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18 de dezembro de 2022

A Longa Marcha, uma narrativa distópica angustiante de Richard Bachman, pseudônimo de Stephen King


Ray Garrety, um adolescente, se inscreve em uma competição chamada de A Longa Marcha. Ao todo, 100 jovens terão que percorrer uma maratona exaustiva, principalmente por ser muito extensa: não há linha de chegada, o último a permanecer de pé é o vencedor. O prêmio? Toda e qualquer coisa que o vencedor queira. Mas é claro que não pode ser tão simples. Os participantes podem receber até no máximo três advertências, caso contrário ganham um cartão azul — ou uma bala na cabeça, como queira chamar — na frente de todos que estiverem assistindo, onde quer que esteja.

É uma história com um enredo simples, e a princípio pode até se pensar que não existe muito o que tirar de uma maratona, afinal, é só caminhar, um pé depois do outro. Só que não é bem assim que acontece. O autor utiliza de sonhos, flashbacks e até mesmo conversa dos personagens para aprofundá-los e te fazer sentir pesar, dor e medo por eles. É certo que 99 jovens vão mesmo morrer, mas você não vai se apegar somente à Garrety, ou McVries ou Stebbins, outros personagens marcantes, e isso vai te deixar angustiado pelo final. 

Certamente é um livro que te deixa pensando na motivação dos personagens de terem feito a escolha de se meter nessa situação. Alguns até te contam, mas bem poucos. É também perceptível a crítica sobre como nós decidimos observar tragédias, até mesmo como cúmplices, vaiando, aplaudindo ou somente estando ali, parados na beira da estrada vendo os garotos passando, a vida se esvaindo. 

Talvez você esteja ai pensando que já viu esse plot antes, mas esse livro foi escrito em 1979, antes de muitas outras obras que você possa ter relacionado à ele. Pode-se dizer então que Battle Royale (1996), Jogos Vorazes (2008) e até mesmo Black Mirror (2011) e Round 6 (2021) têm elementos e podem ter sido influenciados, já que não é a primeira vez que obras de sucesso possuem grandes toques de King (ou nesse caso, de Bachman). 

Mas qual é o motivo de A Longa Marcha ser um livro de um pseudônimo de King? Como esse livro foi escrito na década de 70, em um tempo em que as publicações dos autores estavam limitadas a um livro por ano, nasceu Richard Bachman. Um dos principais motivos do pseudônimo era, de certa forma, para que King não usasse de mais da sua "marca", fazendo os leitores se cansarem. Outro motivo era saber se seu sucesso se tratava mesmo de talento ou pura sorte. A Longa Marcha foi o segundo livro lançado sob o nome de Richard.

Se eu acho a escrita de King e Bachman diferentes? Bem, só li esse livro do pseudônimo ainda (por serem difíceis de ser encontrados até a Suma resolver fazer a boa pra gente hehe) e posso dizer que senti alguma diferença sim, sendo a principal delas não ter nada de sobrenatural no livro. Mas uma coisa posso dizer, o terror em forma de seres humanos está claramente ali, como King faz em suas obras.

Ah! E o final fica meio em aberto... Faz com que você questione mil coisas antes de ter certeza de algo. Eu mesma vou demorar um tanto para digerir as informações e possivelmente minha mente vai escolher um final feliz, depois de tanta tragédia. Não é o livro mais primoroso que já li do autor, mas com certeza um que não vou esquecer.

Título Original: The Long Walk ✦ Autor: Richard Bachman (Stephen King)
Páginas: 288 ✦ Tradução: Regiane Winarski ✦ Editora: Suma
Livros recebidos em parceria com a editora

16 comentários :

  1. Óbvio que um livro de King, ainda que sob um pseudônimo, não seria uma simples caminhada... claro que existem camadas Profundas e medos e coisas dúbias

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    1. E é claro que eu estaria lá lendo que nem uma maluca né kkkk queria ler esse fazia tempo!

