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29 de janeiro de 2021

Verdades do Além-Túmulo | Caitlin Doughty

Eu nunca tinha lido nada da Caitlin Doughty — até porque quem acompanha o blog há mais tempo sabe muito bem que esse tipo de livro é muito mais a cara da Jess, que inclusive adora a autora. Apesar de ter Confissões do Crematório na minha pequena coleção, preferi começar o meu caminho com a morte através do Verdades do Além-Tumúlo simplesmente porque eu amo qualquer escrito voltado para o público infantil.

O livro consiste em, basicamente, várias perguntas que as pessoas fazem para a autora, principalmente crianças e adolescentes — ah, para quem não sabe, Caitlin Doughty é agente funerária, por isso ela tem tanto contato com a morte e, obviamente, cadáveres —, respondidas de forma muito verdadeira e sincera, tudo com base na ciência e nas coisas que ela mesma presenciou enquanto trabalhava. Pode até parecer um pouco mórbido falando assim, mas eu juro para vocês que não é. As crianças são incríveis e têm cada curiosidade engraçada que só lendo para acreditar. E é claro que, apesar de ser técnica em vários momentos, Doughty responde tudo com muito bom humor, o que facilita bastante as coisas.

As perguntas variam bastante:
"Quando eu morrer, meu gato vai comer meus olhos?"
"O que aconteceria se alguém engolisse um saco de milho de pipoca antes de morrer e fosse cremado?"
"Nós comemos galinhas mortas. Porque não comemos pessoas mortas?"
E por aí vai... Só para vocês terem noção do nível de criatividade. Mas, sim, são curiosidades comuns de crianças como quaisquer outras... Crianças são naturalmente curiosas, por que seria diferente com um tema como a morte?
 
 
Acho que a maior reflexão de Caitlin Doughty em Verdades do Além-Tumúlo é exatamente essa. Se a morte é algo normal, que vai acontecer com todos nós, deveríamos tratar do assunto com naturalidade, né? Acontece que a morte ainda é um tabu, de certa forma. É difícil e muito triste em quase 100% das vezes, porque a gente não quer de jeito nenhum que uma pessoa que a gente ama muito morra... Mas assim como a autora, acredito que aprender sobre ela pode ser um exercício divertido, e por isso esse livro é tão bacana. 

Além da forma como a autora responde as perguntas, suave porém honesta, gostei especialmente de um capítulo no final do livro em que ela conversa com uma especialista sobre ser normal essa curiosidade nas crianças. E... Sim, é muito normal! A psiquiatra Alicia Jorgenson, aliás, aconselha que nós, adultos, falemos com clareza e sinceridade com as crianças, principalmente por ser um conceito complicado para elas... Afinal, um ente querido que morre não vai voltar e elas precisam entender isso, por mais triste que seja. 

Me apaixonei perdidamente pela escrita de Caitlin Doughty, porque ela consegue realmente deixar um tema tão delicado muito gostoso de ler. Então se vocês estão se perguntando se podem dar esse livro de presente pro afilhado ou sobrinho sem que os pais pensem que você quer matar a criança de medo, saibam que ele tem o "selo de aprovação Roendo Livros para livros infantis". Mas vale lembrar que a obra é indicada para todo mundo que tenha curiosidades sobre a morte que ainda não foram respondidas. E, ah, não vejo a hora de ler Confissões do Crematório e Para Toda a Eternidade!
 
Título Original: Will My Cat Eat My Eyeballs? ✦ Autora: Caitlin Doughty
Tradução: Regiane Winarski ✦ Páginas: 224 ✦ Editora: DarkSide Books

26 de janeiro de 2021

Revi Jurassic Park Depois de 18 Anos (e Com Uma Pequena Bagagem Científica nas Costas)

Jurassic Park, filme de 1993, foi imortalizado por Steven Spielberg. Prova disso é que a obra se tornou um clássico dos cinemas e ainda ouvimos falar sobre ela quase 30 anos após sua estreia. Assisti ao filme pela primeira vez com uns 7 ou 8 anos, na época em que as locadoras faziam sucesso. É gente, eu tô realmente ficando velha, rs. Mas enfim, vamos ao que interessa, a minha visão sobre a obra depois de tanto tempo!

Acho pouco provável que vocês não tenham assistido essa relíquia, mas por via das dúvidas: a trama é centrada em uma ilha fictícia criada por um bilionário que, com a ajuda de um pequeno grupo de geneticistas, consegue criar um parque temático onde as atrações principais são dinossauros de verdade, todos criados sob o prisma da engenharia genética. 
 
Além de ser um marco para a Paleontologia, Jurassic Park também foi aclamado pela qualidade dos efeitos especiais, afinal, havia dinossauros “de verdade” contracenando com os personagens humanos, tecnologia muito acima da média tendo em vista o ano de estreia. Vale lembrar que a equipe contou, inclusive, com um paleontólogo para supervisionar os modelos.
 
A verdade é que Jurassic Park praticamente idealizou os dinossauros para toda uma geração. Em 1993 pouco se conhecia sobre a aparência deles e seus hábitos, o que faz com que a obra seja aclamada até hoje. É claro que a comunidade científica descobriu muitas coisas sobre os dinossauros desde então, mas nada apaga a importância das espécies reconstruídas pela equipe. Por exemplo, descobrimos que grande parte dos dinossauros, se não todos, possuíam penas ou penugens pelo corpo e não escamas verdes assustadoras. 
 
Outra curiosidade é que os braquiossauros, a primeira espécie que aparece no filme — aqueles pescoçudinhos lindinhos —, não podiam erguer-se sobre duas patas como retratado em cena, porque suas pernas traseiras eram mais curtas que as dianteiras e não suportariam o peso do que foi considerado um dos maiores dinossauros descobertos até hoje. Em outra passagem, o Dr. Grant, um dos personagens, afirma que os T-Rex tinham péssima visão e só poderiam enxergar caso a presa se movesse. Em 1993 a teoria era realmente essa, mas depois dos anos 2000 paleontólogos descobriram através do uso de tomografias que, infelizmente, não teria como se esconder deles. Além disso, tinham ótimo olfato e audição, ou seja, mesmo se a visão fosse prejudicada, não seria necessariamente um empecilho.

