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28 de fevereiro de 2020

Anne de Green Gables | L. M. Montgomery


Anne de Green Gables, livro que inspirou a série Anne With an E, é um clássico, um senhorzinho que tem mais de 100 anos. Sem firulas ou palavras rebuscadas, a obra conta a história de Anne, uma garotinha de 11 anos que é adotada acidentalmente por um casal de irmãos meio solitários, Marilla e Matthew: eles esperavam um menino para ajudar na fazenda — Green Gables, daí o nome — e um engano do destino acabou fazendo com que se apaixonassem Anne. Provavelmente vocês conhecem essa sinopse de mil e um lugares, mas não custa nada reafirmar, né?

Anne Shirley é uma protagonista um tanto peculiar. É extremamente imaginativa e tagarela, características que fazem as pessoas se encantarem por ela. A essência da menina me lembra muito a da personagem Pollyanna de Eleanor H. Porter, com toda essa coisa de enxergar coisas boas até nos momentos mais complicados. Mesmo assim, existe um abismo entre elas, já que Anne tem algo que Pollyanna não tem: sentimentalismo. Isso torna a protagonista de Montgomery mais real, pois ela mostra o tempo todo que tá tudo bem chorar, que é normal se sentir triste ou se chatear com as pessoas, que não precisamos ser felizes o tempo inteiro.

Muitos dizem que é impossível não se apaixonar por Anne, mas eu discordo. Tentei a todo custo enxergar essa magia que tantas pessoas veem nela, mas não consegui. Na realidade só conseguia pensar em como uma criatura tem a capacidade de conversar tanto a ponto de as falas dela ocuparem páginas inteiras. Invés de engraçadinha e adorável, acabei achando Anne muito chata justamente por não parar de falar um segundo — e não deixar mais ninguém falar, diga-se de passagem. Brinco que muitas vezes eu tinha que dar uma parada para respirar bem no meio de uma frase.

Eu não assisti a série e provavelmente não irei, mas pelos comentários de quem viu consegui perceber algumas diferenças entre o livro e a adaptação. Questões como feminismo, racismo e a instituição do casamento parecem ser melhor abordadas em Anne With an E, enquanto, na maioria das vezes, temos apenas pistas muito sutis na narrativa de Montgomery. Porém, quando penso que a primeira edição de Anne de Green Gables é de 1908, fico bem feliz com o que a autora conseguiu fazer. Inclusive tem um trecho sensacional que provavelmente deu o que falar na época:

Jane fala que vai devotar sua vida toda ao ensino, e que nunca, nunca vai se casar, porque quando você leciona, você é paga para isso, mas um marido jamais vai pagar nada para você fazer os trabalhos domésticos, e ainda vai achar ruim se você lhe pedir parte do lucro que conseguirem com a venda de ovos e manteiga. — p. 252

Apesar de ter me irritado com o falatório de Anne, gostei muito de outras características maravilhosas que ela possui: é doce, comprometida, inteligente, companheira e, principalmente, leal. Prova disso é uma das cenas finais dessa primeira fase da vida dela, dos 11 aos 16 anos, em que toma uma decisão que provavelmente qualquer outro personagem não tomaria. Só depois de perceber esse espírito puro de Anne pude compreender o porquê de as coisas virem à ela com tanta facilidade — fato que, sinceramente, me irritou durante boa parte da leitura, já que eu não conseguia entender como só aconteciam coisas boas com ela e, quando entrava numa confusão, tudo se resolvia num piscar de olhos —: a gente colhe o que planta, não é mesmo?

Não é que eu tenha achado Anne de Green Gables ruim, acho que só esperava um pouco mais justamente pelo fato de falarem tão bem da obra como um todo. A realidade é que a tagarelice de Anne não me conquistou nem um pouco e só fui começar a gostar um pouco mais dela no final da história, quando ela já não era mais uma criança — consequentemente uma pessoa mais "pé no chão" e bem menos conversadeira. De forma geral, é um livro com muitas lições sobre amor, amizade e gratidão, o que faz com que, no fim das contas, valha a pena a leitura.

