Jenna Evans Welch é conhecida por sua trilogia Amor & Livros, composta pelos livros Amor & Gelato, Amor & Sorte e Amor & Azeitonas. Feitiço Para Coisas Perdidas é a primeira obra da autora fora desse universo, e eu achei que seria a oportunidade perfeita para conhecer a escrita dela, já que todo mundo elogia bastante. Acontece que eu não esperava gostar tanto! Que acalento para o coração é esse livro, minha gente, vocês não têm ideia!
Em um primeiro momento, a trama é relativamente simples. Acompanhamos os jovens Willow e Mason tentando lidar com seus dilemas. Ela é uma garota que, apesar de ter tudo, é negligenciada pelos pais, que são divorciados. Por causa dessa situação, sente que não é querida ou bem-vinda em nenhuma das duas casas, e só existe uma coisa que faz com que ela sinta que tenha um lar: viajar pelo mundo. Mason, por sua vez, é um menino solitário que vive entrando e saindo de lares temporários, e seu maior desejo é reecontrar a mãe, uma mulher que, infelizmente, não é apta a cuidar dele. Vidas opostas, mas ao mesmo tempo muito parecidas...
A história dos dois personagens se cruza quando ambos vão parar em Salém. Isso mesmo, a cidade em Massachusetts super conhecida pelos julgamentos de "bruxas" em 1692. Willow é levada para lá pela mãe, para que pudesse resolver uma herança familiar inesperada que vai trazer a tona muitas questões do passado desconhecido dela. Mason, por outro lado, viaja quilômetros para conhecer seu novo lar temporário: uma amiga de infância de sua mãe entrou no programa unicamente para ficar com ele. Quando os dois finalmente se econtram, por obra do acaso ou não, a atração é imediata.
De fato, a escrita de Jenna Evans Welch é apaixonante. Apesar de se tratar de um livro voltado para o público infantojuvenil e, por consequência, ter uma narrativa bem levinha, a autora consegue desenvolver com a profundidade certa as questões internas dos personagens. Os capítulos são alternados sob os pontos de vista dos dois protagonistas, o que permite que a gente conheça até seus pensamentos mais íntimos. Vocês sabem que eu adoro esse artifício narrativo.
Além disso, eu amei demais a ambientação de Feitiço Para Coisas Perdidas. Tem todos os clichês de Salém, é claro, até porque a cidade é estereotipada, mas nesse livro em especial a magia existe de verdade. A família de Willow, por exemplo, é formada por bruxas muito inteligentes — o que me fez questionar o tempo inteiro se o fato de Mason e Willow se conhecerem foi realmente obra do destino — e a própria conexão entre os personagens dá essa sensação de magia no ar, sabem?
Agora partimos para o ponto principal dessa história. O romance existe e é desenvolvido à medida que os protagonistas passam tempo juntos para descobrirem o mistério que envolve o passado da mãe da Willow, mas o foco dessa narrativa são as relações familiares e suas complicações. Nesse sentido, vários arcos são desenvolvidos: Willow e sua mãe, o que acaba envolvendo esse passado sombrio que fez com que ela fugisse das suas origens; Mason e sua mãe, a dependência de drogas, as dificuldades de se inserir em um novo núcleo familiar mesmo que haja amor... No fim das contas, é um livro com muito mais camadas do que aparenta.
Para ser sincera, a única coisa que me incomodou um pouquinho foi a demora para começar em expor as peças para que Willow conseguisse montar o quebra-cabeça do passado da sua família. Consequentemente, o final do livro ficou meio corrido, com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Mas eu amei o desfecho, principalmente o do Mason, um querido tão novo e tão sofrido, que realmente merecia pertencer a uma família onde seria amado e acolhido. No fim das contas, Jenna Evans Welch conseguiu passar sua mensagem: o amor faz a gente encontrar nosso lugar no mundo!
