Ficção histórica ainda é um gênero pouco lido por mim, apesar de sempre despertar minha curiosidade. Acho que uma pessoa que escreve esse tipo de história tem que ser, além de curiosa, uma pesquisadora nata. Analisando Novo Mundo em Chamas, uma obra épica que mostra a história do nosso país em meados de 1650 através de uma narrativa fervilhante e cuidadosa, posso afirmar que Víktor Waewell é esse tipo de autor e um pouco mais.
Para quem ainda é pouco familiarizado com o gênero, a ficção histórica retrata algum período no passado, incorporando as passagens criadas pelo autor à características verdadeiras da época, como lugares, personalidades e eventos. Por exemplo, em sua obra, Waewell utiliza o momento histórico da sociedade escravagista da época de Palmares, incluindo alguns personagens importantes como Aqualtune, Ganga Zumba, a família Lins e até mesmo o comandante Antônio Dias Cardoso, que realmente existiram. Então, por mais que seus protagonistas não tenham sido reais, fora inseridos na narrativa de forma muito convincente.
Por falar nos protagonistas, fiquei imensamente cativada por Ernesto e Teresa, as figuras mais importantes da trama, na minha opinião. Ernesto é um negro de pele clara que nasceu livre e praticamente vive como branco, mas demonstra não esquecer suas origens no decorrer dos acontecimentos da trama. Teresa, por sua vez, é a escrava favorita do seu senhor, Cristóvão Lins, mas isso não impede que ela seja castigada pelo simples fato de ser negra — eram os desígnios de Deus, no fim das contas.
Ai, e como não falar do meu ódio pelo Jeremias? Quem acredita que o maior vilão dessa história é o Cristóvão Lins e os outros senhores — óbvio que não deixam de ser —, é porque nunca leu um personagem tão asqueroso quanto Jeremias. Assim como Ernesto, é filho de pai branco e sua história também é marcada por situações injustas, com a diferença que isso o tornou extremamente amargo. É triste, eu sei, mas nossa... Ô home ruim, meu Deus... Faz ruindade por puro prazer, que ranço! É o tipo de personagem que a gente mal vê a hora de chegar o ponto do livro que mostrará ele se ferrando imensamente, sabem?
É muito difícil para mim aceitar que os personagens criados por Waewell são, de fato, criações. A escrita é tão cuidadosa que nos transporta, nos faz acreditar que os eventos narrados aconteceram exatamente daquela forma, que aquelas personalidades realmente agiam e pensavam daquele jeito. Isso demonstra, é claro, um estudo primoroso e uma composição muito bem feita por parte do autor, um mérito e tanto. Penso que Novo Mundo em Chamas deveria estar incluso nas grades escolares, sabem? Ainda mais levando em consideração que pouco aprendemos sobre a época dos quilombos de Palmares no ensino básico.
Eu não tenho palavras para descrever o quanto fiquei impressionada com esse livro. Como lia durante a noite, ficava um bom tempo pensando naquilo que tinha acabado de ler antes de conseguir pegar no sono... Algumas cenas, como os estupros e os castigos, eram tão marcantes que me deixavam muito desconfortável, principalmente por lembrar que essas partes em específico não eram mera ficção. Também pensava muito sobre o que poderia acontecer, no destino dos personagens... E, para mim, esse é um dos pontos que aponta que uma obra é realmente boa, quando envolve a ponto de nos deixar pensativos por dias a fio após finalizada a leitura.
Ao final da obra o autor deixa uma nota histórica em que fala um pouco sobre o processo de pesquisa, conta sobre o contexto e as paisagens da época, além de deixar bem claro para o leitor o que é ficção e o que é realidade em seu escrito e outras explicações e informações importantíssimas para o completo entendimento Novo Mundo em Chamas. Torço, de verdade, para que mais e mais pessoas leiam esse livro — que, inclusive, está disponível no Kindle Unlimited — e torço ainda mais por uma continuação só para me deixar mais calma com aquele final, rs.
Ana!
ResponderExcluirJá tive oportunidade de ler uns poucos livros nesse estilo, e é justamente por ter um contexto histórico, misturado com a ficção do autor, que torna tudo quase que verídico, mesmo que não seja.
Como trabalhei em União dos Palmares/AL, já tive oportunidde de conhecer o Quilombo e sua história e por isso, gotaria ainda mais de ler esse livro.
cheirinhos
Rudy
Sim Rudy!
ExcluirEu acho que a pessoa tem que ser inteligente demais e tem que pesquisar demais pra dar certo. E gostei muito do que o autor fez nesse livro.