Título Original: Anne of Green Gables ✦ Autora: L. M. Montgomery Páginas: 320 
Tradução: Márcia Soares Guimarães Editora: Autêntica
Livro recebido em parceria com a editora 

21 de fevereiro de 2020

Stepsister | Jennifer Donnelly


Todo mundo está cansado de saber da história da Cinderella, a princesa cuja carruagem virou abóbora exatamente às 00h no dia do tão esperado baile do príncipe. Inclusive existem várias releituras desse conto de fadas, né? Tem um com a Hillary Duff que eu amo e tudo mais. Mas enfim, nunca na vida imaginei encontrar uma releitura onde a protagonista fosse ninguém menos que uma das meias-irmãs da Cinderella, e só tive essa oportunidade graças à leitura coletiva promovida pela Universo dos Livros, que cedeu gentilmente um exemplar para o blog.

Até então, tudo o que sabemos sobre as meias-irmãs da Cinderella é que elas são muito malvadas e fizeram da vida da pobre Ella um inferno. Mas a gente realmente as conhece? Sabe de verdade o que elas pensavam e sentiam? Acho que, do fundo do coração, esses questionamentos sequer passaram pela nossa cabeça, né? Stepsister começa onde a história da Cinderella termina, com um sapatinho de cristal e uma princesa feliz para sempre, mas a proposta de Jennifer Donnelly ao dar voz a Isabelle é nos fazer conhecer o outro lado da história.

Durante toda a narrativa conseguimos captar a confusão na cabeça de Isabelle: ao mesmo tempo em que se sente mal por ter atormentado Ella praticamente a  vida inteira, sente inveja porque não é bonita e infinitamente bondosa e cheia de amor como ela, e todos nós sabemos que a inveja é um sentimento que corrói. Infelizmente o mundo fez Isabelle acreditar que a única coisa importante para uma garota é a beleza física, que nenhuma outra qualidade, por mais incrível que seja, tem algum valor perto de um cabelo bonito, um nariz simétrico, dentes certinhos...

Confesso que apesar de entender o que Isabelle sentia, não consegui gostar dela logo de cara. Pior, muitas vezes achava os pensamentos dela egoístas e mesquinhos, não queria aceitar que tanta maldade foi movida por inveja. Mas quanto mais as páginas passavam, mais eu entendia como a sociedade conseguiu corromper as meninas, principalmente Isabelle. Pensando bem, até hoje conseguem nos colocar umas contra as outras, não é mesmo? Não demorou muito para eu achar essa garota a melhor protagonista do Universo, cheia de personalidade e com uma determinação capaz de mudar o curso de uma vida inteira.

E por falar nisso, é impossível deixar citar Fate & Chance, responsáveis pelo destino e, obviamente, pela bagunça na vida da protagonista, já que tudo começou por causa de um jogo entre eles. Não vou falar muito para não estragar a experiência de leitura de algum provável interessado, mas os dois são personagens secundários muito bem construídos e de extrema importância para a trama. Além deles, é claro, temos Tavi, a outra meia-irmã, que também é excepcional. Ela é tão inteligente, mas tão inteligente, que se ela fosse real eu tenho certeza que teria inventado no mínimo metade das coisas que existem hoje em dia.

Além de personagens incríveis, Jennifer Donnelly criou uma atmosfera incrível. Stepsister é cheio de ação e reviravoltas, além de carregar um tom sombrio que não conhecemos em Cinderella. Achou pouco? A autora questiona o tempo inteiro o papel da mulher na sociedade ainda que a história seja ambientada em um século diferente, e mostra que nós somos muito mais que princesas em apuros. Aliás, uma coisa que todo mundo concordou assim que terminou o livro é que daria um filme maravilhoso.

No fim, Isabelle não é uma pessoa má, não de verdade. Todos nos sabemos como um ser humano frustrado e triste pode tomar decisões ruins, principalmente porque nunca foi ouvida, nunca conseguiu mostrar quem é de verdade. Eu amei muito esse livro porque é uma afronta clara ao machismo. A gente não tem que se submeter a coisas que não queremos só porque é mais confortável para a sociedade ou porque acham que não somos capazes.

