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8 de agosto de 2023

Heartstopper, adaptação da Netflix, foi criada para deixar nossos corações quentinhos


Não precisa me acompanhar há séculos para saber que sou obcecada por Heartstopper, desde o lançamento dos quadrinhos aqui no Brasil pela Editora Seguinte. Eu me apaixonei perdidamente pelos personagens e pela delicadeza das histórias deles. Alice Oseman, a autora, conseguiu conquistar até os corações mais frios ao mostrar que relacionamentos podem e devem ser saudáveis e simples, que não é necessário nenhum drama escatológico para existir uma grande história de amor.

Quando descobrimos que os livros seriam adaptados pela Netflix e que a própria autora escreveria o roteiro, ficamos em polvorosa. Poucas coisas são mais gostosas do que acompanhar uma adaptação saindo do papel: a escolha dos atores, os bastidores, os pequenos spoilers que vão saindo com o passar das gravações, as entrevistas, imagens e vídeos promocionais... Tudo é muito gratificante. Não vou mentir para vocês, a última vez que eu senti essa empolgação na vida foi na época em que os filmes de Harry Potter estavam sendo gravados — e éramos iludidos achando que tudo era perfeito, né?

O "hi, hi" mais famoso do mundo
Enfim... Acompanhei tudo, desde a primeira temporada, que foi lançada em abril de 2022. Eu lembro direitinho, porque estava fazendo uma viagem de campo que duraria 16 dias e tudo o que eu mais desejava era poder ficar em casa para maratonar os episódios. Não foi possível, é claro, então eu me contentei com assistir um ou dois episódios por dia nos hotéis — era o que eu aguentava depois de passar o dia andando de ônibus e caminhando no sol —, depois de obviamente pedir alguma coisa para comer no iFood. Imagino que eu tenha sido julgada pelos meus colegas por se a única a não sair com a turma no fim do expediente, mas eles me conhecem bem. 

É fácil entender porque Heartstopper faz tanto sucesso. A maior parte das produções LGBTQIA+ mostram as dificuldades que passamos por sermos quem somos de forma nada glamourosa. De fato, não é, mas precisa mesmo mostrar só as partes ruins? Não podemos ser felizes? É aí que entra Heartstopper, que venceu demais ao contar a história de Nick Nelson (Kit Connor) & Charlie Spring (Joe Locke), dois amigos improváveis que acabam se apaixonando.

Claro que além de abordar o primeiro amor, a série fala muito sobre a descoberta da sexualidade na adolescência. Charlie sabe que é gay desde que se entende por gente, mas Nick só se entendeu bissexual quando começou a gostar do Charlie de-uma-forma-romântica-não-só-como-amigo. A primeira temporada, então, tem como foco a construção do relacionamento entre os protagonistas, mas sem deixar de lado o medo dessa dessa descoberta, principlamente porque Nick é o próprio estereótipo do garoto cis-hétero: é todo forte, popular e pratica um esporte considerado masculino.


A adaptação é a coisa mais linda do Universo e extremamente fiel ao material original. A narrativa é super leve e divertida, com oito episódios de até 30 minutos de duração cada — eu sei, também queria que durassem para sempre. Além de Nick e Charlie, a produção da Netflix deu mais tempo de tela para alguns personagens secundários: Tara Jones (Corinna Brown) e Darcy Olsson (Kizzy Edgell) com as belezas e dificuldades de assumir um relacionamento em pleno ensino médio; Tao (William Gao) e Elle (Yasmin Finney), melhores amigos do Charlie, cada um com seu arco. Elle é uma mulher trans, que mudou de escola após a transição, então além de acompanharmos a dificuldade de Tao de aceitar essa nova dinâmica, sem sua amiga mais próxima, acompanhamos também o florecer da amizade entre Elle, Tara e Darcy, e a importância dela nessa nova etapa da vida da garota. 

Além da fidelidade, os efeitos especiais adicionados foram um grande acerto. As ilustrações características da Alice Oseman, como as folhinhas, faíscas, flores e corações, foram incorporadas em momentos muito específicos para trazer mais sentimento e vida para a adaptação. É muito, muito especial mesmo, um acalento para o coração, principalmente nessa época em que grande parte das produções voltadas para o público adolescentes são focadas em dramas envolvendo sexo e drogas — e que fique claro que eu não tenho nada contra, muito pelo contrário, rs. 


