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29 de junho de 2021

Oito Livros Populares Que Não Curti Muito


Uma das coisas mais horríveis que existe é começar um livro com muita expectativa e, no fim ou mesmo no decorrer da leitura, perceber que a história não era exatamente o que você pensava que fosse. Pior ainda quando é um livro que todo mundo fala bem, exatamente aquele que causou um reboliço enorme entre os leitores, né? É justamente sobre essas experiências que vou falar hoje.


Um Amor Para Recordar

A minha primeira grande decepção literária foi com Um Amor Para Recordar. O filme homônimo é um dos meus preferidos da vida, e o que eu encontrei na narrativa do Nicholas Sparks foi bem diferente daquilo que eu estava acostumada. A obra cinematográfica é muito mais tocante, romântica e dramática... Sem contar que a química entre Mandy Moore e Shane West, atores que deram vida aos protagonistas, é difícil de superar até hoje. 

A Seleção

Não é que eu tenha odiado A Seleção ou algo do tipo, só foi diferente do que eu esperava. Afinal, o livro é vendido como uma distopia, mas a verdade é que está muito mais para romance adolescente, né? Não me entendam mal, eu AMO romance adolescente, mas nesse livro em específico estava esperando ler uma trama distópica. Além disso, a personagem principal, America, é tão chata e indecisa que se afeiçoar a ela se torna uma tarefa praticamente impossível. 

A Bússola de Ouro

A aventura de Lyra, protagonista de A Bússola de Ouro, faz tanto sucesso que os livros da trilogia foram até relançados pela editora Suma. Porém, não funcionou para mim... Achei a narrativa extremamente parada e nada acontecia de fato, sabem? Muitas ameaças potenciais, mas nenhum perigo concreto. A reviravolta, bem no final, não foi suficiente para me fazer amar a história, ainda que os personagens sejam uma gracinha.

O Lado Bom da Vida

O que mais me incomodou nesse livro foi o estilo de narrativa adotado pelo autor. Pat, o protagonista, é um homem adulto com problemas psicológicos, e Matthew Quick o infantiliza muito por conta disso. Assim, Pat fala como se fosse uma criança de cinco anos, e eu não curti muito essa estratégia. Outro fato que me desagradou foi a personalidade de Tiffany, que se envolve com Pat, insuportavelmente amarga. No filme, por exemplo, a personagem é super alto astral... E o final do filme também é 50x melhor. rs

Todo Dia

De modo geral, a trama criada por David Levithan é muito interessante e bacana, principalmente se levarmos em consideração a questão da representatividade. O protagonista dessa história é gênero fluido, pois desde o momento em que nasceu ocupa o corpo de pessoas de ambos os sexos, o que nos dá uma perspectiva muito interessante sobre a sua existência. Obviamente o autor utiliza os personagens para falar sobre amor, independente de quem você seja. A única coisa que me atrapalhou em Todo Dia foi a narrativa, melancólica e lenta demais para o meu gosto.

O Lado Mais Sombrio

Eu sou apaixonada por releituras, então tinha certeza que ia amar O Lado Mais Sombrio, a história de Alice no País das Maravilhas contada de forma um pouco diferente. A. G. Howard utiliza elementos mais sombrios em sua trama, o que foi bastante legal, mas em determinado ponto, parece que ela perdeu a mão... As coisas começaram a ficar mais sem pé nem cabeça que a história original, e os capítulos são tão longos que eu tinha preguiça de começá-los. Ah, temos um triângulo amoroso aqui, mas não achei que foi bem desenvolvido ou que veio a calhar, infelizmente. 

Mulherzinhas

Confesso que me interessei por Mulherzinhas unicamente por causa da Emma Watson, que interpretou uma das irmãs March no filme Adoráveis Mulheres. Assim, para mim é um livro meia boca como qualquer outro em que a única coisa narrada são fatos do dia a dia dos personagens, MAS eu entendo a importância da obra. Por ter sido escrita em 1868, existem muitas coisas que realmente eram vistas como absurdos pela sociedade, como, por exemplo, a liberdade que as irmãs tinham. A questão religiosa incutida nas páginas também me incomodou muito, porque tudo era divido em "certo e errado", "bom e mau"... E nossa, tem uma irmã que reclama TANTO da vida que eu praticamente sofria cada vez que ela abria a boca. Enfim...