Eu não esperava gostar tanto de Stepsister, mas é uma história tão bacana e cheia de mulheres fortes que inevitavelmente entrou para o meu hall de favoritas. Fico extremamente feliz por saber que existem livros tão empoderadores e de fácil acesso. Com certeza é a melhor releitura de contos de fada que li na vida, o final me deu tanto orgulho que nem sei explicar. Espero do fundo do coração que vocês leiam e gostem tanto quanto eu! ❤ 

Título Original: Stepsister ✦ Autora: Jennifer Donnelly Páginas: 464  
Tradução: Michelle Gimenes Editora: Universo dos Livros
Livro recebido em parceria com a editora 

18 de fevereiro de 2020

Dom Quixote | Miguel de Cervantes


Dom Quixote é aquele tipo de livro que todo mundo conhece mesmo sem ter lido. Ao longo da sua vida, você já deve ter ouvido falar muito nesse personagem, porque ele é sempre citado em livros, filmes e séries. Mas por que Dom Quixote é tão famoso? Essa obra é considerada o primeiro romance moderno e seus personagens já são parte da cultura pop. Por isso, poucas pessoas nunca ouviram falar de Dom Quixote e de seu escudeiro Sancho Pança.

E sobre o que se trata o livro? Dom Quixote é um senhorzinho apaixonado por romances de cavalaria. Ele lê tanto essas histórias que acaba ficando louco, decide se tornar um cavaleiro e viver as aventuras que ele lê nos seus romances favoritos. Quantos de nós já não sonhamos em entrar nos nossos livros favoritos? Pois é isso que Dom Quixote faz, ou mais ou menos isso: ele coloca uma armadura, monta em um cavalo, convence Sancho Pança a acompanhá-lo e sai em busca de aventuras. Acontece que a vida real não é um romance de cavalaria. Portanto, cabe a Dom Quixote imaginar suas próprias aventuras, distorcendo a realidade e adaptando-a.

A personalidade de Dom Quixote é uma das coisas mais legais do livro, a forma como ele vê gigantes em moinhos de vento e todo o tipo de coisa maluca que ele imagina, ao mesmo tempo que nunca perde sua bondade, é encantador. Sancho também não deixa a desejar, tentando mostrar ao seu companheiro a real forma das coisas e fracassando, afinal, como diria Dom Quixote, ele não entende nada de aventuras.

O livro é super divertido e engraçado, personagens vão aparecendo, aventuras acontecendo e o leitor vai ficando super apegado a Dom Quixote e Sancho Pança. Se você gosta de histórias leves e divertidas, certamente vai gostar de ler essa obra. E apesar do status de clássico, a leitura é super tranquila e a narrativa é aquela coisa assustadora. Livro perfeito para perder o medo de ler clássicos.

Mesmo sendo um livro grande, a leitura não cansa porque o romance é episódico, é como assistir uma série em que cada episódio conta uma aventura diferente. Eu costumo gostar mais de histórias com um grande plot central que se desenrola ao longo de todo o livro, mas, mesmo que romances episódicos não sejam a minha preferência, foi bem legal acompanhar as aventuras desses dois personagens.

E Dom Quixote vai muito além. Pra quem curte estudar literatura e recursos narrativos, esse livro é um prato cheio, com muita metalinguagem e recursos narrativos inéditos até então, não é atoa que a obra fez história e marcou o fim da idade média na literatura.

Vocês já estão cansados de saber que eu amo as edições da Penguin, mas, vou precisar falar sobre isso mais uma vez. A edição de Dom Quixote da Penguin é dividida em dois volumes e vem num box lindo e as artes das capas, feitas por Samuel Casal, são super diferentes e lindas. Eu gostei muito da tradução do Ernani Ssó e o manuseio dos livros é padrão Penguin, fáceis de carregar, de segurar e muito confortável de ler. Cada edição tem mais de 650 páginas, mas a gente nem sente.

Dom Quixote foi escrito para ser uma comédia, mas, anos depois, novas formas de encarar o livro foram sendo incorporadas e, hoje em dia, o romance pode ser lido de muitas formas. Eu, particularmente, consegui ver comédia e tragédia juntas, afinal, o livro permite essa complexidade. Seria Dom Quixote um louco criativo? Ou um sonhador visionário? Sua loucura é realmente engraçada? Ou é triste perceber que ele precisou recorrer ao imaginário para viver uma vida mais satisfatória? Enfim, é uma história que permite muitas interpretações, fica a critério de cada leitor.

