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28 de setembro de 2020

Heroínas Negras Brasileiras: em 15 Cordéis | Jarid Arraes

Vocês conhecem a literatura de cordel? É uma manifestação artística literária que exalta a cultura popular brasileira, e é tradicional no nordeste. A principal característica do estilo está na escrita em forma de versos, que utiliza linguagem popular e regional. Porém, o que mais se destaca é sua função social de informar, ao mesmo tempo em que diverte o leitor. 

O nome do gênero literário tem origem na forma como os escritos eram inicialmente expostos para venda: folhetos pendurados em varias de corda ou barbante. Através do livro Heroínas Negras Brasileiras: em 15 Cordéis Jarid Arraes encontrou uma forma de dar voz a 15 mulheres negras que, apesar de terem marcado a história do Brasil, são pouquíssimo conhecidas. 

É bem provável que vocês já tenham ouvido falar da Carolina Maria de Jesus, autora do livro Quarto de Despejo e uma das primeiras escritoras negras do Brasil. É possível que tenham estudado sobre Dandara dos Palmares na escola e até saibam da luta de Laudelina de Campos Melo, que defendeu com unhas e dentes os direitos das mulheres e das empregadas domésticas numa época em que não tínhamos voz. Mas e as inúmeras outras figuras importantes que fizeram a diferença por aqui e quase nunca ouvimos falar delas?

Nessa obra, além das três personalidades que citei anteriormente, vocês vão conhecer, através dos cordéis maravilhosos de Arraes, um pouco da história de outras 12 mulheres incríveis: Antonieta de Barros, Aqualtune, Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Luisa Mahin, Maria Felipa, Maria Firmina, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba

A primeira coisa que chama atenção nessa obra é justamente o gênero escolhido. Jarid Arraes foi muito inteligente em utilizar uma ferramenta da própria cultura para espalhar o conhecimento de forma mais lúdica, fugindo totalmente daquela monotonia que estamos acostumados dos livros didáticos. O mais legal de tudo é que Heroínas Negras Brasileiras abre portas, sabe? A gente fica tão curioso para saber mais que é impossível não dar um Google depois de cada cordel.

Vou ser bem sincera com vocês: eu não conhecia boa parte das mulheres citadas nos livros, o que me deixa realmente triste... Porque isso só prova que apenas os feitos dos homens brancos são relevantes o suficiente para serem lembrados nas escolas. Uma das coisas que mais me alegra em relação à literatura brasileira contemporânea são autoras como Jarid Arraes, que não mediu palavras para resgatar essas memórias.

Além de tudo, não bastasse o domínio da autora sobre o gênero cordel — que eu particularmente acho extremamente complexo por causa dos elementos estéticos, como as rimas e métricas — e o tema maravilhoso escolhido por ela, existem as ilustrações magníficas de Gabriela Pires no estilo das xilogravuras, que casam perfeitamente com o livro, pois aqui no Brasil esse estilo de traço se desenvolveu com a literatura de cordel. Agora falem a verdade: esse livro é ou não é um prato cheio?

Título Original: Heroínas Negras Brasileiras: em 15 Cordéis
  Autora: Jarid Arraes ✦ Páginas: 176 ✦ Editora: Seguinte
Livro recebido em parceria com a editora
Ajude o blog comprando o livro através do nosso link!

22 comentários :

  1. Uauuu!!!!
    Por ter antepassados nordestinos, a cultura do Nordeste sempre me fascinou.
    Apesar desse fato, conhecia apenas as mulheres citadas no post.
    Que bom que finalmente elas serão publicadas, mesmo que sejam poucas, mas já é um início....
    Além disso, jovens meninas negras e nordestinas podem se inspirar

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    1. Concordo amiga! Esse livro é a personificação da representatividade!

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  2. Olá! Com certeza é uma ótima oportunidade de conhecer essas mulheres, até porque eu também não conheço a história de praticamente nenhuma delas, esse é um gênero que acredito que nunca tenha lido nada, por isso a vontade de conferir a obra é ainda maior, ainda mais sabendo que a autora mandou muito bem no desenvolvimento do livro.

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    1. Tenho certeza que você vai amar! Além de lindo e informativo, é muito divertido.

