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31 de julho de 2025

Dias Perfeitos e os enredos super saturados de Raphael Montes

Recentemente, a editora Companhia das Letras publicou uma "edição de colecionador" de Dias Perfeitos, segundo romance do Raphael Montes e um dos maiores responsáveis pelo sucesso estrondoso do autor, dentro e fora do Brasil. Já li alguns livros do Raphael e aproveitei o relançamento para ler este que eu ainda não tinha lido.

Apesar de não ser uma super fã, eu leio os livros do Raphael Montes, porque geralmente são leituras rápidas e envolventes que despertam curiosidade e surpreendem com os plot twists e as passagens perturbadoras.

A sinopse de Dias Perfeitos não é inovadora. Na verdade, ela já foi bastante explorada em muitas outras histórias. A principal delas: o livro O Colecionador, de John Fowles, publicado em 1963. Confesso que as semelhanças me deixaram até intrigada e me levaram a fazer uma pesquisa rápida na Internet. De fato, encontrei diversas outras pessoas apontando para as semelhanças entre o clássico do suspense de 1963 (que ganhou até uma adaptação em 1965) e o livro do brasileiro.

Polêmicas à parte, vamos à resenha: Dias Perfeitos retrata um jovem estudante de medicina, excêntrico e deficiente em habilidades sociais, que conhece uma jovem vivaz, alegre e descolada, e acaba desenvolvendo uma paixão obsessão por ela. Movido pelo desejo de tê-la só para si, Téo sequestra Clarice com o objetivo de fazê-la se apaixonar por ele. Daí em diante acompanhados os tais "dias perfeitos" que se sucedem. 

O estilo Raphael Montes está presente ao longo de todo o texto: muitas atrocidades são cometidas e muitas minorias são atacadas. As falas capacitistas do Téo são frequentes e, em certo ponto, me fizeram revirar o olho e dizer mentalmente: "Ta bom, Raphael, a gente já entendeu que todos os seus personagens são detestáveis e preconceituosos e esse é o seu jeito de chocar o leitor".

Não sei se o autor continua repetindo essa fórmula em seus lançamentos mais recentes, mas vi isso acontecer em O Vilarejo, em Suicidas e em Jantar Secreto e comecei a achar um pouco cansativo.

Como eu já esperava: foi uma leitura bem rápida. Li praticamente inteiro num único dia, principalmente porque eu estava curiosa pra saber o final (e se seria diferente do final de O Colecionador, já que, até certo ponto, estava tudo igual). Tem uma reviravolta perto do fim que eu amei e me fez pensar: "Uau, se o final for por esse caminho eu vou amar". Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. Resumindo: eu não gostei do desfecho.

Aí veio a surpresa: essa edição traz um final alternativo. Minhas esperanças se renovaram e eu fui ler esperando que esse final fosse o final que eu queria. Não era! kkkkk' O final alternativo é bastante bizarro, mas interessante e coerente com o restante do livro (mas ainda prefiro o final que eu tinha em mente kkkk').

Uma curiosidade legal é que há uma sutil referência à Suicidas, primeiro romance de Montes, no final do livro. Saquei na hora e achei divertido encontrar esse easter egg.

Não foi uma leitura ruim, mas, após ler quatro livros do Raphael Montes, me encontro um pouco saturada. Sinto que a intenção de "chocar a qualquer custo" foi se desgastando e não é mais o suficiente (nunca foi?) para garantir uma boa história. Penso em algumas problemáticas de seus livros, mas nem sei se vale a pena mencionar porque deve fazer parte da fórmula, mas...

Por exemplo: as mulheres de suas histórias são sempre subjugadas, diminuídas, nunca saem por cima em nada e, frequentemente, são estupradas. Mais uma estratégia para chocar ou apenas uma falha na forma como Raphael cria e desenvolve suas personagens femininas? Porque, a impressão que fica é a de que todas as mulheres das suas histórias só estão ali para serem objetos de desejo de seus personagens masculinos (isso acontece em Dias Perfeitos, em Jantar Secreto, em Suicidas e em O Vilarejo).

No geral, eu gosto de histórias bizarras e perturbadoras. Mas acho que elas precisam ser mais do que apenas bizarras e perturbadoras e que não vale tudo pra torná-las bizarras e perturbadoras. Stephen King sabe bem disso depois de tentar chocar com o final de It e ser fortemente criticado.