Não foi uma leitura 5 estrelas pra mim, mas, como sou amante dos clássicos, esse é um livro que eu não podia ficar sem ler. Agora eu vou poder dizer que já li Dom Quixote e vou entender melhor quando encontrar alguma referência por aí. Recomendo pela importância histórica e literária. Quem lê Dom Quixote, jamais esquece esses personagens.

Título Original: Don Quijote de la Mancha ✦ Autor: Miguel de Cervantes
Páginas: 1328 ✦ Tradução: Ernani Ssó ✦ Editora: Penguin Companhia
Livro recebido em parceria com a editora
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14 de fevereiro de 2020

Ascensão | Stephen King


Acredito que vocês têm percebido, conforme eu faço resenhas dos novos livros do King, que algumas coisas como o tom das obras dele estão mudando com o passar do tempo. Ele passou de livros tenebrosos que com certeza vão te dar pesadelos, para livros mais amenos, que tangem outros temas e são, em suma, mais focados no psicológico e em dramas mais "comuns" (é claro, mantendo sempre um pouquinho do sobrenatural, marca registrada do autor). O que acontece em Ascensão é mais ou menos isso: uma história comovente, delicada e triste, e também um tanto curta, quase que um conto.

Scott Carey é um dos moradores de Castle Rock — uma cidadezinha super "conservadora" criada por King — que perdeu muito peso, mas misteriosamente sua aparência continua a mesma: por mais que emagreça na balança, sua aparência física continua exatamente a de um homem de 120kg que deseja desesperadamente emagracer. Apesar de não querer a exposição de ser examinado, a curiosidade do que está acontecendo com seu corpo o faz compartilhar sua história com seu amigo, o dr. Bob Ellis.

Não importa quanta roupa — ou falta dela — Scott tente usar, ou mesmo se ele carrega algo ao subir na balança, ele fica cada dia mais leve. O que faz com que ele tenha a certeza de que logo seu peso chegará a zero... E então, o que irá segurá-lo ao chão? Acontece que antes do Dia Zero chegar, Scott tem muitas coisas para resolver, que não podem esperar o amanhã. O lugar dos "cidadãos de bem", dos conservadores e preconceituosos está prestes a sofrer uma reviravolta.

E assim King cria mais uma obra maravilhosa em que desenvolve os dramas enfrentados pelos seres humanos, suas fraquezas, crenças e ambições. É claro que, sendo o King, existem sim os elementos sobrenaturais, mas não são os protagonistas da história dessa vez. O mais importante em Ascensão é que as questões levantas durante o texto são combatidas com empatia e sensibilidade, com certeza bem diferente de muitas de suas obras.

Pode ser que se essa for sua primeira obra do King, futuramente você estranhe os outros livros do autor. A verdade é que estamos tão acostumados com a parte sombria de King que fica, realmente, um pouco difícil aceitar essas novas obras que nos são oferecidas. Ascensão tem poucos personagens, é um texto mais poético e reflexivo que mostra, talvez, um lado mais sensível desse autor que tanto admiro. E a pergunta que não quer calar: vale a leitura? E quando é que não vale?

Título Original: Elevation ✦ Autor: Stephen King ✦ Páginas: 124
Tradução: Regiane Winarski ✦ Editora: Suma
Livro recebido em parceria com a editora
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11 de fevereiro de 2020

Sorteio do Desapego #3: Literatura Juvenil


Esses dias percebei que tenho muitos livros que não pretendo manter na minha coleção. Alguns eu dou para amigos e familiares, mas fiquei me questionando se vocês não teriam interesse neles também. Perguntei no Instagram e no Twitter se vocês queriam um sorteio e a grande maioria respondeu que sim!

Escolhi alguns livros com muito carinho e a pessoinha que ganhar esse sorteio levará pacote com os três exemplares para casa! Mas fiquem atentos, a promoção vai do dia 11/02/2020 ao dia 11/03/2020. Se vocês já tiverem algum deles, não se preocupem pois esse ano vão rolar vários desapegos aqui no Roendo, tá bom?

Ah, para me ajudar nessa empreitada, chamei minha amiga Procurei em Sonhos, então não deixem de passar por lá para deixar amor, viu?