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  3. As literaturas de cordel são uns sonhos! Acho uma forma excelente de conhecer a cultura, a crítica e a diversão em um "lugar" só. Que incrível essa reunião de 15 mulheres tão importantes, né? Com certeza é uma leitura necessária :)

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  4. Ana!
    Como boa nordestina os cordeis estão implantados em nossos corações e são assim mesmo, perdurados em varais e as ilustrações em xilogravuras, além da sua própria métrica na escrita e quando recitado, é uma delícia de se ouvir.
    Importantíssimo a autora ter trazido várias mulheres negras que constituíram a história do nosso país e algumas nem conhecemos, nem ouvimos falar...
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Eu sou a favor de uma segunda edição desse com mais personalidades fortes, de tão importante, viu? 🥰

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  5. Eu sou apaixonada nos cordéis. Mesmo não conhecendo a fundo esse movimento lindo, Braúlio acabou me chamando para conhecer esse seguimento e sei que isso tudo vai muito além.
    Prato cheio?? E saboroso, diga-se de passagem!
    Que coisa mais linda ver isso não só dos cordéis,mas de mulheres fortes, negras e mais uma vez, Mulheres!!
    Com certeza, já quero muito ter a oportunidade de conferir esse super presente em mãos!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  6. Que livro diferente, achei demais! Conheço sim a literatura de cordel, mas confesso que não lembro de ter lido mais que um e foi há muito tempo. Preciso dizer que não tinha reparado que era um livro (apesar de extremamente óbvio), antes de abrir o post achei que você ia fazer uma lista com 15 cordeis e as respectivas autoras hahah. Bom saber que a autora deixou o livro o mais didático possível, sem cair na monotonia.

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    1. A ultima vez que li um cordel, antes desse livro, foi no TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO, acredita? Em 2012. Pra você ver...

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  7. Ola
    Confesso que nao conheço nengumas dessas mulheres citadas ou se vi ja náo me lembro
    Que otimo esse livro que faz essa justa e bela homenagens a essas mulheres negras e guerreiras .imagino a luta pelo qual elas passaram em uma epoca em que se as mulheres nao eram reconhecidas pelos seus talentos e ainda por cima tinha toda a questáo do racismo .
    Tem que ser valorizadas cada vez mais .
    Desejo ler sim

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    1. Agora conhece! rs
      Mas não se sinta mal, viu? É culpa da sociedade que elas sejam apagadas da nossa história!

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  8. Achei bem legal o jeito diferente de contar a história, relembrando uma cultura e uma fase tão bonita da literatura. E por ter um pouco sobre mulheres que a gente não conhece. É uma tristeza ver o tanto de pessoa que acaba sendo esquecida nas aulas não é? A seletividade... Mas achei bem legal um livro desse jeito contando sobre pessoas que a gente vai querer saber mais depois, vai ficar curioso pra conhecer melhor quem foi e o que fez. Gostei da ideia ^^

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    1. As mulheres são esquecidas, de forma geral. Quando é negra, então... Dá muita tristeza. Ainda bem que existem pessoas como a Jarid, né?

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  9. Achei muito inteligente por parte da autora de unir a literatura de cordel e mulheres negras. Como eu sou nordestino, essa cultura de cordel sempre fez parte da minha vida, principalmente durante a escola. Além da ideia brilhante, eu também adorei a edição do livro <3

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    1. Não sabia que você é nordestino, Luis! Admiro muito a cultura de vocês!

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  10. Sempre ouvi muito falar na literatura de cordel mas, infelizmente, nunca peguei um para ler. Aqui em SP a gente nem tem acesso à eles. Pelo menos eu nunca vi.
    Achei muito interessante esse livro, com o tema de heroínas negras e ainda contando com todas as rimas e simetrias de um cordel. Deve ser apaixonante.

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  11. AAAAAAAA! Eu AMO literatura de Cordel! Estudamos muito isso na Bahia hehehe
    Ainda não conhecia esse livro, mas achei a proposta genial. E confesso que não reconheço o nome de nenhuma dessas mulheres :( Agora quero muito ler o livro e conhecê-las!
    Os Delírios Literários de Lex 

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    1. Eu acho legal demais!
      Estudei na minha escola também na aula de Literatura, muito importante.

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