Não me vejo lendo mais nenhum livro do Raphel Montes no futuro, a menos que alguém me garanta que a fórmula evoluiu. Porque se eu quiser ver mulheres sendo estupradas, pessoas sofrendo gordofobia, homofobia e capacitismo e homens brancos vencendo eu ligo a TV e assisto ao jornal.

Pra ser justa, não quero finalizar essa resenha sem elogiar essa nova edição, que está realmente impecável. Todos os detalhes foram bem pensados. A ilustração da capa, com uma mala de viagem rosa, e a pintura trilateral também rosa fazem alusão à mala de Clarice e dão um toque especial para a edição, que também conta com alguns conteúdos extras que enriquecem a leitura. Pra quem é fã vale muito a pena.

Título Original: Dias Perfeitos ✦ Autor: Raphael Montes
Páginas: 320 ✦ Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora

22 de julho de 2025

Fobia, de Katsunori Hara & Yukiko Goto: um mangá de terror gráfico e perturbador

Fobia é um mangá que contém 5 histórias curtas que retratam diferentes pessoas com diferentes fobias. O primeiro conto se chama Frestas e mostra uma garota com fobia de frestas, como portas entreabertas, bolsas, a fresta do ar condicionado e até as frestas entre pisos. Foi uma ótima história para abrir essa coletânea de contos: bastante gráfica, perturbadora e horripilante. Quem diria que uma história sobre frestas poderia render um final tão chocante?

Duas coisas ficam claras logo nesse primeiro conto: são histórias de terror gráfico e não são indicadas para menores de idade, pois há cenas bem explicitas de sexo.

O segundo conto, denominado Cheiros, retrata outra garota, dessa vez com uma preocupação excessiva e irracional de estar fedendo, principalmente quando na companhia de seu namorado. O final consegue ser tão perturbador quanto o final do primeiro conto, além de ser igualmente gráfico.

Depois que eu peguei o ritmo e entendi o tom dos contos, a leitura fluiu rapidamente. Eu ficava curiosa pra saber qual bizarrice eu encontraria na próxima história e se seria capaz de superar a anterior.

O terceiro conto, Altura, mostra um homem bem-sucedido que está traindo sua mulher com uma garota que tem medo de altura. Inexplicavelmente, o homem começa a sentir um medo absurdo de altura depois que a garota conta pra ele sobre seu medo, como se fosse contagioso. Dentre todos os contos, esse foi o menos perturbador.

Agrupamentos é o nome do quarto conto. Nesse, vemos o surgimento da fobia após uma situação traumática que uma jovem vive ao sair com um garoto que ela conheceu num aplicativo de relacionamentos. Esse conto foi um dos que mais me incomodou, principalmente por envolver uma situação de violência sexual.

O último conto, Lugares Fechados, é uma história de vingança e da fobia que se desenvolve como consequência de ser trancado num lugar pequeno. É interessante, mas não foi a minha preferida. Acho que meus contos preferidos foram os dois primeiros.

Fobia foi uma leitura bem rápida e intrigante. Se você gosta de histórias de terror perturbadoras e inquietantes, esse mangá é perfeito. Eu me surpreendi positivamente com essa leitura, pois gosto desse estilo mais perturbador. E fiquei feliz em saber que esse é o primeiro volume de 3, então em breve terei mais dessas histórias para conhecer.

Título Original: Phobia ✦ Autoria: Katsunori Hara (autor) e Yukiko Goto (desenhista)
Páginas: 200 ✦ Tradução: Caio Suzuki ✦ Editora: JBC
Livro recebido em parceria com a editora
Ajude o blog comprando o livro através do nosso link!

14 de julho de 2025

Os livros da Jenna Levine são a prova de que vampiros nunca saem de moda


Não adianta nem tentar enganar vocês: foi Crepúsculo que me tornou a leitora que sou hoje. Eu era perdidamente apaixonada pelo Edward Cullen como qualquer adolescente no auge dos seus 13 anos. Na minha cabeça ele era o último romântico do mundo — não vamos entrar nesse mérito aqui, mas fiz um post muito legal comentando as várias problemáticas da saga, a quem interessar possa. A grande questão é que estou muito feliz mesmo por essa nova leva de livros com vampiros, bruxas, lobisomens e outros seres míticos que estão sendo lançados tantos anos depois. 