Assim como a primeira, a segunda temporada, lançada em agosto de 2023, conta com oito episódios também curtinhos. A principal mudança, ao meu ver, é que essa nova leva de episódios é bem mais madura, mas sem deixar de lado a leveza que tanto nos conquistou. Nick se aceitou como bissexual, contou para sua mãe, mas não se sente pronto para contar para todo mundo, o que também implica assumir seu relacionamento com Charlie. O cerne da questão é justamente esse: por que cargas d'água nós, pessoas LGBTQIA+, precisamos anunciar para as pessoas o que somos e de quem gostamos?

Mesmo mantendo o tom positivo, a série introduz temas um pouco mais sérios. Por exemplo, as pessoas foram tão homofóbicas com Charlie quando foi tirado do armário que ele morre de medo que o mesmo aconteça com Nick, principalmente porque as consequências não foram muito legais... Charlie é um menino muito inseguro e isso tudo que está acontecendo acaba sendo um estresse muito grande para ele, e essa nova temporada começa a mostrar essas sequelas. 

Um dos pontos altos, além dos episódios em Paris, é claro, são os novos arcos desenvolvidos. O Universo e os personagens já estão estabelecidos, então resta tempo para aprofundá-los. Temos um espacinho todo especial para nossos amados Tao e Elle, novos desafios no relacionamento entre Darcy e Tara, e finalmente contaram um pouco da história do Isaac (Tobie Donovan), o que já não era sem tempo! Novas questões familiares foram inseridas, algumas coisas boas e outras nem tanto... A gente se questiona o tempo inteiro como é que existem pessoas tão maldosas no mundo. E nossa, eu fiquei em total situação de barril com Ajayi e Farouk, sinceramente, uma surpresa muito gostosa!

Ocupadíssimos sendo gays, rs
Mesmo quem não conhece os quadrinhos vai amar muito essa adaptação, mas para quem já conhece... Meu Deus, é um sentimento indescritível ver os livros saindo da tela, literalmente. Muitas cenas são iguaizinhas, nas falas e até em pequenas coisas, como roupas e objetos dispostos na construção do cenário. Sem contar que todos os atores, sem exceção, se encaixam perfeitamente em seus respectivos papéis e estão muito mais confortáveis neles. Para mim, Kit e Joe nasceram para ser Nick e Charlie, fico boba com a doação deles, com a química e em como parecem felizes por interpretarem personagens que a gente ama tanto. 

Agora que falei um pouquinho sobre a série sem spoilers, preciso desesperadamente deixar algumas considerações aqui, continuem por conta e risco de vocês. São observações e pensamentos que fui deixando num bloquinho de notas do celular enquanto fui assistindo, então talvez só faça sentido mesmo para quem já assistiu. E por favor, venham surtar comigo nos comentários, não aguento mais voltar a ser adolescente sozinha!!!

✦ Kit Connor simplesmente ENORME gente, como que pode? Só conseguia pensar que as roupas dele iam explodir a qualquer momento 🗣️🗣️🗣️. Meus parabéns, continue assim, mô.
✦ O Nick tendo crise de ansiedade fazendo prova sou eu toda, nossa. Vocês bem sabem o tanto que eu sofro.
✦ A jornada da Elle, meu Deus, que coisa maravilhosa! Com certeza uma das melhores coisas dessa temporada. É um caminho inédito, não tem nos quadrinhos, mas que fez muita diferença na construção da personagem!
O TAO E O CHARLIE NO VERDADE OU DESAFIO EU DEI UM BERRO TÔ BERRANDO ATÉ AGORA, amei. 
✦ Nick o pai dos bissexuais, apenas. O póbi toda hora tendo que explicar sua sexualidade, todo bissexual passa por esse inferninho.
O chupão do Charlie apenas o personagem de maior destaque da s2 🤣
✦ Tori Spring A MAIORAL! Queria tanto ver mais dela, espero que esse momento chegue na terceira temporada...
✦ Isaac continua servindo nas indicações literárias, já quero ler todos!
✦ Como pode as mães do Nick e do Tao serem tão perfeitas e maravilhosas, e a mãe da Darcy ser um esgoto humano???
✦ Eu vivi pra ver a Imogen (Rhea Norwood) MACETANDO o Ben (Sebastian Croft), que sabor delicioso!!!
✦ A última cena do último episódio... Quase morri do coração, gente. Atuação de milhões dos meus filhos Joe e Kit. Me emocionei muito e não vejo a hora de ver como o tema será abordado na s3. 