O Visconde Que Me Amava

Novamente... Não é que eu tenha odiado, só esperava mais mesmo. O Visconde Que Me Amava é o segundo volume da série Os Bridgertons, que acompanha a saga de oito irmãos. Anthony, o protagonista dessa história, é simplesmente o personagem preferido de todas as pessoas que são fãs desse universo criado por Julia Quinn... Então eu esperava encontrar O PERSONAGEM, O HOMEM dos meus sonhos, e não foi isso o que aconteceu. Muito pelo contrário, achei ele bem normalzinho? Colin, o terceiro irmão, é muito mais adorável, por exemplo. A questão é: não consigo entender o que as pessoas veem no Anthony e na história dele com Kate, rs. Não me julguem! 

Ainda sobre Os Bridgertons, prometo para vocês fazer um post especial falando minha opinião sobre todos os livros assim que eu terminar de ler todos. Já estou no sétimo, Um Beijo Inesquecível... Mas já adianto para vocês que meu livro preferido até agora é O Conde Enfeitiçado, da Francesca, a irmã esquecida na fila do pão. 

Mas me contem aqui... Qual livro super famoso que todo mundo ama e vocês não gostam? E já leram algum da minha lista? Já estou esperando os comentários indignados de vocês, então, por favor, peguem leve.

24 de junho de 2021

Jogador Número Um & Jogador Número Dois | Ernest Cline

Jogador Número Um é basicamente o livro preferido de qualquer adolescente que gosta de videogames e da cultura pop dos anos 80, e foi justamente isso que me instigou a lê-lo. Estava muito animada, não só porque reconhecia que a história tinha potencial, mas porque a edição da Intrínseca só dava mais vontade de conhecer a obra prima de Ernest Cline. Eu gostei bastante do primeiro volume da duologia, mas esperava um pouquinho mais dada toda a fama que fez com que, inclusive, a trama desse origem a um filme. 

Resumidamente, Jogador Número Um se passa no futuro, no ano 2045. O autor apresenta o mundo real como um lugar terrível para se viver, visto que a maior porcentagem do planeta vive na linha da miséria. Mas existe uma única coisa capaz de dar certo conforto para as pessoas, o OASIS, um game de realidade virtual baseado em uma sociedade. As pessoas criam seus avatares e podem ser e fazer o que quiserem dentro do jogo — obviamente quem tem dinheiro é mais beneficiado. 

Acontece que, pouco depois da sua morte, Halliday, o criador do sistema, deixou em vídeo e em testamento um desafio para qualquer jogador do OASIS: quem encontrasse o Easter Egg que ele deixou em um dos milhares mundos do game, herdaria toda a sua fortuna, inclusive a gestão e controle da empresa. E é aí que entra Wade Watts, um jovem de periferia que passa boa parte do seu tempo nesse universo paralelo. Depois de quase cinco anos que o desafio foi lançado, o garoto conseguiu encontrar uma das três chaves que dariam acesso ao ovo tão cobiçado. 

Depois desse acontecimento, é claro, rola um reboliço enorme e várias outras pessoas conseguem acesso à chave, dando início a uma verdadeira caçada, cheia de acontecimentos e reviravoltas. Isso por si só é uma coisa muito engraçada sobre o livro, já que o início é muito, mas muito lento. Os primeiros 30-40% são muito descritivos, o que pode agradar ou desagradar na mesma proporção. Eu fico num meio termo, gostava de algumas informações, ao passo que achava outras totalmente desnecessárias. Em contrapartida, da metade do livro para o final, a narrativa se torna frenética. As tarefas que os covos — como são chamados os caçadores do Easter Egg — precisam cumprir vão se tornando mais complicadas e, para nós, leitores, mais interessantes de acompanhar. 

Porém, o que mais chama atenção no livro realmente são as referências aos anos 80, e são elas que dão origem às tarefas que os jogadores têm que cumprir. Tem de tudo um pouco: filmes, músicas, cultura... Mas é claro que o que predomina são os games. Nesse sentido, Cline acertou em cheio, porque ele insere essas referências de forma muito natural e divertida. Quem não conhece vai conseguir entender facilmente — e vai ficar com muita vontade de pesquisar depois, rs —, e quem já é familiarizado vai ser tomado por um sentimento de nostalgia gigantesco, o que é muito legal. 

Acredito que existem dois principais motivos para eu não ter me afeiçoado tanto a história. O primeiro foram os personagens, que são muito imaturos. Wade, então, nem se fala. Às vezes ele tomava cada decisão burra que eu não conseguia entender, até porque com 17 anos a gente já sabe uma coisinha ou outra da vida para entender o sistema, né? A segunda, e o que pesou mais, foi o estilo da narrativa de Cline. Para mim não funcionou muito bem justamente por ser muito descritiva e engessada.