Título Original: Spells for Lost Things ✦ Autora: Jenna Evans Welch
Há muito horror em nossa vida cotidiana. Esse pensamento me ocorreu enquanto eu pesquisava mais sobre Mariana Enriquez para escrever essa resenha. Conhecer os autores me ajuda a compreender suas obras. De onde vieram, como vivem, eventos marcantes em suas histórias de vida, gostos e opiniões. Após terminar essa leitura que foi envolvente e perturbadora, eu quis saber mais sobre a autora argentina que tem vendido histórias de horror pelo mundo. Foi assim que eu descobri que Mariana precisou lidar com o suspeito desaparecimento de um amigo que havia sido levado à delegacia. Temas como a ditadura, o autoritarismo e a violência permearam a infância de Enriquez, que cresceu em uma Argentina pós-ditadura, mas que ainda não tinha se desprendido totalmente do regime ditatorial.
Na coletânea Os Perigos de Fumar na Cama, Enriquez apresenta 12 contos, incluindo o conto que empresta ao livro seu título. O que há em comum entre eles: os elementos bizarros, a atmosfera sombria, a sensação de estranheza e os sentimentos incômodos, como medo, nojo e raiva. Entre terror sobrenatural e terror natural e humano, Enriquez nos faz questionar o que é pior: fantasmas ou simplesmente a maldade humana? Seriam as maldições piores do que comportamentos conscientes de violência e negligência?
As histórias de Mariana Enriquez me lembram os filmes de terror contemporâneos, principalmente os dirigidos por Jordan Peele e Ari Aster. Portanto, se você gosta de Corra, Nós, Hereditário e Midsommar, esse livro é pra você. Sem jump scare, mas com muito gore, Mariana coloca em alerta todos os nossos sentidos ao descrever cenas perturbadoras e nojentas que envolvem sangue, fezes e fetiches sexuais estranhos, com muitas descrições de cheiros e sensações.
Há certa naturalização da violência e da crueldade nos contos de Henriquez. Isso me lembra uma frase da própria autora: "A violência na América Latina foi normalizada a ponto de a reação das pessoas se tornar moderada." Em vários contos, mesmo diante de horrores grotescos e bizarros, os personagens têm reações não apenas moderadas, mas quase apáticas, mesmo diante de coisas como pedofilia.
Temas de saúde mental também são abordados frequentemente nos contos. Muitos dos personagens são pessoas emocionalmente quebradas, deprimidas, ansiosas e suicidas. Henriquez faz questão de mostrar como a maldade, natural ou sobrenatural, se aproveita de pessoas fragilizadas.
Mortos que voltam à vida, amigas invejosas, receber visita da tia avó morta, um grupo de meninas brincando com um tábua ouija, possessões, uma mulher com fetiche em batimentos cardíacos, uma visita a Barcelona que se torna um pesadelo, um homem que amaldiçoa um bairro inteiro. Esses são alguns dos assuntos explorados por Mariana.
Eu gostei muito de fazer essa leitura. Cada vez que eu sentava pra ler, eu lia vários contos de uma vez, anotava minhas impressões, registrava meus sentimentos e tirava um tempo pra processar minhas opiniões sobre a história. Muitas cenas me fizeram torcer o nariz, franzir o cenho e o clássico: precisei fechar o livro pra digerir o que eu tinha acabado de ler. Os contos são curtos (aproximadamente 10 páginas cada), de leitura fácil e eu descreveria a maioria deles como intrigante.
A edição da Intrínseca está muito bonita. Eu amei a ilustração da capa (vale a pena conhecer mais trabalhos da ilustradora Amanda Miranda no instagram dela: @amandamirand_). Eu achei que a fonte do livro poderia ser um pouco maior, mas nada que prejudique a leitura.
Título Original: Los Peligros de Fumar en lá Cama ✦ Autora: Mariana Enriquez
Fiquei muito animada quando a Intrínseca anunciou esse lançamento, porque além do enredo ser chamativo por si só, a Olívia Pilar é mineira de Belo Horizonte. Isso já fez com que eu sentisse uma conexão imediata com a autora, porque eu também sou mineira e raramente encontro histórias ambientadas no meu país Minas Gerais. Um Traço Até Você, romance de estreia da Olívia, narra as vivências de Lina, uma jovem negra que está tentando encontrar o seu lugar no mundo.
