SOCIAL MEDIA

4 de setembro de 2025

Decidi Viver Como Eu Mesma: lições de Kim Suhyun para uma vida mais leve e autêntica

Decidi Viver Como Eu Mesma é aquele tipo de livro rápido, com textos curtos e reflexivos que trazem lições de vida. No geral, eu gosto de livros assim, mas acho difícil encontrar algum que realmente traga algo de novo e não diga apenas o que outros 10 livros desse mesmo tipo já disseram.

Nesse livro, a autora se utiliza de suas próprias experiências e emoções para estabelecer lições sobre autorrespeito, autoestima, saúde mental e relacionamentos. Iniciando com um relato pessoal, a autora conta que, ao se tornar adulta, passou a se sentir pequena e patética, que se culpava por não conseguir realizar seus sonhos e que encontrou conforto na escrita deste livro.

Para a autora, uma das maiores fontes de sofrimento é tentar ser quem você não é, se guiando por valores e regras sociais que você não acredita para tentar encontrar um sucesso que seja reconhecido e validado pelos outros. Kim Suhyun defende que, para acabar com esse sofrimento, é preciso aprender a viver como você mesma.

Mas como fazer isso na prática? Kim guia o leitor através de mais de 60 lições que incluem, por exemplo: Não seja modesto a ponto de afetar a sua autoestima, Desenvolva seu estilo pessoal, Não siga um roteiro aleatório, Expresse seus sentimentos, Seja generoso e Deixe espaço para o erro.

Cada lição vem acompanhada de um pequeno texto onde a autora dá exemplos pessoais ou conta casos que ilustrem aquela lição. A maioria das lições também vem acompanhada de uma ilustração fofa que torna a leitura ainda mais leve e divertida.

Minha experiência com essa leitura foi agradável, mas não transformadora. Não teve nenhuma lição que tenha sido super inovadora ou grandiosa para mim, mas é sempre legal rever essas lições de vez em quando para recordar que são importantes. Destaquei algumas frases, fotografei minhas ilustrações favoritas e me diverti com a leitura, apesar das lições serem, em sua maioria, genéricas.

Tem algumas questões culturais que ficam evidentes no livro, já que se trata de uma obra sul-coreana, e foi interessante percebê-las e traçar paralelos com a nossa própria cultura e realidade.

Você pode ler este livro rapidamente, como eu li, ou pode ler aos poucos, uma ou duas lições por dia para digerir e refletir. De qualquer forma, será uma leitura leve e tranquila.

Título Original: I Decided to Live as Me ✦ Autora: Kim Suhyun
Páginas: 272 ✦ Tradução: Luara França ✦ Editora: Fontanar
Livro recebido em parceria com a editora

28 de agosto de 2025

Terra Partida, de Clare Leslie Hall: o novelão que você pode estar precisando

Eu tenho pensado em Terra Partida como um romance com cara de cult sofisticado, mas que na verdade é uma novelona farofa que consegue unir romance adolescente, drama familiar, treta, briga, confusão, traição e mistério. Eu vi o Paulo Ratz falando que esse livro tem potencial pra agradar todo mundo e é bem isso mesmo, porque Terra Partida tem de tudo.

A cena que dá início aos dramas que vamos acompanhar ao longo do livro mostra o casal Beth e Frank e o irmão de Frank, Jimmy, trabalhando na fazenda do casal quando um cachorro invade suas terras e começa a atacar os cordeiros. Para salvar os animais, Jimmy atira e mata o cão. Eis que entra em cena os donos do cão: Gabriel e seu filhinho Leo. Quem é Gabriel? O ex namorado de Beth, com quem ela viveu um romance juvenil que acabou de forma mal resolvida.

Terra Partida é um desses livros que vai e volta no tempo, nos mostrando todo o desenrolar do relacionamento de Beth com Gabriel até um momento no futuro onde está havendo o julgamento de um suposto assassinato de um fazendeiro que não sabemos quem exatamente é.

Os capítulos do passado mostram o romance de verão intenso e idílico entre os jovens Beth e Gabriel e as dificuldades de torná-lo viável no mundo real, já que os dois são de realidades completamente diferentes. Gabriel é rico e sua mãe tem grandes expectativas para ele, que não incluem, obviamente, se casar com uma menina humilde como Beth.

Os capítulos do presente mostram Beth se reconectando com Gabriel e vendo no filho dele, Leo, o filho que ela perdeu. Já os capítulos no futuro são quase um romance investigativo em que tentamos entender quem morreu, quem matou e porque.

