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30 de março de 2023

Quando você acha que depois de um império corrupto nada pode piorar... A República do Dragão, por R. F. Kuang, sequência de A Guerra da Papoula


Oi, para quem não me conhece eu sou a Gabs, host e criadora do Podcast Terminei, um podcast literário. A convite da Ana, que é além de minha amiga, uma ídola no mundo literário, vim aqui escrever minha primeira resenha para o Roendo Livros — sonho do meu eu de 18 anos sim!

Hoje minha resenha é sobre a sequência aguardadíssima de A Guerra da Papoula. A República do Dragão começa exatamente onde acabou o último livro, portanto, essa resenha conterá spoilers do primeiro volume. Inclusive, caso queiram saber mais sobre a trama propriamente dita, vocês podem ler a resenha da Priscila, aqui no blog, ou ouvirem minha opinião no episódio #158 do Terminei. Alías, Priscila e eu temos visões um pouco diferentes da história, então é legal conferir!

Leia também:
✦ Resenha: A Guerra da Papoula

Rin, a receptora da Deusa do Fogo, está tentando sobreviver depois de ter lutado na Terceira Guerra da Papoula e ajudado a salvar o Império, mesmo que isso tenha tido resultados desastrososo. No meio disso tudo, ela descobre que a Imperatriz Víbora Daji — amo que ela realmente é uma víbora —  foi a responsável por tudo, já que entregou o Império à Federação. Com isso, nossa protagonista tenta encontrar a traidora e matá-la. Mas no meio desse plano, ela encontra o chefe da Província do Dragão, que além de querer derrubar a imperatriz, quer instaurar a república no reino de Nikara.

Todo mundo deveria odiar a guerra, ou então há algo de errado com você. Certo? Mas sou uma soldada. É tudo que sei ser. Então não é isso o que devo fazer? Quer dizer, às vezes penso que talvez eu possa parar, talvez eu possa fugir. Mas o que vi, o que fiz… não posso voltar atrás.

É válido lembrar que, num primeiro momento, o livro trata do vício de Rin em ópio, que tem um grande protagonismo em ambos os livros (afinal, o ópio vem da papoula), e mostra como é absurdamente difícil tirar essa droga de uso e como ela pode ser usada como "moeda" para conseguir poder. 

Ainda assim, o enredo até então parece um sonho: um líder tático perfeito, reencontrar o Nezha, seu desafeto na academia, conseguir salvar seu amigo Kitay e ir atrás de sua antagonista... O problema real começa quando, ao enfrentar a Víbora, Rin recebe um Selo sobre seu poder. Agora ela não consegue mais usar o fogo. E não acaba aí! A luta agora também é contra os Hesperianos, um povo colonialista que quer impor a cultura e a religião deles a todo custo — ao meu ver, eles são tipo os Estados Unidos se envolvendo em guerras e querendo ver o circo pegar fogo, mas sem se comprometer de fato. De certa forma, o vício acaba sendo o menor dos problemas da Rin.

O que eu posso dizer a vocês? Em três partes a autora consegue levar a gente da inquietação à esperança em meio a um caos absoluto. Eu realmente não sabia o que esperar. Em muitos momentos existe tanta traição e sofrimento que eu não sei nem como descrever. Nesse sentido, R. F. Kuang traz muitas questões importantes, relacionadas ao fato de que quem está no poder só vê as pessoas mais pobres como massa de manobra e esquece que se o povo sair pra briga, eles nem têm para onde correr. Além disso, há uma discussão sobre preconceito religioso e como qualquer coisa diferente do cristianismo é julgada e considerada imoral. É bizarro ver os paralelos do cristianismo e sua busca de um demônio, em que, nesse caso, é personificado pelo xamanismo.

É que não importa quantos homens seu exército tem. Não importa quão bons são seus modelos, ou quão brilhantes são suas estratégias. O mundo é caótico e a guerra é, no fim das contas, fundamentalmente imprevisível. Não dá para saber quem vai rir por último. Não se sabe de nada ao entrar em uma batalha. Só se sabe o que está em jogo.