Se eu já não tinha curtido muito Jogador Número Um, fica até difícil dizer o que eu senti lendo Jogador Número Dois. A sensação que eu tive foi que Cline simplesmente repetiu a dose, isto é, pegou tudo o que deu certo no primeiro livro e usou no segundo. É exatamente a mesma fórmula: início lento e extremamente descritivo, mil e uma reviravoltas do meio para o final.

No segundo volume da duologia, Wade Watts e seus amigos — Art3mis, Aech e Shoto — que o ajudaram a encontrar o ovo de Halliday em Jogador Número Um já aparecem como donos da empresa que gerencia o OASIS, além de estarem milionários, é claro. Além disso, o OASIS recebeu uma atualização: os usuários agora conseguem usar, de fato, os cinco sentidos no jogo. Mas para isso é preciso conectar o cérebro ao jogo, o que pode trazer consequências irreversíveis para quem aceita a condição. 

A partir daí existem dois acontecimentos principais. Em primeiro lugar, a desavença entre o grupo, visto que Art3mis não concorda com a atualização por causa dos efeitos que ela pode causar ao cérebro a longo prazo, sem constar os riscos de dar merda — o que para mim também era óbvio. Depois, o surgimento de um personagem que consegue tomar o controle do OASIS, o que dá origem a uma nova caçada que, caso não seja cumprida, promete comprometer tanto o mundo virtual quanto o real. E é por isso que eu disse que o segundo livro parece uma cópia do primeiro, mas aqui os personagens conseguem ficar ainda mais chatos. 

O par romântico já não funciona mais, o vilão é muito estereotipado e clichê, não dá para levá-lo a sério. Todas as situações envolvendo esse personagem são tão caricatas que é impossível acreditar que o problema em que os protagonistas estavam envolvidos era realmente sério, que a vida dos usuários do OASIS dependia deles. Além do mais, quando finalmente chega a parte da ação, parece que o autor não conseguiu desenvolver direito. Sabem aqueles livros que se a gente saltar o miolo consegue entender o final sem nenhuma dificuldade? Jogador Número Dois é assim, porque além de tudo tem o desfecho mais previsível do mundo.

O meu veredito é que Jogador Número Dois foi criado unicamente para suprir a necessidade de continuar a história de personagens que fizeram muito sucesso e, consequentemente, teriam potencial de render mais dinheiro, entendem? Continuações desnecessárias que surgem quando um autor percebe que a "receita" deu certo? Isso me faz pensar que, talvez, se fosse analisado de forma isolada, esse volume não seria tão ruim... Mas em comparação com o primeiro — que para mim já não funcionou tanto — é só ladeira abaixo. 

Quanto a Jogador Número Um, acredito funciona muito melhor como filme, porque as cenas ficam muito mais dinâmicas e as referências não deixam de existir. Talvez por isso mesmo tenha feito tanto sucesso e tenha estimulado a continuação. Aliás, acredito que Jogador Número Dois possa funcionar muito bem nas telinhas com alguns ajustes.

Títulos Originais: Ready Player One & Ready Player Two ✦ Autor: Ernest Cline
Páginas: 432 + 416 ✦ Tradução: Giu Alonso & Flora Pinheiro Editora: Intrínseca
Livros recebidos em parceria com a editora

21 de junho de 2021

Começou o Amazon Prime Day!

Provavelmente vocês já sabem, mas esse ano teremos Amazon Prime Day novamente no Brasil! Hoje e amanhã, 21 e 22 de junho, os consumidores encontrarão ofertas exclusivas em mais de dois milhões de produtos do site, incluindo nos setores de eletrônicos, jogos, produtos esportivos, brinquedos, e, é claro, nossos amados livros. Atenção! Para conseguir os descontos, os usuários devem ser assinantes do programa Amazon Prime.


Como não sou boba nem nada, resolvi fazer esse posto para compartilhar com vocês algumas promoções que, particularmente, achei bem bacanas.
 
Em primeiro lugar, temos nossa oferta favorita: KINDLE UNLIMITED DE GRAÇA POR DOIS MESES — eu sei que muitas pessoas aguardam ansiosas por esse momento. Para quem ainda não sabe, o Kindle Unlimited é uma biblioteca virtual que dá acesso à milhares de livros por um valor super acessível. Já falei bastante sobre o programa e minha experiência com ele, e também já dei várias dicas do que vocês podem ler por lá!
 
 
Geralmente a promoção é para novos assinantes, mas não deixem de tentar durante os dias 21 e 22! Algumas vezes a Amazon libera a promoção para assinantes desativados também!

Outro desconto super esperado é justamente nele, o dispositivo Kindle!
 