Toda a parte que envolve o filho falecido de Beth e Frank, Bobby, é muito tocante. É perceptível que existe uma grande mágoa entre eles sobre como a morte da criança aconteceu. Só iremos compreender o que de fato aconteceu depois da metade do livro e é devastador. A cena foi tão impactante que me deixou com os olhos marejados.

Terra Partida tem enredo de novela, narrativa de novela e diálogos de novela. O que eu quero dizer com isso? Sabe quando a gente assiste uma novela e cada capítulo te deixa com vontade de ver o próximo? Os acontecimentos são tão mirabolantes e as reviravoltas são tão surpreendentes que você fica preso naquele universo? E você quer muito chegar ao final pra saber as respostas: Quem vai ficar com quem? Quem vai matar quem? E os diálogos são tão apaixonados e as emoções são tão latentes... É isso. Esse livro tem essa vibe.

E é profundamente piegas em muitos momentos, mas de um jeito divertido e envolvente. Os personagens são intensos. Beth ama Gabriel de forma ardente, enquanto Frank ama Beth de uma forma devota, quase como se ela fosse um ser superior. Eles representam coisas diferentes: Gabriel é fogo e aventura, enquanto Frank é segurança e estabilidade. Quem Beth irá escolher? Faz sentido reviver um romance da adolescência já na vida adulta?

E ainda tem outros personagens que são apresentados e explorados no romance. O destaque pra mim é o casal Jimmy e Nina. Jimmy é alcoolista e o romance consegue ser delicado e realista ao apresentar seu problema com o álcool. Já Nina é quase uma fada: vibrante, alegre, colorida e fácil de amar.

Espero ter conseguido passar pra vocês a vibe que esse livro tem: romance estilo novela com muito dramalhão e mistério em cenário rural e com potencial pra curar ressaca literária. ✨️ Recomendo!

Título Original: Broken Country ✦ Autora: Clare Leslie Hall
Páginas: 320 ✦ Tradução: Renato Marques ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora
Ajude o blog comprando o livro através do nosso link!

12 de agosto de 2025

Manual das Donas de Casa Caçadoras de Vampiros, de Grady Hendrix, vale o hype?

Fui uma das pessoas que vibrou com a notícia desse lançamento. Desde que li O Exorcismo da Minha Melhor Amiga e amei, fiquei atenta aos lançamentos do Grady Hendrix no Brasil. E esse foi o mais aguardado, principalmente por conta do Victor Almeida (Geek Freak) que vem panfletando esse livro há muito tempo.

Do Hendrix eu já li O Exorcismo da Minha Melhor Amiga (que amo de paixão), Como Vender Uma Casa Assombrada (que eu, infelizmente, não gostei) e agora esse: Manual das Donas de Casa Caçadoras de Vampiros. Minhas expectativas estavam altas, mesmo com a decepção que tinha sido Como Vender Uma Casa Assombrada. 

E olha, infelizmente, acho que O Exorcismo da Minha Melhor Amiga foi a exceção e não a regra. Mas calma, deixa eu explicar. Manual das Donas de Casa Caçadoras de Vampiros tem exatamente o mesmo problema de Como Vender Uma Casa Assombrada: demora a engatar. Enquanto O Exorcismo da Minha Melhor Amiga é recheado de acontecimentos empolgantes e cenas bizarras, os outros dois livros do autor que eu já li são, na maior parte do tempo, mornos, apesar de suas premissas interessantes.

No livro, somos apresentados a um grupo de mulheres daquelas bem estereotipadas: esposas, mães e donas de casa, num bairro de classe média alta, entediadas e que decidem criar um Clube do Livro para lerem livros sobre crimes e assassinos. E assim o livro segue... e segue... e segue mais um pouco, sem grandes acontecimentos.

Um dia, lá pela página 50, nossa protagonista, Patricia, é atacada por uma senhora no quintal de sua casa e isso dá início aos acontecimentos estranhos da história. Vocês podem estar pensando: "Página 50? Não parece que o livro demora a engatar" Eu sei! Mas depois disso só vai acontecer alguma outra coisa interessante lá pela página 180, quando Patricia vê seu amigo James Harris numa situação perturbadora. 

A gente sabe que é uma história de vampiros, afinal, está no título. Então, é óbvio que eu queria ver vampiros. Só que o livro entrega muito mais convivência familiar e intriguinhas entre mulheres. Assim como aconteceu em Como Vender Uma Casa Assombrada, Manual tinha tudo pra funcionar, mas, pra mim, não funciona.

O livro segue aquele clichê dos livros de thriller protagonizados por mulheres onde uma mulher sabe a verdade, mas é desacreditada e tomado por louca por todos a sua volta. Uma coisa que eu gosto nesse livro é como ele debate temas importantes, como racismo e machismo, de forma sútil e inteligente. Isso também aconteceu em O Exorcismo e parece ser uma característica do autor.