Lina é uma personagem adorável, me conquistou logo de cara, porque ela tem várias camadas. É interessante, porque quem olha de fora só consegue enxergar a vida perfeita que ela tem: faz faculdade em uma das melhores universidades do país, vive em um bairro de classe média alta de Belo Horizonte, tem amigos fiéis e uma família unida... Mas sabe quando falta alguma coisa? Lina tem tudo isso, mas o que ela mais queria, que é o apoio dos pais para seguir a carreira de ilustradora, ela não tem. E isso inclui recursos para estudar no Chile.
A verdade é que Lina nunca quis fazer faculdade de Administração. Foi apenas a solução mais fácil, afinal, quem mais assumiria a empresa da família? Apesar de não gostar do ramo, ela resolve concorrer a uma vaga de estágio para guardar um pouco de dinheiro e finalmente seguir o seu sonho sem depender de ninguém. Ela consegue, é claro, mas com o passar dos dias percebe que o trabalho não é exatamente o que ela pensava, se tornando deveras incômodo. Quando seu caminho cruza com o de Elza e à medida que se aproximam, Lina se dá conta que esses desconfortos que sente, sobretudo quando suas capacidades são constantememente questionadas, têm a ver com a cor da sua pele.
Acredito que o maior triunfo de Um Traço Até Você é a narrativa, que consegue ser suave e realista ao mesmo tempo. É impressionante como Olívia Pilar constrói uma história sensível, mas sem deixar de mostrar uma das maiores realidades do nosso país, que é extremamente racista. Ainda assim, sinto que os acontecimentos, ainda que difíceis, foram expostos de forma objetiva, sem acrescentar dramas excessivos, e isso foi feito propositalmente. Esse é um ponto muito importante, tendo em vista que o público alvo dessa história são adolescentes e jovens em formação.
Além do mais, esse é um romance de autodescoberta. A Lina do início do livro não é a mesma Lina do final do livro, porque em determinado momento ela estoura a bolha e começa a perceber o peso de ser uma mulher negra no Brasil, não importando os privilégios que tem por ter uma condição financeira melhor. Ouso dizer que grande parte dessa crescente se dá pelo relacionamento da protagonista com Elza, porque é a partir dele que Lina passa a entender e questionar várias situações... Seja um olhar torto de um garçom em um restaurante caro, uma colega de estágio supervisionando seu trabalho, uma acusação sem fundamento algum...
Posso parecer um tanto controversa, mas minha única crítica a Um Traço Até Você é a introdução do enredo. Achei que esses primeiros acontecimentos, como o desejo de Lina de fazer um curso de desenho no Chile e até mesmo a forma com que ela e Elza se conhecem, um tanto corridos. Sabe quando estamos lendo um conto e as coisas se desenrolam meio repentinamente porque não existe espaço para desenvolvimento? Tive essa sensação durante os primeiros capítulos do livro. Essa dinâmica, porém, melhora bastante com o passar das páginas, principalmente quando são introduzidos os arcos com outros personagens. As interações de Lina com Amanda, sua melhor amiga, seus pais e os familiares da Elza não estão ali por acaso e fazem muita diferença na construção da narrativa.
Eu adorei ler Um Traço Até Você, terminei com o coração quentinho, com aquela sensação de esperança, não sei bem como explicar. Todos os personagens são muito inteligentes e queridos, a forma como a autora escreve é muito doce e eu nem vou entrar no mérito do livro ter uma das capas mais lindas que esse mercado editorial já viu! Eu já disse uma vez e repito: Olívia Pilar, você é grandona!
Título Original:Um Traço Até Você ✦ Autora: Olívia Pilar
Pouco depois que as gravações do longa Vermelho, Branco e Sangue Azul foram finalizadas, escrevi um post contando para vocês um pouco da minha experiência com o livro — que eu só li porque comecei a ficar curiosa quando anunciaram Nicholas Galitzine e Taylor Zakhar Perez nos papeis principais — e o que eu esperava ver no filme. Provavelmente vocês devem se lembrar que apesar de ter achado a história mediana, sempre defendi que daria uma ótima adaptação. E eu não estava errada.