No início do ano passado, a Intrínseca publicou Morando Com um Vampiro, o romance de estreia de Jenna Levine. Nele, acompanhamos Cassie Greenberg, uma pintora que simplesmente não consegue sobreviver dignamente com o seu ofício, algo que acontece muito com pessoas que trabalham com artes de modo geral. O agravante é que Cassie está prestes a ser despejada de novo e precisa urgentemente encontrar um lugar bem baratinho até conseguir equilibrar as finanças.

É aí que Frederick J. Fitzwilliam entra na história, um carinha bastante antiquado que oferece um quarto em seu apartamento por uma pechincha. Mesmo com toda a esquisitice de Frederick, Cassie está tão falida que não vê outra alternativa a não ser aceitar morar com esse querido que parece ter vivido no século passado. Como o próprio título já diz, nosso protagonista é um vampiro, e não demora muito para que Cassie descubra essa condição

A incógnita desse livro é: por que cargas d'água um vampiro rico de mais de 300 anos precisa alugar um quarto em seu apartamento igualmente rico? Isso e os dilemas de Cassie com sua arte incompreendida são as questões que movem a história. Ambos os personagens são muito excêntricos, cada um a sua maneira, e se completam de uma forma estranhamente divertida, nos presenteando com um romance muito leve e despreocupado.

Na real, toda a atmosfera de Morando Com um Vampiro é leve e despreocupada. Não existe um grande dilema, muito menos uma reviravolta, mas eu me diverti tanto e a química entre Frederick e Cassie é tão boa que foi impossível não me apaixonar e sentir aquela nostalgia gostosa, sabem? Inclusive, para um livro bobinho de comédia romântica, a autora não poupou detalhes nas cenas picantes, fica aí o aviso — e que fique claro que eu amo/sou.

A única coisa que me desagradou um tantinho nesse livro foi o final, corrido e com uma resolução bem besta, para ser sincera. É claro que passou longe de estragar minha experiência, principalmente porque os personagens compensam tudo. Inclusive, o meu preferido foi o Reginald, o pior melhor amigo de Frederick. Ele é muito arrogante, prepotente e parece se deliciar irritando as pessoas e colocando elas nas maiores enrascadas possíveis. Parece meio controverso gostar de um personagem assim, mas é que ele é muito sem noção e engraçado, vocês nem imaginam.

É exatamente por isso que eu amei muito mais Namorando Com um Vampiro, a sequência indireta de Morando Com um Vampiro. Nesse segundo volume, além do protagonista ser Reginald, tem um dos enredos de comédias românticas que eu mais amo, o namoro de mentira. Amelia Collins é uma contadora de sucesso e está muito bem assim, obrigada, mas não aguenta mais a família inteira no seu pé para que ela arrume um namorado. Quando ela é convidada para o casamento de uma prima distante, Amelia resolve levar um acompanhante para se passar por seu namorado durante o evento. Reginald é o ser perfeito para isso, afinal, além de tudo o que eu disse sobre ele anteriormente, não tem senso nenhum de moda e estética, tudo o que Amelia precisava. 

O grande "problema" é: Reginald é adorável, no fim das contas. Ele também tem suas próprias questões — que vão ao encontro da mocinha em determinado momento da história — e vai se beneficiar com o relacionamento de fachada, mas acaba se apegando à Amelia muito rapidamente. Eu adorei a construção do relacionamento deles, principalmente porque Amelia não tinha expectativa nenhuma, mesmo achando Reggie muito bonito. O melhor de tudo pra mim foi constatar que Reginald faz de tudo por ela e sem esperar nada em troca, mesmo antes de perceber que estava apaixonado. Muito fofinhos. 

Novamente, a única coisa que me decepcionou foi o final. O clímax, que em teoria seria a resolução do problemão que Reginald arrumou, é muitíssimo raso. Soluções bobas para problemas pouco desenvolvidos. A sensação que eu tenho é que a autora acaba se perdendo com os detalhes do romance e não consegue amarrar direitinho quaisquer outros confilhos que insere na trama. E já que estamos falando de romance, achei os hots muito mais explícitos nesse livro, fiquei até envergonhada, risos. 

E pra quem gosta de crossover, é obvio que Frederick e Cassie dão as caras em Namorando Com um Vampiro. Temos até uns vislumbres de como anda o relacionamento e do que podemos esperar para o futuro deles. E aí, será que Cassie vai aceitar viver com Frederick para toda a eternidade?

