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9 de dezembro de 2020

The Outsiders: Vidas Sem Rumo | S. E. Hinton

 
Não sei vocês, mas eu acredito muito em acasos. E resolvi falar isso nessa resenha porque The Outsiders veio para mim por puro acaso. Ele já foi lançado há um tempo, mas não tinha chamado minha atenção, e olha que várias pessoas que eu acompanho nas redes sociais estavam falando sobre ele. Na verdade, sendo bem sincera com vocês, solicitei porque não consegui pensar em qualquer outro livro que eu fosse gostar pelo menos um pouco — sim, eu estava muito amarga em novembro, rs. Então, foi por acaso, despretensiosamente que resolvi dar uma chance para esse livro... E me apaixonei por ele.

S. E. Hinton tinha apenas 15 anos quando começou a escrever The Outsiders, no final da década de 60. Após seu amigo levar uma surra memorável de alguns garotos boa pinta, ela ficou tão brava com a violência entre os Greasers e os Socs, grupos rivais que são divididos por condições socioeconômicas, que resolveu colocar tudo para fora. E foi assim que surgiu a gangue de Ponyboy Curtis, um adolescente órfão que vive com os dois irmãos mais velhos no lado pobre e marginalizado da cidade. Assim, digamos que os Socs eram os playboyzinhos mimados que se achavam donos do mundo.

Acho que justamente por ter sido escrito por uma adolescente, o livro passa uma atmosfera muito real e honesta. E muito provavelmente por isso é o livro favorito de tantos jovens, porque a autora humaniza seus personagens através dessa narrativa sensível. Porque pensem bem, é o retrato da sociedade, né? Crianças e adolescentes pobres, que não têm apoio nenhum, muito menos uma vida estruturada, que são obrigados a amadurecer rápido demais porque não têm outra escolha. E tem gente que tem coragem de falar em direitos iguais para todos. 

Apesar de falar sobre um tema delicado e difícil, a leitura desse livro não é nada complicada. A linguagem é super acessível e a trama segue uma cadência muito boa, então, o que a gente mais quer é terminar logo para saber o destino dos personagens. Inclusive, não demorei muito para perceber o potencial cinematográfico dessa história, que foi imortalizada por Coppola em 1983. Até porque, para mim, mesmo com tamanha violência que é muito bem retratada, o tema principal de The Outsiders é o conceito de família. 

Alguns dos meninos já não têm mais os pais, como é o caso de Ponyboy e seus irmãos, Sodapop e Darry... Outros, como Johnny Cade e Dallas Winston, têm pais que não ligam para eles, para não dizer coisa pior... Mas ainda assim eles têm uns aos outros, sabem? Hinton foi muito feliz ao mostrar que nem sempre o sangue é o que estabelece os laços familiares e sim o amor, companheirismo, confiança... É muito bonita a relação entre todos os personagens, até aqueles que a gente julga como valentões — sim, que a gente teima em achar que não sente nada e que não ama ninguém.

Uma coisa bem interessante da edição da Intrínseca é que ela traz várias informações e curiosidades sobre a obra. Por exemplo, vocês imaginariam que S. E. Hinton é uma mulher chamada Susan que teve que esconder seu verdadeiro nome porque a editora teve medo de os críticos pensarem que uma menina não teria capacidade de escrever uma história como essa? É bem triste que tenhamos que esconder nossa identidade por causa do machismo, né? Mas Susan conta que, apesar disso, gostava da privacidade de ter um nome público e outro privado, principalmente quando seus livros começaram a ficar famosos. 

Além disso, no final, existem algumas páginas dedicadas aos bastidores do filme, com fotos bem bonitas e depoimentos dos atores que deram vida aos meninos, como Ralph Macchio (Johnny) e C. Thomas Howell (Ponyboy). Howell contou, inclusive, que até hoje as pessoas o chamam de Ponyboy, incluindo seus amigos e familiares, de tanto que o personagem marcou a carreira dele. 


The Outsiders é uma obra prima. Sua forma única de falar sobre o processo de desenvolvimento de personalidade que passamos na adolescência faz com que o livro seja, realmente, um clássico; os tempos mudam, mas as situações, pelo menos grande parte delas, continuam as mesmas. Não é por acaso que muitos críticos consideram essa história uma das percursoras do gênero jovem adulto que tanto amamos nos dias de hoje.
 
Título Original: The Outsiders ✦ Autora: S. E. Hinton ✦ Páginas: 344
Tradução: Ana Guadalupe ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

13 comentários :

  1. Olá,
    Adorei ler sua resenha e conhecer esse livro. Você falou tanto sobre indicação e eu aqui surpresa de nunca ter ouvido falar sobre ele. Ainda assim, achei a proposta bem interessante, a edição parece estar linda, e ter essas curiosidades me atraem ainda mais. Acho sensacional.