Outro ponto pouco comentado é o próprio título do filme! O certo seria Cretaceous Park, já que a maioria dos dinossauros retratados no filme viveu nesse período, e não no Jurássico. Foi no Cretáceo, inclusive, que os dinossauros dominaram o planeta. Mas convenhamos que a sonoridade com esse novo título não ficaria tão legal, né?

Além da paleontologia, outro tópico muito importante abordado foi a engenharia genética, que existe desde 1970. É claro que estamos muito longe de recriar um dinossauro — até porque até hoje nunca foi encontrado nem um trecho sequer de DNA de nenhum deles —, mas a famosa ovelha Dolly, clonada em 1996, mostra inúmeros avanços nesse ramo da ciência. Segundo informações publicadas pela Revista Galileu, estudos recentes na Universidade de Bonn pretendem determinar até quando os DNAs podem ser preservados em âmbar sem alterações

Aliás, um ponto muito destacado no filme é a crítica constante sobre brincar com a ciência. Um dos cientistas contratados para avaliar a segurança do parque, Ian Malcom, que é matemático e de longe o personagem mais sensato da trama, conecta a recriação dos dinossauros com a Teoria do Caos. Uma pequena decisão tomada pode trazer consequências inenarráveis no futuro, e é isso o que acontece em Jurassic Park. A falta de responsabilidade do multibilionário que julga ser Deus é colocada a prova quando suas criaturas se voltam contra os humanos, e como disse Malcom, “a história da evolução é de que a vida escapa a todas as barreiras. A vida se liberta. A vida se expande para novos territórios. Dolorosamente, talvez até perigosamente. Mas a vida encontra um jeito".
 
Mesmo depois de tantos anos continuo achando esse filme sensacional e o único da franquia Jurassic Park que realmente merece atenção, rs. E aí, existe alguma obra cinematográfica que vocês amavam quando criança e continuam amando mesmo depois de terem aprendido várias coisas que apontam alguns erros na trama?

23 de janeiro de 2021

Três Motivos Para Ler O Impulso, de Ashley Audrain

O Impulso, livro de estreia de Ashley Audrain, mal foi lançado e já está fazendo burburinho na internet. O thriller psicológico gira em torno de Blythe Connor, uma mulher que teve a infância marcada pela negligência da mãe. Apesar de ter medo da maternidade — e de nem ter certeza se quer isso para sua vida —, a mulher decide que vai fazer tudo diferente, que vai ser a mãe que nunca teve. Porém, assim que Violet nasce, ela percebe que a filha não tem o comportamento semelhante com o de nenhuma outra criança. 

Se o enredo já não foi suficiente para deixar vocês com um comichão de curiosidade, listei três motivos imperdíveis para impulsionar (hehehe) de vez essa vontade.

1. Narrativa extremamente fluida

É óbvio que uma das coisas que faz com que a gente goste de um livro é a fluidez da narrativa, e essa característica é muito presente em O Impulso. Em primeiro lugar, os capítulos são curtos, o que dá uma turbinada na leitura. Depois, a narrativa é em primeira pessoa pela visão de Blythe. No livro, ela conta para o ex-marido — nas primeiras páginas já somos informados que ela não é mais casada — a versão dela da história envolvendo a filha, Violet, e as diversas coisas que aconteciam que provavam, no ponto de vista dela, que havia alguma coisa errada com a menina.

Além do mais, eu gosto muito quando um livro tem narradores não confiáveis. Tudo que acontece na história nos é apresentado pelo ponto de vista de uma mulher psicologicamente instável, e todo mundo parece duvidar das coisas que ela fala. Eu particularmente gosto dessa sensação de acreditar em tudo o que li mesmo sabendo que a personagem possa ter enxergado inúmeras situações da forma como quis enxergar, se é que vocês me entendem.

2. Fala sobre a maternidade sob um prisma diferente

Sabemos muito bem como a sociedade exige que sejam as mães: perfeitas, sempre cuidadosas, não podem se permitir errar e, principalmente, devem abdicar de todos os desejos para estarem sempre à disposição dos filhos. Aliás, mais do que isso, a sociedade exige que as mulheres sejam mães, né? A questão aqui é que Blythe não queria verdadeiramente ser mãe, mas seu marido a pressionava tanto que ela sentiu que tinha que dar isso para ele. 

Quando finalmente aconteceu, ela não conseguia se conectar direito com a filha. O parto foi um sacrilégio e desde recém nascida a criança demonstrava que não era apegada à mãe, por mais que ela tentasse. A medida que ia crescendo, Violet demonstrava que era diferente, mas só Blythe enxergava isso. Pior, sempre que comentava alguma coisa, era taxada de louca por achar que a filha tinha algum problema e era amplamente criticada pelo marido "perfeito". 

Mas aí acontece uma coisa deveras interessante: Blythe tem um segundo filho, Sam, e sente exatamente tudo aquela magia que não sentiu com Violet. Então só com a história de uma mulher a gente consegue ver as diversas facetas da maternidade e entende que são experiências completamente diferentes. Foi muito excitante acompanhar as formas totalmente opostas da protagonista enquanto mãe a partir de duas gestações, mas apenas uma que ela realmente desejou.

3. Traz inúmeros questionamentos sobre até que ponto sua criação pode te influenciar no futuro

Um dos motivos de Blythe não ser uma narradora confiável é que ela justifica toda a situação e sentimentos em relação à Violet com os seus problemas do passado. Sua avó tentou matar sua mãe inúmeras vezes; sua mãe carregava tanto sofrimento do que passou que não conseguiu arcar com o peso dela mesma gerar uma vida e ter que cuidar dela... Então acho que, no fundo, Blythe acreditava que herdou essas características de alguma forma. 

