9. Emvora o clima do filme e livro sejam de violência e acredito que um tanto pesado, estou disposta a ler tanto quanto a assistir. Cenário de guerra é sempre muito triste e cheio de caos. O Capitão Vidal é um cara terrível, e concordo com você quando disse o motivo pelo qual acredita que Carmen se casou com ele. Também acredito muito em magia e quero muito conhecer os personagens que Ofélia encontra na floresta.

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  10. Oi Ana,
    Eu assisti o filme logo após o lançamento e gostei muito da história. Há muita peculiaridade nela, pois mescla horrores reais com boas doses de fantasia. Quando fiquei sabendo da publicação do livro fiquei curiosa para saber como seria ter acesso a essa história por outro meio. Ao se deparar com um mundo e criaturas mágicas é de se esperar a curiosidade, a fascinação e, até, a desconfiança e junto a Ofélia senti tudo isso quando assisti ao filme e pelo o que pude notar isso se mantém presente no livro também. É uma história, apesar da tristeza e violência, bonita e eu também acreditei em tudo, pois sempre gostei de fantasia. Agora quero ler este livro e espero ter uma experiência tão boa ou melhor quanto tive assistindo ao filme.

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  11. Ops! Nunca tinha ouvido falar no filme O Labirinto do Fauno e nem sabia que o livro foi inspirado no filme homônimo. Também, não conheço a escrita da Cornelia Funke. No Guillermo del Toro, eu já tinha ouvido falar, mas dando um Google, confirmei que nunca assisti nenhuma de suas produções.
    Não costumo ler muitos livros de fantasia, mas amo narrativas históricas.
    Achei interessante a divisão da narrativa: no início dos capítulos como conto de fadas e, na sequência, em terceira pessoa. Também, achei bem peculiar a forma como a Cornelia Funke escreveu o livro.

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  12. Olá!
    Sabe, estou ficando com ódio de todos blogueiros em..Cada blog que entro vejo esse magnifico livro, sou apaixonada por essa historia, amo adaptação do filme. A trama para mim é incrível e bastante envolvente. Estou desejando e querendo muito esse livro..A edição é linda!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  13. Oi, Ana
    Me lembro vagamente da história, não assisti o filme. Mas quero muito essa edição que a Intrínseca caprichou.
    Esse capitão só de ler o nome dele já imagino como ele é cruel, Ofélia me faz lembrar quando criança que era apaixonada por contos de fadas.
    E claro que assim como você acredito nesses seres e na magia, quero ler e depois assistir o filme.
    Beijos

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  14. Eu também ouvi muito a falar do filme, mas não assisti por várias razões. O livro parece ser mais razoável, principalmente para mim que me impressiono atoa. Seu eu for conheçer mais essa história, vou começar com o livro que parece maravilhoso.

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  15. Oi, Ana
    Gostei muito da resenha, bem emocionante e me deixou com medo do capitão kkkk
    Quero muito lê-lo e assistir ao filme.
    A história da Ofelia parece ser muito triste e sofrida, mas também extremamente tocante e necessária.
    Assim que puder comprarei.
    Bjs

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  16. Este comentário foi removido pelo autor.

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  17. Oi Ana, tudo bom? Olha, se tem um livro que eu tenho vontade de ler depois de ter assistido um filme é O Labirinto do Fauno - apesar de não lembrar muito dele. Conheço alguns dos trabalhos do Guillermo del Toro, mas não havia me tocado que a Cornelia Funke era a escritora da saga Coração de Tinta até dar uma olhada no Google. Gente? Eu sou APAIXONADO pelo filme e DOIDO para ler os livros.
    Voltando para O Labirinto do Fauno, sua resenha só me fez querer mais ainda conhecer a fundo a história. Aliás, o medo e ódio pelo capitão já é presente em mim desde já.
    Beijos, ♡.

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  18. Oi, Ana!!
    Não conhecia a história do O Labirinto do Fauno, mas não achei que seria um filme triste... Gostei que a autora usou seus sentimentos e emoções para passar para o papel na hora de adaptar o filme em livro.
    Bjs

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