Dá uma olhadinha no livro sim!
Eu adoro o gênero,mesmo não sendo tão aprofundado por mim. Mas admito que fiquei muito feliz em conhecer esse livro, até por isso do autor ter esse cuidado de explicar tudinho sobre as partes reais e as não reais.
ResponderExcluirIsso mostra carinho e respeito com o leitor e a gente precisa tirar o chapéu para iniciativas assim!!!
Com certeza, já vai pra listinha de desejados!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Eu gosto também, mas ao mesmo tempo não é algo que eu sinta vontade de ler o tempo todo.
ExcluirQue bom que tô te fazendo aumentar ainda mais a lista de desejados, viu? rs
Eu também tenho pouco contato com ficção histórica. E assim como você bem disse, Ana, para escrever, de forma verossímil, o gênero é necessário ser um apaixonado por história.
ResponderExcluirO que mais me deixa triste é que personagens sofridas como Tereza e personagens asquerosos como Jeremias, realmente existiram l
Não só existiram como ainda existem né, miga?
ExcluirNosso país tá aí lotado de gente preconceituosa justamente por conta dessa parte da nossa história.
Esse não é um gênero que estou acostumada também, mas acho muito interessante e realmente deve exigir muita pesquisa por parte do autor. Curiosa para saber qual foi o tal final hahah
ResponderExcluirBeijos
Fico doida pra todas as pessoas lerem pra podemos discutir juntos o final, misericórdia, hahaha
ExcluirOi, Ana
ResponderExcluirAmo história, não tinha conhecimento desse livro. Claro que vai para lista de desejos.
Maravilhoso quando o autor pesquisa bastante e mescla personagens fictícios ( mas tem algumas pessoas que devem ter sido como ele descreveu, bons ou maus) e fatos históricos.
Um enredo fascinante, que envolve o leitor do início ao fim.
Beijos
Eu gosto de história também! Na verdade só depois de muito tempo que entendi a importância dessa área do conhecimento, mesmo não sendo o meu foco. Eu adoro esses livros que fazem esse tipo de mistura!
ExcluirOlá! Curto muito uma ficção histórica, essa é primeira resenha que leio desse livro e fiquei super interessada em conferi tudo que foi dito aqui, esse tipo de leitura que mistura ficção e realidade, acho super envolvente. Bjs
ResponderExcluirQue bom que a resenha foi esclarecedora pra você, Milena! <3
ExcluirOlá! Ahhhh é tão bom se deparar com um livro assim, que nos conta um pouquinho da nossa história (não tão bela, diga-se de passagem) de uma maneira mais simples, sem dúvida apoio sua ideia do livro fazer parte da grade escolar, afinal, os alunos iriam aprender de uma maneira bem mais prazerosa (eu acho né). Fiquei com a pulga atrás da orelha com esse final que merecia uma continuação, ai ai ai minha curiosidade.
ResponderExcluirAcho que os alunos iam gostar demais dessa visão, sabe?
ExcluirInclusive sempre acho muito massa quando os profissionais da educação buscam ensinar de forma diferente.
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ResponderExcluirEu amo esse genero justamente por trazer periodos historicos .e como se voce misturasse o prazer da leitura com aprendizado .
ResponderExcluirCreio que ha muita coisa que realmente aconteceu e náo foram escrita nos livros escolares por isso dou muito valor a esse tipo de genero .
Quero ler .assim que tiver oportunidade
Ai, tudo de bom aprender enquanto faz uma coisa que realmente gosta, né?
ExcluirEu adoro esse tipo de livro. Ainda mais por ser possível aprender fatos históricos de um jeito que a gente guarda melhor, com histórias que deixam impacto e personagens que a gente se apega. No minimo dá aquela vontade de ir pesquisar mais do assunto pra saber melhor. Parece um livro que mexe com os nossos sentimentos, ainda mais os de raiva porque se tem esse ranço em personagem só imagino o que foi ler uma trama assim, com um trem desses nela. É uma pena a gente não ver esse tipo de livro na escola né? Queria saber mais sobre assuntos assim, gente que foi apagada da história, histórias que você só fica sabendo em certos meios, em certos nichos. O valor das histórias que não são contadas...
ResponderExcluirFaz imaginar o que foi a vida nesses tempos e o tanto que a gente ainda tem pra aprender.
Fiquei muito apegada à alguns personagens desse livro... Num é atoa que eu tô doida com uma continuação, rs.
ExcluirA gente tem muito o que melhorar mesmo, mas já fico feliz com os passos que estamos dando! <3