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  2. Como eu queria poder ler todos os livros do Mestre King! Mas nem consegui comprar o anterior, pois ele está custando um rim e já chega esse, que até o momento de chegar ao blog, sabia pouco.
    Eu sempre falo: o Mestre não escreve somente sobre o sobrenatural. Ele traz o pior do ser humano e não há nada mais assustador que isso!
    Claro que já vai pra listinha de desejados!!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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    1. Acho que é por isso que eu amo tanto o King, não passo só sustos com ele, reflito sobre muitas coisas. Esse livro é um daqueles que você fica pensando 'mas o que diabos ele vai falar sobre uma maratona, é só caminhar...' e é aí que a gente se engana.

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  3. Jess!
    Interessante ver um autor tão renomado usando um pseudônimo porque só podia lançar um livro por ano.
    E como 'outro' escritor, imagino que realmente a escrita deve ser um tanto diferenciada.
    O pior terror é justamente o dos humanos da vida real.
    cheirinhos
    Rudy

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    1. A escrita desse diferencia um pouco da do King sim, mas parece-me que quanto mais livros foram sendo publicados, mais ficou na cara que era ele hahah

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  4. Eu tinha um amigo que só tinha lido esse livro do king, em inglês, e queria muito ter ele, ai quando a suma anúncio só lembrei de marcar ele na hora. Também quero muito ler, pois chamou muita minha atenção a premissa. A edição parece tá linda.

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    1. Agora já foi lançado e eu sou suspeita, mas a edição tá tão bonitinha! É um livro ótimo dele se você nunca leu outras obras do King antes

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  5. Bom, devo confessar que fiquei bastaaante curiosa em ler e se os livros do king escritos no pseudonimo nao tem tanto sobrenatural, acho ate que prefiro ein, nao sei.
    Enfim, ainda nao li nada dele no caso rsrsrs mas tenho vontade.
    Vou começar a ler por carrie, mas ja vou adicionar esse na lista pra nao esquecer pois fiquei bastante curiosa.

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    1. Eu gosto MUITO de Mr. Mercedes. É policial e aos poucos ele coloca sobrenatural, é uma recomendação que eu sempre dou pra quem nunca leu nada dele haha e esse também, com certeza vou recomendar pra muita gente ainda

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  6. As obras de King não seriam suas se não contivessem algum tipo de terror. E quer terror maior do que curtir a morte de 99 pessoas só para ver quem ganha um jogo absurdo?!

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

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    1. E pior ainda é pensar que isso poderia estar acontecendo no nosso mundo real também, né? Sei lá, ele tem esse dom de te fazer pensar nessas coisas, mais do que você gostaria

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  7. Oi, Jess!
    Sou uma leitora do tipo que se apega fácil aos personagens, e saber que dos 100 jovens 99 vai morrer me deixa com um pé atrás em relação a ler A Longa Marcha... Mas sim, a trama do livro me lembrou de Round 6, que não assisti por causa das mortes de tantos personagens.
    O terror em forma de humanos com certeza é pra mim o pior dos terrores.
    Bjos!

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    1. Any, eu me apego também aos personagens, e era meu maior medo lendo... eu me apegar e aí ficar sem eles. Doeu viu? Não chorei, mas deu uma dorzinha :( o que me conforta (eu sei que é esquisito) é que eu sempre posso voltar e ler sobre eles de novo.

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  8. Ola
    Possuo um livro do Sthepen King mas ainda não li ( A espera de um milagre)
    Que estranho é essa maratona hein ?
    Os autores tem cada idéia.!!! Não fiquei com vontade de ler.

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    1. Eu amo o King então sou suspeita haha mas ele dá um jeito de fazer a gente se interessar por basicamente tudo. A Espera de um Milagre é beeem classicão, mas eu recomendaria começar por outros, tipo Carrie ou Mr. Mercedes

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