Imagino que deva ser uma situação muito angustiante e que justifique todos os medos... O que me faz ter certeza que Blythe precisava urgentemente de um tratamento psicológico para tratar as dores do seu passado. Aliás, todo mundo nesse livro precisa de terapia, acredito que isso já resolveria metade dos problemas dos personagens, rs. A questão é que todas as situações me fizeram pensar muito sobre o desenvolvimento da nossa personalidade. Será que se minha mãe tivesse tomado decisões diferentes eu seria diferente? Será que se eu não tivesse saído de casa para estudar aos 14 anos me pareceria mais com os meus pais? Muita coisa para se pensar...

Recebi a prova antecipada para divulgação, mas O Impulso acabou de ser lançado e já está disponível para compra na Amazon. Se você gostou de Precisamos Falar Sobre o Kevin e não tiver problemas com gatilhos relacionados à maternidade, depressão, ansiedade e pensamentos homicidas, esse livro é para você.

Título Original: The Push ✦ Autora: Ashley Audrain
Tradução: Lígia Azevedo ✦ Páginas: 328 ✦ Editora: Paralela
Livro recebido em parceria com a editora

20 de janeiro de 2021

Minha Vida Fora dos Trilhos | Clare Vanderpool

Meu primeiro contato com Clare Vanderpool foi com, obviamente, Em Algum Lugar nas Estrelas. Gostei muito da escrita da autora, e foi isso que me impulsionou a ler Minha Vida Fora dos Trilhos, a primeiríssima obra escrita por ela. Nessa história, conhecemos Abilene Tucker, uma garota de 12 anos que é enviada pelo pai para passar o verão em uma cidadezinha do Kansas chamada Manifest — um lugar que, apesar de pequeno, é cheio de segredos — após um acidente que a deixou de cama por alguns dias. Nada extremamente sério, mas que deixou o pai da garotinha muito preocupado e fez com que ele decidisse que Abilene não devia acompanhá-lo no seu próximo trabalho.

Logo em sua primeira noite em Manifest, Abilene encontra no quarto em que está hospedada uma caixinha misteriosa, contendo objetos pessoais a cartas pertencentes a alguém que provavelmente habitou Manifest no passado. Mais do que isso, o rapaz a quem as cartas eram endereçadas pode ter dormido naquele mesmo quarto... Impulsionada pela curiosidade de saber quem eram aquelas pessoas e pela vontade de saber um pouco mais sobre o passado da cidade e, consequentemente, do seu pai, Abilene começa a percorrer diversas pistas com a ajuda de suas grandes amigas Lettie e Ruthanne.
 
Não são necessárias muitas páginas para entendermos que existe um "mistério" envolvendo Manifest, mas acredito que os leitores só são fisgados quando Abilene conhece a vidente Sadie, uma senhora que vive na cidade há muitos anos e sabe tudo o que acontece por lá. Os encontros entre as duas são sempre permeados por curiosidades sobre cidade, mas do ano de 1918 — a história se passa em 1936. Sendo assim, existem duas passagens de tempo em Minha Vida Fora dos Trilhos, e as duas impulsionam a trama de forma sensacional. Junto com as passagens de tempo, temos acesso também às cartas encontradas por Abilene e à uma coluna de fofocas produzida pela jornalista local Hattie Mae em 1918.
 
Quando há sofrimento, procuramos um motivo. E é mais fácil encontrar esse motivo dentro de si mesmo. — p. 143

Enquanto a narrativa está no presente, a gente ficam muito curiosa para saber se Abilene vai conseguir juntar as peças e descobrir o que realmente aconteceu em Manifest em 1918... E quando a senhora Sadie está narrando os fatos daquela época, um pouquinho de cada vez, é como se ela quisesse que nós, leitores, ajudássemos a protagonista e entender tudo o que aconteceu e, principalmente, qual a ligação de Manifest com Gideon, seu pai. Assim, as histórias contadas por Sadie, as cartas e a coluna de Hattie Mae formam um quebra-cabeça delicioso de ser montado. Não fica aquela coisa cansativa, que dá vontade de pular os pedaços, sabem?
 
Além do mais, Clare Vanderpool foi muito assertiva ao mesclar ficção com momentos históricos que realmente existiram. Por exemplo, um dos personagens que aparece em 1918 foi lutar na Primeira Guerra Mundial — e aí que entram as cartas que Abilene encontra em seu quarto. Além disso, as partes narradas no presente se passam durante a Grande Depressão dos Estados Unidos e o cenário foi muito bem construído. A pandemia da Gripe Espanhola também foi retratada pela autora, algo que achei bem interessante... Inclusive não foi difícil encontrar semelhanças com o que estamos vivendo no mundo em pleno século XXI, né?

O mais engraçado de tudo é que eu já tinha em mente o desfecho da história e não errei, mas por mais que eu tenha acertado, consegui me emocionar do mesmo jeito com o que aconteceu. Existem livros bons que são bons porque nos surpreendem, e existem livros bons porque são muito bem escritos e tocam o nosso coração, que é o caso de Minha Vida Fora dos Trilhos. Fiquei muito impressionada com a forma como a autora foi desatando todos os nós que deixou durante a história, sem deixar nenhuma ponta solta para o final. Incrível!

Eu gostei demais de Em Algum Lugar nas Estrelas, mas o que eu senti ao terminar Minha Vida Fora dos Trilhos é simplesmente indescritível. Fui totalmente conquistada pela inocência da protagonista, pela mensagem que Vanderpool entrega no final sobre a importância das amizades, da família e da união de uma comunidade que luta em prol do direito de todos. É uma história muito simplista, realmente, mas que entrega muito mais do que eu esperava. Recomendo de olhos fechados!
 
Título Original: Moon Over Manifest ✦ Autora: Clare Vanderpool
Tradução: Débora Isidoro ✦ Páginas: 320 ✦ Editora: DarkSide Books

18 de janeiro de 2021

Tempo de Reacender Estrelas | Virginie Grimaldi

 
Eu adoro um bom drama familiar, vocês não têm noção. Eu sabia que ia gostar bastante de Tempo de Reacender Estrelas só de ler a sinopse — coisa que nem costumo fazer, para falar a verdade. Aqui, conhecemos a história de três protagonistas: Anna, Chloé e Lily. Anna é uma mulher divorciada, daquelas que são obrigadas a trabalhar praticamente 24h por dia para dar uma vida digna às filhas, que são as outras duas personagens citadas anteriormente. Por causa disso, é muito ocupada e convive pouco com as meninas e, consequentemente, pouco sabe o que se passa com elas. 