Lembram dos efeitinhos especiais presentes na primeira temporada? Essa identidade visual é mantida na segunda temporada. Aliados a outros aspectos técnicos da série, como a ótima direção, trilha sorona e fotografia, essas características continuam essenciais para transmitir ao público a mensagem que a série quer passar. Assim, posso afirmar que Heartstopper segue como um dos maiores acertos da Netflix dos últimos tempos, uma vez que mantém aquilo que gostamos ao mesmo tempo em que aprofunda e traz complexidade para o enredo e personagens. Não é atoa que é extremamente aclamada pela crítica especializada e pela audiência, não é mesmo?

Assistam ao trailer legendado:


Conheçam a playlist oficial da série:

12 comentários :

  1. Ana my love!
    Tô com os livros todos aqui... só esperando para serem lidos.
    Este Inverno e o volume 5 estão na wishlist.
    Quero fazer assim.... ler o volume 1 e assistir a 1a temporada.... o mesmo com o volume 2 e 2a temporada.
    O post me deixou super empolgadaaaaa

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    1. Amiga PELO AMOR DE DEUS vá ler logo, como você aguenta não ter lido ainda? Eles são muito lindos e perfeitos.
      MAS aviso que a 1ª temporada acompanha os volumes 1 e 2, e a 2ª temporada o volume 3 e um pedaço do 4, viu? Cuidado pra não tomar spoiler!

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  2. Menina eu to enrolada pra ver a primeira temporada faz um tempo, eu esperei sair a segunda pra ver tudo de uma vez.
    Também sou fissurada no quadrinho desde que saiu e leio tudo que essa mulher lança desde então, vou ver se faço uma maratona essa semana pra ver as duas temporadas, pelo que li no seu texto eu tenho certeza que vou amar a adaptação.

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    1. Esse elenco não podia ser mais perfeito, conseguiram representar direitinho os personagens. Não aguento!
      Espero que já tenha visto, hein?

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  3. Eu amei tanto a primeira temporada e claro, as quatro Graphic's que já li e estou com a segunda temporada aqui, prontinha para ser vista. Mas como tem sido um começo de Agosto bem enrolado, não quero isso de ver dois episódios por dia. Quero sentar quietinha, sozinha e absorver cada detalhe de Nick e Charlie e os amigos tão maravilhosos!!!
    Verei com toda certeza do mundo!!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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    1. Amiga, super entendo, porque eu assisti tudo num dia. Acordei cedo e não fiz mais nada enquanto num terminei de ver. Já tô querendo ver de novo!

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  4. Acho que vou voltar nesse post pra ler ele por completo. Ainda nao vi essa temporada, apesar de ja ter lido as hqs,quero ver sem antes ler alguma resenha.
    Aaaaaaaaaa to com saudades desse elenco já.

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    1. Super entendoooo, tem bastante spoiler mesmo!
      Espero que volte pra ler, hein? Até porque ficou muito bom, modéstia à parte

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  5. Olá

    Que bom que a adaptação foi fiel ao livro, são poucas as vezes que isso acontece Acompanhei suas impressões sobre o quadrinho e percebi o quanto você gosta das obras dessa autora.

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    1. Eu amo demais mesmo. Me sinto representada e muito feliz por ter oportunidade de acompanhar!

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  6. AAA, certeza que irá me matar, mas ainda não assistir e isso porque li os dois primeiros quadrinhos de heartstopper e se tornaram o meus amorzinhos pra sempre. Preciso com muita urgência em assistir ambas temporadas e poder me aquecer de amor por eles.

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    1. Amiga eu vou matar mesmo, ainda bem que sabe. Mulher, PARE DE ENROLAR!

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