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20 de março de 2017

Duff | Kody Keplinger


Para ser sincera, não consigo me lembrar o que me motivou a ler esse livro. Acho que eu estava buscando uma história leve, alguma coisa bem clichê só para passar o tempo mesmo, já que ultimamente tenho lido vários livros densos. Duff realmente cumpre com o que promete, tem uma narrativa suave e fluida, mas estaria mentindo se dissesse que caí de amores pela obra. 

Aqui conhecemos Bianca Piper, uma garota que está no último ano do Ensino Médio que nunca se preocupa com a sua aparência, muito menos com o que as pessoas pensam dela. Bianca é a personificação da impulsividade e quase sempre é bem mal-humorada, mas é muito inteligente e leal às amigas. Tudo anda muito bem, obrigada, até que certo dia, em uma das vezes que é praticamente arrastada para uma boate pelas amigas, Wesley Rush, o maior galinha da escola, simplesmente a chama de Duff. Duff é uma sigla em inglês que significa designated ugly fat friend, ou seja, a amiga gorda e feia.

A partir daí, Bianca não consegue parar de pensar no que Wesley disse. Até aí tudo bem, imagina o cara chegar do nada e falar que, do seu grupo de amigas, você é aquela que "serve" para que as outras se sintam mais bonitas? Só que Bianca reage da forma mais contrária possível. Ao invés de se afastar do cara que a maltrata, ela vai lá e dá um beijo nele, no meio da baladinha. Por mais que Bianca jurasse que estava fazendo isso apenas para ocupar sua cabeça (além dos problemas de bullying, os pais da protagonista estão enfrentando um problema do casamento), não consigo aceitar o fato de uma pessoa ficar com uma pessoa tão babaca, sabendo que ela é babaca. Não bastasse isso, a medida que essa inimizade colorida evolui, já que ela passa o livro todo falando o quanto odeia Wesley, Bianca começa a mentir para as amigas dela, Jessica e Casey.

Eu sei que quando a gente é adolescente agimos de forma impulsiva, não conseguimos controlar direito as coisas que sentimos, mas eu quero deixar uma coisa clara: esse tipo de relacionamento não é normal, muito menos saudável. Não é saudável que as meninas que leiam o livro achem que o comportamento de Wesley é normal, muito menos que esteja tudo bem em aceitar tais atitudes do parceiro. Acho que tudo bem usar esse tipo de narrativa em livros, desde que seja para mostrar que é algo negativo. Isso não acontece em Duff porque Wesley só começa a mudar lá para o final, isso depois de Bianca dizer para ele que o nome a magoava e machucava.

Tanto drama, se eu fosse uma esnobe de Manhattan, podia ser uma personagem de Gossip Girl. (Não que eu assista aquele seriado podre... com frequência... até onde minhas amigas sabem...) Por que minha vida não podia ser um seriado? Mas, bem, até o elenco de Friends era problemático.

Outra coisa que me chateou bastante durante a leitura foi as personagens usarem o termo "vadia" constantemente para se referirem às meninas da escola. Meu Deus do céu, meninas não são "putas", "vadias", "fáceis" e nem nada do gênero só porque ficam com pessoas! Meninas não são "putas", "vadias", "fáceis" e nem nada do gênero só porque gostam de fazer sexo com quem sentem vontade! Misericórdia, parem de chamar suas iguais desses nomes depreciativos!

Enfim, depois de falar tanto, imagino que vocês estejam pensando que esse é o pior livro que li na minha vida, mas não é. Kody Keplinger é uma ótima escritora, prova disso é que escreveu Duff enquanto ainda estava no último ano do Ensino Médio, e escreveu porque se sentia a amiga duff. Sinceramente, é difícil para mim aceitar que um termo que magoa tantas meninas ainda existe, mas eu queria dizer que todos nós somos duff's. Todos nós nos sentimos feios e estranhos e pra baixo uma vez na vida. Eu gostei muito da forma como a autora retratou esse tipo de  bullying e gostei de como "acabou" com ele no final.

Também gostei bastante do drama familiar inserido na história, apesar e não achar que ele seja justificativa para certas atitudes de Bianca. Divórcios são sempre muito difíceis, independentemente da idade dos filhos, principalmente quando uma das partes ainda demonstra amor. Achei legal como Keplinger mostrou a importância da presença dos filhos, do apoio e tudo mais. E, claro, achei muito válido a forma como as coisas se resolveram no fim. 