Recapitulando para quem caiu aqui de paraquedas, VBSA narra a história de amor entre Alex Claremont-Diaz, filho da presidenta dos Estados Unidos, e o príncipe Henry, integrante da Família Real Britânica. Logo nos primeiros capítulos, após uma discussão, os dois causam um alvoroço danado no casamento real do príncipe Phillip. Para evitar uma crise diplomática entre os países, Alex e Henry são obrigados a fingir que são melhores amigos... Vocês conseguem imaginar o que acontece, né?
Antes de tudo, gostaria de deixar claro que eu não detestei o livro, só esperava um pouco mais dele. Achei várias partes bem repetitivas e, no final, tive aquela sensação de que muita coisa poderia ter sido cortada sem que o enredo fosse afetado. Mas meus amigos, é aí que entra o filme. Eu sabia que ia amar demais, porque adaptações costumam ser mais dinâmicas, uma vez que o tempo de tela é limitado. Então, praticamente tudo o que eu achei demais no enredo foi suprimido na produção da Amazon Studios.
Com pouco mais de duas horas de duração, a adaptação do romance de mais sucesso de Casey McQuiston é primorosa. Primeiro porque o elenco principal se encaixou muito bem: não só Nicholas Galitzine e Taylor Zakhar Perez estão perfeitos como Henry e Alex, respectivamente — graças a Deus eu nunca critiquei, sempre acreditei no potencial deles —, mas Rachel Hilson (Nora Holleran), Sarah Shahi (Zahra Bankston) e Uma Thurman (Ellen Claremont), por exemplo, cumpriram muito bem seus papéis. Além disso, o roteiro conseguiu captar exatamente a essência de Vermelho, Branco e Sangue Azul, mesmo que nem todas as cenas preferidas dos fãs tenham ido para a versão final.
Eu, por outro lado, fui agraciada com exatamente TODAS as minhas cenas favoritas, e tenho certeza que esse foi o principal motivo de eu ter gostado tanto do filme. Para quem está curioso, aqui vão alguns spoilers: Alex ligando pro Henry para falar do peru? Check. Primeiro beijo durante a festa de ano novo na Casa Branca? Double check. Feriadinho na antiga casa da família Claremont-Diaz no Texas? Check, check, check.Até o icônico "History, huh? Bet we could make some", minha gente, sinto que venci demais da conta. E meu Deus, sinto que venci mais ainda com os perfis dos personagens no Instagram com coisinhas iguais ao livro — @theagcd e @princehenryuk, para quem quiser conferir.
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É claro que outras cenas me marcaram muito na adaptação. Cada vez que eles se beijavam eu tinha um siricutico, meu Deus do céu. Na verdade, toda vez que eles respiravam o mesmo ar eu já estava sentindo sentimentos, porque a química entre Nicholas Galitzine e Taylor Zakhar Perez é indiscutível. Suponho, inclusive, que tenham calado a boca de várias pessoas por aí. Por exemplo, a sequência da partida de polo quase me matou lentamente, duvido que o diretor Matthew Lopez não tenha feito de caso pensado. Haja sensualidade, misericórdia. Mas o interessante é que ao mesmo tempo em que essas cenas são muito sensuais, elas são igualmente bonitas e delicadas, sabem?
Obviamente, nem tudo são flores. Vou mentir para vocês se disser que não fiquei decepcionada com a forma como a bissexualidade do Alex foi retratada na adaptação. Quer dizer, no livro foi um processo de autodescoberta, uma das coisas que eu mais gostei de acompanhar, porque se entender bissexual é de fato muito complexo. No filme foi bem mais simplista, como se ele já soubesse desde sempre, como se nunca tivesse sido uma grande questão. Ao meu ver, faltou um pouco de bi panic sim, mesmo que eu entenda que talvez não existisse tempo de tela para isso.
Outros dois negocinhos me deixaram bem bolada, e vocês simplesmente não podem rir de mim. A primeira é que eu lembrei o quanto norte-americanos se acham o último biscoito do pacote chamando os Estados Unidos de América, né? É o c*r*lho, faça-me o favor... E a segunda coisa é que eu fiquei esse filme INTEIRO esperando ver a bunda do Nicholas — e que fique claro que não estou reclamando da bunda do Taylor — e NADA! Como pode uma coisa dessas???? Para todos os efeitos ele deu o c* em rede internacional e NÃO APARECE UMA MÍSERA BUNDINHA??? Não aceito, qualquer dia desses vou mandar uma DM desaforada para ele exigindo explicações.
