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14 de abril de 2017

A Vida Que Ninguém Vê | Eliane Brum


Talvez alguns leitores do Roendo Livros saibam que eu sou estudante de jornalismo, que, aliás, me formo em dezembro deste ano como comunicóloga com habilitação em jornalismo. E talvez vocês desconheçam quem é a Eliane Brum. Tenho quase certeza disso. Mas quem se importa, não é mesmo? Até por que, jornalista não deve ser protagonista. São os donos das histórias que nós – jornalistas – contamos que merecem toda atenção de vocês, leitores, ouvintes ou/e telespectadores. É o nosso dever, como porta-voz da comunicação, dar voz a quem merece ser ouvido. 

É desta forma que a jornalista e cronista Eliane Brum se destaca em seu ofício: ela sabe escutar o próximo, o desconhecido com uma sensibilidade indescritível. Sim, é além de saber escrever. O jornalista precisa ser um bom ouvinte. Essa é a chave do segredo. 

Desde o início da minha graduação, em janeiro de 2014, ouço quem é a Eliane Brum pelos meus professores, mas nunca parei para ler algo dela. Sei o quão ela é considerada uma das escritoras impecáveis dentro no jornalismo literário. Mas só neste 7º período de curso, em uma proposta de minha professora de Jornalismo Literário, que A Vida Que Ninguém Vê veio parar em minhas mãos. 

Caramba! Deve ser dom! – pensei ao concluir a leitura. Dom de escrever tão bem e descrever com total precisão sobre personagens que a gaúcha conhecia em cada passo. Porém, desde quando repórter-pé-no-barro possui dons? É ali, subindo ao morro; sentando no chão; pegando chuva; ou perambulando debaixo de um sol escaldante que a repórter conhece e dar voz as histórias fascinantes que ela escuta. 

Há histórias bonitas, mas também tristes. Tristes mesmo! Do tipo que nos tira o ar por segundos e nos faz refletir sobre quase tudo que nos envolva – até o desconhecido.

Aos seis anos Camila foi enviada aos sinais para ganhar a vida da família. Logo descobriu que a concorrência era enorme. Que as janelas dos carros eram a versão moderna das muralhas medievais. Camila começou a embelezar sua tragédia. Inventou versinhos que venciam fossos e arriavam pontes levadiças, arrancando um sorriso perplexo dos motoristas. Eu não posso ficar sem você, meu trocadinho. Essa tia, esse tio queridinho vai me dar um trocadinho. Camila conquistou a sua diferença nos cruzamentos da cidade. Seus hinos se espalharam pelas sinaleiras e, mesmo depois de sua morte, seguem ecoando pela boca de outras Camilas. (p. 127)

Além de sentimentos, as crônicas são divididas em subtítulos ganhando, para cada reportagem, uma imagem em preta e branca que ilustra a divisão de cada história. O livro de 208 páginas também ganha o prefácio de Marcelo Rech e o posfácio de Ricardo Kotscho, enriquecendo a importância desta obra – que por sinal, teve como objetivo, desde o início, ser apenas uma coluna especial do jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Só depois que veio a ideia de ser um acervo de crônicas de personagens da vida real. 

O livro, caro leitor, não é apenas indicado para quem é ou quem está se formando como jornalista. Mas, sim, para quem gosta de ler e ouvir novas histórias de gente como a gente, de desconhecidos que estão ali para receber total atenção. Recomendo a leitura para quem gosta de ouvir o próximo com sensibilidade e precisão.

Título Original: A Vida Que Ninguém Vê 
Autora: Eliane Brum 
Páginas: 208 
Editora: Arquipélogo Editorial

16 comentários :

  1. Ellen, é verdade que muitos não conhecem Eliane Brum, pois eu também não a conheço.
    Mas pelos sinceros elogios e como ficou encabulada com a obra, ela deve ser uma escritora sensacional! Devo buscar este livro para ler também, porque acho incríveis esses fatos de pessoas desconhecidas e que tem tantas histórias para contar.
    Bjos!

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  2. Imagino como deve ser magnífico ler a obra da escritora , acho que vale a pena ser lido e conhecer as pessoas que não conhecemos, acho que temos que dar uma chance e conhecer novos mundos.
    Abraços!!

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  3. Curto bastante conhecer as histórias de outras pessoas, ainda mais sendo de pessoas tão diferentes, mas tão iguais a gente.
    Fiquei super curiosa, parecem ser histórias bacanas demais.
    Não conhecia essa obra ainda! Achei super interessante a premissa dela.
    Beijos,
    Caroline Garcia

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  4. Eu gosto muito quando somos apresentados com novas histórias. A Vida Que Ninguém Vê me chamou atenção por ter histórias paralelas, contando sobre a vida de diversas pessoas. Deve ser um livro que além de conceder uma boa leitura, aumenta o nosso conhecimento.
    Beijos, Ellen!!