Vi muitas pessoas reclamando do final do livro, mas eu gosto, apesar de ser bastante previsível. Na verdade, eu queria que todo o livro tivesse a vibe que o final tem: com confrontos diretos e muito gore. É um desfecho que me agradou apesar de não ter nada de surpreendente. Se você já leu outros livros do autor, você sabe que seus finais não são inovadores e revolucionários, mas entregam muito sangue.

Meu hanking de livros do Grady Hendrix ficou assim: em primeiro lugar, o meu queridinho O Exorcismo da Minha Melhor Amiga, em segundo lugar Manual das Donas de Casa Caçadoras de Vampiros e, em terceiro lugar, Como Vender Uma Casa Assombrada. No geral, Manual é a típica leitura 3 estrelas, um livro ok, com muito potencial e interessante, mas que decepciona um pouco no desenvolvimento lento.

Título Original: The Southern Book Club's Guide to Slaying Vampires ✦ Autor: Grady Hendrix
Páginas: 432 ✦ Tradução: Ulisses Teixeira ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora
Ajude o blog comprando o livro através do nosso link!

4 de agosto de 2025

Querida Tia: mais um hit da Valérie Perrin?

"2010 é o ano em que minha tia morreu pela segunda vez." declara Agnès, nossa narradora, uma mulher jovem, bem-sucedida, diretora de cinema, mãe, divorciada, que recebe uma estranha ligação a informando sobre o falecimento de sua tia. O problema? A tia de Agnès já havia morrido 3 anos antes. Ou era isso que Agnès achava.

Querida Tia é um romance envolvente que mescla mistério, drama e relações familiares complexas. Foi meu primeiro contato com Valérie Perrin, que já acumula fãs por conta de seus romances anteriores: Água Fresca Para as Flores e Três. Por tudo que eu já tinha ouvido falar, eu já sabia o que esperar: dramas longos e bem detalhados que exploram relações humanas de forma íntima e perspicaz.

E foi realmente isso que eu encontrei: uma narrativa intimista e detalhista que não deixa de lado nenhum personagem. Perrin cria personagens completos: cada um tem personalidade própria, questões pessoais e integridade narrativa.

Nossa narradora, Agnès, lida com o recente divórcio enquanto tenta superar um bloqueio criativo e, pra completar, descobre que a sua tia misteriosa e soturna acaba de morrer... de novo. Agnès sempre achou que Colette era uma mulher de pouca profundidade. Obcecada por futebol, sem marido e sem filhos, a tia Colette era apenas a tia calada que Agnès via todos os anos nas férias.

A pergunta que não quer calar é: Por que Colette fingiu a própria morte? Por que deixou Agnès acreditar que ela estava morta? Por que viveu 3 anos de forma "secreta"? E o que fez nesses 3 anos? Para surpresa de Agnès, quem vai responder essas e outras perguntas é a própria Colette, que gravou mais de 12 mil minutos de fita, guardou numa mala e deixou para Agnès. Quase um diário gravado em voz.

O livro alterna entre o passado de Colette e o presente de Agnès. Ambas as perspectivas foram interessantes. Agnès encontra-se num momento delicado, tentando superar o ex-marido enquanto ouve as fitas da tia e se reencontra com pessoas de seu passado. Porém, não posso negar que conhecer a história da tia Colette foi magnífico. Suas gravações revelam uma mulher complexa e cheia de segredos, marcada por escolhas difíceis, e cuja vida foi entrelaçada por momentos de rebeldia, dor e amor.

A relação de Colette com seu irmão, Jean (o pai de Agnès), é tão doce e cheia de amor que transborda afeto. Colette precisou ser adulta muita cedo, enfrentou pobreza, preconceito e cobranças desproporcionais para a sua idade e fez de tudo para garantir que o irmão pudesse desenvolver seu dom para música.

Mas talvez a personagem mais enigmática desse livro não seja Colette, mas sim Blanche. Não vou entrar em detalhes sobre quem é ela, porque acho que essa é uma das surpresas mais gratificantes desse romance, mas preparem-se para muito mistério, ternura e segredos.

O enredo se desenvolve à medida que Agnès escuta cada fita, revelando segredos de família, episódios dolorosos e verdades encobertas por décadas. A escrita é sensível e a narrativa cria uma sensação constante de descoberta e reconstrução.