Mesmo trabalhando tanto, Anna está afogada em dívidas. Recebe cartas de cobrança quase todos os dias e, como se não desse para piorar, é demitida do seu emprego de anos. Apesar de ficar sem chão, consegue um acordo com seu ex-patrão e recebe um valor suficiente para quitar todas as suas dívidas e recomeçar a vida... Porém, alguns acontecimentos com suas filhas fazem com que Anna tome uma decisão bem maluca: viajar de motorhome com as meninas, saindo da França, para que possam ver a aurora boreal na Escandinávia. 

Eu sei, parece realmente uma decisão muito ridícula continuar afundada em dívidas sendo que você tem o dinheiro para pagá-las... Mas o que vocês fariam se percebessem que a família de vocês está se despedaçando? Então, de certa forma, essa viagem foi a solução que Anna encontrou para tentar restabelecer laços com suas filhas. Lily, de certa forma, é a mais tranquila. É muito inteligente e divertida, eu dei altas risadas nas partes narradas por ela — ela escrevia para um diário chamado Marcel, uma piada. O mais interessante é que, apesar de ter apenas 12 anos e ainda carregar grandes traços da sua personalidade infantil, é muito madura e entende as coisas, diferente da sua irmã mais velha.

Chloé me lembra muito eu mesma quando tinha 15 anos. Eu tenho plena consciência que era insuportável e não tinha um pingo de juízo e empatia por ninguém. Mas aos 17, que é a idade da personagem, eu já tinha melhorado bastante como pessoa, apesar de ainda ser imatura em diversos pontos. A questão é que as atitudes de Chloé não condiziam com as de uma menina da idade dela, sabem? Eu sei que adolescente só faz merda, mas nossa senhora, essa menina consegue se superar e se meter me diversas situações embaraçosas mesmo com a mãe super compreensiva que tem. 

Outra coisa que fez com que eu me incomodasse muito com Chloé em específico foi o fato de ela ter 17 anos e nunca ter superado o divórcio dos pais. Inclusive, toda vez que o pai ligava para falar com as meninas eu sentia um troço diferente de tanto ódio. Lily não dava muita bola, porque ela sabia o motivo da separação e entendia o porquê da mãe não conseguir mais levar aquele relacionamento... Mas Chloé era facilmente envenenada pelas palavras dele. Eu não sentia raiva dela, mas tinha muita vontade de abrir os olhos dela, sabem? Me senti vitoriosa quando isso aconteceu, apesar de ter sido muito triste.

Apesar de ter revirado os olhos para uma das protagonistas, a história não deixa de ser boa. É muito bem desenvolvida — com exceção de uns detalhezinhos no final que não posso falar para não dar spoiler —, a narrativa é fluida e os capítulos curtinhos também ajudam demais nessa fluidez. Além disso, as paisagens descritas são maravilhosas, senti como se eu tivesse viajando no trailer com elas... Fiquei muito tempo pensando o que eu faria no lugar de Anna... Sendo realista, muito provavelmente pagaria minhas dívidas e tentaria logo arranjar um novo emprego.

Tempo de Reacender Estrelas foi uma leitura muito especial, porque seu foco não é nenhum romance complicado e sim relações familiares, que são as que nós carregamos para o resto da vida. Também fala de forma muito bonita sobre mudanças e como elas começam dentro de nós. Dito isso, gostaria de avisá-los que a obra retrata de forma muito fiel a questão da violência doméstica, então não indico para pessoas sensíveis ao tema.
 
Título Original: Il est grand temps de rallumer les étoiles
Autora: Virginie Grimaldi ✦ Páginas: 288
Tradução: Julia da Rosa Simões ✦ Editora: Gutenberg
Livro recebido em parceria com a editora 

15 de janeiro de 2021

Não é Errado Ser Feliz | Linda Holmes


Evvie Drake é uma viúva que perdeu o marido no exato momento em que estava fugindo dele para sempre por não amá-lo e suportá-lo mais. Seu melhor amigo, Andy, é um divorciado que mora com as duas filhas pequenas e é o melhor ombro amigo da literatura. Andy, por sua vez, é amigo do Dean, um importante jogador de beisebol que não consegue mais arremessar como antes e é tido como um fracasso no auge de sua carreira, sem razões aparentes para a queda de desempenho. O romance de Linda Holmes é sobre como esses três adultos se encontram em uma cidadezinha costeira do Maine e vivem romances, tristezas e alegrias típicas dos 30 e poucos anos. 

Tudo começa quando Andy sugere no típico café da manhã de sábado, que Evvie deveria alugar o anexo de sua casa para conseguir pagar suas contas e não ficar tão sozinha. Acontece que o inquilino seria nada menos que Dean, um ex-jogador de beisebol famoso — e lindo! Mesmo com a resistência, Evvie decide aceitar porque está escondendo de todos o seguro de vida do marido que não considera um dinheiro limpo para si, então o aluguel o ajudaria. E é só o começo do que serão quatro estações de muitos desenlaces. 

A divisão do livro em quatro estações é incrível e verossimilhante, já que em cada estação acontece exatamente atividades que os norte-americanos fazem em cada período: Ação de Graças, passeios de primavera, início da temporada de beisebol nacional. Isso acaba trazendo uma riqueza cultural ao livro e me lembrou o formato de séries de TV estadunidenses, então foi uma cronologia confortável. 

Além da cronologia, os personagens me agradaram intimamente, pois ninguém tem surtos adolescentes inesperados, resolvem situação no diálogo, se desentendem, mas conseguem manter seus laços. O padrão da geração atual é desistir dos relacionamentos, já a geração adulta atual ainda os conserva apesar das adversidades, espera o tempo certo de falar, tocar em determinados assuntos delicados. Tal postura dos personagem é um aprendizado aos leitores mais jovens e mais ansiosos: fique tranquilo, leva tempo e nem tudo sairá como você deseja. 