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Por último, mas não menos importante... LIVROS, LIVROS E MAIS LIVROS!

Aqui, minha principal dica é vocês ficarem de olho nas ofertas relâmpago: tem como conferir o que vai entrar em promoção e seguir para não perder. Além disso, para quem usa o aplicativo, é possível ativar as notificações que avisam quando as ofertas começam. 

Eu sei que essas promoções são muito legais, mas sempre tenham em mente o que vocês realmente querem e precisam, pra não comprarem no impulso e se arrependerem depois. Espero que aproveitem bastante e que os desejados de vocês tenham descontos legais!

Ao comprarem com os links dispostos nesse post, além de curtirem promoções tão legais, vocês ajudam o Roendo Livros com uma pequena comissão!

18 de junho de 2021

Querida Konbini | Sayaka Murata

Li Querida Konbini através de um clube do livro que organizo em parceria com minha amiga Amanda, na cidade onde moro, Diamantina. Essa informação é importante porque muito provavelmente nem saberia da existência da obra de Murata não fosse o nosso clubinho. Justamente por ser uma leitura diferente, resolvi trazer minhas opiniões sobre ela para vocês. 

Keiko Furukura, personagem principal da nossa história, é uma mulher de 36 anos que, além de não possuir muitas habilidades sociais, trabalha em uma konbini — é assim que são chamadas as lojas de conveniência no Japão. Para ela isso não é um problema, afinal, é o que ela gosta de fazer, mas é duramente criticada não só pelos seus familiares, mas pela sociedade como um todo. Afinal, como uma mulher de 36 anos ainda não encontrou um marido e trabalha em uma konbini?

Ao que parece, lá no Japão, esses empregos são considerados temporários. Isso significa que são lugares onde as pessoas trabalham por pouco tempo, geralmente quando são jovens e ainda estão no colegial. Mas Keiko fez faculdade, trabalha e paga suas contas sem ajuda de ninguém, não teria que ser suficiente? A questão é que sempre tem alguém para apontar algum defeito na vida da protagonista, algo que acontece constantemente na sociedade como um todo. 

Murata faz reflexões muito interessantes durante o seu texto, sobre como nós devemos seguir um padrão para sermos aceitos. E isso acontece o tempo inteiro, né? Se você não estuda, trabalha, se casa, constitui uma família, algo está errado com você. Se você tem 26 anos e ainda não se formou na faculdade, "está passando de hora", algo está errado com você. Não quer casar, ser mãe? Deus nos livre. E é assim que somos, culturalmente falando. 

Acredito que Querida Konbini pode causar certa estranheza aos leitores. Por mais que tenha sido proposital, já que estamos falando de uma personagem que foge às "regras" da sociedade, a apatia de Keiko não é algo que agrada. Estamos acostumados com personagens "humanos", com sentimentos e preocupações, e Keiko parece ser um robô, programada para fazer o que as pessoas mandam ela fazer, sem se atentar de fato com suas ações.

Para ser sincera, por ser um livro de uma escritora japonesa, esperava ter um pouco mais de contato com a cultura do país. Porém, como eu já deveria ter suspeitado desde o início, o cenário principal é a konbini, então não esperem muito além disso. Também já aviso que é, de certa forma, um livro desconfortável: os personagens não têm vergonha de dar palpites na vida alheia, na cara dura. Cada um afirma o que é melhor para o outro, mas talvez se esqueçam de olhar para os próprios problemas. E o pior é que não é uma coisa exclusiva dos japoneses, né? Nós, brasileiros, não temos essa mesma mania? Fica aí essa reflexão.

Se as pessoas acham que alguma coisa é estranha, sentem-se no direito de invadir essa coisa para descobrir o motivos de suas esquisitices.

Título Original: Konbini Ningen ✦ Autora: Sayaka Murata ✦ Páginas: 152
Tradução: Rita Kohl ✦ Editora: Estação Liberdade

14 de junho de 2021

Cercado de Psicopatas | Thomas Erikson

Cercado de Psicopatas é um livro que promete ensinar quem o lê a reconhecer e evitar pessoas que se aproveitam das outras, seja no trabalho ou na vida pessoa. Contudo, na minha opinião, traz mais uma divisão de personalidades que se baseia só em comportamentos superficiais ao invés de se importar com as motivações que geram esses comportamentos.

Thomas Erikson se utiliza do método DISA, que divide as pessoas por cores: Vermelho — Comportamento Dominante, Amarelo — Comportamento Influente, Verde — Comportamento Estável; Azul — Comportamento Analítico. O autor deixa claro que as pessoas têm pelo menos duas cores na sua "composição". No livro, ele junta o método DISA para ser mais fácil identificar "psicopatas" e mais uma vez, são comportamentos estereotipados para reconhecer quem são os tais psicopatas.

