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21 de julho de 2023

Match Perfeito, de Lauren Forsythe: um livro sobre as dificuldades da vida da mulher adulta


Recentemente a Intrínseca convidou todos os parceiros para lerem Match Perfeito, uma "comédia romântica" da autora Lauren Forsythe. Foi muito divertido, porque lemos juntos e depois nos encontramos para falar dos pontos que mais gostamos (ou não) da história — já estou no aguardo de novas leituras coletivas, Intrín, pelo amor de Deus! Decidi fazer essa resenha depois do encontrinho porque sabia que teriam várias coisas para discutir com vocês, e eu não estava errada.

Mas antes, vou apresentar um pouquinho da trama: Aly, depois de um encontro repentino com um cara que namorou por muitos anos antes de perceber que ele não tinha pespectiva nenhuma de futuro, percebe que tem o dom de consertar a vida das pessoas. Amigos, colegas de trabalho e principalmente seus ex-namorados parecem ter chegado lá de alguma forma, enquanto ela não conseguiu atingir nem 1/3 dos seus objetivos. Após essa constatação, Aly cria, junto com seus amigos, a Match Perfeito, uma agência secreta exclusiva para mulheres cansadas de tentar mudar a vida dos namorados.

No início, tudo não passava de um hobby. Aly usava seus dons para incentivar os homens a tomar algumas decições envolvendo crescimento profissional, família, relacionamentos... Até que uma influencer super famosa contrata os serviços da Match Perfeito para dar uma ajeitadinha no boy dela. Mas é óbio que essa missão não seria tão fácil, uma vez que o namoradinho em questão é o ex-melhor amigo de infância da Aly, mais especificamente seu primeiro amor. 

Eu adorei essa sinopse, ainda mais porque tô muito na vibe de comédias românticas. Mas confesso para vocês que fiquei um tanto decepcionada com o desenrolar dessa história. Para mim, ela é vendida de forma errada, visto que esse livro é sobre tudo, menos romance. Eu estava esperando um livro de romance, mas na minha concepção Match Perfeito está muito mais para um chick lit, com foco no desenvolvimento pessoal da protagonista, o que não é necessariamente ruim... Dependendo do ponto de vista!

Por exemplo, eu adorei a forma como outras áreas da vida da Aly foram retratadas, principalmente o instável relacionamento dela com a mãe e as questões envolvendo seu ambiente de trabalho. Esses dois pontos me pegaram muito porque foi onde consegui me conectar com a personagem. Assim como eu, Aly tem muita dificuldade de dizer não e está sempre fazendo tudo para todo mundo, mesmo que isso não faça bem para ela. Afinal, é melhor evitar conflitos, né?

Me peguei brava com ela em vários momentos, porque todo mundo faz ela de gato e sapato, justamente porque sabiam que sempre estaria disponível para tudo. A mãe cobra dela coisas inimagináveis, num ponto em que elas invertem os papéis; no serviço, ela tenta agradar ao máximo, faz o trabalho de dez pessoas porque quer mostrar que é a melhor e merece uma promoção... Mas esse avanço na carreira nunca chega porque, na verdade, estão todos se aproveitando dela. Agora me digam, por que eu fiquei tão brava? Porque eu sou igualzinha a Aly! Mas é muito mais fácil enxergar a solução quando é com outra pessoa, né?

Conversamos muito sobre isso no encontrinho da Intrínseca, sobretudo como nos fazem de trouxa no ambiente de trabalho. Que coleguinha homem nunca roubou sua ideia? Que mulher nunca falou uma coisa que ninguém levou a sério até um homem dizer a mesma coisa? Quantas mulheres estão inegavelmente sobrecarregadas em seus trabalhos porque têm que fazer as funções de homens incompetentes? Quem aí não foi taxada de maluca por ter explodido depois de aguentar um milhão de desaforos? Um monte de menina contou situações semelhantes com as que a Aly passava, o que é extremamente triste. 

E aí, pra mim, entra um ponto muito relevante que é: a gente precisa consertar os homens? Quer dizer, se a gente sente que eles tão "quebrados" de alguma forma, ou se não são exatamente como queríamos que fossem, ou se são babacas, machistas, sexistas e tudo mais... Não seria melhor abrir mão do relacionamento? Aliás, será que homens podem ser consertados, no fim das contas? Fica aí o questionamento...

Match Perfeito também é um livro que fala muito sobre a imagem que influencers passam para nós, meros mortais. Quando a gente entra no Instagram, ou em qualquer outra rede social, somos bombardeados por conteúdos de pessoas com a vida perfeita, né? Totalmente inalcansáveis. Mas até que ponto isso é verdade? Isso é muito retratado pela personagem da Nicki, que sempre tem que aparecer impecável, que não pode mostrar suas vunerabilidades, que tem que agir como seus fãs esperam que ela aja. É um troço bem triste, para ser sincera... Por isso eu tento sempre ter em mente que tudo o que vemos na internet são recortes da vida das pessoas, nada é totalmente real.