Voltando para a protagonista, acho muito pesada a carga de responsabilidade que ela carrega durante toda a trama: uma jovem que não conhece meio mundo se vê obrigada a decidir o futuro de uma nação. Ela, que até então nem sentia que pertencia a algum lugar. Também foi bom rever personagens do primeiro livro, como Nezha e o Kitay, mas a Rin continua se sobressaindo. Acho todos muito bem desenvolvidos, principalmente nas questões morais. 

Foi muito doloroso para mim ver que tanto eu quanto a Rin demoramos a entender o que realmente estava em jogo e que apenas ao final desse calhamaço entendemos que o poder está na mão do povo e ele pode fazer o que quiser a partir do momento em que percebe que não pode ser subjugado. Nesse sentido, R. F. Kuang trabalhou super bem a questão dos ocidentais serem tão colonizadores e opressores. Para falar a verdade, eu amo como a autora está construindo essa história tão original e inovadora, uma das melhores fantasias adultas da atualidade.

Recomendo muito essa leitura para conhecer ainda mais a cultura oriental e suas questões sociais e políticas. Assim como A Guerra da PapoulaA República do Dragão não é um livro fácil e rápido, principalmente porque envolve muita violência e, quando eu digo violência, são cenas bem gráficas mesmo... Mas vale a pena demais. Agora é aguardar a conclusão, sem previsão em português, mas que vai fazer com que tudo queime… 

E aí, já leram esses livros? Ficaram com vontade? Deixe seus comentários sobre o que vocês esperam de A República do Dragão e do volume que fecha a trilogia. E mais uma vez obrigada ao Roendo pela oportunidade.

Título Original: The Dragon Republic ✦ Autora: R. F. Kuang
Páginas: 640 ✦ Tradução: Helen Pandolfi & Karine Ribeiro ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

7 comentários :

  1. Gabs, seja bem vinda!
    Não li os livros ainda, mas gosto muito sobre tudo que se refere a cultura oriental, ainda mais quando aborda as questões sociais e políticas.
    Tenho lido boas críticas dos livros.
    Parabéns pela resenha.
    cheirinhos
    Rudy

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  2. Olá seja bem vinda
    Não li A guerra da papoula.E esse também não me chama a atenção pois a autora trata de questões importantes aqui como o Cristianismo e eu não sei qual a mensagem que ela quer passar ,não sei qual é o pensamento da autora.E um tema importante e que exige muito conhecimento e respeito.

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  3. Beeemmmn vindaaaa!
    É, sem dúvida, um livro denso e intenso....
    Não é muito minha praia literária.
    Mergulhar no universo oriental deve ser algo maravilhoso

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  4. Uma primeira resenha com pé direito e chave de ouro!!!Uau!!!Seja muito bem vinda e sim, quero demais ler esse segundo livro, mas preciso urgente, ler o primeiro rs(não baixa o preço nem a pau Juvenal)
    Mas isso da cultura, da violência, da política, tudo parece um conjunto perfeito demais!!
    E as edições da Intrínseca são de encher os olhos!!
    Lerei!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  5. Olá! Sempre gosto de saber mais sobre esses livros, afinal, tinha a impressão completamente errada sobre o primeiro, apesar desse tantão de páginas, estou bem curiosa para conferir a história, que parece ter muitos pontos positivos.

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  6. To bem curiosa em ler essa historia.
    Pelas resenhas ja gosto muito da protagonista pq ela é complexa, tem camadas, faz coisas certas e erradas e gosto de quando encontro esses personagens nao perfeitos nos livros pois é oque mais tem na vida real, ou deveria rs, a questao de nao ser perfeito, pois vejo muito gente tentando e se frustrando.. enfim.
    Muuuito curiosa em ler!!! Espero começar a ler em breve e vem aí nesse ano mesmo o terceiro, o que é muito bom.

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  7. Oiiii Gabs, seja bem-vinda, se não me engano te acompanho no twitter, hahaha
    Eu comprei o primeiro volume e estou bem curiosa e ansiosa para ler. Vejo muitos leitores falando super bem dessa série.. e alias, estar para ser lançado o ultimo agora no segundo semestre, então, já aguardo resenha viu!!

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