Cercado de Psicopatas traz uma série de apontamentos para saber como lidar com as manipulações dos ditos psicopatas do dia a dia, baseado na sua cor do DISA. O autor também explica como cada cor funciona, principalmente (quase exclusivamente) no ambiente de trabalho. Assim, ele explica como um manipulador pode se aproveitar das cores, ou seja, personalidades, e coisas do tipo. Resumindo, ele foca bastante na característica "manipulação".

Para a minha pessoa, uma graduanda de Psicologia que conhece o Eneagrama (uma ferramenta de autoconhecimento que se preocupa com motivação e não comportamentos soltos), o livro não foi bom. Erikson se demora muito em justificativas (porque sabe que o método é fraco) e a parte que realmente é vendida pelo autor só começa na metade da leitura.

Talvez para alguém que não sabe absolutamente nada sobre como os comportamentos realmente funcionam, pra alguém que quer um conteúdo superficial, é um livro ok. Mas não se baseie só no que esse livro diz para absolutamente nada na sua vida. Fui pega pela curiosidade pra ver que tipo de conteúdo tem sido consumido sobre tipos de personalidade ao decidir ler esse livro, e foi até menos do que eu esperava.

Título Original: Surrounded by Psychopaths ✦ Autor: Thomas Erikson ✦ Páginas: 288
Tradução: Alexandre Raposo ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

11 de junho de 2021

Sem Ar | Jennifer Niven

Jennifer Niven é reconhecida, principalmente, pelo seu livro Por Lugares Incríveis. Tive o prazer de lê-lo em meados de 2015 e até hoje é uma das minhas histórias preferidas, mesmo com toda carga dramática. Também gostei bastante de Juntando os Pedaços, ainda que tenha sentido que faltou alguma coisa para realmente me marcar. A questão é que eu nunca pensei que a mesma autora pudesse fazer com que eu tivesse os mesmos sentimentos duas vezes, com duas histórias diferentes, em momentos diferentes, até ler Sem Ar.

Já aviso que não é um livro cheio de reviravoltas, com uma trama impressionante ou algo do tipo, então não criem muitas expectativas nesse sentido. O que marca realmente é a forma como a autora conduz a história, um clichê de verão perfeito. Não que Claudine Henry concordasse com minha afirmativa anterior, visto que seus planos eram viajar com a melhor amiga antes de irem para a faculdade. Ela realmente não esperava passar um mês inteirinho em uma ilha deserta porque seu pai decidiu que não queria mais ser um homem casado.

Além de ter que lidar com a dor dessa separação — afinal, seus pais nunca brigavam ou davam pistas desse rompimento —, Claude se vê obrigada a acompanhar a mãe nessa viagem para que, de alguma forma, ambas consigam superar o acontecimento. Acontece que a ilha é realmente isolada: não tem sinal de telefone, muito menos wi-fi, portanto, a protagonista realmente acreditava que ficaria sozinha, num limbo, tendo que lidar com milhões de sentimentos... E eis que ela conhece Jeremiah Crew.

Jeremiah Crew... Miah... O garoto dos sonhos de qualquer adolescente, o crush literário que promete conquistar um milhão de corações. Digo com certeza que ele é responsável por Sem Ar ser o que é: uma história sobre se (re)encontrar. A relação entre Miah e Claude é a coisa mais linda de se acompanhar, porque a medida em que ele mostra que, apesar das dificuldades a vida pode sim, ser boa, Claude vai deixando seu perfil de menina mimada e egoísta de lado. 

Assim como eu, muitas pessoas podem torcer o nariz para os pensamentos e atitudes de Claudine, principalmente nos primeiros capítulos da trama. Ela é realmente o tipo de garota que só pensa em si mesma, que acha que o mundo gira em torno dela, e muitas vezes perdi a paciência com essas características. A verdade é que, com 26 anos, acabo achando os dramas adolescentes muito exagerados, apesar de entendê-los — afinal, eu também fui uma jovem de 18 anos com os mesmos tipos de problemas, né? Ao mesmo tempo, Claude amadurece e aprende tanto durante o desenvolvimento da trama que, no fim, não foi difícil "aceitar" algumas decisões erradas que ela tomou.

