Como vocês bem perceberam, estou numa fase muito comédias românticas. Mas vou dizer uma coisa: de início não tinha prestado muita atenção em O Amor Não Morreu até o pessoal no grupo de parceiros da Intrínseca indicar. Aí fui ler a sinopse e fiquei bem animada, porque de algum modo me lembrou A Mediadora, série que eu adorava quando adolescente — que eu tive a péssima ideia de reler e estragar toda a magia por trás a história, rs —, acho que por conta de todo esse rolê com fantasmas e tudo mais. Só que assim, esse livro aqui é sem condições de bom.
Basicamente é sobre uma escritoa, Florence Day, que trabalha como a ghostwriter de uma autora de romances muito famosa. O problema começa quando a personagem não consegue terminar o último livro do contrato simplesmente porque não consegue visualizar um desfecho satisfatório para a história. O término do seu último relacionamento foi traumático demais, e ela não acredita mais no amor, finais felizes e esse tipo de besteira. As coisas pioram consideravelmente quando o editor responsável pelas publicações não aceita estender o prazo final de entrega do livro.
A partir daí acontece uma sucessão de fatos:
1) Florence tem certeza que sua carreira chegará ao fim;
2) Inevitavelmente Florence e Ben, o temido editor, acabam aos beijos em um beco;
3) O pai de Florence morre, e ela não pensa duas vezes antes de abandonar tudo e voltar para sua cidade natal, depois de 10 anos fora, para ajudar no funeral e dar apoio à família.
Essas coisas não teriam ligação nenhuma não fosse o fato de, assim que chega na funerária, Florence dar de cara com o fantasma de Ben. Se Ben é um fantasma, isso significa duas coisas: a primeira é óbvia, ele está mortinho da Silva. E a segunda é que ele tem algum assunto inacabado na Terra, e, para Florence, esse assunto com certeza envolve um certo livro de romance não finalizado.
A coisa que eu mais gostei nesse enredo é a semelhança com E Se Fosse Verdade, aquele filme com o Mark Ruffalo e a Reese Witherspoon que passava direto na Sessão da Tarde e eu simplesmente amo. Ou seja, para a minha alegria, a única coisa que ele realmente tem em comum com A Mediadora é o fato das protagonistas serem capazes de ver fantasmas e ajudá-los na travessia. É totalmente clichê e impossível, e é isso o que o torna muito bom, risos. A Florence é uma personagem adorável, Ben é o galã de romances perfeito e a família da personagem principal é a cereja do bolo.
As minhas cenas preferidas, obviamente, envolvem as interações entre Ben e Florence. Com o passar do tempo ela percebe que está se apaixonado por ele, o que é uma coisa totalmente fora de órbita, uma vez que Ben está morto. Só que a esperança está ali, tanto para ela quanto para quem lê, visto que a Ashley Poston deixa pistas de que talvez, só talvez, Ben não esteja assim tão morto. Eu amei isso, porque permitiu que eu me envolvesse mais com o romance... Pensem bem... Torcer tanto para que eles pudessem ficar juntos e no final não dar em nada? Ia ser muito frustrante.
O Ben, gente... Pelo amor de Deus, o Ben... Acho que o único defeito dele é estar morto, sinceramente. Educadíssimo, inteligente e, pasmem, leitor de romances fofinhos! Gente como a gente! Isso sem tirar o fato de ser tipo, o homem mais lindo do universo — obrigada, cérebro, por ser capaz de me dar uma imagem tão perfeita desse homem. Juro para vocês que eu já estava mais apaixonada por ele do que a própria Florence antes da metade do livro e eu não tenho nem vergonha de contar isso.
Já a Florence não deixa de ser a mocinha perfeita. Cheia de dilemas, muitos deles envolvendo dedo podre para relacionamentos e sua cidade natal, um lugar onde todo mundo acha que ela é meio doidinha... Então, quando ela se vê obrigada a voltar para lá, ainda mais numa situação tão atípica, acaba tendo que lidar com mil coisas e isso a amadurece bastante. Convenhamos que não tem nada melhor que acompanhar uma personagem feminina desabrochar — e voltar a acreditar no amor, é claro —, né?
Parada ali em meio aos dentes-de-leão, com o olhar erguido para fitar os olhos suaves de Ben, comecei a perceber que o amor não estava morto, mas que também não era para sempre. Ficava entre uma coisa e outra. Era um instante no tempo em que duas pessoas existiam no mesmo exato momento, no mesmo exato lugar do universo.
[...]
O amor não era um sussurro em uma noite silenciosa.
Era um clamor para o vazio, gritando que você estava ali.
Para não falar que tudo são flores, a única coisa que me incomou mesmo e apenas no comecinho foi essa coisa do luto e pessoas importantes morrendo. Se a gente pensa um pouquinho, parece de muito mal gosto um enredo de romance num clima de velório, né? Mas a grande questão foi que a autora conseguiu desenvolver demais essa parte. Sim, o pai da Florence morreu e ninguém estava realmente feliz por causa disso, mas como ele e toda a família da personagem estavam diretamente envolvidos com a morte — são donos e trabalham em uma funerária —, todos sabiam que a morte não significa necessariamente o fim. Achei um trabalho muito bonito, inclusive.
O romance é uma delícia de acompanhar, muito bem construído. Prova disso é que o tempo que leva pra eles se apaixonarem é curto, questão de uma semana, quinze dias, mas os acontecimentos que levaram a isso são tão bem descritos que parece que eles estão convivendo há meses. E assim, convenhamos que pra se envolver com uma pessoa que você não consegue tocar a paixão tem que falar muito alto mesmo. Aliás, gostaria de lembrar que apesar da capa e enredo fofinhos, O Amor Não Morreu é um livro bem adulto... E não, não vou falar um "A" de como isso foi possível, rs.
E o final... Não poderia ter sido mais perfeito e apaixonante! Rolou até uma choradinha, pra vocês terem noção. Tem muitas passagens bonitas, que falam principalmente de amor, luto e família. Também tem muitas cenas divertidas que fazem jus ao gênero. Tenho certeza que qualquer fã de comédia romântica vai adorar esse livro.
Título Original: The Dead Romantics ✦ Autora: Ashley Poston
Páginas: 331 ✦ Tradução: Ana Rodrigues & Laura Pohl ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora