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24 de setembro de 2019

Os Buddenbrook | Thomas Mann


Thomas Mann escreveu Os Buddenbrook aos 25 anos. É sempre surpreendente pensar que uma obra como essa pode ter sido escrita por alguém tão jovem. Principalmente quando na obra não faltam profundidade e complexidade. Os Buddenbrook é também o primeiro romance do autor e ele foi por um caminho que costuma render boas histórias: as relações familiares. Outros grandes romances como Anna Kariênina e Os Irmãos Karamazov também colocam a família como elemento importante. Então, o que Os Buddenbrook oferece de novo ao leitor?

No subtítulo de Os Buddenbrook lê-se: Decadência de uma família. Nas primeiras páginas da obra encontramos uma grande e rica família comemorando a inauguração de uma residência recém adquirida e cheia de luxos. Ligue as duas coisas e você tem a combinação perfeita para despertar a curiosidade do leitor. Imediatamente surgem os questionamentos de 'o que vai acontecer?' ou 'de que forma essa rica família irá decair?'. No entanto, até obtermos essas respostas, teremos muitas outras surpresas. E essa é a primeira coisa que você precisa saber sobre essa obra.

Afinal, Os Buddenbrook não é um livro que tem um plot central que norteia toda a história. Não existe um ponto específico em que a história precisa chegar. A genialidade da obra está no fato que se trata da vida de uma família, dos acontecimentos, das pequenas coisas, e também das grandes. Geração após geração, Mann nos permite ser espectador do dia a dia dessa família.

A grande família Buddenbrook vai, ao longo do livro, mudando, ganhando novos membros e perdendo outros, gerações vão desaparecendo, enquanto outras vão surgindo, os mais velhos partem enquanto as crianças vão se tornando adultas e assumindo o comando da empresa familiar. Acompanhar cada uma dessas vidas é realmente um dos pontos fortes do livro. Mann é um ótimo criador de personagens, dando a cada pessoa uma personalidade muito bem delineada e que torna fácil visualizar e se apegar a cada um. Logo, cada partida é sentida pelo leitor, e cada chegada é comemorada.

Mann também é um autor bastante descritivo. Roupas, móveis e comidas são descritos em detalhes e permitem que o leitor obtenha imagens vívidas dos cenários. Aos poucos, o autor vai compondo uma atmosfera que é muito particular e fazer essa leitura acaba sendo um exercício de entrar nesse universo toda vez que abrimos o livro. A narrativa consegue fazer com que o leitor mergulhe na história de forma profunda.

A decadência da família não é apenas financeira, mas permeia as relações interpessoais e se reflete na harmonia da casa. Acompanhamos quatro gerações dessa família, mas, a terceira é a que mais ganha espaço. Os irmãos Thomas, Christian e Antoine ainda são crianças quando aparecem pela primeira vez na história, mas vão assumindo novas responsabilidades conforme crescem.

A função de Antoine, ou Tony, enquanto mulher, é a de conquistar um bom casamento. Thomas acaba assumindo a responsabilidade pela empresa e Christian é a "ovelha negra" da família, sempre disposto a ir contra o que se espera dele. Os personagens estão sempre sendo direcionados a agir de forma a garantir o bem comum, a reputação da família, a manutenção do dinheiro e o sucesso da empresa, e isso vai permeando a vida de todos de forma muito tocante.

É difícil definir sobre o que é essa obra, pois ela engloba muitos assuntos. É uma família em que cada um precisa exercer um papel muito específico que visa garantir o sucesso coletivo e, para isso, todos eles vão precisar abrir mão de alguma coisa em algum momento, em maior ou menor grau, com mais ou menos resistência. Isso torna impossível não se solidarizar com a rebeldia de Christian, o sofrimento de Tony e a solidão de Thomas.

A personagem que eu mais gostei foi a Tony. Ao longo do romance, ela vive algumas situações que são extremamente tristes, chocantes e revoltantes. Thomas também é um personagem muito legal de acompanhar. Suas questões são muito mais internas e o vazio crescente no personagem vai se tornando tão palpável ao leitor que é até doloroso. Fica muito claro para o leitor que cada personagem, cada um a seu modo, precisa lidar com o peso do sobrenome que carrega.

A leitura de Os Buddenbrook é uma jornada longa, às vezes cansativa, mas, certamente, muito gratificante. Recomendo pra quem deseja uma grande e épica leitura.

Título Original: Buddenbrooks
Autor: Thomas Mann
Tradução: Herbert Caro
Páginas: 712
Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora 

14 comentários :

  1. Mesmo sendo uma ficção tem muito realismo presente na obra não é?
    Interessante acompanhar essas gerações. Cada uma com sua particularidade, com seus medos e conquistas. E também interessante notar que uma geração conquistou tanto poder e dinheiro e as outras ou uma delas tem que conviver com a decadência e ruína, não só financeira mas também moral.

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  2. Uau, o livro foi escrito quando Thomas Mann tinha apenas 25 anos!
    O autor nos mostra a complexidade de acompanhar o papel que cada um assume nesta família, ao passo que gerações vão desaparecendo, enquanto outras vão surgindo. Gostei que ele descreve com detalhes o estilo de vida dos personagens, transportando o leitor para o cotidiano familiar de Os Buddenbrook, ao longo de quatro gerações.
    Fiquei curiosa para saber qual era o ramo da empresa familiar.
    Será que o personagem homônimo foi inspirado no autor?