Jennifer Niven gosta bastante de desenvolver temáticas importantes para essa fase da nossa vida, como o fim do Ensino Médio e as incertezas que vêm depois dele, primeiro amor, amizades, sexo e sexualidade... Tudo o que mais gostamos de encontrar em livros voltados para o público jovem. De certa forma, é uma época que a gente se sente muito sufocado, né? Temos que fazer escolhas difíceis, eventualmente dizer "adeus" para as pessoas que nos acompanharam praticamente a vida inteira, enfrentar o desconhecido. A obra representa muito bem esse sentimento de não conseguir respirar, por isso eu amei tanto, e amei o título também.

A autora tem uma forma de escrever única, perceptível em todos os seus livros lançados no Brasil: adora frases de efeito e abusa da atmosfera melancólica, como se desde o início quisesse preparar o leitor para desfechos iminentes. Isso também acontece em Sem Ar, porque vejam só, se o enredo gira em torno de um romance de verão, já começamos a ler sabendo que, ora ou outra, ele vai acabar. Aqui, o que importa de verdade são os aprendizados que vão surgir como resultado dessa situação, que eventualmente serão lembrados no decorrer da vida dos personagens. 

Eu precisava dessa história para confirmar que nada na nossa vida tem fim caso a gente queira, porque as memórias ficam para sempre. Tanto que, para Jennifer Niven, Sem Ar é um compilado de momentos que ela mesma viveu, o que deixa tudo ainda mais bonito. Miah e Claude são capazes de arrancar suspiros, mas o que toca mesmo é o fato de ser o retrato perfeito para a autodescoberta. Até então, é definitivamente meu livro preferido da autora.

Título Original: Breathless ✦ Autora: Jennifer Niven ✦ Páginas: 392
Tradução: Alessandra Esteche ✦ Editora: Seguinte
Livro recebido em parceria com a editora

8 de junho de 2021

A Longa Viagem a Um Pequeno Planeta Hostil | Becky Chambers

Ficção científica é um gênero que não costuma entrar muito nas minhas metas de leitura. Não é que eu não goste, eu só prefiro ler outras coisas, de modo geral. A Longa Viagem a Um Pequeno Planeta Hostil caiu de paraquedas nas minhas mãos, quando minha amiga Ju me deu de presente de aniversário. O mais legal é que resolvemos ler juntas, através de uma leitura coletiva que até que deu certo. Fiquei feliz porque além de tudo, acabei gostando bastante do livro!

Em resumo, a história acompanha o dia a dia de uma equipe que trabalha furando buracos de minhoca no espaço. A Terra não existe mais, já que os humanos acabaram com ela, e todos da espécie que ainda existem ou fugiram de lá a tempo ou nasceram em outros planetas, como o caso da protagonista Rosemary, que nasceu e cresceu em Marte. Além de terráqueos, os habitantes da nave Andarilha são originários de outros planetas e possuem características únicas, inclusive uma Inteligência Artificial simpática e cheia de sentimentos — e juro, foi a coisa mais incrível que já li.

A trama em si é muito simples, já que tudo gira em torno do trabalho dos tripulantes. O que chama mais atenção, na realidade, é forma como Chambers constrói seus personagens. Cada um é único, não necessariamente por serem de espécies criadas pela autora, mas por causa das suas personalidades, hábitos, culturas e histórias de vida. O Dr. Chefe, por exemplo, é médico e chefe de cozinha, e sua espécie é gênero fluido, ou seja, transita entre os dois sexos durante sua existência. Cada um desses nove seres é essencial: a nave não funciona sem um ou outro.

Dessa forma, o ponto principal de A Longa Viagem a Um Pequeno Planeta Hostil não é exatamente a viagem que os personagens fazem, e sim suas relações interpessoais e os caminhos que eles trilham individualmente. Apesar de conhecermos planetas, termos aquele choque inicial que é comum quando conhecemos culturas diferentes e assim por diante, o que importa mesmo são as ações dos personagens. É através deles que Becky Chambers desconstrói preconceitos e conceitos inerentes à nossa sociedade, ou seja, questões como homossexualidade, estereótipos de gênero e relações interespécies são tratadas com naturalidade e sensibilidade, como deveria ser.

Uma das minhas coisas preferidas nesse livro é o espaço dado às mulheres. De forma geral, a  ficção científica é direcionada aos homens e a maioria dos personagens são homens, principalmente se envolve muita tecnologia. Então, quando temos a oportunidade de ler uma obra tão completa do gênero escrita por uma mulher que dá vida a personagens femininas tão importantes, é no mínimo muito bacana.
 
Sinceramente, tenho apenas duas ressalvas para essa obra. A primeira é relacionada à diagramação: a fonte é muito pequena e o espaçamento entre linhas e das margens é muito apertado, o que dá aquela terrível sensação que a gente lê, lê, lê e não sai do lugar. A segunda é sobre o início da trama, que é bastante lento. Apesar de melhorar consideravelmente, é preciso força de vontade para passar da página 50-60 para ver as coisas começarem a acontecer de verdade — mas eu garanto que vale a pena!