Tive algumas oscilações com essa leitura, entre momentos de profundo interesse e momentos de me sentir ligeiramente desconectada da história. Por se tratar de um livro longo, com quase 500 páginas, há alguns capítulos que não me interessaram tanto e eu ficava só desejando que a história voltasse logo para as partes realmente interessantes. Mas, mesmo com essas passagens não tão interessantes (para mim), essa leitura me manteve engajada, principalmente pelo desejo de saber mais sobre a vida de Colette e o que a motivou a fazer o que fez. E o final, realmente, valeu a pena.

Valérie Perrin é, de fato, uma grande contadora de histórias. Sua escrita é profunda e poética e ela mergulha nas histórias, nos personagens e nas relações. As quase 500 páginas de Querida Tia se justificam pelo aprofundamento da história. Cada situação tem início, meio e fim e cada personagem tem personalidade, passado e complexidade. Tudo muito completinho e redondinho.

Por fim, só queria enaltecer a edição da Intrínseca, que está perfeitaaaa. Sabe aquele problema de livros grossos que, para conseguir ler confortavelmente, você acaba tendo que quebrar a lombada? Bom, aqui isso não acontece: o livro abre completamente, é maleável e a diagramação é ótima

Título Original: Tata ✦ Autora: Valérie Perrin
Páginas: 496 ✦ Tradução: Sofia Soter ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

31 de julho de 2025

Dias Perfeitos e os enredos super saturados de Raphael Montes

Recentemente, a editora Companhia das Letras publicou uma "edição de colecionador" de Dias Perfeitos, segundo romance do Raphael Montes e um dos maiores responsáveis pelo sucesso estrondoso do autor, dentro e fora do Brasil. Já li alguns livros do Raphael e aproveitei o relançamento para ler este que eu ainda não tinha lido.

Apesar de não ser uma super fã, eu leio os livros do Raphael Montes, porque geralmente são leituras rápidas e envolventes que despertam curiosidade e surpreendem com os plot twists e as passagens perturbadoras.

A sinopse de Dias Perfeitos não é inovadora. Na verdade, ela já foi bastante explorada em muitas outras histórias. A principal delas: o livro O Colecionador, de John Fowles, publicado em 1963. Confesso que as semelhanças me deixaram até intrigada e me levaram a fazer uma pesquisa rápida na Internet. De fato, encontrei diversas outras pessoas apontando para as semelhanças entre o clássico do suspense de 1963 (que ganhou até uma adaptação em 1965) e o livro do brasileiro.

Polêmicas à parte, vamos à resenha: Dias Perfeitos retrata um jovem estudante de medicina, excêntrico e deficiente em habilidades sociais, que conhece uma jovem vivaz, alegre e descolada, e acaba desenvolvendo uma paixão obsessão por ela. Movido pelo desejo de tê-la só para si, Téo sequestra Clarice com o objetivo de fazê-la se apaixonar por ele. Daí em diante acompanhados os tais "dias perfeitos" que se sucedem. 

O estilo Raphael Montes está presente ao longo de todo o texto: muitas atrocidades são cometidas e muitas minorias são atacadas. As falas capacitistas do Téo são frequentes e, em certo ponto, me fizeram revirar o olho e dizer mentalmente: "Ta bom, Raphael, a gente já entendeu que todos os seus personagens são detestáveis e preconceituosos e esse é o seu jeito de chocar o leitor".

Não sei se o autor continua repetindo essa fórmula em seus lançamentos mais recentes, mas vi isso acontecer em O Vilarejo, em Suicidas e em Jantar Secreto e comecei a achar um pouco cansativo.

Como eu já esperava: foi uma leitura bem rápida. Li praticamente inteiro num único dia, principalmente porque eu estava curiosa pra saber o final (e se seria diferente do final de O Colecionador, já que, até certo ponto, estava tudo igual). Tem uma reviravolta perto do fim que eu amei e me fez pensar: "Uau, se o final for por esse caminho eu vou amar". Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. Resumindo: eu não gostei do desfecho.

Aí veio a surpresa: essa edição traz um final alternativo. Minhas esperanças se renovaram e eu fui ler esperando que esse final fosse o final que eu queria. Não era! kkkkk' O final alternativo é bastante bizarro, mas interessante e coerente com o restante do livro (mas ainda prefiro o final que eu tinha em mente kkkk').

Uma curiosidade legal é que há uma sutil referência à Suicidas, primeiro romance de Montes, no final do livro. Saquei na hora e achei divertido encontrar esse easter egg.

Não foi uma leitura ruim, mas, após ler quatro livros do Raphael Montes, me encontro um pouco saturada. Sinto que a intenção de "chocar a qualquer custo" foi se desgastando e não é mais o suficiente (nunca foi?) para garantir uma boa história. Penso em algumas problemáticas de seus livros, mas nem sei se vale a pena mencionar porque deve fazer parte da fórmula, mas...