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  5. Oi, Ellen!
    Já vi diversas menções à jornalística principalmente pela sensibilidade e maestria com que ela relata e conta sobre as vivências que você citou, dentre outras notícias e fatos diversos. Não é um tipo de texto que eu leia com frequência, na verdade, crônicas propriamente ditas já tem um tempo que não leio, apesar de que gostaria de fazê-lo. Admito que não era um livro que me chamava a atenção em especial, mas só por sua resenha agora vou pensar melhor em dar uma chance à leitura quando surgir uma oportunidade. Sempre bom parar um pouco para conhecer histórias mais cotidianas de outras pessoas e, de repente, aprender e nos permitir grandes reflexões com elas de vez em quando.
    Beijos!

    ♥ Sâmmy ♥
    ♥ SammySacional.blogspot.com.br ♥
    ♥ DandoUmadeEscritora.blogspot.com.br ♥

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  6. Ellen!
    O bom de ler crônicas do dia a dia de pessoas que para nós são desconhecidas, é justamente a possibilidade de ficarmos sensibilizadas com as experiências que retratam.
    Um livro escrito por uma jornalista tão renomada, deve ser um apanhado de histórias boas que devemos apreciar.
    Boa Páscoa!
    “A sabedoria começa na reflexão.” (Sócrates)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP COMENTARISTA ABRIL especial de aniversário, serão 6 ganhadores, não fique de fora!

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  7. Totalmente meu estilo o livro dela. Adoro sentir o gosto da realidade na literatura.

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  8. Oi Ellen! Também sou estudante de Jornalismo, conheci Eliane Brum período passado, através desse livro, mas não cheguei a ler todo ele, li a história do mendigo que não pedia nada, do homem que comia vidro e a do Sapo. O livro nos mostra como é importante OUVIR, em um mundo onde todos querem ser protagonistas, pretendo ler o livro todo ainda.

    Blog aboutbooksandmore.blogspot.com.br

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  9. Oi Ellen.
    Que lindo, eu não curto muito livros de crônicas não e apesar de não estudar jornalismo como você fiquei bem curiosa para ler, nunca tinha parado para pensar dessa forma, a pessoa por detrás da reportagem e tudo mais, simplesmente adorei.
    Bjs.

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  10. Interessante saber sobre as pessoas por trás das reportagens deve ter cada historia comuns e inusitadas para contar, assim como devemos nos identificar em muitas delas, ainda não li nada assim e nem conhecia a jornalista.

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  11. Oi Ellen, você está certa quando acha que nunca ouvi falar dela. Esse é meu primeiro contato e achei interessante. Não sabia que você fazia jornalismo e parabéns por estar na reta final. Eu ainda estou no terceiro ano da minha haha.
    Beijokas
    Quanto Mais Livros Melhor

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  12. Oi! Gostei da resenha e do enredo, eu conhecia por nome, não tinha lido resenhas ainda...Vai pra listinha!
    Bjs

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  13. Miga tenho uma amiga que está no 5 período de jornalismo e esse livro vai ser uma ótima dica pra ela que sempre procura conhecer grande jornalistas. Eu tenho que admitir que nunca iria descobrir essa mulher se não fosse pela sua resenha maravilhosa e da pra ver como você realmente gostou do livro porque em sua resenha vemos o respeito pela escrita da autora. Não sou de jornalismo mas deu vontade de ler esse livro sim senhor ^^

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  14. Também não conhecia a Eliane Brum. Mas pelo que li e vi que ela têm uma grande sensibilidade e é uma cronista maravilhosa!! Gostei basta da indicação é sempre bom abrir novos horizontes para novas leituras.
    Bjos

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  15. Amei a capa. O livro parece ser muito interessante, não costumo ler nada do gênero mas com certeza vou acrescentar este a minha lista de desejos!

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  16. Oi Ellen,
    Não conheço nada de Jornalismo (da profissão) então, infelizmente, não conheço Eliane Brum, mas acredito que conseguir ouvir uma história e saber como escrever e contá-la ao mundo é mesmo um dom. Para mim o mais difícil é saber se manter profissional ao escrever sobre alguém, como por exemplo, um fato triste. Acho que é nessas horas que a escrita deve ser dosada para que o que for publicado seja justo com o protagonista da história e com o leitor.

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