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  3. Acredito que só por trazer todo o cotidiano de uma família sim, desperte a atenção do leitor.
    Ainda não tinha lido ou visto nada sobre esta obra, mas puxa, que livrão hein?? Todas as famílias tem suas próprias histórias e talvez este seja realmente o grande diferencial desta obra, apresentar a família como ela é, sem firulas ou coisas fora do normal.Apenas a família.
    Penso eu que há muito do autor ou de suas relações dentro desta obra e com certeza, quero ter a oportunidade de poder ler!!!
    Beijo

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  4. Legal saber mais desse livro e ele me lembrou um pouco do estilo de Cem anos de solidão com isso de acompanhar gerações de uma família. Claro que já dá pra perceber que tem muitas diferenças, mas me lembou um pouco e por isso acho que iria gostar. É legal ir acompanhando cada geração, gente que se vai e gente que chega toda essa ideia do que cada membro representa, o que cada um acaba fazendo ao longo da vida por todos os outros. Não dá pra saber ao certo a grande graça do livro só assim, mas deixa aquela curiosidade pra ler e descobrir. Já dá pra perceber que tem sacrifícios, tem aqueles que vão contra a corrente, aqueles que fazem por "destino" e só imagino o que toda essa gente da família foi passando. Me interessa saber o que sentem ao longo dessa jornada tão grande. Devem ser muitos personagens e muita coisa pra se ver. A graça é acompanhar a vida mesmo e tudo que ela engloba. Leria, gostei dele. É bem louco imaginar o autor tão jovem escrevendo algo assim mesmo. Parece uma obra e tanto.

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  5. Olá! Eu ainda não conhecia nem o autor, nem o livro, mas me encantei pela premissa.
    Gostei muito que a obra gira em torna das relações familiares, pois de fato, essa temática costuma render ótimas histórias mesmo.
    Estou curiosa para saber o que levou a decadência dessa família, já que a mesma não é somente financeira.
    Deve ser bem interessante acompanhar cada uma das quatro gerações dessa família, acompanhar o dia a dia de cada um dos personagens. Ser telespectador da vida dos personagens nos faz de fato, nos apegarmos a eles, nos alegramos com suas conquistas e sofremos com sua partida.
    Adorei que o autor é bem descritivo, isso com certeza ajuda a gente a se familiarizar melhor com o ambiente, desconhecido por nós.
    Muito obrigada pela indicação, estou mesmo precisando de uma leitura épica! ♡
    Beijos!

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  6. Priscilla!
    Adoro esses épicos familiares que vão passando de geração em geração e podemos acompanhar várias épocas da família e toda a saga, aqui no caso, por quatro gerações..
    Gosto quando os cenários, vestuários e relacionamentos sociais são bem descritivos, podemos conhecer detalhadamente à época que o livro é passado.
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Até hoje não li nada do autor, ainda não sei dizer se tenho interesse em ler - pelo menos por agora.
    Eu gosto de leituras que trazem essas relações familiares, e é bom saber dessa profundidade e complexidade; mas o fato de ser descritivo e cansativo me deixam desanimada.
    Mas foi bom saber sobre.

    Beijos

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  8. Oi, Priscilla
    Ainda não conhecia o autor é nem sabia sobre esse calhamaço.
    O autor mesmo na época que escreveu tendo apenas 25 anos ele me parece ser um bom observador porque deve ter algo no enredo que aconteceu com alguém que ele conhece ou até com a própria família dele.
    Parece ser uma leitura interessante com os altos bem baixos de uma família que carrega um sobrenome de peso.
    Estou muito curiosa para ler, beijos.

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  9. Oiii ❤ Achei legal que o foco do livro é a relação dos membros da família Buddenbrook ao passar das gerações. Nunca li um livro assim, então estou curiosa para saber como a trama se desenvolve.
    Legal que o autor nos apresenta à burguesia alemã.
    Realmente, o subtítulo do livro nos deixa pensando em que momentos o império da família começa a ruir.
    Parece legal acompanhar cada acontecimento em torno da família, como é a relação entre eles, como podem com os problemas e tudo mais.
    Gostei que o autor construiu bem os personagens, pois acho isso muito importante para uma história ser boa.
    Beijos ❤

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  10. Impressionante que o autor tenha escrito a toda uma história, que engobla a decadência de uma famila rica, as relações que ela possui, de uma geração para outra com apenas 25 anos. Embora no fundo a história não tenha sido tão atrativa para mim, pois não me sento verdadeiramente empolgada para este livro.

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  11. Olá!
    Não conhecia o autor, até agora. O livro tem uma ótima premissa, tanto que deixou eu curiosa por esse livro e por essa família que cada década vai tendo geração a geração. Estou bastante curiosa por ela!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  12. Oi, Priscilla
    Eu não conhecia esse livro ainda, mas pela sua resenha deu pra ver que é mesmo uma grande jornada na vida dos personagens e que como leitor participamos, criamos esses meninos kkkk adoro livros que vemos os personagens crescerem e fazerem suas escolhas de vida. É bem interessante e me faz refletir junto.
    Anotado aqui!
    Bjs

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  13. Oi, Priscila!!
    Parece ser um livro grandioso!! Não conhecia esse escritor Thomas Mann mas gostei bastante da indicação mesmo não sendo o tipo de gênero literario que normalmente gosto de ler.
    Bjs

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  14. 721 páginas, socorro? Não conhecia o autor ou muito menos o livro, mas, o fato de contar a rotina da família - desde sua glória a sua decadência - chama bastante a atenção para o livro. Sei lá, acho que possa ser interessante acompanhar os conflitos que possam aparecer no decorrer das gerações, rs. A construção dos personagens e a narrativa são questões que trazem pontos positivos em qualquer livro e pela resenha, ele acertou em cheio em ambas.
    Beijos, ♡.

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