Agora falando sério, eu acredito de verdade que esse filme vai suprir as expectativas do público. Eu sei que bastante coisa foi cortada — e aí voltamos naquilo que falei lá no início, rs — e existem outras mudanças significativas, como a ausência da June, irmã do Alex; a alteração do vilão, o que também exclui o Rafael Luna da produção; o fato dos pais do Alex ainda serem casados (o que eu particularmente adorei) e outras coisinhas a mais, porém tudo se encaixou tão perfeitamente que é impossível não gostar. No fim das contas, uma boa adaptação é isso, a união entre aquilo que a gente espera ver e as novidades que deixam a gente surpreso.
Vermelho, Branco e Sangue Azul está disponível no Amazon Prime Video desde o dia 11 de agosto. Quem não é assinante do Amazon Prime pode aproveitar o teste gratuito de 30 dias para assistir! Espero do fundo do coração que vocês curtam essa adaptação tanto quanto eu, sei que foi feita com muito carinho para nós!
P. S.: Não podia ir embora antes de falar que eu adorei a cena que ilutra a capa dessa postagem, de Henry e Alex na rede! Alex está lendo o romance Última Parada, outra obra de Casey McQuiston, publicado no Brasil também pela Editora Seguinte. Henry, por sua vez, aparece lendo Garota, Mulher, Outras, da britânica Bernardine Evaristo, vencedor do Book Prize em 2019. Por aqui, a obra de ficção aclamada por Barack Obama e Roxane Gay saiu pela Editora Companhia das Letras.
Não precisa me acompanhar há séculos para saber que sou obcecada por Heartstopper, desde o lançamento dos quadrinhos aqui no Brasil pela Editora Seguinte. Eu me apaixonei perdidamente pelos personagens e pela delicadeza das histórias deles. Alice Oseman, a autora, conseguiu conquistar até os corações mais frios ao mostrar que relacionamentos podem e devem ser saudáveis e simples, que não é necessário nenhum drama escatológico para existir uma grande história de amor.
Quando descobrimos que os livros seriam adaptados pela Netflix e que a própria autora escreveria o roteiro, ficamos em polvorosa. Poucas coisas são mais gostosas do que acompanhar uma adaptação saindo do papel: a escolha dos atores, os bastidores, os pequenos spoilers que vão saindo com o passar das gravações, as entrevistas, imagens e vídeos promocionais... Tudo é muito gratificante. Não vou mentir para vocês, a última vez que eu senti essa empolgação na vida foi na época em que os filmes de Harry Potter estavam sendo gravados — e éramos iludidos achando que tudo era perfeito, né?
O "hi, hi" mais famoso do mundo
Enfim... Acompanhei tudo, desde a primeira temporada, que foi lançada em abril de 2022. Eu lembro direitinho, porque estava fazendo uma viagem de campo que duraria 16 dias e tudo o que eu mais desejava era poder ficar em casa para maratonar os episódios. Não foi possível, é claro, então eu me contentei com assistir um ou dois episódios por dia nos hotéis — era o que eu aguentava depois de passar o dia andando de ônibus e caminhando no sol —, depois de obviamente pedir alguma coisa para comer no iFood. Imagino que eu tenha sido julgada pelos meus colegas por se a única a não sair com a turma no fim do expediente, mas eles me conhecem bem.
É fácil entender porque Heartstopper faz tanto sucesso. A maior parte das produções LGBTQIA+ mostram as dificuldades que passamos por sermos quem somos de forma nada glamourosa. De fato, não é, mas precisa mesmo mostrar só as partes ruins? Não podemos ser felizes? É aí que entra Heartstopper, que venceu demais ao contar a história de Nick Nelson (Kit Connor) & Charlie Spring (Joe Locke), dois amigos improváveis que acabam se apaixonando.