💫 Prêmios💫
Todas as Pequenas Luzes, Jamie McGuire
E Se Fosse a Gente?, Becky Albertalli & Adam Silvera

Regras
- A promoção terá duração de um mês, do dia 11/02/2020 ao dia 11/03/2020;
- As opções obrigatórias valem 1 ponto cada, enquanto as opcionais valem 5 pontos cada;
- Na opção "Visitar a Página" não basta apenas passar por ela, é preciso curtir;
- Após o término da promoção, o Roendo Livros tem até sete dias úteis para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito;
- Após feito o contato, o prêmio será enviado dentro de até 60 dias úteis;
- É obrigatório residir em território nacional ou ter endereço de entrega no Brasil;
- Para os livros serem enviados, é necessário que o ganhador passe o número do CPF para a Ana, já que agora os Correios solicitam uma declaração de conteúdo (saiba mais aqui). Só participe do sorteio se estiver de acordo. Os livros serão enviados pelo Roendo Livros.
- O Roendo Livros e o Procurei em Sonhos não se responsabilizam por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados nos livros. Assim como não se responsabilizam por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e/ou ausência de recebedor. Os livros não serão enviados novamente;
- O resultado do sorteio somente será divulgado no post da promoção, portanto, fiquem atentos;
- O Roendo Livros e o Procurei em Sonhos se reservam o direito de dirimir questões não previstas neste regulamento;
- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.

a Rafflecopter giveaway

9 de fevereiro de 2020

Os Delírios de Natal de Becky Bloom | Sophie Kinsella


Eu tenho uma relação de amor e ódio com a Sophie Kinsella. O primeiro livro da autora que eu li foi Minha Vida (Não Tão) Perfeita, mas só gostei da segunda parte do livro, e o outro foi Mas Tem Que Ser Mesmo Para Sempre? e não gostei muito. Os Delírios de Natal de Becky Bloom é o nono livro da série Shopaholic, da conhecida protagonista Becky Bloom, mas é o primeiro que eu leio. Devo admitir que não esperava muito dessa história devido ao meu histórico com Kinsella, mas ela me surpreendeu bastante e eu simplesmente amei a leitura.

Resolvi dar uma chance a esse livro por saber que seria uma leitura leve e porque eu já assisti o filme inspirado em um dos livros, Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, e quando eu assisti gostei bastante e fiquei curiosa para saber um pouco mais sobre Becky. Mas o que eu senti lendo o livro, as passagens com as quais me identifiquei, superaram qualquer expectativa que eu pudesse ter criado.

Mas eu aprendi algumas lições importantes, que realmente mudaram meu modo de agir. Como, por exemplo:
1. Não uso mais sacolas de lojas. Elas eram minha maior felicidade na vida. Ah, meu Deus, a sensação de pegar uma sacola novinha em folha… as alças… o farfalhar do papel de seda… (Ainda fico boba de vez em quando com a coleção antiga que guardo no fundo do armário.) Mas agora uso ecobags. Pelo bem do planeta e tudo mais.
2. Apoio completamente o consumo responsável. Todo mundo sai ganhando! Você compra coisas legais e ainda consegue ser altruísta.
3. Nem gasto mais dinheiro. Eu só economizo.

Nesse livro Becky será a anfitriã no Natal e precisa organizar tudo: os enfeites, os presentes, os pratos a serem servidos, as músicas, enfim, tudo para que eles tenham um Natal perfeito. No começo ela se desespera um pouco ao saber que terá de organizar tudo sozinha, mas logo se anima e começa a fazer listas e mais listas de compras para que tudo seja perfeito. Mas como nem tudo são flores, os convidados de Becky começam a fazer muitas exigências e, para completar, seu ex-namorado roqueiro aparece na cidade e faz com que ela imagine quais são suas intenções.

Há muito tempo eu não ria tanto com uma história, nem me sentia tão próxima de uma personagem. Becky é muito mais que uma consumidora compulsiva e suas tentativas de conseguir os presentes perfeitos para sua família e amigos me fizeram rolar de tanto rir. Sua determinação para conseguir o que quer, até onde ela está disposta a ir para fazer quem ela ama feliz, é realmente impressionante. Além disso, ela é uma pessoa super empática e está sempre preocupada em ajudar e agradar a todos.

