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28 de setembro de 2019

Cidade das Garotas | Elizabeth Gilbert


Quando iniciei a leitura de Cidade das Garotas, dei belas risadas com algumas das primeiras frases de Vivian. Senti uma vibe de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e pensei que as chances de eu não gostar desse livro eram baixas. E ainda bem que eu estava certa.

Vivian Morris é uma jovem rica de dezenove anos, sua vida foi traçada pelos seus pais influentes na cidade onde mora. O problema é que Vivian acaba expulsa da faculdade e a única solução que os pais veem e enviá-la para Nova York para ficar com Peg.

Peg não é a tia que ninguém espera. Dona do teatro Lily Playhouse, ela dirige peças de teatro um tanto medíocres para uma classe baixa. Lembrando que a história se passa na Nova York dos anos 40. Vivian começa a finalmente viver… Não do jeito tradicional e muito menos recatado. A garota tem o dom da costura que aprendeu arduamente com a avó que tanto amava, então passa a ser a figurinista das peças de Peg. Vivian descobre uma vida cheia de cor, bebida, pessoas diferentes e descobre o Showbiz.

Tanto seu lado bom quanto o ruim.

Quanto antes for pisoteada, mais cedo vai poder recomeçar a reconstruir sua vida. (p.256)

Cidade das Garotas é um livro que tem um ambientação maravilhosa e trágica. Porque na metade do livro nos encontramos na Segunda Guerra Mundial. E é um momento histórico bem presente no livro, mas sem ser o personagem principal. É também no meio do livro que a história que até então tinha um ritmo aturável se torna ágil e melodramática.

Vivian acaba cometendo um erro que para a época destruiria vidas de mulheres, na verdade, até hoje destrói. E quero deixar claro que é só a mulher que sai "manchada". Não posso contar o que é, só digo que nessa parte da história a personagem que mais tinha me conquistado além de Peg me deixa decepcionada. Ouso dizer que apenas dois homens nessa história valem a pena ser lembrados

Mas é também nessa parte da história que Vivian tem um crescimento visível no enredo e ah, que coisa maravilhosa acompanhar ela se descobrindo e se aceitando! O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Vivian, óbvio. Só que ele começa "no presente" quando Vivian recebe notícias de Angela, dizendo que sua mãe faleceu e que gostaria de saber qual era a natureza da relação de Vivian e seu pai. Não descobrimos quem é o pai de Angela até às últimas páginas do livro, mas sério, vale muito a pena fazer essa jornada. A narrativa das aventuras do passado de Vivian são para dar contexto e explicar para Angela quem era o pai dela para si. E é uma baita história.

Quando jovens, podemos nos tornar vítimas do mito de que o tempo cura todas as feridas e que uma hora tudo acaba se resolvendo. Mas, à medida que envelhecemos, aprendemos a triste verdade: certas coisas jamais podem ser consertadas. Certos erros jamais podem ser remediados, nem pela passagem do tempo nem pelos nossos desejos mais fervorosos. Na minha experiência, essa é a lição mais dura de todas. Após certa idade, estamos todos passeando por este mundo em corpos feitos de segredos, vergonha, tristeza e feridas antigas não curadas. Nossos corações ficam inflamados e disformes em torno de toda essa dor -- porém, sabe-se lá como, seguimos em frente. (p. 308)

Como falei lá no início, quando comecei a ler senti que encontrava uma história muito gostosa de se ler. Uma protagonista que me lembrava Evelyn Hugo, com muito para contar. E da mesma forma que me surpreendi com aquele livro me surpreendi com esse. Pode parecer que vai ser mais uma história sobre teatros decadentes ou atores e atrizes, mas é um livro sobre uma mulher que se compreende e que não tem vergonha de si. Um livro que começou me fazendo rir, mas nos últimos capítulos me emocionou e me fez refletir.

Minha dica é, se você for ler Cidade das Garotas saiba que seu início é mais lento e parece que o plot principal vai ser deixado de lado para contar as desventuras sem sentido de uma garota em Nova York, mas acredite é muito mais que isso. Continue lendo e conheça Vivian, ame Vivian. Ame Cidade das Garotas!

Quando gosto de uma pessoa, só me resta gostar para sempre. (p. 297)

 Título Original: City of Girls
Autora: Elizabeth Gilbert
Páginas: 424
Tradução: Débora Landsberg
Editora: Alfaguara
Livro recebido em parceria com a editora

14 comentários :

  1. Oi, Ana
    Vi o lançamento do livro, mas sua resenha é a primeira que leio.
    É um livro que exige uma certa persistência do leitor e parece que vale muito a pena.
    Uma história que cativa, emociona e nos transporta para tempos que antecedem o nosso e ainda assim nos trás reflexões importantes.
    Queromuito poder ler em breve, beijos.

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  2. Gosto livros que tenham um fundo histórico. Fiquei curiosa para saber quem é o pai da Angela, pois, pelo que entendi, seu nascimento tem relação com o erro que a Vivian cometeu no passado, algo inaceitável nos anos 1940, e que mudou o rumo de sua vida. Entretanto, apesar de tudo, a Vivian se compreende e não tem vergonha de si. Sem dúvidas, Vivian é uma mulher bastante empoderada!