Claro que além de abordar o primeiro amor, a série fala muito sobre a descoberta da sexualidade na adolescência. Charlie sabe que é gay desde que se entende por gente, mas Nick só se entendeu bissexual quando começou a gostar do Charlie de-uma-forma-romântica-não-só-como-amigo. A primeira temporada, então, tem como foco a construção do relacionamento entre os protagonistas, mas sem deixar de lado o medo dessa dessa descoberta, principlamente porque Nick é o próprio estereótipo do garoto cis-hétero: é todo forte, popular e pratica um esporte considerado masculino.
A adaptação é a coisa mais linda do Universo e extremamente fiel ao material original. A narrativa é super leve e divertida, com oito episódios de até 30 minutos de duração cada — eu sei, também queria que durassem para sempre. Além de Nick e Charlie, a produção da Netflix deu mais tempo de tela para alguns personagens secundários: Tara Jones (Corinna Brown) e Darcy Olsson (Kizzy Edgell) com as belezas e dificuldades de assumir um relacionamento em pleno ensino médio; Tao (William Gao) e Elle (Yasmin Finney), melhores amigos do Charlie, cada um com seu arco. Elle é uma mulher trans, que mudou de escola após a transição, então além de acompanharmos a dificuldade de Tao de aceitar essa nova dinâmica, sem sua amiga mais próxima, acompanhamos também o florecer da amizade entre Elle, Tara e Darcy, e a importância dela nessa nova etapa da vida da garota.
Além da fidelidade, os efeitos especiais adicionados foram um grande acerto. As ilustrações características da Alice Oseman, como as folhinhas, faíscas, flores e corações, foram incorporadas em momentos muito específicos para trazer mais sentimento e vida para a adaptação. É muito, muito especial mesmo, um acalento para o coração, principalmente nessa época em que grande parte das produções voltadas para o público adolescentes são focadas em dramas envolvendo sexo e drogas — e que fique claro que eu não tenho nada contra, muito pelo contrário, rs.
Assim como a primeira, a segunda temporada, lançada em agosto de 2023, conta com oito episódios também curtinhos. A principal mudança, ao meu ver, é que essa nova leva de episódios é bem mais madura, mas sem deixar de lado a leveza que tanto nos conquistou. Nick se aceitou como bissexual, contou para sua mãe, mas não se sente pronto para contar para todo mundo, o que também implica assumir seu relacionamento com Charlie. O cerne da questão é justamente esse: por que cargas d'água nós, pessoas LGBTQIA+, precisamos anunciar para as pessoas o que somos e de quem gostamos?
Mesmo mantendo o tom positivo, a série introduz temas um pouco mais sérios. Por exemplo, as pessoas foram tão homofóbicas com Charlie quando foi tirado do armário que ele morre de medo que o mesmo aconteça com Nick, principalmente porque as consequências não foram muito legais... Charlie é um menino muito inseguro e isso tudo que está acontecendo acaba sendo um estresse muito grande para ele, e essa nova temporada começa a mostrar essas sequelas.
Um dos pontos altos, além dos episódios em Paris, é claro, são os novos arcos desenvolvidos. O Universo e os personagens já estão estabelecidos, então resta tempo para aprofundá-los. Temos um espacinho todo especial para nossos amados Tao e Elle, novos desafios no relacionamento entre Darcy e Tara, e finalmente contaram um pouco da história do Isaac (Tobie Donovan), o que já não era sem tempo! Novas questões familiares foram inseridas, algumas coisas boas e outras nem tanto... A gente se questiona o tempo inteiro como é que existem pessoas tão maldosas no mundo. E nossa, eu fiquei em total situação de barril com Ajayi e Farouk, sinceramente, uma surpresa muito gostosa!
Ocupadíssimos sendo gays, rs
Mesmo quem não conhece os quadrinhos vai amar muito essa adaptação, mas para quem já conhece... Meu Deus, é um sentimento indescritível ver os livros saindo da tela, literalmente. Muitas cenas são iguaizinhas, nas falas e até em pequenas coisas, como roupas e objetos dispostos na construção do cenário. Sem contar que todos os atores, sem exceção, se encaixam perfeitamente em seus respectivos papéis e estão muito mais confortáveis neles. Para mim, Kit e Joe nasceram para ser Nick e Charlie, fico boba com a doação deles, com a química e em como parecem felizes por interpretarem personagens que a gente ama tanto.