Ok. Nada de pânico. Nada de pânico, Becky. É só o Natal. Fico repetindo isso para mim o tempo todo – mas a questão é que não consigo mais acreditar nisso. Não existe essa coisa de “só o Natal”.
Está tudo saindo do controle. Por exemplo: 1. Minhas guirlandas sempre caem da prateleira da lareira, mesmo depois de eu usar Durex, fita crepe, fita dupla face e, na hora do desespero, de decidir usar meus halteres de ginástica para mantê-las no lugar. 2. Meu globo de neve gigante com uma vila de Natal vazou pelo chão ontem. 3. Meu vestido Alexander McQueen ainda não me serve, mesmo eu tendo feito vinte agachamentos antes de me enfiar nele e ter encolhido a barriga.

Apesar de Becky ser claramente nossa estrela principal, senti que os personagens secundários foram tão importantes e divertidos quanto ela. Seu marido é super atencioso, sua filha não poderia ser mais engraçada, seus pais também são sensacionais. Além de sua irmã (meia irmã, na verdade), que é vegana e faz com que Becky se esforce ainda mais para atender suas expectativas. E claro, sua melhor amiga, que sempre a apoia, mesmo quando pensa um pouco diferente.

A leitura desse livro para mim foi extremamente fluida e divertida. Claro que o livro é clichê, mas é um clichê divertido que, mesmo sabendo o que vai acontecer no final, faz com que você leia cada palavra de cada página ansiosa pelo que está por vir. A autora conseguiu me prender do início ao fim, chegando ao ponto de virar uma noite na história de “só mais um capítulo”.

Eu li esse livro como quem não quer nada, apenas para me distrair, mas acabei me divertindo muito e com certeza vou colocar os outros livros da série na minha lista de leituras. E tenho certeza que quem gosta da Becky vai amar essa história também.

Título Original: Christmas Shopaholic ✦ Autora: Sophie Kinsella ✦ Páginas: 480
Tradução: Natalie Gerhardt ✦ Editora: Record
Livro recebido em parceria com a editora

7 de fevereiro de 2020

Ela Disse: Os Bastidores da Reportagem que Impulsionou o #MeToo | Jodi Kantor & Megan Twohey

Livro sobre reportagem do #MeToo

Terminei a leitura deste livro por volta de uma hora da manhã do dia 04/01/2019 — justamente dois antes de darem inicio ao julgamento de Harvey Weinstein, produtor de Hollywood que foi acusado por cerca de 80 mulheres por abuso e assédio sexual. Havia um sentimento de ódio em mim, um sentimento de incapacidade e de coragem ao mesmo tempo. Muitas vezes vemos mulheres acusando homens de assédio e/ou abuso e nos sentimos orgulhosas da coragem delas, mas nunca sabemos como foi para elas o caminho até a denuncia. Com Ela Disse essa perspectiva muda ao sabermos que para fazer a denúncia, as mulheres precisaram muito mais do que só coragem.

O livro é um relato das jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey sobre como foi o processo até a matéria do NYT, em outubro de 2017, com a denuncia dos assédios de Harvey Weinstein. Para quem ama jornalismo o livro é um prato cheio, com vários detalhes da investigação, assim como algumas "regras" de jornalismo que eu, particularmente, não conhecia. Ele não é um livro pesado, por mais que as histórias ali sejam pesadas. Mesmo nas partes que há relatos das vitimas da forma como foram contadas às jornalistas, ainda há uma certa leveza para não nos fazer passar mal com tanta barbaridade. É claro que essas histórias podem ser um gatilho para algumas leitoras e não estou falando em forma de meme: com certeza se alguém que estiver lendo já tiver passado por aquilo ou por algo semelhante irá ter reações negativas.

"Faz tempo que nós mulheres falamos sobre Harvey entre nós mesmas, e já é mais do que hora de ter essa conversa publicamente”. Naquela noite, tinham uma nova versão do artigo, com o nome de Ashley Judd.

É incrível a determinação delas em fazer essa matéria acontecer. Ao longo das entrevistas e buscas por novas testemunhas elas se depararam com muitas dificuldades, principalmente pelo fato de terem que fazer com a máxima discrição para que ele não descobrisse a respeito da matéria e acabasse botando tudo a perder com sua influencia e dinheiro. Por exemplo, o pior de tudo eram os vários acordos de confidencialidade feitos por Weinstein ao longo das décadas com várias mulheres que, em alguns casos, foram incentivadas por seus advogados a simplesmente aceitarem o acordo e a indenização e seguir com a vida. Por muitos anos simplesmente a menção do nome Harvey Weinstein desmotivava as mulheres com suas denuncias e poucas que tiveram coragem foram retaliadas por isso ao longo da vida (leiam um pouco da história de Rose McGowan).