No começo, Evvie é um personagem resistente a mudança, mas existem muitas reviravoltas em sua vida que compõem o final e nesses pontos entram a mudança, o recomeço e a ajuda profissional. Terapia e saúde mental não é o tópico principal por trás do romance, mas a forma como a autora abordou foi responsável e necessária. Fiquei encantada com as mudanças de Evvie e todo o final do livro!

Como se não bastasse, a representação do amor e amizade não-linear, com suas quebras e desvios de caminho pois cada um tem sua vida individual é também uma lição importante. Enfim, o livro é um romance com um caráter de transmissão de mensagens no meio de cenas engraçadas, tristes e de viradas de chave. 

Se você é daqueles que ama um romance adulto, sem apelo adolescente e situações que perfeitamente poderiam acontecer na vida real, esse livro é para você. Ultimamente, tenho preferido os romances mais realistas, com personagens imperfeitos tomando atitudes questionáveis que certamente tomaríamos em seus lugares. E fazia tempo que não encontrava um livro onde os personagens fossem maduros, completos e que não agissem como um adolescente de 16 anos do nada. Acredite, foi difícil encontrar, mas Não É Errado Ser Feliz é isso e muito mais.

Título Original: Evvie Drake Starts Over ✦ Autora: Linda Holmes
Tradução: Marina Vargas ✦ Páginas: 304 ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

13 de janeiro de 2021

Laura Dean Vive Terminando Comigo | Mariko Tamaki & Rosemary Valero-O’Connell

 
Alguém que vive terminando com você realmente te ama? Esse é o dilema dos relacionamentos líquidos modernos que é o pano de fundo dessa doce e encantadora história em quadrinhos canadense. Cheia de ilustrações primorosas e com uma leveza diferenciada, é uma excelente leitura para começar as metas literárias de um ano, com risadas, raros momentos tristes e com uma pedida de atenção a questões que vão além da liquidez que já anunciava Baumann. 

Logo no começo, conhecemos Freddy Riley, uma garota asiática com um grupo de amigos incríveis, um trabalho, um ensino médio extraordinariamente comum... Se não fosse pelo fato de sua paixão, Laura Dean, viver terminando com ela e colocando-a em situações dolorosas, o que a faz crer que amor e dor devem sempre andar juntas. Para confirmar essa e outras questões, ela decide pedir conselhos da famosa colunista de relacionamentos, Anna Vice. 
 

Assim, as tirinhas tem uma narrativa em primeira pessoa com os emails enviados à Anna Vice por Freddy, sobre seu complicado relacionamento lésbico. E assim, surgem questões dela e de seus amigos, como homofobia, relacionamentos LGBTQIA+, traições, monogamia e poliamor. E o melhor é que todas essas questões são retratadas com ilustrações que, como diz o ditado, valem mais que mil palavras. Não é um livro que vai problematizar essas questões, é uma HQ que vai levantar as reflexões e deixar o leitor escolher livremente como se sentir diante delas. 

Apesar de ser uma história de ensino médio, as questões de relacionamentos são como os da vida de qualquer adulto e certamente você já passou ou passará pelas incertezas e garantias de Laura e Freddy. E se não, a história de Doodle, Buddy e Eric estarão lá para te ensinar algo. 


Também é preciso lembrar que não é um livro com um grande clímax ou virada de chave, é apenas um livro morninho sobre amor adolescente, amizade e auto cuidado. Acredito que houve uma tentativa das autoras de criar algum clímax com a Doodle, mas é algo passageiro e monótono que acontece no meio do livro. Entretanto, essa falta de ponto alto da história não a torna ruim, apenas uma ficção com um formato diferente, mas com seu devido valor. 

Se alguém me perguntasse o primeiro motivo para ler o livro, certamente são as lições de relacionamento que aparecem ao redor da história, que nos esquecemos quando crescemos ou estamos apaixonados, são muito boas e entregues de um jeito leve. Segundo motivo seria a diagramação moderna, com telas de celulares e mensagens de texto, que dá um toque muito jovial à HQ. Em terceiro lugar, estaria a nada menos incrível ilustração que se une ao enredo perfeitamente, com sua paleta de preto branco e rosa bebê. Por fim, a leveza da história e a forma como os personagens conseguem se tornar amigos imaginários logo nas primeiras páginas é surreal. 

Título Original: Laura Dean Keeps Breaking Up with Me
 Autores: Mariko Tamaki & Rosemary Valero-O’Connell
Tradução: Rayssa Galvão ✦ Páginas: 304 ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

11 de janeiro de 2021

Trocas Macabras | Stephen King


Castle Rock é uma cidade muito peculiar, já que muitas coisas acontecem ali. Quem já leu King, com certeza se deparou com o local sendo mencionado, ou mesmo como palco da história em questão e em Trocas Macabras, Castle Rock é mais uma vez “protagonista”.

A loja Artigos Indispensáveis abriu em Castle Rock, sem nenhum indício de qual mercadoria os donos pretendiam comercializar ali, mas a propaganda foi grande e muita gente ficou curiosa. Se a loja já atraia os olhares, o proprietário Leland Gaunt conseguia ser a cereja do bolo, já que era muito misterioso. A loja? Vendia de tudo, tudo mesmo, por um preço muito amigo que variava da capacidade do comprador. Não existia nada que você não pudesse encontrar ali, e isso era muito legal.

Além do valor basicamente irrisório pelo item, Leland também requisitava pequenos favores aos seus compradores. Afinal, que mal teria pregar uma peça em outro morador de Castle Rock em troca do item dos sonhos? E é claro que aos poucos as coisas começam a escalar e se tornam extremamente perigosas. Uma vez que as trocas macabras começam, a cidade se torna o próprio caos. Cabe à Alan Pangborn, o xerife, tentar chegar ao culpado das atrocidades, enfrentando suas próprias tragédias ao longo da trama. 

É bom lembrar que, sendo uma obra de King, Trocas Macabras é um livro que pode demorar um pouquinho para ser lido. Além de ser grandinho, contém muita descrição do que os personagens fazem uns aos outros — por falar nisso, personagens não faltam nessa história, mas nada que nós, leitores do King, não estejamos acostumados. Nenhum deles é raso ou tem motivações que não são explicadas, por isso tenha paciência, vale a pena.