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  3. Que bom conhecer sua opinião sobre esse livro.
    Já tinha visto esse livro por aí, mas não parei para saber detalhes; essa resenha me chamou atençã, e pela premissa posso acreditar que é o meu tipo de leitura.
    Bom saber desse início lento e que vale a pena insistir.

    Beijos

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  4. Oiii ❤ Já ouvi falar desse livro, mas nunca procurei saber exatamente sobre o que ele falava, mas agora que sei sobre o que é, gostaria de fazer essa leitura.
    Gostei que nesse livro temos uma protagonista que se descobre, que descobre o que realmente quer para a sua vida.
    Achei interessante que a trama se passe durante a Segunda Guerra Mundial, mas que não tenha um foco nisso.
    É bem triste que tanto antigamente como hoje, as mulheres sejam sempre as que saem manchadas das situações, sempre as culpadas.
    Gostei que é um livro que faz o leitor refletir e que a personagem se aceite como é.
    Beijos ❤

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  5. Só tinha visto a capa e título deste livro,mas nunca havia lido nenhuma resenha dele e que surpresa gostosa poder fazer isso aqui no blog.
    Mesmo não sendo um gênero que eu tenha o costume de ler e ter ficado meio apreensiva por essa lentidão no início do livro, já me ganhou por trazer um enredo assim, onde mais uma vez, a mulher precisou se superar e pelo que entendi, a personagem precisou demais fazer isso durante a história!
    Com certeza, vai para a lista de desejados!!!
    Beijo

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  6. Mergulhar na década de 40 deve ser incrível. Ainda mais que Vivian vai conviver com artistas, em um teatro. Vai mostrar como a mulher naquela época vivia, qual o seu papel, falar da sua luta.
    Sem falar que no livro ainda tem a Segunda Guerra. Evento mundial que transformou o mundo e com certeza Vivian e as personagens do livro.
    Ah.... tenho uma suspeita de quem seja o pai da Ângela.....

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  7. Ana!
    Interessante ver que a ambientação é em uma época em que a mulher era ainda menos valorizada, por causa da guerra e saber que a protagonista acaba se aceitando e amadurecendo no decorrer de seus dramas, deve mesmo ler uma leitura maravilhosa.
    cheirinhos
    Rudy

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  8. Olá!
    Uau, pensava que o livro trazia uma historia de garotas entre festas e pegação mas e totalmente ao contrario, fiquei bem curiosa por essa historia e pela jornada da garota. Espero ler muito o livro e saber mais da historia dela.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  9. Falou que tem segunda guerra já fiquei com vontade de ler. Não vi muito desse livro e é bom saber mais porque parece um desses que iria adorar conhecer. A Vivian parece ter uma história e tanto. Passa por muita coisa e já dá pra imaginar o que aconteceu pra deixar ela "manchada". Ser mulher é sempre um passeio no parque né...
    Mas gostei de como ela parece ir crescendo diante dos nossos olhos. Que no começo a gente ache que vai ser um livro sem muito, até meio parado, mas depois a coisa ganhe proporções e emoções mais complicadas. Gosto quando uma trama surpreende assim. A dica é boa.

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  10. Oi, Ana
    A história da Vivian parece ser cheia de altos e baixos, com muitas fases e ela pelo jeito é uma mulher muito forte e decidida.
    Fiquei com muita vontade de lê-lo por essa sua resenha tão empolgante!
    Mas confesso que eu estava com um pé atrás com ele, pois comecei outros dois da autora e achei tão chatos que abandonei kkkk
    Bjs

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  11. Olá! ♡ Que trama, hein! Preciso fazer essa leitura! Ainda não conheço a escrita da autora, mas já ouvi falar muito bem da mesma e quero muito conferir!
    Gostei que o livro trabalha a ideia de sexualidade e que o mesmo mostra a protagonista se descobrindo e se aceitando, quero muito acompanhar Vivian nessa jornada de descobertas e amadurecimento. A mensagem que o livro passa de fato, é muito importante!
    Esse parece de fato o tipo de livro em que rimos, choramos, nos alegramos com os personagens e aprendemos com eles, mas também sofremos com os mesmos.
    Achei bem interessante que o livro se passa na Nova York dos anos 40 e aborda a Segunda Guerra Mundial. De fato, a ambientação do livro parece ótima.
    Muitooo obrigada pela indicação! Beijos! ♡

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  12. Assim, eu sou muito atraida pelo tema Segunda Guerra, nem sei se ja escruvi isso aqui antes rs. E embora o início seja lento, algo que, as vezes, desanima o leitor. Prentendo ler so para conhecer Vivian.

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  13. Oi, Ana!!
    Não conhecia Cidade das Garotas mas pelo seu entusiasmo já fiquei bem empolgada para fazer essa leitura também!! Amei a indicação!!
    Bjs

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  14. Geralmente eu sou bem mais atraído por livros que se passam mais próximo do nosso tempo. Não sei o motivo, mas é a real. Entretanto, Cidade das Garotas me fisgou e acho que a culpa é majoritariamente sua. A história da Vivian parece ser incrível mas o fato de ser em primeira pessoa ainda me deixa um pouco com o pé atrás por ter apenas o seu ponto de vista. Espero conseguir ler e me apaixonar pela Vivian num futuro próximo.
    Beijos, ♡.

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