Por exemplo: as mulheres de suas histórias são sempre subjugadas, diminuídas, nunca saem por cima em nada e, frequentemente, são estupradas. Mais uma estratégia para chocar ou apenas uma falha na forma como Raphael cria e desenvolve suas personagens femininas? Porque, a impressão que fica é a de que todas as mulheres das suas histórias só estão ali para serem objetos de desejo de seus personagens masculinos (isso acontece em Dias Perfeitos, em Jantar Secreto, em Suicidas e em O Vilarejo).

No geral, eu gosto de histórias bizarras e perturbadoras. Mas acho que elas precisam ser mais do que apenas bizarras e perturbadoras e que não vale tudo pra torná-las bizarras e perturbadoras. Stephen King sabe bem disso depois de tentar chocar com o final de It e ser fortemente criticado.

Não me vejo lendo mais nenhum livro do Raphel Montes no futuro, a menos que alguém me garanta que a fórmula evoluiu. Porque se eu quiser ver mulheres sendo estupradas, pessoas sofrendo gordofobia, homofobia e capacitismo e homens brancos vencendo eu ligo a TV e assisto ao jornal.

Pra ser justa, não quero finalizar essa resenha sem elogiar essa nova edição, que está realmente impecável. Todos os detalhes foram bem pensados. A ilustração da capa, com uma mala de viagem rosa, e a pintura trilateral também rosa fazem alusão à mala de Clarice e dão um toque especial para a edição, que também conta com alguns conteúdos extras que enriquecem a leitura. Pra quem é fã vale muito a pena.

Título Original: Dias Perfeitos ✦ Autor: Raphael Montes
Páginas: 320 ✦ Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora

22 de julho de 2025

Fobia, de Katsunori Hara & Yukiko Goto: um mangá de terror gráfico e perturbador

Fobia é um mangá que contém 5 histórias curtas que retratam diferentes pessoas com diferentes fobias. O primeiro conto se chama Frestas e mostra uma garota com fobia de frestas, como portas entreabertas, bolsas, a fresta do ar condicionado e até as frestas entre pisos. Foi uma ótima história para abrir essa coletânea de contos: bastante gráfica, perturbadora e horripilante. Quem diria que uma história sobre frestas poderia render um final tão chocante?

Duas coisas ficam claras logo nesse primeiro conto: são histórias de terror gráfico e não são indicadas para menores de idade, pois há cenas bem explicitas de sexo.

O segundo conto, denominado Cheiros, retrata outra garota, dessa vez com uma preocupação excessiva e irracional de estar fedendo, principalmente quando na companhia de seu namorado. O final consegue ser tão perturbador quanto o final do primeiro conto, além de ser igualmente gráfico.

Depois que eu peguei o ritmo e entendi o tom dos contos, a leitura fluiu rapidamente. Eu ficava curiosa pra saber qual bizarrice eu encontraria na próxima história e se seria capaz de superar a anterior.

O terceiro conto, Altura, mostra um homem bem-sucedido que está traindo sua mulher com uma garota que tem medo de altura. Inexplicavelmente, o homem começa a sentir um medo absurdo de altura depois que a garota conta pra ele sobre seu medo, como se fosse contagioso. Dentre todos os contos, esse foi o menos perturbador.

Agrupamentos é o nome do quarto conto. Nesse, vemos o surgimento da fobia após uma situação traumática que uma jovem vive ao sair com um garoto que ela conheceu num aplicativo de relacionamentos. Esse conto foi um dos que mais me incomodou, principalmente por envolver uma situação de violência sexual.

O último conto, Lugares Fechados, é uma história de vingança e da fobia que se desenvolve como consequência de ser trancado num lugar pequeno. É interessante, mas não foi a minha preferida. Acho que meus contos preferidos foram os dois primeiros.

Fobia foi uma leitura bem rápida e intrigante. Se você gosta de histórias de terror perturbadoras e inquietantes, esse mangá é perfeito. Eu me surpreendi positivamente com essa leitura, pois gosto desse estilo mais perturbador. E fiquei feliz em saber que esse é o primeiro volume de 3, então em breve terei mais dessas histórias para conhecer.

Título Original: Phobia ✦ Autoria: Katsunori Hara (autor) e Yukiko Goto (desenhista)
Páginas: 200 ✦ Tradução: Caio Suzuki ✦ Editora: JBC
Livro recebido em parceria com a editora
Ajude o blog comprando o livro através do nosso link!