A Longa Viagem a Um Pequeno Planeta Hostil é sobre família, amor e amizade, no fim das contas. O final acabou sendo bastante triste por causa de um acontecimento em específico, mas que acabou servindo para me deixar com muita vontade de ler os outros volumes da série. Os volumes da saga Wayfarers, apesar de se passarem no mesmo universo, podem ser lidos separadamente. Até então, os outros livros lançados são A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada e Os Registros Estelares de Uma Notável Odisseia Espacial.
 
Título Original: The Long Way to a Small, Angry Planet ✦ Autora: Becky Chambers 
 Páginas: 352 ✦ Tradução: Flora Pinheiro ✦ Editora: DarkSide Books

4 de junho de 2021

Hibisco Roxo | Chimamanda Ngozi Adichie

Kambili é uma adolescente nigeriana de 15 anos, pertencente a uma família bem rica e influente. Seu pai, Eugene — Papa, como é chamado pelos filhos —, apesar de ser um empresário extremamente bem sucedido e, consequentemente, bem visto pela sociedade, é um católico extremista que passou a julgar os costumes e as culturas africanos. Assim, Kambili e Jaja, seu irmão, cresceram em um ambiente cheio de dogmas, sendo constantemente punidos quando se desviavam dos "caminhos do Senhor".

A protagonista e seu irmão, apesar de terem inúmeros privilégios, não levam uma vida fácil. Todos os passos que dão visam agradar Papa, que é muito autoritário e opressor. Tudo deve ser feito à perfeição, caso contrário, são castigados. Mama, por sua vez, é amorosa e cuidadosa, mas totalmente submissa a Papa. Também é constantemente punida pelos seus atos sempre que Eugene julga que eles estão afastando a mulher de Deus. Portanto, sob o olhar de Kambili, acompanhamos um núcleo familiar totalmente hierarquizado e patriarcal, além de termos uma amostra do que foi a colonização. 

Durante toda a narrativa, tive a sensação que tudo o que Jaja fazia era unicamente para proteger a mãe e a irmã, mas Kambili era realmente influenciada pelos pensamentos do pai. Tinha medo, mas no fundo acreditava que tudo o que ele fazia era para o bem da família. Sua visão só começa a mudar quando tem a oportunidade de conviver com a tia, Ifeoma e seus filhos. Viúva e professora universitária, Ifeoma não possui tanto dinheiro quanto o irmão, ou seja, não pode dar para sua família todas as regalias as quais Kambili e Jaja estão acostumados, mas ainda assim todos vivem em um lar feliz, livre e saudável.

Hibisco Roxo me despertou vários sentimentos, alguns não tão bons. Apesar de ter plena consciência que Papa é apenas o resultado de um sistema corrompido, senti raiva dele o tempo inteiro. Desejei que coisas ruins acontecessem com ele, que ele fosse punido por todas as coisas abomináveis que fazia com a família. Depois, fiquei pensando... Se eu queria que ele fosse castigado bem como castigava sua família porque acreditava que o que eles faziam era ruim, o quão diferente sou de Eugene, afinal? Esse desejo de que as pessoas paguem pelos seus erros — vejam bem, coisas que nós julgamos serem erradas —, é uma característica inerente ao ser humano, no fim das contas.

Há alguns meses, ele escreveu dizendo que não queria que eu ficasse procurando os porquês, pois há certas coisas que acontecem e para as quais não podemos formular um porquê, para as quais os porquês simplesmente não existem e para as quais, talvez, eles não sejam necessários.

Uma cena em específico me marcou profundamente e vou ter que contá-la aqui porque certamente nunca vou esquecer o que li. Não é necessariamente um spoiler porque o trecho está estampado na contracapa do livro, mas caso não queiram saber, pulem o restante do parágrafo. Depois de um determinado acontecimento, Papa chega a conclusão que seus filhos pecaram e, para mostrá-los o que é caminhar no fogo do inferno, jogou água fervente nos pés deles. Passei muito tempo chorando depois de ler essas páginas, porque eu não simplesmente não consegui entender como uma pessoa, principalmente um cidadão adorado por fazer coisas boas para a comunidade, não consegue diferenciar amor de punição. É, de fato, o típico "cidadão de bem", né?