Agora que falei um pouquinho sobre a série sem spoilers, preciso desesperadamente deixar algumas considerações aqui, continuem por conta e risco de vocês. São observações e pensamentos que fui deixando num bloquinho de notas do celular enquanto fui assistindo, então talvez só faça sentido mesmo para quem já assistiu. E por favor, venham surtar comigo nos comentários, não aguento mais voltar a ser adolescente sozinha!!!
✦ Kit Connor simplesmente ENORME gente, como que pode? Só conseguia pensar que as roupas dele iam explodir a qualquer momento 🗣️🗣️🗣️. Meus parabéns, continue assim, mô.
✦ O Nick tendo crise de ansiedade fazendo prova sou eu toda, nossa. Vocês bem sabem o tanto que eu sofro.
✦ A jornada da Elle, meu Deus, que coisa maravilhosa! Com certeza uma das melhores coisas dessa temporada. É um caminho inédito, não tem nos quadrinhos, mas que fez muita diferença na construção da personagem!
✦ O TAO E O CHARLIE NO VERDADE OU DESAFIO EU DEI UM BERRO TÔ BERRANDO ATÉ AGORA, amei.
✦ Nick o pai dos bissexuais, apenas. O póbi toda hora tendo que explicar sua sexualidade, todo bissexual passa por esse inferninho.
✦ O chupão do Charlie apenas o personagem de maior destaque da s2 🤣
✦ Tori Spring A MAIORAL! Queria tanto ver mais dela, espero que esse momento chegue na terceira temporada...
✦ Como pode as mães do Nick e do Tao serem tão perfeitas e maravilhosas, e a mãe da Darcy ser um esgoto humano???
✦ Eu vivi pra ver a Imogen (Rhea Norwood) MACETANDO o Ben (Sebastian Croft), que sabor delicioso!!!
✦ A última cena do último episódio... Quase morri do coração, gente. Atuação de milhões dos meus filhos Joe e Kit. Me emocionei muito e não vejo a hora de ver como o tema será abordado na s3.
Lembram dos efeitinhos especiais presentes na primeira temporada? Essa identidade visual é mantida na segunda temporada. Aliados a outros aspectos técnicos da série, como a ótima direção, trilha sorona e fotografia, essas características continuam essenciais para transmitir ao público a mensagem que a série quer passar. Assim, posso afirmar que Heartstopper segue como um dos maiores acertos da Netflix dos últimos tempos, uma vez que mantém aquilo que gostamos ao mesmo tempo em que aprofunda e traz complexidade para o enredo e personagens. Não é atoa que é extremamente aclamada pela crítica especializada e pela audiência, não é mesmo?
Oi meus amores, tudo bem? Então, já começo esse post contando para vocês que deu tudo certo na defesa do meu TCC! Sou oficialmente Engenheira Geóloga! Muito obrigada a todos que rezaram e torceram por mim, sério. Quanto as leituras... Aos pouquinhos vou voltando ao ritmo, mas não se preocupem que as meninas e eu estaremos sempre falando sobre livros e outras coisitas por aqui!
Indo ao ponto que interessa, as regrinhas do top vocês já sabem de cor, mas não custa relembrar: antes era obrigatório comentar em todas as postagens para não ser desclassificado do concurso, mas a partir de agora vocês serão sorteados a partir dos comentários. Isso significa que não é obrigatório comentar em todos os posts: cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia — recomendo que vocês comentem e preencham o formulário sempre que sair post novo, já que quanto mais comentários cadastrados, maior a chance de ganhar. Todos os meses um comentário será sorteado pelo aplicativo.
Atenção: só preencha o formulário nos dias em que comentar no blog. Por exemplo, se em determinado mês tiverem 13 posts, o número máximo de entradas que cada participante pode ter no formulário é 13! Outra coisinha: já tem alguns anos que o Rafflecopter não é mais responsivo, então acho que no computador a visualização fica melhor!
O prêmio é um vale de trinta reais na Amazon! Ah, as chances extras continuam: comentar nos posts do Instagram e tweetar sobre o top todos os dias em que tiver postagem nova por aqui, então aproveitem! Caso tenha restado alguma dúvida, podem me procurar nas redes sociais, tá bom?
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