O livro ainda cita uma investigação a respeito de Trump, que ocorreu antes, e de um juiz da Suprema Corte americana, que ocorreu após as denuncias do NYT e o movimento #MeToo. Essas outras duas investigações, apesar de não terem relação direta com a principal contada no livro, é um paralelo que podemos usar como comparativo entre repercussão e sobre como é importante as pessoas denunciarem o abuso o quanto antes. Outra questão importante que o livro acaba trazendo em sua conclusão é a respeito do #MeToo em si e como ele pode afetar as mulheres que não estão na vida "glamurosa" de Hollywood, onde seus abusadores são protegidos pelo anonimato.

Mas era o que todo mundo na sala, e mais pessoas fora dela, agora compreendiam: se a história não fosse contada, nada mudaria. Problemas que não são vistos não podem ser enfrentados. No nosso mundo jornalistico, a matéria era o fim, o resultado, o produto final.

Eu não poderia iniciar meu ano lendo um livro melhor e que me mostrasse tantas coisas que ignoro no meu dia a dia, mas que podem acontecer comigo a qualquer momento. Infelizmente nenhuma mulher está salva de assediadores e abusadores e é importante saber que temos sim o poder de denunciar esses predadores, pois quando isso é feito estamos também ajudando outras mulheres a não passarem por isso. Este livro é uma leitura necessária e atual.

Título Original: She Said ✦ Autoras: Jodi Kantor & Megan Twohey ✦ Páginas: 376  Tradução:  Denise Bottmann, Isa Mara Lando, Julia Romeu e Débora Landsberg 
 Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora
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4 de fevereiro de 2020

As Quatro Rainhas Mortas | Astrid Scholte


Eu adoro histórias de fantasia, mas geralmente é um gênero que eu evito porque grande parte dos autores dividem o enredo em trilogias e séries. Como prefiro livros únicos, me animei muito quando a Galera começou a divulgar As Quatro Rainhas Mortas. Aqui, conhecemos o continente Quadara, que era governado por um rei até o dia da sua morte. O rei deixou quatro rainhas viúvas, que resolveram dividir os continentes, de acordo com a origem de cada uma: assim surgiram os quadrantes Archia, Eonia, Toria e Ludia, cada um sob a tutela de uma das rainhas, que reinavam juntas, mas separadas. Desde então Quadara é governada apenas por mulheres, já que a coroa passa de mãe para filha. 

No ano em que a história se passa, as quatro comandantes são: Marguerite, rainha de Toria, 40 anos; Iris, rainha de Archia, 30 anos; Corra, a rainha de Eonia, 25 anos; Stessa a rainha de Ludia, 16 anos. É fácil notar que não existe idade mínima ou máxima para ser rainha e, além do mais, cada uma tem sua personalidade e um estilo de pensamento. Pode parecer difícil, mas no fim das contas conseguem se entender e governar em paz de acordo com as Leis das Rainhas. Enquanto somos apresentados à esse mundo pelo ponto de vista das rainhas, conhecemos Keralie, a melhor larápia e mentirosa de Jetée, um distrito de Toria. 

É aí que vocês se perguntam: o que Keralie, uma ladra profissional, tem a ver com as rainhas? Bom, não é segredo para ninguém que as rainhas vão morrer, já que o próprio título nos revela o fato. A questão está no porquê as rainhas estão morrendo, uma a uma, e quem está matando-as. Afinal, se as rainhas são mortas e não possuem descendentes, como o molde do reino será sustentado? É aí que Keralie entra, pois um dos seus furtos deu a ela informações extremamente valiosas que podem desvendar o mistério e, consequentemente, renderem à ela uma ótima recompensa. 

Todos devemos concordar que As Quatro Rainhas Mortas possui um enredo extremamente promissor, pois mistura duas fórmulas que dão muito certo, mistério e fantasia. O universo criado pela autora é muito interessante, mas ficou um pouco de lado quando o mistério foi introduzido. Acredito que se Astrid Scholte tivesse focado um pouco mais no desenvolvimento e estrutura de Quadara e na história das rainhas (que eu amei profundamente), a leitura teria sido muito mais proveitosa. Tudo bem, é justo levar em conta o fato de ser um livro único, mas algumas páginas a mais não fariam mal algum, não é mesmo? Histórias rápidas são ótimas, mas precisam SIM de desenvolvimento!

