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30 de agosto de 2021

A Porta | Magda Szabó


A Porta, de Magda Szabó, é uma autobiografia com partes de ficção. O livro tem um tom de mistério, mas é a história de uma relação de dependência entre duas mulheres na Budapeste dos anos 50: Magda e sua governanta, Emerenc. Logo na primeira página Magda, a narradora, nos revela um segredo sombrio que serve como isca para fisgar a nós, leitores. Afinal, já sabemos desde o início o que acontece no final da trama, mas quais os caminhos levaram a ele?

Magda é uma escritora privilegiada que está virando alguém importante no seu país, enquanto Emerenc faz parte da classe mais baixa da sociedade, não possui educação, mas é extremamente esforçada no seu trabalho, mesmo com a idade avançada. Logo de cara, o leitor começa a questionar como existe uma amizade entre essas duas. Será que existe algum saldo devedor de uma com a outra? São muitos segredos e rumores sobre Emerenc circulando na comunidade delas. 

Vou ser sincera e dizer que não foi uma leitura que me pegou desde a primeira página. É uma narrativa meio rebuscada e lenta, exatamente como a gente se sente lendo uma biografia ou até mesmo um livro escrito em outra época — que é o caso de A Porta —, mas as partes fictícias vão te mantendo ali na leitura junto de Magda e Emerenc. A parte considerada "mistério" do livro é interessante, mas falhou em me cativar por causa das protagonistas.

Emerence possui uma arrogância por ser uma pessoa que faz trabalhos manuais, pesados, ignorando quem trabalha intelectualmente. Faz sentido com o contexto dela? Sim, mas tipo… Não sei explicar exatamente o que me incomodou. Nesse sentido, Magda me chamou atenção por ser quase que uma escapista na relação, tentando agradar e compreender o poço de mistério e segredos que Emerenc é, o que reverte os papéis pré-estabelecidos pela sociedade quando se fala de classes, profissões, relacionamentos. É uma crítica social bem interessante, principalmente Szabó vivenciou o comunismo na Hungria. 

A Porta possui uma ambientação obscura, muitas perguntas na cabeça do leitor que tenta entender como funciona a dinâmica entre Magda e Emerenc. Em alguns momentos a narrativa parece repetitiva, mas a história te prende, tanto quanto Magda, você precisa entender Emerenc, você quer descobrir os segredos dela. Um livro que fala sobre aceitação (mesmo que nem sempre em via dupla), amizade, dignidade do outro e envelhecer. A Porta é uma metáfora, quais são as barreiras que levantamos, as portas entre nós e o outro que nunca abrimos, por que fazemos isso e em que medida isso é positivo ou negativo?

A quem interessar, a obra já foi adaptada para o cinema em 2012: Atrás da Porta traz no elenco Helen Mirren como Emerenc e Martina Gedeck como Magda, mas não foi muito bem avaliado pela crítica e pela audiência. 

Título Original: Az Ajtó ✦ Autora: Magda Szabó
Páginas: 256 ✦ Tradução: Edith Elek ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

8 comentários :

  1. Eu acho interessante os livros que já nos mostram o final, mas sempre surge a pergunta "tá, e o que aconteceu até lá?" e aí vem a parte mais legal das teorias. Eu sou bem desligada no mundo das telinhas, então não é novidade eu não saber que existia um filme... mas gosto bem mais de filmes desse gênero do que de livros.

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  2. Ana!
    Gosto de mistério, ainda mais relacionado às relações de uma época tão complicada e difícil, mas não entendi bem o sentido de tudo, sabe? Quem sabe lendo, possa entender melhor.
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Sem dúvida uma leitura densa. Que mostra as relações humanas...
    Tanto Magda quanto Emerence são figuras fortes com dores que as moldam como são.

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  4. Gente, eu estou aqui lendo e relendo a resenha e não fazia ideia da existência deste livro. Onde eu vivo? rs
    Tá, isso de misturar biografia e ficção não é uma tarefa muito fácil, ainda mais se tratando de uma época mais convencional e sim, repleta de segredos.
    Tudo era mais omitido.
    A linguagem parece mais complicadinha e eu admito que na minha ignorância, não senti aquela vontade de ler não rs
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  5. Me pareceu que Magda se esforça mais pela amizade, porém Emerenc pode ser uma boa amiga, que se esconde atrás de uma casca mais bruta para se proteger de algo.
    Acho que a diferença entre elas é o tempero da amizade.

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

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  6. Já tava bem curiosa pra ler esse livro e mais ainda com a resenha.
    Essa questao de amizade, quando se aborda nos livros acho bem interessante.
    E gostei da capa, essa vibe sombria também gosto muito.
    Ansiosa pra ler.

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  7. Olá! Gosto dessa mistura de ficção com autobiografia, acho que torna a leitura mais interessante, mesmo esse livro tendo esse tom mais lento, parece ser muito bacana, ainda mais porque parece prender o leitor já na primeira página né.

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  8. Oi, Ana
    Emerenc é uma mulher mais reservada, não mostra muito seus sentimentos. Magda já é uma pessoa mais aberta, escritora e claro assim como ela o leitor também fica curioso sobre Emerenc.
    Vai para a lista de desejos, beijos.

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