Fato é: histórias com vampiros nunca ficam fora de moda, simplesmente porque que agradam a todos os públicos, dos fãs de um bom terror sobrenatural às farofeiras como eu. Outro exemplo muito legal é o Noiva, da Ali Hazelwood, que causou o maior auê na comunidade literária, o que só prova a minha teoria de que nunca nos enjoaremos dos nossos amados vampiros. Enfim, Jenna Levine acertou demais ao criar seus vampiros disfuncionais, espero que ela escreva mais livros do gênero. Aliás, Road Trip With a Vampire, o terceiro volume dessa seleção, já está em pré-venda na gringa, e vai ter uma bruxa protagonista — e a gente bem sabe que bruxas e vampiros não se relacionam muito bem, né? Intrínseca, faz a boa e traz pra nós, não vejo a hora de ler!

Título Original: My Roommate is a Vampire & My Vampire Plus-One ✦ Autora: Jenna Levine
Páginas: 304 & 320✦ Tradução: Lígia Azevedo ✦ Editora: Intrínseca
Livros recebidos em parceria com a editora

9 de julho de 2025

A mini coleção de livros infantis de Arthur publicados pela Intrínseca


Quem acompanha o Roendo Livros há mais tempo sabe que eu sou fã de livros infantis. Tinha uma coleção enorme que foi todinha pra Arthur no momento em que eu descobri que ele estava na minha barriga. Tento ler para o mini querido desde que ele nasceu, mas às vezes o caos do dia-a-dia deixa a tarefa um tanto quanto complicada, mas o importante é manter e incentivar o hábito. 

Obviamente a Intrínseca, que me acompanha desde a adolescência, faz parte também da jornada do meu filho. Caso vocês ainda não saibam, a editora tem uma pequena lista de títulos infantis em seu catálogo, e eu adoro todos eles. Separei aqui a coleção de Arthur, que está com alguns desfalques porque o pequeno leva muito a sério seu título de roedor de livros, rs.


Já falei sobre O Luto é um Elefante no Instagram, um livro lindamente ilustrado que fala sobre o sobre o luto com sensibilidade e delicadeza, principalmente por usar uma linguagem metafórica com animais, o que conversa super com nossos pequenos. Arthur é obcecado pelas imagens, fica tão maravilhado que é um dos poucos livros que ele não tenta destruir, juro kkkkkkkk. 



Um dos meus livros infantis preferidos da vida é O Touro Ferdinando, sempre falo dele quando tenho oportunidade. As ilustrações são simples, somente os traços sem cores, mas a mensagem é maravilhosa: não tenha medo de ser quem você é, tá tudo bem ser um pouquinho (ou muito) diferente. Infelizmente a edição da Intrínseca só está disponível em e-book, mas juro que vale muito a pena. A boa notícia é que a versão em inglês também é bem linda e vocês podem comprar e ler para as crianças! 



Em Alguma Coisa, Algum Dia, Amanda Gorman, através de um poema bem delicado, mostra como a esperança e a união podem fazer a diferença nesse mundão de Deus. Acho que todo mundo tem vontade de transformar essa nossa casa num lugar melhor, né? É muito, muito importante deixar essa chama acessa nas nossas crianças, ainda mais com as coisas como estão! Ah, o livrinho também é recheado de ilustrações maravilhosas, parecem feitas com recortes, um primor!



E vejam só, Amanda Gorman de novo nessa lista! Essa é a obra de estreia da autora na literatura infantil, e ela usa esse poema para convidar as crianças a construir uma sociedade mais inclusiva. O texto de Canção da Mudança é um pouco complexo para crianças muito pequenas, mas as ilustrações abrem espaço para várias discussões legais. Agora uma curiosidade: sempre que deixo esse livro disponível, Arthur vai direto nele, é impressionante!


A versão para crianças de A Origem das Espécies, do Darwin, é o meu xodó! Nem vou entrar no mérito de complexidade por motivos óbvios, mas juro que a adaptação da bióloga e ilustradora Sabina Radeva para uma das teorias mais importantes da humanidade ficou bem divertida e acessível para o público alvo! As ilustrações são um espetáculo à parte, se eu sou apaixonada por elas, imaginem só Arthur! Como mãe Geóloga & cientista, me senti na obrigação de trabalhar com o pitico o assunto desde cedo. De início vou mostrando os bichos, as cores, mas o livro todo é um recurso didático perfeito.