Também foi um livro que King escreveu depois de sair da sua reabilitação, e você consegue perceber isso na narrativa. Os personagens em certo ponto, vendo que poderiam ter o que queriam, não se importavam mais com as consequências ou o preço a ser pago, lembrando bastante como os viciados agem em busca do que querem. Inclusive, a maior discussão que o livro traz é justamente essa, até onde as pessoas vão para conseguirem algo que querem muito, mostrando o pior lado do ser humano.

Como algumas outras obras de King, Trocas Macabras também faz referência à outros livros do autor (já que como comentei lá no começo, Castle Rock é uma cidade um tanto quanto recorrente nas histórias de King). Se você não tiver lido A Metade Sombria e Cujo (até Zona Morta se encaixa aqui), vai pegar spoilers, mas nada que atrapalhe a leitura futura.

A edição que li foi a nova da Suma, que faz complemento à Biblioteca Stephen King. Como sempre é impecável e melhor ainda por terem relançado um dos livros mais conhecidos do autor — e um dos mais difíceis de encontrar! E não poderia deixar de citar a tradução da Regiane Winarski que é excelente e para mim, a tradutora oficial do King no Brasil, sem dúvidas. Uma leitura e tanto!

Título Original: Needful Things ✦ Autor: Stephen King ✦ Páginas: 656
Tradução: Regiane Winarski  ✦ Editora: Suma
Livro recebido em parceria com a editora

7 de janeiro de 2021

Sempre em Frente & O Filho Rebelde | Rainbow Rowell


Quem leu minha resenha de Fangirl sabe bem o quanto eu de-tes-tei Simon Snow. Como eram várias passagens soltas, trechos bem aleatórios, acabou ficando muito confuso e cansativo. Nem dei bola quando a Seguinte anunciou o lançamento de Sempre em Frente & O Filho Rebelde, mas quando os livros entraram em pré-venda comecei a ficar curiosa... Afinal, a escrita da Rainbow Rowell é muito boa e a vontade de saber como ela desenvolveu a história falou mais alto. Então é isso, paguei minha língua de forma belíssima, porque eu adorei. rs

Antigamente, a primeira coisa que me incomodou muito na trama de Rowell foi a semelhança com Harry Potter, uma das séries que me acompanhou durante a infância. Para quem não conhece a trama, é basicamente a seguinte: Simon Snow é um feiticeiro, o escolhido, aquele que que garantirá a paz no Mundo dos Magos quando finalmente conseguir derrotar o Oco. Escolhido... Paz no mundo da magia... Um bruxão maligno que não vê a hora de acabar com tudo... Tudo isso com uma escola de bruxaria como pano de fundo... É muito parecido mesmo, né?

Só que a autora conseguiu inovar, minha gente. Primeiro porque a personalidade dos personagens é bastante diferente, o que, obviamente, só reflete a personalidade da Rainbow Rowell. Enquanto J. K. Rowling não cansa de fazer discursos preconceituosos, Rainbow dá um show de representatividade, principalmente ao dar vida a um romance LGBT+ de acelerar o coração. Além disso, temos Penélope, a melhor amiga de Simon, que é simplesmente perfeita.

Gente, Baz e Simon são TU-DO nessa vida, meu Deus do céu. E assim, é muito legal porque Rowell desenvolve o clichê enemies to lovers — que eu particularmente adoro — de forma bastante cativante. A gente começa Sempre em Frente achando que o arqui-inimigo do Simon é o Oco, mas Simon jura por Crowley que é Baz, o Oco é só um detalhe, rs. Mas desde o início a gente sabe que essa repulsa é paixão SIM, e nossa, acredito que o romance move a história. 

A única coisa que me incomodou um pouco é que Sempre em Frente não tem um começo propriamente dito. Quando a trilogia começa, os personagens já estão no último ano do colégio e nada do que aconteceu antes fica claro. Há algumas menções às aventuras anteriores, mas nada exatamente desenvolvido e eu senti bastante falta disso. O plot twist também não foi dos mais surpreendentes, mas ainda assim é satisfatório e deixa um gancho bacana para O Filho Rebelde.

Inclusive, a partir daqui falarei exclusivamente do segundo volume da trilogia, então terei que falar o desfecho de Sempre em Frente. Se vocês ainda não leram e têm interesse, saltem o restante desse parágrafo e o próximo. O primeiro volume termina obviamente com Simon derrotando as forças do mal, mas pagou um preço caro por isso, já que perdeu toda a sua magia. Se não tivesse adquirido asas e um rabo de dragão durante o processo, seria apenas um humano normal. 

A trama de Sempre em Frente se passa pouco tempo depois dos acontecimentos finais do primeiro livro da trilogia. Baz, Penélope e Simon fazem faculdade junto com os normais e dividem um apartamento. O problema é que depois que o Oco foi derrotado, Simon ficou muito deprimido e Penny não aguenta ver o melhor amigo tão triste. Assim, ela decide que eles, os três, vão visitar uma antiga amiga nos Estados Unidos — mas na verdade o que querem mesmo é um novo começo.

Nesse livro, os três personagens principais estão totalmente perdidos, diferentemente da autora, que parece ter finalmente encontrado um rumo para a história de Simon Snow.  Aqui eu senti verdadeiramente que Rainbow Rowell conseguiu abandonar suas inspirações para criar o próprio Universo, sabe? E o mais engraçado é que eu achei o início muito morno, típico de segundos volumes, que parece estar ali só para tapar um buraco. Só que de uma hora pra outra a trama dá uma guinada, apresenta novas aventuras e novos perigos, mostrando que ainda tem muita coisa para acontecer com Snow & companhia. Também surge um personagem novo com muito potencial e não vejo a hora de saber como ele será inserido no próximo livro. 