Duff  é uma leitura válida, sim, se a pessoa tiver maturidade o suficiente para entender que certos tipos de relacionamentos não são saudáveis, e que certas atitudes não se justificam por causa de problemas familiares ou com amigos. Nunca, nunca se esqueçam que um relacionamento ideal é aquele onde as pessoas se amam e demonstram, são companheiras e, acima de tudo, se respeitam.


Título Original: The Duff
Autora: Kody Keplinger
Páginas: 328
Tradução: Fal Azevedo
Editora: Globo Alt
Livro recebido em parceria com a editora

9 comentários :

  1. Ana!
    Difícil avaliar esse livro.
    Não concordo mesmo com a atitude da protagonista, tanto em ficar com o carinha que a humilha, como o fato de esconder isso das amigas...
    Cansada desses livros adolescentes que passam uma mensagem distorcida do que seria um bom relacionamento...
    Sei não se quero ler.
    “Não ganhe o mundo e perca sua alma; sabedoria é melhor que prata e ouro.” (Bob Marley)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de MARÇO, livros + KIT DE PAPELARIA e 3 ganhadores, participem!

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  2. Oi Ana, eu nunca li o livro, mas ri horrores assistindo ao filme. É bem bobinho e cheio de clichês mas eu adorei. Me diverti muito e sempre que estou atrás de alguma coisa leve acabo assistindo de novo.
    Ainda pretendo ler o livro.
    Beijokas
    Quanto Mais Livros Melhor

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  3. Aaah, eu amei sua resenha. Eu ainda nao acredito que o livro teve isso o tempo todo, sendo diferente da adaptação em alguns aspectos. Mas sabe o que eu percebi? Que ta legal pegar um livro e ver esse tipo de relacionamento e atitudes e realmente achar horrível e escrever sobre isso no blog para mostrar a leitoras que não reparam nisso ou que não se importam. Porque algumas pessoas simplesmente ainda aceitam essas coisas como normais e é sempre bom alguém chegar e falar "miga não é bem assim". Enfim, beijao. <3

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  4. Oi Ana,
    É um livro sobre bullying, pois chamar alguém de feio e gordo é bullying. A questão neste livro é que a protagonista não se sentia assim, até alguém chegar para ela e falar que é assim que ela é, que assim que outros a veem e para alguém que sentia tão segura de si, neste ponto Bianca se mostra ser mais influenciável do se pensava ao acreditar muito rápido no que o Wesley lhe fala. Eu não li o livro, mas assisti ao filme e dá para ver que o enredo nos dois meios está diferente. Eu achei o filme bem divertido e com algumas lições muito interessantes. Talvez eu leia o livro no futuro para fazer uma comparação mais justa da história.

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  5. Impulsiva, mal-humorada, inteligente e leal: meu deus, basearam essa personagem em mim (e em outras um milhão de adolescentes, eu sei rs)
    Enfim, eu queria demaissss ler esse livro porque achei que fosse diferente. Não fazia ideia desse relacionamento doentio aí e isso já me fez lembrar de After (blé) então meio que murchei em relação ao livro.
    Tem coisas que não salvam outras, e nesse caso gostei demais do que você falou sobre chamarem outras gurias de vadias, o relacionamento nada saudável e afins

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  6. Respeito é primordial em qualquer situação em relacionamentos então nem se fala, não concordo quando as pessoas aceitam qualquer tipo de humilhação ou outras coisas para agradar alguém que nem esta ai pra ela e nem que tivesse, não sei se leria o livro, mas acho que ajuda a pensar sobre o assunto abordado.

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  7. Eu assistir o filme, achei que não tinha livro, até descobrir tempos depois a existência dele. Achei historia maravilhosa, tem pegada jovem e ao mesmo tempo fala de assunto bastante importante, a forma como as pessoas lidar com sua própria aparência. Adoro a protagonista e ligação que o casal acaba tendo no decorrer da historia

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  8. Assisti o filme e nem sabia que tinha o livro, adorei o filme e quero ler o livro, gosto desses dramas mais adolescentes e o jeito como eles mostram como realmente é a adolescência, que sempre existem pessoas que vão ser consideradas uma Duff, mas acho que cabe a cada um decidir se adota esse título ou não.
    Beijos!

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  9. Oi, Ana!!
    Só assisti o filme dessa história, mas ainda quero muito ler o livro também!! Adorei a resenha!!
    Bjoss

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