Me afeiçoei demais às rainhas, o que foi horrível porque eu sabia que todas elas seriam mortas a qualquer momento. O mais interessante no desenvolvimento delas é a rede de segredos que as prendem. Cada uma esconde alguma coisa por trás da fachada de "rainha perfeita", o que as torna extremamente humanas. Por outro lado, não consegui gostar muito de Keralie, a verdadeira protagonista da história — bom, Scholte tinha que escolher alguém para representar esse papel, não é mesmo? Ela é extremamente insegura a apresenta, a todo momento, um caráter dúbio, então é realmente difícil confiar nela. Inclusive, não sei como o Mensageiro, o pobre coitado que ela furtou e acabou envolvendo nessa confusão toda, conseguiu confiar nela tão rápido.

O mistério envolvendo a morte das rainhas não é ruim, mas possui algumas falhas, principalmente em relação à identidade do assassino — eu mesma não fiquei nem um pouco convencida. Além do mais, tudo foi resolvido de forma muito simples no final, igualzinho novela brasileira que o vilão sofre horrores e os mocinhos possuem um final feliz. Muitas resoluções me pareceram muito forçadas e até mesmo ilógicas e sem um pingo de noção. Acabou que eu fiquei bem frustrada, porque muita coisa não se encaixou como deveria. Ah, também rolou um romancezinho fajuto que não convence nem um pouco. Só queria dizer que um livro não precisa ter romance pra ser bom, gente. 

Eu não achei As Quatro Rainhas Mortas de tudo ruim. A narrativa de Scholte é muito fluida e ela soube encaixar reviravoltas nos momentos certos, além de conseguir nos prender com a coisa dos segredos das rainhas e, obviamente, nos deixar curiosos para saber quem era o assassino. Mas ainda assim, faltou alguma coisa. Sempre fico um pouco triste ao ver ideias tão legais se perderem no meio do caminho por falta de desenvolvimento, mas vida que segue, né?

Título Original: Four Dead Queens ✦ Autora: Astrid Scholte  
 Páginas: 392 Tradução: Adriana Fidalgo Editora: Galera
Livro recebido em parceria com a editora 

1 de fevereiro de 2020

Top Comentarista: Fevereiro 2020


Há quem diga que janeiro durou um século, mas eu particularmente sinto que mal pisquei e já estamos e fevereiro. Falando nisso, contem para mim aqui nos comentários como foram as leituras de vocês — espero que tenham sido bem proveitosas, já que a maioria de nós estava de férias, né? Como vocês bem sabem, o prêmio é um vale compras no valor de trinta e cinco reais e o período de inscrições vai de 01/02/2020 à 01/03/2020, lembrando que o último dia é apenas para a regularização de comentários. 

Regras
- Comentar em todos os posts, exceto os de promoções, no período de 01/02/2020 à 29/02/2020;
- Não serão computados comentários genéricos, só aqueles que exprimem a opinião do leitor e mostram que ele realmente leu o post;
- É permitido apenas um comentário por post;
- Apenas as duas primeiras entradas do formulário são obrigatórias;
- A entrada "tweet about de giveaway" só será válida se a pessoa estiver seguindo o Twitter informado, bem como a entrada de compartilhamento no Facebook que também só será válida se a pessoa for curtidora da página;
- Após o término do top, o Roendo Livros tem até 15 dias para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito. O livro escolhido (na faixa de preço estabelecida) deverá ser informado no corpo do e-mail;
- Após feito o contato, o prêmio será enviado dentro de até 60 dias úteis;
- Para o livro ser enviado, é necessário que o ganhador passe o número do CPF para a Ana, já que agora os Correios solicitam uma declaração de conteúdo (saiba mais aqui) Só participe do sorteio se estiver de acordo;
- O Roendo Livros não se responsabiliza por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados no livro. Assim como não se responsabiliza por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e ausência de recebedor. O livro não será enviado novamente;
- O Roendo Livros se reserva o direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.
- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.

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