Mesmo com tantos ponto positivos, O Filho Rebelde possui um defeito muito grande, que é a imaturidade de Simon para lidar com seu relacionamento com Baz. Ele não tem motivo algum para afastar o menino e mesmo assim insiste em fazê-lo, na moral mesmo, é só drama. E tipo, eles já não são mais adolescentes para ficarem agindo como tal, então não tenho um pingo de paciência com esse chove-não-molha. Antigamente essa fórmula funcionava bastante, mas hoje em dia já não tenho tanta certeza...
 
Voltando para as coisas que têm para acontecer na trama e plots para desenvolver, que final foi esse, pelo amor de Deus? Com certeza deixa aquele comichão para Any Way the Wind Blows, que já está em pré-venda na gringa e será lançado no início de julho — se eu não estiver muito enganada, é o terceiro e último volume. Só me resta implorar para Editora Seguinte fazer um lançamento simultâneo né? Não dá bicho, já não aguento mais esperar. 

P.s.: Você também a-m-a-m os títulos desses livros?

Títulos Originais: Carry On & Wayward Son ✦ Autora: Rainbow Rowell
Páginas: 504 + 344 ✦ Tradução: Lígia Azevedo Editora: Seguinte
Livros recebidos em parceria com a editora

5 de janeiro de 2021

As Decepções Literárias de 2020

Faz parte do universo literário ler alguns livros que não vão nos agradar e está tudo bem — o que não significa, é óbvio, que a leitura vai ser ruim para todo mundo, é sempre bom lembrar. Na retrospectiva de hoje vou mostrar para vocês os livros que não me conquistaram de forma alguma em 2020. Por favor, não me julguem! rs

As decepções literárias dos anos anteriores

2019 
2018 
2017 
2016 
 
 A seguir, os piores livros do ano por ordem de leitura
 

A Princesa Salva a Si Mesma Nesse Livro, Amanda Lovelace
A Bruxa Não Vai Para a Fogueira Nesse Livro, Amanda Lovelace
Outros Jeitos de Usar a Boca, Rupi Kaur 
 
Resolvi colocar esses três livros juntos porque minha opinião sobre eles é a mesma. Até agora eu tento entender o que as pessoas veem nesses livros. Para mim, não são poemas e sim um amontoado frases genéricas e clichês com quebra de linha. Devo ter gostado de no máximo 15 frases juntando os três, mas de forma geral... Não entendo esse conceito de "poesia" em forma de frases Tumblr com letra minúscula. E sim, Amanda Lovelace é cópia de Rupi Kaur. Sem mais.

Ponti, Sharlene Teo
Editora Intrínseca
Compre aqui

Esse livro realmente me deixou decepcionada, principalmente porque comecei gostando muito dele, mas a história simplesmente não vai para lugar nenhum. Os personagens não se conectam, não tem nenhum ponto alto, nada que realmente emocione... É como se a autora não tivesse um propósito real. Um potencial muito desperdiçado... 


Uma Dor Tão Doce, David Nicholls
Editora Intrínseca
 
Existem boatos no meio literário que os livros do David Nicholls são 8 ou 80. Você ama ou odeia, não existe um meio termo. Acho que eu tenho que concordar, porque eu amei Um Dia e muita gente odeia. Mas nossa, Uma Dor Tão Doce foi um sacrilégio. Não consigo pensar em um detalhe sequer que salve essa história de alguma forma, pai amado...
 

 Daqui a Cinco Anos, Rebecca Serle
Editora Paralela
 
Não sei se foi o pior, mas com certeza foi o livro que me deixou mais indignada. Minha resenha, inclusive, é tão cheia de spoilers porque não consegui discutir sem falar detalhadamente o que me deixou pistola. Nada nessa história me desce, nenhuma atitude da personagem principal é justificável no meu ponto de vista. É uma cachorrada atrás da outra, só Deus. 

Vocês me conhecem bem e sabem que mesmo quando eu não gosto de uma leitura, tento expor minhas opiniões sobre elas de forma muito respeitosa... Só que às vezes não dá, né? Esse ano acho que me exaltei em algumas resenhas, mas vida que segue. Mas enfim, quais foram as piores leituras de vocês no ano passado?

3 de janeiro de 2021

Livros Cinco Estrelas de 2020

Quem não ama uma retrospectiva literária? Aqui no blog a listinha de melhores livros lidos no ano anterior sai logo no início de janeiro e sempre me animo muito para esse post. Inclusive, fico muito feliz em informar que 2020 foi um ano muito bom no quesito leituras, então hoje vou mostrar para vocês todos os livros que conquistaram o meu coração e receberam as famosas cinco estrelinhas. 

Livros cinco estrelas dos anos anteriores

2019 
2018 
2017 
2016 
2015
 
A seguir, os melhores livros do ano por ordem de leitura
 


Stepsister, Jennifer Donnelly
Editora Universo dos Livros
 
Um dos primeiros livros que li em 2020 e fiquei totalmente encantada por ele. Narra a história das meias-irmãs da Cinderella, mas sob uma perspectiva muito diferente da que conhecemos normalmente. Tudo o que lemos sobre elas é que são malvadas e queria ferrar a vida da mocinha, mas será que foi realmente isso que aconteceu? Gostei muito porque tem muita ação e várias reviravoltas, além de ser uma trama muito voltada para o empoderamento feminino. Vale demais a leitura!


Editora Intrínseca
 
Eu adoro um bom clichê sobre relacionamentos falsos e, na minha opinião, Para Todos os Garotos é perfeito nesse sentido. Eu adoro a forma como Jenny Han desenvolveu essa história, ficou muito fofa e de arrancar suspiros. Ah, eu também a-d-o-r-o a adaptação cinematográfica, tudo pra mim!


Fique Comigo, Ayòbámi Adébáyò
Harper Collins & TAG Experiências Literárias
 
Destruidor esse livro, hein? Eu sinceramente não tenho palavras para descrever o quão forte é essa história e o quanto ela mexeu comigo. Fico com vontade de chorar só de lembrar das tantas coisas horríveis que Yejide, a personagem principal, passa. Mas ao mesmo tempo é uma trama delicada sobre as relações humanas, sabem? Perfeito, maravilhoso, zero defeitos. 
 