Como puderam ver, nós falamos sobre várias coisas legais que foram abordadas no livro, tanto que chegamos a conclusão que, de fato, o romance foi deixado de lado. Nesse assunto em específico a história deixa muito a desejar, essencialmente no desenvolvimento dos personagens enquanto casal. Nossa, achei a Aly e o Dylan muito insossos, credo. E nada acontece... As páginas iam passando e nada deles se reconectarem. Eu não tenho nada contra slow burn, muito pelo contrário, mas não precisa ser tão devagar assim, minha gente. 

Outra questão que me incomodou foi o motivo deles terem se distanciado. Coisa boba, de adolescente mesmo, e eu não estou julgando os personagens enquanto adolescentes. Porque assim, a gente sabe que adolescente faz tempestade em copo d'água... Mas continuar agindo com infantilidade depois de adultos? Não dá para mim, sinceramente. Chega um momento que a gente tem que sentar, conversar, assumir nossos B. O.'s, e não ficar de intriguinha. Não tenho mais paciência pra isso. 

Como eu disse anteriormente, minhas expectativas não foram 100% supridas porque ele não me entregou o que eu queria... Mas é um problema meu, no fim das contas. Então, recapitulando... Acredito que Match Perfeito vai conquistar muito mais aquelas pessoas que estão procurando um livro sobre os dilemas da vida de uma mulher, desde que não estejam esperando um romance arrebatador. 

Título Original: The Fixer Upper ✦ Autora: Lauren Forsythe
Páginas: 368 ✦ Tradução: Mayumi Aibe ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

12 comentários :

  1. Eu acredito piamente que teria ficado mega feliz ao me deparar com um livro vendido errado assim rs
    Eu sou o tipo de leitora que anda torcendo o nariz para os romances, mas que vem se descobrindo muito como a personagem de Aly. Nesse tentar agradar todo mundo, nesse se decepcionar por não receber nada de volta, exceto a extorsão de sentimentos, tempo e ajuda.
    Não tinha dado muita atenção ao livro e agora já está indo para a listinha dos mais desejados!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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    1. Quando a gente não tá esperando nada do livro é bem legal mesmo!
      Mas assim, fato é que eu gostei do livro por motivos "errados" né. A gente acaba se decepcionando quando espera uma coisa e recebe outra.

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  2. É um livro muito desejado, Ana!
    Vi as fotos do encontro para a discussão da leitura coletiva em outro blog!
    Já tinha lido uma resenha que me norteou mais sobre o rumo do livro, que é mais sobre a jornada da protagonista do que o romance em si....
    Talvez o romance pudesse ter mais espaço?! Sim acabei de terminar uma leitura em que acompanhamos a jornada de crescimento da protagonista e também do seu romance.
    Um não anulou o outro. Andaram juntos.... talvez faltou isso em Match

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    1. Amiga a discussão foi legal demais, já aguardando a Intrínseca fazer mais encontrinhos do tipo!
      Concordo com você... Acho que faltou um pouco de espaço pro romance em Match. E eu, como fui esperando o romance, me decepcionei!

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  3. Aconteceu igualzinho comigo em a hipotese do amor

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    1. Sério amiga??
      Discorra mais sobre isso, por favor hahahaha!
      Porque eu AMO A Hipótese do Amor!

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  4. To bem curiosa em ler essa historia pelos assuntos alem do romance mesmo, vi outras resenhas falando sobre tb, e parece ser um ponto bem bom na historia.
    Miga, se tu achou muito lento aí, o que acho que n deve ser parecido com a mariana zapata, se tu ler ela vai encontrar um enorme slow burn msm rs

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    1. Mulher, e olha que eu não tenho NADA contra slow burn. Acho que nunca tive coragem de ler Zapata por isso mesmo. kkkkkkkkk

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  5. Oieee,
    AAA quero muito ler o livro, fiquei bastante curiosa agora para conhecer mais a personagens e acredito que certeza que irei me identificar com ela. Gosto demais de livros em que a personagem passa por momentos de crescimento e de se conhecer melhor e entender seus limites.

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  6. Oi Ana,
    Nossa, amei sua resenha. Eu estava de olho no livro, confesso que realmente estão vendendo ele de forma errada pq o que dá para entender é que o romance é o foco de tudo. Achei o livro muito mais maduro pela perspectiva real que vc listou. Achei muito legal essa de grupo para debater o livro, que bacana.
    Obrigada pela indicação ^^
    Bjos
    Kelen Vasconcelos
    https://www.kelenvasconcelos.com.br/

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    1. Nossa, concordo que é super maduro! A questão foi realmente a "propaganda enganosa", rs.

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