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14 de maio de 2016

As Filhas Sem Nome | Xinran

Título Original: 
Miss Chopsticks
Autora: Xinran
Páginas: 296
Tradução: Caroline Chang
Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora
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Vocês já me viram falar sobre a Xinran aqui no blog em dois outros posts: a resenha do livro Mensagem de Uma Mãe Chinesa Desconhecida e num resumo do meu artigo sobre o mesmo, aqui intitulado de Precisamos Falar Sobre o Sofrimento das Mães Chinesas. Pedi As Filhas Sem Nome para resenhar porque resolvi unir o útil ao agradável: vou precisar dessa história para o meu TCC, então, porque não?  Mais uma vez Xinran conseguiu me emocionar com sua narrativa simples e delicada. 

Xinran é uma mulher chinesa que luta pela melhoria das condições de vida de suas iguais, em quaisquer dos âmbitos. Em As Filhas Sem Nome, a autora conta a história baseada de três jovens (baseadas em histórias reais) que possuem entre 16 e 20 anos: Três, Cinco e Seis. Elas possuem esses nomes porque a mãe delas não foi capaz de dar um filho homem ao seu marido e, de tanto desgosto, não chegou a dar nome para as filhas, que ficaram conhecidas pela ordem que nasceram, Um, Dois, Três... Vocês podem até estar achando isso um absurdo, mas em pleno século XXI coisas assim ainda acontecem em regiões do interior da China, ontem só os filhos homens dão alegrias para os pais. 

Tentando fugir do terrível destino que a maioria das jovens da sua cidade tinha, que seria casar-se contra sua vontade, Três vai para Nanjing trabalhar e começa a se sobressair em sua função e claramente é uma coisa que poucas pessoas esperavam dela. Quando voltou para casa para uma visita, suas irmãs Cinco e Seis ficaram tão animadas e impressionadas que resolveram ir para a cidade grande também, a fim de dar certo orgulho ao pai. A história do livro gira em torno do dia-a-dia das três moças em seus novos empregos e de como elas encontraram os seus caminhos, apesar de todas as incertezas.

Uma vez, em uma pequena aldeia na província setentrional de Shanxi, ouvi falar de uma mulher que cometera suicídio bebendo pesticida porque não conseguia dar à luz a um menino – ou, como os chineses dizem, não conseguiam “pôr ovos”. Quase ninguém da aldeia foi ao enterro, e perguntei ao marido como ele se sentia a respeito. "Não se pode culpá-los", ele disse, sem nenhum traço de rancor. "Não querem ser contaminados pela sua má sorte. Além disso, é culpa dela só dar à luz um punhado de palitinhos e nenhuma cumeeira". Fiquei chocada por essa maneira de se referir a meninas e meninos. Ao passo que os homens são considerados forte provedores, que sustentam o telhado da casa, as mulheres são apenas instrumentos frágeis e cotidianos, para serem usadas e então descartadas. (p. 15-16) 

Acho que de todas as três histórias, a que mais me tocou foi a de Cinco. A menina não sabia ler, muito menos escrever, então vocês conseguem imaginar que ela teve muito mais dificuldades que suas irmãs. Mas apesar de tudo, ela era a que tinha mais força de vontade e desejo de aprender. Porém, a personagem a quem mais me afeiçoei foi Seis, que é amante dos livros como eu. Não tem como, toda vez que lemos a história de alguém que ama livros, assim como nós, gostamos dela de cara! 

Apesar de ainda não ter concluído a leitura de As Boas Mulheres da China, posso dizer que As Filhas Sem Nome é o livro mais leve otimista da autora, e até carregado de um pouco de humor, para falar a verdade. É claro que Xinran não deixa de criticar todas as leis e até mesmo os costumes que degradam as mulheres, mas o que eu mais gostei na história toda foi justamente o fato de ela enaltecer a imagem das três irmãs o tempo inteiro, de mostrar que elas conseguiam sim chegar nos seus objetivos mesmo sendo moças do interior. 

É impossível não gostar dos livros de Xinran, mas o fato é que este aqui não mexeu tanto comigo quanto Mensagem de Uma Mãe Chinesa Desconhecida, que é bem mais carregado. Para quem tem o emocional frágil assim como eu, recomendo começar por aqui mesmo. A narrativa dessa mulher é tão gostosa que a gente lê num segundo e nem vê o tempo passando, tanto que li o livro quase todo dentro do ônibus enquanto ia a voltava da faculdade. Dá pra perceber que é muito bom mesmo, né?

7 comentários :

  1. Oi Ana, tudo bem?
    As Filhas sem Nome parece ser uma história incrível de superação, ainda mais por ser baseado em fatos reais. Eu imagino como deve ser extremamente difícil morar em um país que parece fazer parte do passado, com situações que já consideramos absurdas. Eu me interessei bastante pela temática, gostei de saber que a carga emocional grande, espero poder lê-lo em breve.
    Beijos

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  2. Oie, já tinha recebido recomendação dessa história e que bom ver mais uma resenha positiva. Fiquei curiosa em relação a qual o tema do seu tcc para você estar usando esses livros, já tenho certeza de que é um tema bem interessante. É, a gente imagina que não acontecem coisas assim no século XXI mas acontecem enuanto nós temos toda essa liberdade e achamos que é algo corriqueiro, que todo mundo tem. Ah, acho que eu me identificaria com a história dessas irmãs, a amante de livros, a que nãoo sabe ler, e essas histórias vão me tocar muito. Vou ler esse livro logo, a curiosidade ficou enorme aqui.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Oi, tudo bem?
    Eu não conhecia esse livro e achei a história bem interessante, onde gostei de conhecer essa obra.
    Não deve ser fácil para essas meninas e que bom que elas conseguiram realizar seus objetivos. Espero que tenha dado tudo certo.
    Dar para perceber sim o quanto o esse livro é bom, por isso já adicionei para ler posteriormente e espero gostar como você.

    Beijos,
    www.leitorasempre.com

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  5. Oiee Ana ^^
    Acho que eu não cheguei a ver as suas resenhas dos outros livros da autora *-* de qualquer forma, vou dar uma passadinha por lá depois.
    Gostei deste livro, a premissa parece ser interessante, apesar de triste *-* acho triste que mulheres ainda causem desgosto só por serem mulheres, e que sejam tratadas dessa forma :/ Gostei mesmo do livro, vou até anotar aqui :)
    MilkMilks ♥

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  6. Ana Clara, eu não conhecia a autora e nunca tinha ouvido falar dos livros, mas gostei muito dela ir em contra do que a sociedade chinesa prega.
    É uma lástima ver como essas mulheres eram mal vistas.
    Não é bem meu tipo de leitura, mas leria.

    Lisossomos

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  7. Oie Ana!
    Eu ainda não conhecia a escritora, mas já li alguns artigos sobre as chinesas que são de apertar o coração. Fiquei curiosa para ler os livros da Xinran, mas vou seguir sua dica e começar por esse que é mais leve, pois estou em um momento bem corrido e estressante.
    Bjus
    Anna - Letras & Versos

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