Editora Nemo
 
O Melhor Que Podíamos Fazer é um quadrinho super delicado de Thi Bui, que narra de forma autobiográfica sua vida e da sua família antes, durante e depois da Guerra do Vietnã. Gostei demais porque ela mistura suas próprias memórias às memórias dos pais, resultando em um livro incrível e muito real. Indico de olhos fechados!


O Diário de Nisha, Veera Hiranandani
Editora DarkSide Books
 
Eu chorei esse livro praticamente inteiro, gente! É um relato super verdadeiro de uma criança durante a partição da Índia, que acabou gerando um conflito extremamente violento. O que mais mexeu comigo é que ela direcionava as páginas do seu diário à mãe, que morreu logo depois que ela e seu irmão gêmeo nasceram. Ai, a inocência da personagem, gente, pelo amor de Deus, me matava. Maravilhoso esse livro, nada mais a declarar.
 

  Sol da Meia-Noite, Stephenie Meyer
Editora Intrínseca
 
É óbvio que Sol da Meia-Noite ia aparecer por aqui, né? Não fiquei praticamente uma década da minha vida esperando pela visão do Edward em vão. Então, sim, eu simplesmente ignorei falhas de enredo, problemas na narrativa ou na construção dos personagens porque ele me trouxe sentimentos de nostalgia muito bons... Justamente por isso essa experiência foi tão perfeita. 

 
Árvore dos Desejos, Katherine Applegate
Editora Intrínseca
 
Mais um livro que me conquistou por sua simplicidade. Katherine Applegate constrói uma fábula maravilhosa para falar sobre amizade e luta contra preconceitos (que são claramente colocados nas crianças pelos adultos). Lindíssimo e super aconselhável para o público infantil — apesar de, obviamente, mexer com os sentimentos dos adultos. 


Valentes, Duda Porto de Souza & Aryane Cararo
Editora Seguinte

A escrita de Duda Porto de Souza e Aryane Cararo é coisa de outro mundo. É muito informativa, mas não cansa nem um pouquinho. Justamente por isso acho 100% que os livros delas deveriam ser leitura obrigatória nas escolas — e fora delas. Valentes é tudo e mais um pouco, cheio de detalhes e informações muito relevantes e importantes. Abre nossos olhos para um assunto pouco debatido, a xenofobia. Muito bom mesmo.

Menção honrosa
 

 Amoras, Emicida
Editora Companhia das Letrinhas
 
Quando terminei de ler Amoras, fiquei pensando se eu o colocaria na minha estante, se marcaria como lido... Afinal, é um livro infantil com poucas páginas, poucas palavras, que li em menos de dez minutos. Na mesma hora tive certeza que seria muito injusto não registrar uma história tão sensível quanto essa. São poucas palavras, mas os ensinamentos... Ah, os ensinamentos... Eles são enormes e é isso que importa de verdade! Emicida é f*da pra caramba!

Espero que vocês tenham gostado do post e que assim como eu tenham tido ótimas leituras em 2020 — minha nota média anual foi 3.8, o que eu considero bom demais da conta. Não deixem de comentar aqui embaixo quais foram os livros cinco estrelas de vocês, tá bom?

1 de janeiro de 2021

Top Comentarista: Janeiro 2021

Não sei vocês, mas tenho a impressão que MAL piscamos e 2021 chegou. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos vocês pela ótima companhia em 2020 e espero que vocês continuem por aqui sempre e sempre! Em segundo lugar, feliz ano novo, pessoal! Tenho certeza que 2021 vai ser melhor para todos nós — e vacina, por favor, chegue logo!

Durante o mês de dezembro resolvi tentar algo novo para o top comentarista, de forma que fique melhor para mim e para vocês. Antes era obrigatório comentar em todas as postagens para não ser desclassificado do concurso, mas percebi que ter que conferir se a pessoa realmente comentou em todos os posts fazia com que eu demorasse muito para soltar o resultado, o que não era muito legal, né?
 
Então, a partir desse mês, vocês serão sorteados a partir dos comentários. Isso significa que não é obrigatório comentar em todos os posts: cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia — recomendo que vocês comentem e preencham o formulário sempre que sair post novo, já que quanto mais comentários cadastrados, maior a chance de ganhar. Todos os meses um comentário será sorteado pelo aplicativo.
 
Outra mudança é que a partir desse mês, janeiro, o prêmio será um vale compras no valor de trinta reais na Amazon! Ah, as chances extras continuam: comentar nos posts do Instagram e tweetar sobre o top todos os dias, então aproveitem! Caso tenha restado alguma dúvida, podem me procurar nas redes sociais, tá bom?
 

Observações
- O período de validade desse top comentarista é de 01/01/2021 à 31/01/2021. Cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia — recomendo que vocês comentem e preencham o formulário sempre que sair post novo, já que quanto mais comentários cadastrados, maior a chance de ganhar.
- Não serão computados comentários genéricos, só aqueles que exprimem a opinião do leitor e mostram que ele realmente leu o post. Comentários plagiados de outras plataformas (lembrem-se que plágio é crime) ou que se repetem em outros blogs não serão considerados. Comentários do tipo serão excluídos sem aviso prévio e o participante será automaticamente desclassificado;
- É permitido apenas um comentário por post;
- É obrigatório seguir o Roendo Livros via GFC e seguir o perfil @anadoroendo no Instagram para validar a participação;
- A entrada "tweet about de giveaway" só será válida se a pessoa estiver seguindo o Twitter informado (@anadoroendo);
- Após o término do top, o Roendo Livros tem até 15 dias para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito. O livro escolhido (na faixa de preço estabelecida) deverá ser informado no corpo do e-mail;
- Após feito o contato, o prêmio será enviado dentro de até 60 dias úteis;
- Para o livro ser enviado, é necessário que o ganhador passe o número do CPF para a Ana, já que agora os Correios solicitam uma declaração de conteúdo (saiba mais aqui) Só participe do sorteio se estiver de acordo;
- O Roendo Livros não se responsabiliza por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados no livro. Assim como não se responsabiliza por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e ausência de recebedor. O livro não será enviado novamente;
- O Roendo Livros se reserva o direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.
- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.

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