Não é por acaso que Chimamanda Ngozi Adichie é considerada uma das maiores escritoras da atualidade. Ela toca na ferida ao abordar temas tão complexos, ao escancarar realidades tão difíceis. Afinal de contas, é muito comum vermos o cristianismo ser usado como forma de opressão, e mais comum ainda famílias imersas na violência doméstica. Todas as vezes que Eugene é citado no decorrer da história a atmosfera fica tensa, porque necessariamente esperamos uma situação difícil de engolir. Justamente por isso tia Ifeoma é o elemento acalentador, porque sempre que ela surge, algo bom acontece.

Para além disso, Hibisco Roxo também é muito rico de passagens que exaltam a cultura nigeriana, o que é comum nas obras de Adichie. Somos transportados para a realidade histórica do lugar, conhecemos seus costumes, linguagem, culinária... Sempre é algo que aprecio muito acompanhar, principalmente porque dá para sentir o carinho que a autora tem pelas suas origens. É fácil entender o porquê seus livros são tão adorados e premiados.

O final de do livro é surpreendente e, de certa forma, agridoce. É triste, mas ao mesmo tempo é responsável pelo alívio que os personagens — e nós mesmos — precisavam. Terminei a leitura com uma certeza: alguns livros mudam a forma como enxergamos o mundo, e Hibisco Roxo faz parte dessa categoria. Eu não sou a mesma Ana Clara de antes e garanto que vocês também não serão a mesma pessoa após lerem essa história.

Título Original: Purple Hibiscus ✦ Autora: Chimamanda Ngozi Adichie ✦ Páginas: 328
Tradução: Julia Romeu  ✦ Editora: Companhia das Letras
Livro recebido em parceria com a editora

1 de junho de 2021

Top Comentarista: Junho 2021

Cá estou eu começando mais um mês de junho triste porque não teremos, novamente, festas juninas — e  obviamente estou chateada e pistola porque nosso país continua um caos e sem perspectiva de melhora. Mas vocês sabem de quem é a culpa, não é mesmo? Após a minha indignação, vamos ao assunto que interessa: nosso top comentarista lindo, maravilhoso, cheiroso de tudo de bom. Atentem-se às regras!

Antes era obrigatório comentar em todas as postagens para não ser desclassificado do concurso, mas a partir de agora vocês serão sorteados a partir dos comentários. Isso significa que não é obrigatório comentar em todos os posts: cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia — recomendo que vocês comentem e preencham o formulário sempre que sair post novo, já que quanto mais comentários cadastrados, maior a chance de ganhar. Todos os meses um comentário será sorteado pelo aplicativo.
 
Atenção: só preencha o formulário nos dias em que comentar no blog. Por exemplo, se em determinado mês tiverem 13 posts, o número máximo de entradas que cada participante pode ter no formulário é 13!
 
Desde janeiro o prêmio voltou a ser um vale compras no valor de trinta reais na Amazon! Ah, as chances extras continuam: comentar nos posts do Instagram e tweetar sobre o top todos os dias em que tiver postagem nova por aqui, então aproveitem! Caso tenha restado alguma dúvida, podem me procurar nas redes sociais, tá bom? 

Observações
- O período de validade desse top comentarista é de 01/03/2021 à 31/03/2021. Cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia — recomendo que vocês comentem e preencham o formulário sempre que sair post novo, já que quanto mais comentários cadastrados, maior a chance de ganhar.
- Não serão computados comentários genéricos, só aqueles que exprimem a opinião do leitor e mostram que ele realmente leu o post. Comentários plagiados de outras plataformas (lembrem-se que plágio é crime) ou que se repetem em outros blogs não serão considerados. Comentários do tipo serão excluídos sem aviso prévio e o participante será automaticamente desclassificado;
- É permitido apenas um comentário por post;
- É obrigatório seguir o Roendo Livros via GFC e seguir o perfil @anadoroendo no Instagram para validar a participação;
- A entrada "tweet about de giveaway" só será válida se a pessoa estiver seguindo o Twitter informado (@anadoroendo);
- Após o término do top, o Roendo Livros tem até 15 dias para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito. O livro escolhido (na faixa de preço estabelecida) deverá ser informado no corpo do e-mail;
- Após feito o contato, o prêmio será enviado dentro de até 60 dias úteis;
- Para o livro ser enviado, é necessário que o ganhador passe o número do CPF para a Ana, já que agora os Correios solicitam uma declaração de conteúdo (saiba mais aqui) Só participe do sorteio se estiver de acordo;
- O Roendo Livros não se responsabiliza por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados no livro. Assim como não se responsabiliza por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e ausência de recebedor. O livro não será enviado novamente;
- O Roendo Livros se reserva o direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.
- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.

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