No início do ano passado, a Intrínseca publicou Morando Com um Vampiro, o romance de estreia de Jenna Levine. Nele, acompanhamos Cassie Greenberg, uma pintora que simplesmente não consegue sobreviver dignamente com o seu ofício, algo que acontece muito com pessoas que trabalham com artes de modo geral. O agravante é que Cassie está prestes a ser despejada de novo e precisa urgentemente encontrar um lugar bem baratinho até conseguir equilibrar as finanças.
É aí que Frederick J. Fitzwilliam entra na história, um carinha bastante antiquado que oferece um quarto em seu apartamento por uma pechincha. Mesmo com toda a esquisitice de Frederick, Cassie está tão falida que não vê outra alternativa a não ser aceitar morar com esse querido que parece ter vivido no século passado. Como o próprio título já diz, nosso protagonista é um vampiro, e não demora muito para que Cassie descubra essa condição.
A incógnita desse livro é: por que cargas d'água um vampiro rico de mais de 300 anos precisa alugar um quarto em seu apartamento igualmente rico? Isso e os dilemas de Cassie com sua arte incompreendida são as questões que movem a história. Ambos os personagens são muito excêntricos, cada um a sua maneira, e se completam de uma forma estranhamente divertida, nos presenteando com um romance muito leve e despreocupado.
Na real, toda a atmosfera de Morando Com um Vampiro é leve e despreocupada. Não existe um grande dilema, muito menos uma reviravolta, mas eu me diverti tanto e a química entre Frederick e Cassie é tão boa que foi impossível não me apaixonar e sentir aquela nostalgia gostosa, sabem? Inclusive, para um livro bobinho de comédia romântica, a autora não poupou detalhes nas cenas picantes, fica aí o aviso — e que fique claro que eu amo/sou.
A única coisa que me desagradou um tantinho nesse livro foi o final, corrido e com uma resolução bem besta, para ser sincera. É claro que passou longe de estragar minha experiência, principalmente porque os personagens compensam tudo. Inclusive, o meu preferido foi o Reginald, o pior melhor amigo de Frederick. Ele é muito arrogante, prepotente e parece se deliciar irritando as pessoas e colocando elas nas maiores enrascadas possíveis. Parece meio controverso gostar de um personagem assim, mas é que ele é muito sem noção e engraçado, vocês nem imaginam.
É exatamente por isso que eu amei muito mais Namorando Com um Vampiro, a sequência indireta de Morando Com um Vampiro. Nesse segundo volume, além do protagonista ser Reginald, tem um dos enredos de comédias românticas que eu mais amo, o namoro de mentira. Amelia Collins é uma contadora de sucesso e está muito bem assim, obrigada, mas não aguenta mais a família inteira no seu pé para que ela arrume um namorado. Quando ela é convidada para o casamento de uma prima distante, Amelia resolve levar um acompanhante para se passar por seu namorado durante o evento. Reginald é o ser perfeito para isso, afinal, além de tudo o que eu disse sobre ele anteriormente, não tem senso nenhum de moda e estética, tudo o que Amelia precisava.
O grande "problema" é: Reginald é adorável, no fim das contas. Ele também tem suas próprias questões — que vão ao encontro da mocinha em determinado momento da história — e vai se beneficiar com o relacionamento de fachada, mas acaba se apegando à Amelia muito rapidamente. Eu adorei a construção do relacionamento deles, principalmente porque Amelia não tinha expectativa nenhuma, mesmo achando Reggie muito bonito. O melhor de tudo pra mim foi constatar que Reginald faz de tudo por ela e sem esperar nada em troca, mesmo antes de perceber que estava apaixonado. Muito fofinhos.
Novamente, a única coisa que me decepcionou foi o final. O clímax, que em teoria seria a resolução do problemão que Reginald arrumou, é muitíssimo raso. Soluções bobas para problemas pouco desenvolvidos. A sensação que eu tenho é que a autora acaba se perdendo com os detalhes do romance e não consegue amarrar direitinho quaisquer outros confilhos que insere na trama. E já que estamos falando de romance, achei os hots muito mais explícitos nesse livro, fiquei até envergonhada, risos.
E pra quem gosta de crossover, é obvio que Frederick e Cassie dão as caras em Namorando Com um Vampiro. Temos até uns vislumbres de como anda o relacionamento e do que podemos esperar para o futuro deles. E aí, será que Cassie vai aceitar viver com Frederick para toda a eternidade?
Fato é: histórias com vampiros nunca ficam fora de moda, simplesmente porque que agradam a todos os públicos, dos fãs de um bom terror sobrenatural às farofeiras como eu. Outro exemplo muito legal é o Noiva, da Ali Hazelwood, que causou o maior auê na comunidade literária, o que só prova a minha teoria de que nunca nos enjoaremos dos nossos amados vampiros. Enfim, Jenna Levine acertou demais ao criar seus vampiros disfuncionais, espero que ela escreva mais livros do gênero. Aliás, Road Trip With a Vampire, o terceiro volume dessa seleção, já está em pré-venda na gringa, e vai ter uma bruxa protagonista — e a gente bem sabe que bruxas e vampiros não se relacionam muito bem, né? Intrínseca, faz a boa e traz pra nós, não vejo a hora de ler!
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