Espero muito que cês tenham gostado desse estilo de post! Se acharem legal, prometo voltar com mais opiniões do mini divo em breve! Já vou criar uma tag #ArthurdoRoendo para ele aqui também, fiquem de olho. Enquanto isso ajude o blog (e uma mãe que ainda precisa comprar fraldas e aproximadamente 80kg de comida por semana) comprando os livros através do nosso link!

3 de julho de 2025

Phantasma, de Kaylie Smith, entrega o que promete ou é apenas mais uma romantasia?

Phantasma tinha tudo pra dar certo pra mim: fantasia com elementos sombrios, fantasmas, demônios, uma família de mulheres Necromantes e inteligentes, relação entre irmãs e, de brinde, um hotzinho. E será que conseguiu entregar o que prometeu? Vou fazer esse mistério e dar minha resposta no final da resenha. 👀

A história já começa com a morte da senhora Grimm, mãe de Genevieve e Ophelia, nossa protagonista, deixando as filhas com uma dívida financeira e uma herança mágica que mais parece uma maldição. As coisas se desenrolam de tal forma que ambas as irmãs vão parar em Phantasma, a mansão do diabo onde acontecem competições macabras e sangrentas que podem resultar em prêmios mágicos.

Na mansão, Ophelia conhece Blackwell, um fantasma metido e galanteador que lhe propõe um pacto. Em se tratando de uma romantasia, nós já sabemos que Ophelia e Blackwell viverão um romance. Romance este que renderá muitas cenas picantes ao longo do livro. Algumas muito boas, outras nem tanto.

A maior parte do livro consiste em Ophelia vivendo seus dias em Phantasma, passando pelas fases e pelos desafios que a mansão apresenta, desenvolvendo sua relação com Blackwell, buscando pela irmã e desvendando mistérios. Há questões envolvendo sua própria história e família e também mistérios sobre quem é Blackwell e o que ele precisa para se libertar.

Uma coisa interessante, e que a autora nos alerta logo no início do livro, é que Ophelia apresenta comportamentos obsessivo-compulsivos com muitos pensamentos intrusivos perturbadores. Essa, pra mim, foi uma das partes mais interessantes do livro. Poucas vezes eu vi um romance retratar tão bem o TOC. Ao final, entendemos que esse retrato fiel é decorrente da própria autora ter esse diagnóstico.

Ophelia lida com os demônios de Phantasma e com seus próprios demônios internos, o que faz dela uma personagem bem complexa que, em alguns momentos, cai em alguns clichês dos livros de fantasia, mas nada que tenha atrapalhado a leitura.

Não é a fantasia mais inovadora que eu já li, mas é muuuuito envolvente. O lance da competição é bem batido em livros desse gênero, mas o fato de ser entre demônios e assombrações conseguiu trazer algo de novo. Outro ponto a se considerar é que o livro tem um tom bem juvenil, que não era exatamente o que eu estava esperando.

O que eu mais senti falta foi ver mais do universo fantástico e do sistema de magia. Sinto que passar o livro todo dentro da mansão foi um pouco limitante. Mas, como sabemos que não se trata de um livro único, tenho esperança de ver mais sobre isso na(s) sequência(s).

No início do livro tem uma Hierarquia de Seres Paranormais que inclui Diabo, Demônios, Assombrações, Vampiros, Metamorfos, Familiares, Espíritos, Videntes, Feiticeiras e Espectros, mas quase nada disso é apresentado ou explorado no livro.

Mas, então: valeu a pena? Pra mim, valeu sim. Eu fiquei super envolvida com a história, as competições são interessantes e seguem uma lógica bem definida, o desenrolar da história surpreende, Blackwell é um gostoso querido, os poderes da Ophelia ainda têm muito a entregar e tem uma revelação no final do livro que a gente descobre, mas os personagens não e eu estou super curiosa pra saber como será feita essa revelação pra eles.

Essa leitura era exatamente o que eu estava precisando, uma fantasia simples que serviu entretenimento. Se é isso que você está procurando: recomendo fortemente.

Título Original: Phantasma ✦ Autora: Kaylie Smith
Páginas: 368 ✦ Tradução: Helen Pandolfi ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora
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