    Beijo!
    www.amorpelaspaginas.com

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  2. Incrível como uma obra tão interessante que foi escrita na década de 60, permeça atemporal. Mérito todo da autora que se utilizou de um fato verídico porém triste e transformou em um clássico contemporâneo

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    1. Livros assim são bons demais, né?
      A gente lê em qualquer época da VIDA e consegue se identificar... Amo!

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  3. Ana!
    Tive oportunidade de assistir esse filme no ano seguinte ao lançamento, porém não li o livro ainda e imagino que seja cheio de detalhes.
    Realmentte o machismo imperava ainda mais forte naquela época e espero que pelo menos para quem escreve livros, não precise mais se esconder atrás de um nome masculino.
    cheirinhos
    Rudy

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  4. Primeiro é impossível não falar da edição linda da Editora!!! Que espetáculo!
    Eu ainda não li esse livro,mas claro que ele está na listinha de desejados, mas eu vi o filme bem antigo. Aliás, vi duas vezes pois na primeira eu era bem nova e queria ter um novo ângulo do enredo que é fantástico!!!
    Com toda a certeza do mundo, é um livro que sonho ter em mãos e oh, fiquei sabendo por você nesse exato momento sobre a mulher mais uma vez, ter que se esconder, por não confiarem no talento de uma mulher.
    Isso ainda dói.
    Espero ler!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  5. Muito bom quando esses acasos acontecem e acabamos gostando bastante e aproveitando ainda mais as coisas, do que se tivéssemos ido com altas expectativas. Sobre estar amarga hahah eu entendo, tenho ficado na dúvida do que pegar para ler, mas o motivo é eu sentir que não quero perder tempo, mesmo. Interessante terem as curiosidades e fotos.
    Beijos

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  6. Olá! Essa edição realmente parece ser lindíssima, não sabia que a autora era tão novinha quando escreveu o livro, mas acredito que isso explica o fato do livro ser tão bom, afinal ela soube muito bem como criar seus personagens, triste ao saber que ela teve que mudar seu nome, pois não acreditavam em seu potencial, mas pelo menos ela tirou algo positivo dessa situação, preservar sua privacidade.

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    1. Menina, já pensou ter 15 anos e escrever uma história de sucesso? Tudo pra mim! Também ajudou pro livro ter uma linguagem muito característica e acessível, né? Bom demais!

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  7. Oi, Ana
    Assisti o filme faz alguns anos, mas não sabia da existência do livro.
    Desejava o livro pela capa, depois de ler sua resenha tenho que ler pelo conteúdo.
    Mesmo que a autora tenha usado pseudônimo masculino em partes ajudou ela ter o nome de batismo em segredo. Mas as mulheres são capazes de tudo, o problema é o machismo.
    Deve ser uma leitura fascinante ver pelos olhos de uma mulher o que acontecia com os jovens na década de 60, uma pena que muita coisa não mudou de lá pra cá.
    Beijos

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  8. Esse livro é perfeito do começo ao fim. A sua resenha me prendeu de uma maneira que não tem como explicar. Quero muito poder ler essa história sobre a marginalização do jovem e como as diferenças nas classes sociais afetam nosso começo, meio e fim. Pude perceber que Ponyboy está ali pra tentar quebrar o padrão, derrubar o ciclo. Não tenho palavras. Todos os detalhes são incríveis.

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  9. Ola
    Náo gosto muito desse genero mas esse me chamou a atençáo por ser escrito por uma pessoa táo jovem .e se tornou esse sucesso .uma pena ela ter que mudar de nome ,mas por outro lado ela pode preservar a sua privacidade e ate gostou disso .

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  10. É muito gostoso pegar esses livros de acaso e encontrar uma obra que fala com a gente de um jeito único e que parece que veio no momento certo não é?! Amo isso. Confesso que não tive lá muita vontade de ler esse, mas parece uma história bem forte pelo jeito tão honesto e familiar de ser contada. Adolescentes, dificuldades, lutas. Tantos sentimentos e mudanças na vida, coisas ruins acontecendo, tudo mudando, ser obrigado a crescer...é um livro que parece deixar sua marca. A vida vista de forma nua e crua. As informações adicionais e coisas de filme também são legais de ver. Só sabia desse filme mesmo, nem tinha ideia do livro. Mas parece valer a pena.

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    1. Concordo demais. É simples, mas isso aí que você falou mesmo... É muito honesto! Queria demais ter acesso a mais livros desse tipo!

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